sábado, 8 de março de 2008

Cine Lançamento

O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford

Estados Unidos, século XIX. O jovem Robert Ford (Casey Affleck) tem, como ídolo, o bandido mais famoso e procurado do país, Jesse James (Brad Pitt). Certa ocasião, ingressa na gangue de assaltantes liderada por James. Aos poucos, Ford vai conhecendo a personalidade do criminoso mais temível do oeste americano. A admiração dá lugar ao ódio, até que o jovem planeja uma emboscada para assassinar o líder da quadrilha.
Interminável retrato biográfico que remonta os momentos finais de Jesse James, temível fora-da-lei do Velho Oeste norte-americano, morto à queima-roupa em abril de 1882, pouco antes de partir para um novo roubo junto com os irmãos Robert e Charley Ford. Por ser uma história que reconstrói minuciosamente fatos e personagens – tudo baseado em observações reais contidas no romance homônimo de Ron Hansen – o drama se torna arrastado, com diálogos excessivos e pouca ação. Começa lento, continua estático até a metade e só melhora no final, quando há os indícios da explicação do gigantesco título.
Apesar de se passar no Velho Oeste, com direito a saloons e cavalgadas, o filme não é de gênero faroeste, diferente das versões anteriores, como “Jesse James” (1927, com Fred Thomson), “Jesse James” (1939, com Tyrone Power), “Quem foi Jesse James” (1957, com Robert Wagner) e “Jovens Pistoleiros” (2001, com Colin Farrell).
Discussões desmedidas aliadas ao intimismo cercando o personagem Robert Ford modelam um enredo detalhista demais, difícil de ser acompanhado pelo público em geral.
O diretor Andrew Dominik poderia ter reduzido a metragem em uns 30 minutos, para que a fita fosse melhor digerida. Mas não, preferiu lançá-la com os 160 minutos originais, provocando o efeito "centrífuga", ou seja, afastando os telespectadores.
A escolha de Brad Pitt para o instintivo Jesse James foi um tiro no escuro. Uma interpretação discutível. Relutei, questionei, e não gostei. Ainda vejo nele traços característicos (tiques, risadas medonhas e sobrancelhas torcidas) do filme que o levou ao sucesso, “Kalifornia – Uma Jornada ao Inferno”. Repare que no início o narrador descreve que James piscava freneticamente os olhos por causa de uma doença; e não é que no decorrer do filme, inclusive nos closes, ele mantém os olhos normais? E Casey Affleck, que até recebeu indicação ao Oscar de melhor ator coadjuvante este ano pela fita, consegue ser ainda mais duvidoso. O ator, irmão mais novo de Ben Affleck, é insosso, de sorriso matuto e está longe de convencer. “O Assassinato” ainda recebeu indicação ao Oscar de melhor fotografia (aliás, uma fotografia escura, em momentos até difícil saber quem está em cena).
Cria-se expectativa em ver a tal morte do bandido. Só que a cena é tão rápida e sem tensão que ficamos frustrados. Confesso que era um filme que esperava bastante, torcia para ser bom. Não me agradou. É uma biografia interessante, bem produzida e filmada com técnicas modernas, mas não empolga. Uma autêntica fita de arte que dividiu opiniões. Enquanto uns adoraram o resultado, outros chiaram. Eu revi o filme recentemente e continuo no segundo grupo. Disponível em DVD. Por Felipe Brida

Título original: The Assassination of Jesse James by the Coward Robert Ford
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Brad Pitt, Casey Affleck, Sam Rockwell, Sam Shepard, Paul Schneider, Jeremy Renner, Mary-Louise Parker, Ted Levine, Garret Dillahunt, Michael Parks, James Carville.
Direção: Andrew Domink
Gênero: Drama/ Faroeste
Duração: 159 min.

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