sexta-feira, 30 de maio de 2008

Morre o comediante Harvey Korman

O comediante Harvey Korman morreu ontem aos 81 anos, vítima de um aneurisma. O ator, debilitado desde fevereiro deste ano, estava internado no Hospital UCLA, localizado em Los Angeles, Califórnia, onde veio a falecer.
Afastado das telas desde 2001, Korman destacou-se em duas das quatro comédias dirigidas pelo colega Mel Brooks - como o juiz corrupto Hedley Lamarr em "Banzé no Oeste" (1974 - foto ao lado) e o médico cruel Charles Montague em "Alta Ansiedade" (1977). Os outros filmes com Brooks foram "A História do Mundo - Parte I" (1981) e "Drácula: Morto, mas Feliz" (1995).
Nascido em fevereiro de 1927 em Chicago, Illinois, iniciou a carreira artística na TV, na primeira metade dos anos 60, em seriados cujos títulos levavam o nome dos artistas principais, como Red Skelton, Jack Benny, Lucille Ball e John Forsythe. Nos anos 70, participou de mais de 130 capítulos do seriado "The Carol Burnett Show", sempre com personagens diferentes e caricatos. O trabalho rendeu-lhe quatro prêmios Emmy e o Globo de Ouro de ator coadjuvante na categoria "televisão". Ainda no final dos anos 70 encabeçou um mal sucedido programa humorístico, "The Harvey Korman Show", que fracassou e teve de ser cancelado em poucos meses.
No cinema nunca esteve ligado em grandes projetos, fora aqueles dois primeiros de Mel Brooks. Atuou em "Enganando Papai" (1966), "Um Dia em Duas Vidas" (1969) e "Huckleberry Finn" (1974), além de fracassos de crítica, como "Americathon" (1979), "A Maldição da Pantera Cor-de-Rosa" (1983), "Assassinatos na Rádio WBN" (1994), "Um Herói de Brinquedo" (1996) e "Gideon - Um Anjo em Nossas Vidas" (1999).
Casado duas vezes, Harvey Korman deixa quatro filhos. Por Felipe Brida

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Cine Lançamento

Coisas que Perdemos pelo Caminho

Audrey Burke (Halle Berry) entra em choque ao ser informada sobre o assassinato do marido, Brian (David Duchovny). Desnorteada e com uma filha pequena para cuidar, a viúva recorre ao amigo de infância do marido, Jerry (Benicio Del Toro), que é viciado em drogas. Ao mesmo tempo em que tenta largar o vício, Jerry cria fortes vínculos com Audrey, e passa a ser visto como o substituto de Brian.
Produzido pelo premiado diretor Sam Mendes, este filme, um drama sobre desestruturação familiar, chegou às locadoras brasileiras em março deste ano, desconhecido do público. Entretanto nada impede os telespectadores de conhecerem um trabalho interessante, o primeiro de língua inglesa da dinamarquesa Susanne Bier. Mais indicado para as mulheres, a fita começa estranha, um pouco recortada, porém vai se redefinindo com o desenrolar da história. A partir do brutal homicídio do marido, o filme cria todo um clima de aflição diante do inesperado e atua com seriedade no íntimo da família em desespero. E ao mesmo tempo exibe de maneira pormenorizada o enfoque paralelo – a questão do personagem viciado, que sofre delírios e participa de grupos de apoio para dependentes químicos depois de ficar internado em clínicas de reabilitação. Como se vê as temáticas são fortes, e o filme, nada fácil. O clima de tragédia aperta o pescoço e sufoca.
Nunca fui fã de Benicio Del Toro, e aqui o ator extrapola com tiques estereotipados. Reclamo de o papel não me convencer. Sempre tive a impressão de que o ator usasse e abusasse de expressões faciais relacionadas a hesitação e incerteza (em “Coisas que Perdemos” minha idéia se confirma). Sem dúvida é um bom ator, em especial em “Traffic”, o que rendeu a ele o Oscar de ator coadjuvante, e “21 Gramas”, indicado ao Oscar pela mesma categoria em que recebeu o prêmio anterior, mas parece que não se dá conta de que repete em demasia trejeitos.
Vale uma analisada com olhar atencioso. Por Felipe Brida

Título original: Things We Lost in the Fire
País/Ano: EUA/Inglaterra, 2007
Elenco: Benicio Del Toro, Halle Berry, David Duchovny, John Carroll Lynch, Alexis Llewellyan, Micah Berry, Alison Lohman.
Direção: Susanne Bier
Gênero: Drama
Duração: 118 min.

ARTIGO

Chihiro, um sonho em cores (*)

Vencedor de prêmios pelo mundo, incluindo o Oscar de Filme de Animação em 2003, A Viagem de Chihiro ( Spirited Away, de 2001 ) se tornou uma obra indispensável para crianças, jovens e adultos.
Dirigido pelo mestre Hayao Miyazaki, “A Viagem de Chihiro” conquistou o mundo contando a história de uma garotinha cativante de 10 anos de idade, que segue para sua nova casa e encontra no caminho um túnel, aparentemente secreto que desperta a curiosidade de seus pais, vencendo a força que Chihiro faz para não procurar o que existe atrás daquele túnel. A família segue e encontra um local mágico onde vivem criaturas sombrias e iluminadas, ambientes de cores vivas e floridos que escondem toda a dinâmica de um sonho.
A viagem de Chihiro encanta por seu roteiro muito bem lapidado, pelo ótimo trabalho de dublagem em todas as versões encontradas, principalmente a original em japonês e pelos momentos de sorriso e medo que passamos junto da protagonista, depois de criarmos um laço direto com cada um dos personagens do filme.
Mesmo sendo um longa animado, A Viagem de Chihiro não pode ser considerado um “filme para crianças”, muito pelo contrário, os elementos espalhados pelo enredo devem chamar atenção e prender na telona toda a família. Virou um clássico no mundo dos animes (desenhos japoneses), apresentando um material realmente superior aos filmes da Disney e da Pixar.
Mesmo seis anos após o lançamento, se você e sua família ainda não mergulharam nas aventuras inacreditáveis encontradas por Chihiro, dentro de um mundo único e inimaginável, procure assistir a esse filme por inteiro, uma, duas ou até dez vezes, não apenas pela qualidade da obra, mas para conhecer a verdadeira forma de um sonho animado, criado por um dos grandes nomes do cinema mundial.

(*) Mário Sérgio Morabito de Paula, 23 anos, nasceu e reside em Catanduva/SP. Empresário, responsável pela gestão e administração do sistema Superação Centro de Ensino, é formado em Comunicação Social com ênfase em design gráfico pelo Instituto Municipal de Ensino Superior (Imes), de Catanduva. Trabalhou dois anos como assistente de criação na agência Public, atuou em atendimento publicitário por mais dois anos na Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Catanduva, foi diretor de arte e fundador da Agência Experimental Éden de Comunicação e hoje trabalha como criador na agência publicitária ODYN Comunicação, em Catanduva. Sempre participou de projetos relacionados a sites; um deles foi o CINEinCAT (site com informações sobre o mundo cinematográfico), que permaneceu on-line entre os anos de 2001 e 2002, em parceira com Felipe Brida, criador e mantenedor do blog Cinema na Web.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Cine Lançamento

A Vida dos Outros

Considerado um dos maiores dramaturgos da Alemanha Oriental e um escritor-exemplo para o país, Georg Dreyman (Sebastian Koch) passa a ser vigiado dia e noite por meio de escutas espalhadas em diversos pontos de sua residência. A intenção da espionagem, determinada pelo ministro da Cultura Bruno Hempf (Thomas Thieme), é descobrir se Dreyman é um opositor ao regime socialista. A tarefa de coordenar o plano ficará sob o encargo de Gerd Wiesler (Ulrich Mühe), que irá observar passo a passo a vida particular do escritor.
Vencedor do Oscar de filme estrangeiro em 2006 e de inúmeros prêmios importantes, esta primorosa fita alemã narra, sem concessão, a forma truculenta com que a Stasi (polícia secreta da Alemanha Oriental entre os anos 50 e 80, uma espécie de Gestapo mais contida) perseguia os intelectuais que contestavam o Socialismo. Sério e dotado de um bom elenco, o filme reconstitui, em tom de crítica e mesmo denúncia, uma história forte e sombria sobre a Alemanha pós-Segunda Guerra Mundial, e une diversas sub-tramas com direito a reviravoltas. Não podemos nos esquecer que no Brasil métodos semelhantes de invasão de residências em busca de provas que pudessem incriminar suspeitos eram executados por agentes do DOI-CODI, durante o Regime Militar. Nosso amargo passado!
O destaque maior vai para o ator Ulrich Mühe, que faleceu em julho do ano passado aos 54 anos, em decorrência de um câncer no estômago. Seu personagem, o do rigoroso “espião” de poucas falas, enquanto invade a vida dos outros, no caso o do dramaturgo e da esposa, adquire caráter humano e se remodela em um novo corpo, o grande lance do filme. O final é trágico, e a cena de encerramento focando o rosto de Muhe dá um nó na garganta, emociona. Chegou em DVD no Brasil na segunda quinzena deste mês com atraso de dois anos! Um grandioso filme europeu que deve ser visto e sentido. E merece uma revisada. Por Felipe Brida

Título original: Das Leben der Anderen
País/Ano: Alemanha, 2007
Elenco: Ulrich Mühe, Sebastian Koch, Martina Gedeck, Thomas Thieme, Ulrich Tukur, Charly Hübner.
Direção: Florian Henckel Von Donnersmarck
Gênero: Drama
Duração: 137 min.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Morre o diretor e produtor Sydney Pollack, aos 73

O diretor e produtor de cinema Sydney Pollack morreu hoje no final da tarde aos 73 anos, vítima de um câncer. Faleceu na própria residência, em Los Angeles, cercado de parentes e amigos. Em 1986 ganhou dois prêmios Oscar - melhor diretor e fotografia pelo drama "Entre Dois Amores", que conta com Meryl Streep e Robert Redford no elenco. Dirigiu Redford em três outros filmes: "Mais Forte que a Vingança" (1972), "O Cavaleiro Elétrico" (1979) e "Havana" (1990). Como diretor realizou importantes filmes do cinema norte-americano, dentre eles "Nosso Amor de Ontem" (1973), "Operação Yakuza" (1974), "Três Dias do Condor" (1975), "Ausência de Malícia" (1981) e "A Firma" (1993). Refilmou, em 1995, "Sabrina" e ainda dirigiu Harrison Ford no fracassado "Destinos Cruzados" (1999). Seus dois últimos filmes foram lançados em 2005 - o suspense "A Intérprete" (2005) e o documentário "Esboços para Frank Gehry". Neste ano concorreu ao Oscar de melhor filme, junto com outros produtores, por "Conduta de Risco".
Nascido em Lafayette, Indiana, em julho de 1934, Pollack iniciou a carreira na primeira metade dos anos 60, dirigindo episódios para minisséries nos Estados Unidos, como "O Fugitivo".
Foi ainda indicado a dois Oscar como diretor - "A Noite dos Desesperados" (1969) e "Tootsie" (1982). Na produção, assinou mais de 45 obras do cinema. Trabalhava também como ator em pontas em filmes, como em "Conduta de Risco", "A Intérprete", "Fora de Controle" (2002), "De Olhos Bem Fechados" (1999), "A Qualquer Preço" (1998) e "A Morte lhe Cai Bem" (1992).
Irmão do atuante figurinista Bernie Pollack e casado com a atriz de seriados Claire Griswold, Pollack deixa três filhos (um deles já falecido). Por Felipe Brida

domingo, 25 de maio de 2008

Cine Lançamento

30 Dias de Noite

Em Barrow, no extremo norte do Alasca, durante os 30 dias do rigoroso inverno local, o sol não aparece, e a cidade permanece em escuridão. Enquanto mais da metade dos moradores viaja para lugares mais quentes, outros resolvem ficar em suas casas para curtir a neve e o frio. Porém, logo no primeiro dia de escuro total, um grupo de vampiros aparece em busca de sangue. Encurralado, o xerife Oleson (Josh Hartnett) irá organizar uma equipe para proteger a comunidade dos perigosos seres.
E chega com um mega-atraso nas locadoras este filme de terror em estilo “gore” baseado na grafic novel dark de Steve Niles, lançada nos cinemas em julho do ano passado. Agradou uma legião de fãs, e o sucesso nos Estados Unidos fez com que fosse lançada uma minissérie de sete capítulos, intitulada “30 Days of Night – Blood Trails”, com elenco e direção diferentes. Porém, se ainda não assistiu, abandone as expectativas.
A fita troca os sustos pela ação rápida e escancara a sanguinolência gratuita (em uma das cenas finais Hartnett arranca a machadadas a cabeça de um vampiro!), o que irá de imediato afastar o público feminino.
Escolheram para protagonistas dois nomes duvidosos, Josh Hartnett e Melissa George. Particularmente Hartnett é um dos piores atores de sua geração. Qual papel de destaque do jovem ator? O elenco coadjuvante conta com Ben Foster, como o misterioso encarcerado, e Danny Huston, o líder vampiresco.
A procedência dos vampiros (uma mistura estranha de gatos e morcegos, com olhos puxados e orelhas pontiagudas) é incerta e sem menção. Aliás, nem se parecem com os vampiros estereotipados do cinema, com capas e caninos afiados. O ambiente gelado e a música com tons agudos lembram o cult de terror de John Carpenter “O Enigma do Outro Mundo”.
Em alguns momentos fiquei incomodado com os cortes bruscos da montagem, em especial a seqüência da matança dos cachorros (olha “O Enigma” de Carpenter presente de novo!). A edição parece apressada e resulta feia.
Um filme mediano, sem nada em especial. Poderá encontrar público por meio dos aficionados em horror. Sam Raimi assina como produtor (a intenção dele era dirigir a fita, que acabou ficando para David Slade, de “Menina Má.com”).
Realmente em Barrow, localizada no extremo norte do Alaska, próximo ao Pólo Norte, os termômetros chegam a marcar 40 graus negativos. Lançado em DVD na segunda quinzena deste mês. Por Felipe Brida

Título original: 30 Days of Night
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Josh Hartnett, Melissa George, Ben Foster, Danny Huston, Mark Boone Jr., Mark Rendell, Joel Tobeck, Manu Bennett, Amber Sainsbury.
Direção: David Slade
Gênero: Terror
Duração: 113 min.

quinta-feira, 22 de maio de 2008

Resenhas & Críticas

Segredos na Noite

Gabriel Noone (Robin Williams) apresenta um programa noturno de rádio bastante popular em que ele narra histórias dramáticas, muitas delas baseadas em próprias experiências vividas. Homossexual assumido, Noone termina um romance com o parceiro de longas datas. Sua vida começa a se transformar quando passa a receber telefonemas de um jovem misterioso, Pete (Rory Culkin), que diz ser seu fã. Porém descobre que a mãe de Pete, Donna (Toni Collette), uma mulher cega e perturbada, esconde fatos que cerca um passado sombrio do filho. E Noone sai em busca da verdade com o intuito de ajudar Donna e Pete.
Lançado direto em vídeo, “Segredos na Noite” é um descartável drama com toques de suspense desconhecido do público. Mal estruturado, o filme não se preocupa em tratar com seriedade ou mesmo resolver o lance impactante da trama, o do abuso sexual. E também não convence a busca desesperada de um radialista infeliz, como se fosse um investigador, para se aproximar do fã (aparição menor de Rory, irmão mais novo de Kieran e Macaulay Culkin). O elenco está apático, em especial Toni Collette, fora de forma como a cega “que tudo vê”. Outro projeto sofrível na safra irregular e medonha de Williams (aqui parece aborrecido), que de uns anos para cá vem participando de filmes fracos e nada memoráveis. Em DVD. Por Felipe Brida

Título original: The Night Listener
País/Ano: EUA, 2006
Elenco: Robins Williams, Toni Collette, Rory Culkin, Sandra Oh, Joe Morton, Bobby Cannavale, John Cullum.
Direção: Patrick Stettner
Gênero: Drama
Duração: 90 min.


Vamos Nessa

Um dia na vida de cinco jovens em Los Angeles, na época do Natal. Ronna (Sarah Polley) trabalha como caixa em um supermercado. Sem dinheiro para pagar o aluguel, poderá ser despejada; já o colega de serviço, Simon (Desmond Askew), está se organizando para viajar com três amigos para Las Vegas. Para ganhar um dinheiro extra, Ronna topa intermediar a venda de comprimidos de ecstasy para um casal de atores de TV, homossexuais, Zack (Jay Mohr) e Adam (Scott Wolf), que, por outro lado, estão a serviço de um policial para prender traficantes de drogas. No entanto, nenhum dos planos sai como planejado.
De ritmo frenético e reviravoltas inteligentes, este terceiro filme do diretor Doug Liman (de “A Identidade Bourne”, “Sr. & Sra. Smith” e “Jumper”) ficou famoso, principalmente nos Estados Unidos, em circuitos fechados de cinema. A história pode parecer boba e não atrativa, mas não se deixe enganar: o entretenimento é de tirar o fôlego!
Dividida em três segmentos para apresentar os personagens e suas façanhas, a fita reúne um pouco de tudo para equilibrar os gostos: mistura-se comédia de humor negro com seqüências dramáticas e aventura. Há um bando de tipos bizarros e que reservam segredos, interpretados por um elenco de primeira. Boa parte dos atores e das atrizes garantiu o sucesso na carreira com este filme, como Sarah Polley, Katie Holmes e Timothy Olyphant (o Hitman).
Quem curte Tarantino (aliás, “Vamos Nessa” é um tributo ao diretor, mas sem violência excessiva) não pode perder. A palavra Go (título original) é dita pelos personagens nos momentos de sufoco. Lançado em DVD em 2001. Por Felipe Brida

Título original: Go
País/Ano: EUA, 1999
Elenco: Katie Holmes, Sarah Polley, Jay Mohr, Timothy Olyphant, William Fichtner, Scott Wolf, Taye Diggs, Suzanne Krull, Desmond Askew.
Direção: Doug Liman
Gênero: Comédia/Aventura
Duração: 103 min.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Entrevista Especial

Versatilidade
Paulo Hesse leva vida aos excêntricos (*)


Felipe Boso Brida*

Um ator versátil, especialista em personagens excêntricos. Em 34 anos de carreira, esteve em novelas e minisséries das principais redes de televisão, como TV Tupi, Rede Globo, Record, SBT, Cultura e Bandeirantes. No cinema, inúmeras pornochanchadas e dramas no currículo. Peças teatrais então... foram mais de 30. Paulo Hesse é o nome do criador de tantos trabalhos memoráveis na televisão brasileira.
Pôs a cara pela primeira vez no cinema em 1973, em uma pornochanchada protagonizada por Vera Fischer, “A Super Fêmea”. Um ano depois recebeu o prêmio da APCA (Associação Paulista dos Críticos de Artes) de ator revelação pela novela “O Machão”, na Tupi, sua estréia em novelas. E daí para frente não parou mais, chegando hoje à marca dos 90 trabalhos nos diversos segmentos artísticos, inclusive comerciais televisivos.
Hoje, aos 66 anos, Hesse reside em São Paulo e pode ser visto na nova novela da Bandeirantes, “Água na Boca”, que estreou no último dia 12. Continua atuante com o mesmo ideal de antes. “Faço poucos trabalhos, mas em todos eles procuro ser uma figura marcante”. Confira abaixo a entrevista especial que o ator concedeu ao jornal Notícia da Manhã.

NM – Paulo, em sua estréia na TV, em “O Machão”, um fato inusitado foi crucial para determinar sua carreira. E o mesmo voltaria a se repetir décadas depois, na refilmagem da novela. Como classifica este imprevisto?

Hesse – Foi muito engraçado. Eu era recém-formado em artes dramáticas e esperava um papel para trabalhar na TV. Surgiu o convite para a estréia de “O Machão”. Eu não queria fazer a novela, pois iria aparecer em apenas três capítulos. Carlos Zara era da TV Tupi, e convenceu-me ao trabalho, um personagem estranho chamado Doutor Valcourt. Acontece que gostaram tanto da participação que o roteirista Sérgio Jockyman pediu para que me segurassem mais alguns dias na novela. Acabei fazendo mais de 200 capítulos, ou seja, quase a novela toda! A trama se passava na cidade de Limãozinho e era uma adaptação de “A Megera Domada”, de Shakespeare; ficou mais de um ano no ar, era inovadora, não tinha intervalos e um elenco magistral (Antônio Fagundes, Irene Ravache, Etty Fraser etc). Pois então, passados 25 anos, o saudoso amigo Walter Avancini me chamou para o remake, agora pela Globo, de nome “O Cravo e a Rosa”, com muitos personagens preservados do original. No Rio de Janeiro iria fazer três capítulos, o do personagem Sansão Farias. Disse a ele que isto já havia me acontecido no passado, porém acabei topando. Gravei três capítulos. Um mês depois, a produção me chamou e disse que o personagem voltaria com força total até o fim da novela. E lá fiz mais uma porrada de capítulos!

NM – Dentre seus papéis, muitos excêntricos e grande parte deles cômico. O gênero comédia também integra seu gosto pessoal?

Hesse – Sempre curti comédia. Adoro papéis que provocam risada. A partir de “O Machão” e o prêmio de ator, abriram-se as portas para mim, e passei a fazer uma novela por ano na Tupi. Minha última na Tupi foi em “Gaivotas” (1979). Meu personagem chamava-se Fernando, era um ator indisciplinado e integrante do clã de 10 amigos chamado “As Gaivotas”. O elenco contava com Rubens de Falco, Altair Lima, Yoná Magalhães, Cleide Yaconis e outros. Em comédia fiz o protagonista de uma das histórias do filme “O Ibrahim do Subúrbio”, chamado “Roy – O Gargalhador Profissional”. Adoro fazer comédia, um gênero que capacita o ator em todos os aspectos. Também interpretei, com comicidade, o poeta Mário de Andrade no filme “O Homem do Pau-Brasil” (1982). Foi fantástico.

NM – E no espetáculo teatral como utiliza a versatilidade?

Hesse – Vejam quantos personagens diferentes interpretei. Todo bom ator é versátil. É necessário saber dosar, equilibrar. Estive em 35 espetáculos teatrais. Minha estréia foi em “Antígona”, clássico de Sófocles. Fiz “Peer Gynt”, do Ibsen, com Stênio Garcia e mais de 117 personagens, além de João Grilo no “Auto da Compadecida”. Em “Viva o Demiurgo”, de Paulo Pélico, fiz o demiurgo, personagem que me baseei para fazer o médico Rafidjian no filme “Bellini e a Esfinge”. Em “O Inimigo do Povo”, com texto de Ibsen, fazia o prefeito, um de meus melhores papéis. A peça deveria ser remontada todo ano para que as pessoas analisem seus políticos! No elenco estava uma criatura maravilhosa, que no começo do ano faleceu jovem, Olayr Coan.

NM – É daqueles que acredita que os papéis na TV vão se restringindo com a avanço da idade dos artistas?

Hesse – Conforme a Bíblia, “muitos serão chamados, mas poucos os escolhidos”. Eu tenho certeza de que fui chamado, mas não escolhido. Sempre penso: “Será que vou morrer sem fazer nada da Maria Adelaide Amaral?”. Vi sua estréia no teatro e na TV, gosto de seu talento e da eficiência da portuguesinha. Nunca tive a sorte de fazer uma minissérie ou novela dela. Estou fora, em São Paulo, a Globo no Rio, aquela história toda. Os conceitos de idade e faixa etária se transformam. Hoje o jovem é dominante. O patrocinador quer colocar gente bonita, com cintura perfeita e peitos empinados para vender tudo. O conceito mudou. No teatro não há nada disto. Há papel para tudo. Posso fazer um cara no teatro de 40 ou 90 anos. Na TV complica. 80% das novelas têm-se adolescentes, e o restante são pessoas maduras, dentre elas um velho de cá, outro de lá. Como o aumento na estimativa de vida, os velhos não morrem. Eu não morro, mas também não tenho chance. Ficará aquele bando de idoso com poucas chances. Por isso que faço trabalhos eventuais. Por outro lado, tenho prestígio. Não faço sucesso, mas sou respeitado, o que me deixa satisfeito.

NM – O cinema brasileiro ainda sofre com a falta de telespectador?

Hesse – Sofre e muito! O cinema brasileiro sempre esteve à procura de seu espaço. Para atrair o público, nos anos 70, as comédias românticas passaram a ser pornochanchadas. O gênero degringolou, ficou abusado e terminou de vez nos anos 80. Faltava distribuidor e mercado para o cinema nacional. Enquanto isso, o cinema de fora, importado, dominava e ainda reina. Não temos ainda uma identidade cultural autêntica, e estamos condicionados pelo que vem de fora. Mesmo com a remodelação pelo movimento da Retomada, o cinema brasileiro ainda é rejeitado dentro do país. Mudou bastante, concorremos a prêmios internacionais, mas ainda não temos espaço.

Outros trabalhos:

Cinema:


“O Signo do Escorpião” (1974)
“A Casa das Tentações” (1975)
“Pintando o Sexo” (1977)
“A Árvore dos Sexos” (1977)
“Damas do Prazer” (1978)
“Império das Taras” (1980)
“O Baiano Fantasma” (1984)
“Sonhos Tropicais” (2001)

Novelas:

“Cinderela 77” (1977)
“Salário Mínimo” (1978)
“Dulcinéia Vai à Guerra” (1980)
“As Cinco Panelas de Ouro” (1982) - foto acima, menor
“Meus Filhos, Minha Vida” (1984)
“Rabo de Saia” (1984)
“Jerônimo” (1984)
“Anarquistas, Graças a Deus” (1984 - minissérie)
“Selva de Pedra” (1986)
“Éramos Seis” (1994)
“Razão de Viver” (1996)
“Mandacaru” (1997)
“Desejos de Mulher” (2002)
“Paraíso Tropical” (2007)

(*) Entrevista publicada no jornal Notícia da Manhã, periódico de Catanduva, na edição do dia 20/05/2008. Créditos para foto: Felipe Brida

sábado, 17 de maio de 2008

Cine Lançamento

O Passado

O jovem Rimini (Gael García Bernal) trabalha com tradução de textos e está casado há 12 anos com Sofia (Anália Couceyro), sua primeira namorada. No entanto a relação entre eles não está nada bem e ambos resolvem se separar. Rimini conhece uma modelo, Vera (Mariana), e inicia um tórrido romance com a garota, bem mais nova que ele. Mas numa noite Vera morre atropelada ao ver o namorado beijando Sofia secretamente. Um ano depois, Rimini se casa com a tradutora Carmen (Ana Celentano), tem um filho e repentinamente é acometido por uma amnésia. Ao mesmo tempo, Sofia reaparece com a intenção de reatar o casamento.
Quatro anos depois de “Carandiru”, o renomado diretor argentino naturalizado cidadão brasileiro Hector Babenco rodou este drama irregular com cara de novela mexicana. O relacionamento do jovem Rimini com as mulheres é amargo, uma espécie de fúria momentânea de prazer que se dissolve em poucos dias, algo comum entre os casamentos e namoros atuais. Porém a inserção de inúmeros personagens femininos na história acaba por deixar o público perdido. Inexiste uma estrutura coesa entre os affairs, que nem sempre são bem esclarecidos. Há tramas secundárias recortadas e não conclusivas (como a doença, a morte da mulher atropelada, que fim levou o filho, o paradeiro da esposa, mãe do filho e outros).
Fique atento: o filme é indigesto, principalmente a partir da metade da fita, quando o tom torna-se mais sério ao infundir o amor obsessivo e paranóico de Sofia, que vai aos poucos enlouquecendo longe do ex-marido. Último filme de Paulo Autran, cujo papel é pequeno, inserido em um momento surrealista. Ele interpreta o professor francês Pousièrre e segura uma jarra de água na mão. E a estranha reunião das mulheres no final lembra um complô à la “Esposas em Conflito”!
De ritmo lento, cenas eróticas e roteiro desconexo e indigesto, o drama é bem fotografado e reúne um bom elenco, em especial o mexicano Bernal. O azar mesmo foi pecar pelo excesso de personagens e de tramas, que ajudam a naufragar a fita. Em DVD. Por Felipe Brida

Título original: El Pasado
País/Ano: Argentina/Brasil, 2007
Elenco: Gael García Bernal, Analía Couceyro, Mariana Anghileri, Ana Celentano, Marta Lubos, Mimí Ardú, Paulo Autran.
Direção: Hector Babenco
Gênero: Drama
Duração: 114 min

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Cine Lançamento

Hitman – Assassino 47

Treinado para ser um insigne matador de aluguel, o agente 47 (Timothy Olyphant) utiliza a agilidade e a ousadia para eliminar seus alvos. Na Rússia, uma operação mal-sucedida com o objetivo de matar o presidente faz com que 47 seja envolvido em um perigoso golpe político. Perseguido pela Interpol e por militares russos, o matador quer vingança contra aqueles que organizaram o plano contra ele.
Esperava-se mais deste filme de ação baseado na série de jogos de videogame “Hitman”, criado pela empresa de jogos inglesa Eidos Interactive e lançado pela primeira vez em 2000. Com enredo que lembra livros de Tom Clancy ambientados na Guerra Fria, a trama é confusa e cheia de personagens mal aproveitados. O ator Timothy Olyphant, o matador 47, aqui ficou parecido com um boneco de plástico, sem expressões ou movimentos faciais, assemelhando-se a um personagem de jogo de videogame! Nem mesmo as infinitas seqüências de tiroteio e luta, rodadas em uma câmera frenética, são bem boladas. Há ainda um pequeno romance, chocho por sinal.
47 faz referência aos dois últimos dígitos de um código de barra marcado na nuca raspada do agente, número da inscrição dele na corporação que recruta os matadores.
Uma produção cara (U$ 70 milhões) com resultado fraco e nada excepcional. Os fãs do jogo poderão curtir mais. Em DVD. Por Felipe Brida

Título original: Hitman
País/Ano: EUA/França, 2007
Elenco: Timothy Olyphant, Dougray Scott, Olga Kurylenko, Robert Knepper, Ulrich Thomsen.
Direção: Xavier Gens
Gênero: Ação
Duração: 93 min.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

Cine Lançamento

Hairspray – Em Busca da Fama

1962, Baltimore. O sonho de todo adolescente norte-americano é aparecer no “The Corny Collins Show”, um programa de dança que faz sucesso entre a moçada. E este também é o sonho da Tracy Turnblad (Nikki Blonsky), uma jovem gordinha que adora dançar. Empenhada, ela se inscreve para participar no programa e, de maneira surpreendente, arrasa nos testes. Seu lugar está garantido na televisão! Mas a fama de Tracy poderá destronar a ambiciosa Amber Von Tussle (Brittany Snow), garota mimada que está disposta a tudo para se manter no ranking.
Com roteiro adaptado do filme homônimo (apenas com alteração no subtítulo, “E Éramos Todos Jovens”) transposto às telas em 1988 pelo diretor John Waters e que em 2002 virou peça da Broadway, a comédia musical foi bem recebida nas bilheterias norte-americanas e também no Brasil. Quase que inteiramente cantada, a fita é alegre, divertida e bem empolgante, mesmo para os que não curtem gênero musical.
A refilmagem mantém os personagens, bem como o lugar (Baltimore) e a época. A produção só não reutilizou as músicas do filme anterior e da peça para que não ficasse algo repetitivo. E como as canções são vibrantes, com ritmo que contagia!
Há uma eficiente abordagem paralela sobre o preconceito (principalmente em torno dos obesos e dos negros, e lembrando que a população dos Estados Unidos é bem constituída por estes dois grupos de pessoas) e de “carpe diem”. Aproveite a vida! Solte-se! Pule e dance! Entreguem-se a paixões!
Já o elenco, encabeçado pela simpática atriz-revelação Nikki Blonsky, é uma discussão à parte. Nikki era uma ex-balconista de uma loja de doces e tinha 18 anos quando se inscreveu para a seleção de atrizes de “Hairspray”. E venceu, sendo este seu primeiro trabalho no cinema. Ela é uma garota realmente gordinha, sem enchimento nenhum (ao contrário de John Travolta, que iremos apontar logo a seguir. O que é aquilo??), bonitinha e esforçada. Só que seu futuro é incerto. Por ser bem gordinha e fora dos padrões de atrizes, terá papéis limitados. Não sou preconceituoso; estive pensando sobre Nikki dias atrás e cheguei a esta conclusão. Mas nada a impossibilita de se destacar em filmes que não exijam beleza idealizada, não é mesmo? Tanto é verdade que depois de Hairspray ela fez apenas um filme para a TV (sobre uma menina que está acima do peso e tem dificuldades de se integrar na escola) e termina de rodar um projeto cujo papel é secundário.
Agora talvez o grande lance de marketing para atrair público tenha sido entregar a John Travolta o papel da mãe-coruja de Tracy, Edna, um senhora gorda e tristonha. Já imaginaram? Foram necessárias quatro horas de maquiagem para transformar John Travolta em Edna Turnblad. E o make-up não ficou completo: reparem nas mãos de homem dele, com vasos sanguíneos saltados. É obvio que Travolta não convence ninguém num papel feminino e fica aquele personagem-piada. O ator, com a cara siliconada devido às aplicações protéticas para compor a gorducha, volta aos tempos de “Grease” e “Embalos de Sábado à Noite” para se soltar nas danças, mesmo que em postura comedida. É desajeitado, porém não incomoda. E não está tão longe de Divine, a cantora (travesti) de sucesso nos anos 70/80 que encarnou a Edna no original.
O elenco ainda tem Michelle Pfeiffer (como a mãe maquiavélica de Amber Von Tussle, papel este que seria interpretado ou por Madonna ou por Meryl Streep), Christopher Walken, Allison Janney e Queen Latifah.
O diretor Adam Shankman retorna com fôlego (ainda bem) depois de comédias desastrosas, como “A Casa Caiu”, “Operação Babá” e “Doze é demais 2”.
Rodado em Toronto, Canadá, o musical concorreu a três Globos de Ouro (melhor musical ou comédia, ator coadjuvante para John Travolta e atriz para Nikki Blonsky), ao Bafta de melhor maquiagem e ao Grammy de melhor trilha sonora. Estranhamente ficou fora do Oscar este ano. Entretenimento para se passar horas agradáveis. Não deixe de assistir. Em DVD. Por Felipe Brida

Título original: Hairspray
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Nikki Blonsky, John Travolta, Michelle Pfeiffer, Christopher Walken, Amanda Bynes, James Marsden, Allison Janney, Queen Latifah, Zac Efron, Elijah Kelley, Brittany Snow, Paul Dooley, Jerry Stiller.
Direção: Adam Shankman
Gênero: Comédia musical
Duração: 115 min.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Cine Lançamento

Margot e o Casamento

A escritora de contos Margot (Nicole Kidman) não mantém contato com a irmã Pauline (Jennifer Jason Leigh) há tempos. Ao ficar sabendo que ela irá se casar, segue, acompanhada do filho Claude (Zane Pais), para as comemorações. A surpresa toma conta do lugar com a chegada inesperada da irmã. Mas na residência do casal, Margot irá vivenciar momentos de angústia e crises comportamentais diante da conturbada relação de Pauline com o noivo Malcolm (Jake Black), um ator desempregado e explosivo.
Filme de circuito alternativo repleto de personagens excêntricos e uma gama de bizarrices. O diretor Noah Baumbach, que recebeu indicação ao Oscar de melhor roteiro original em 2006 por “A Lula e a Baleia”, não se esforça em comover o público, já que a história sobre duas irmãs separadas por brigas no passado exige carga emocional e tom dramático. Opta pelo caminho de unir um drama nada convencional com comédia de humor negro, o que resulta irregular e estranho demais.
O elenco não ajuda e deixa de cumprir com as expectativas. Nicole Kidman, no papel central, é aquela mesma atriz de sempre, que vem se ajeitando em projetos cada vez mais duvidosos (vide “A Bússola de Ouro”, “Invasores”, “Reencarnação” e este aqui). Reparem como as plásticas não caíram bem em Nicole e a deixam com dificuldade de variar as expressões faciais. Jennifer Jason Leigh, que começa a mostrar a cara de novo depois de sumir das telas, não soube encontrar qual melhor caminho para uma esposa amargurada e sofredora, irmã de Margot. Falta-lhe energia e espontaneidade. E Jake Black então? É o personagem mais excêntrico, com bigode e cabelo desarranjado, e, claro, caricato. Aquele jeitão hiperativo é preservado na pele do marido beberrão e nada dedicado para com a família. E uma ponta desprezível de John Turturro.
A fita é uma mistura generalizada de situações que nem sempre são pormenorizadas, como a birra entre os vizinhos e a tentativa de estupro do filho. As bonitas locações na casa de veraneio, onde a família de Pauline mora, não colabora. Resumindo: um projeto mal arranjado que dificilmente irá encontrar um público para apreciá-lo. Lançado em DVD na segunda quinzena de abril. Por Felipe Brida

Título original: Margot at the Wedding
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Nicole Kidman, Jennifer Jason Leigh, Jack Black, Zane Pais, John Turturro, Ciarán Hinds, Justin Roth.
Direção: Noah Baumbach
Gênero: Drama
Duração: 91 min.

domingo, 11 de maio de 2008

Viva Nostalgia!

Lutador de Rua

Nos Estados Unidos dos anos 30, durante a Grande Depressão, um homem desempregado, Chaney (Charles Bronson), chega a New Orleans com a intenção de estabilizar sua vida. Junta-se ao promotor de lutas Speed Weed (James Coburn) e adentro no submundo de competições clandestinas. Do tipo calado, Chaney compensa o pouco dialogo com força feroz nos braços. Mas uma dívida financeira irá separar Chaney de Speed. No entanto, o promotor só vê em Chaney a chance de ganhar um bom dinheiro nas arriscadas lutas.
Considerado um dos melhores filmes de lutas rodado nos Estados Unidos, o projeto, cuja direção ficou sob o encargo do estreante Walter Hill, que depois se destacaria por filmes policiais e de ação (48 Horas partes I e II, Caçada Mortal, Ruas de Fogo, Inferno Vermelho), trouxe à tona uma história ousada sobre o submundo das lutas, ilegais e proporcionadas em ambientes secretos por empresários oportunistas e mafiosos. Quase duas décadas e meia anterior à “Clube da Luta”, traz seqüências de luta bem fotografadas e atrativas. Para balancear, há pitadas irrelevantes de romance e drama. Charles Bronson, na época já casado com Jill Ireland, que aqui interpreta a garota-interesse amoroso de Chaney, repete um personagem típico de faroestes em que participou (como o gaiteiro em Era uma Vez no Oeste), caladão e observador, porém com habilidade nas mãos.
O visual não ficou datado. O futuro diretor Roger Sppotiswoode atua aqui na edição. Exibido inúmeras vezes em TV aberta, o filme foi distribuído em DVD pela Sony Pictures há alguns anos, com uma capa feia que dói e sem extras (apenas trailer). Por Felipe Brida

Título original: Hard Times
País/Ano: EUA, 1975
Elenco: Charles Bronson, James Coburn, Jill Ireland, Strother Martin, Margaret Blye, Michael McGuire.
Direção: Walter Hill
Gênero: Ação
Duração: 97 min.

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Cine Brasil

Cão Sem Dono

Ciro (Júlio Andrade), recém-formado em Literatura, passa por uma crise existencial. Não tem planos para o futuro, vive solitário em um apartamento e está sem emprego. Certo dia, conhece Marcela (Tainá Muller), jovem modelo em busca de sucesso. Ambos se entregam a uma tórrida paixão, e passam a dividir também os problemas do dia-a-dia. E tudo é observado por um cão abandonado que aparece inesperadamente na casa de Ciro.
Reconhecido pelos filmes policiais rodados em câmeras ágeis, o diretor Beto Brant deixou tais técnicas para trás e enveredou, aqui, no drama psicológico de ritmo vagaroso, quase parando, para contar a história distanciada de um rapaz em crise e sem perspectivas. A narrativa é lenta, e os fatos se desenrolam em poucos ambientes, o que torna a fita cansativa e difícil de acompanhar. É comum vermos dramas psicológicos fracassarem, e com este não foi diferente.
O novo trabalho de Beto Brant e Roberto Ciasca apresenta falhas que prejudicam o conteúdo da fita. Ficou irregular a tentativa de filmar grande parte do enredo em formato de documentário, com close up, diálogos diretos para a câmera e cortes e aberturas de cena em “fade”. Assemelha-se a um projeto experimental. Infelizmente a história em si não é atraente, tampouco a linguagem metafórica em relação ao personagem Ciro, desorientado e sem companhia, e ao cachorro sem dono e abandonado. O mesmo espírito de solidão do cão envolve a atmosfera vazia do rapaz. E o escapismo de Ciro é beber e fazer sexo com a modelo por quem se apaixona (e depois esta descobre estar doente – sub-trama mal aproveitada e que poderia envolver o telespectador. Outro erro!).
Doideira coletiva do júri de festivais entregarem prêmios a “Cão Sem Dono”. Sinto muito, mas a atriz Tainá Muller levar o de melhor atriz nos festivais de Cuiabá e no CINE-PE (Recife) foi um tremendo engano. Em seu primeiro trabalho como atriz, a gaúcha (muito bonita) nada faz, não faz emocionar o público, não carrega o papel nas costas, é inexpressiva. Meu Deus! Poderiam ter indicado Júlio Andrade, bom ator, apesar de não ter grandes lances. E o filme ainda concorreu este ano ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, nas categorias diretor e roteiro adaptado.
Baseado no livro “Até o Dia em que o Cão Morreu”, de Daniel Galera, o drama chegou em DVD esta semana, sem alarde ou divulgação, e deverá permanecer assim por um bom tempo. Longe da agilidade e destreza dos longas anteriores roteirizados pelos colegas Beto Brant e Marçal Aquino, como “O Invasor”, “Os Matadores” e “Ação Entre Amigos”. Um filme de arte que nunca engrena. Por Felipe Brida

Título original: Cão Sem Dono
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Júlio Andrade, Tainá Muller, Marcos Contreras, Luiz Carlos V. Coelho, Janaina Kremer.
Direção: Beto Brant/Renato Ciasca
Gênero: Drama
Duração: 82 min.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Entrevista Especial

Fafy Siqueira: de Roberto Carlos a diretora de teatro em São Paulo

Felipe Boso Brida*
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De estatura baixa, olhos espantados e jeito de garota travessa, a atriz carioca Fafy Siqueira conquistou o público brasileiro com seus papéis cômicos e desleixados. E ainda atrai a atenção dos telespectadores com os personagens extrovertidos. Podemos vê-la atuando na novela “Duas Caras”, como a madame Amora, irmã gêmea de Amara, interpretado por Mara Manzan, que teve de se afastar das telas por motivo de saúde. Nascida no Rio de Janeiro em outubro de 1954, Fafy iniciou a carreira imitando personalidades em programas de humor. Quem não se lembra dela encarnando o cantor Roberto Carlos ou mesmo Ronald Golias? Nos anos 80, fez papéis menores no cinema, como em “Urubus e Papagaios” (1985) e “Romance da Empregada” (1987). Até que, em 1990, dois filmes alavancaram sua carreira: “Uma Escola Atrapalhada” e “Sonho de Verão”. Em novelas, ganhou espaço em “Hipertensão” (1986), “Quem é Você” (1996), “Zazá” (1997), “Brida” (1998), “Cobras & Lagartos” (2006) e “Pé na Jaca” (2007). Esteve no elenco da minissérie “O Primo Basílio”, em 1988, e ainda apresentou o programa “Alô Alô”, na TV Cultura. Passou pelos principais programas de humor da televisão brasileira, como “Escolinha do Professor Raimundo”, na pele de dois personagens – a torcedora da Portuguesa Lusa do Canindé e Gardênia Alves –, em Sai de Baixo, Zorra Total, Brava Gente e A Praça é Nossa. Atualmente dedica-se também a duas outras paixões: dirigir e atuar em espetáculos teatrais. Sua peça mais famosa é “Aconteceu com Shirley Taylor”.
Confira mais sobre a carreira da atriz na entrevista abaixo, concedida por ela, em São Paulo, especialmente ao jornal Notícia da Manhã.

NM – Fafy, seu novo personagem, na novela “Duas Caras”, traz mais um papel cômico para a carreira. Por que só fazer humor?

Fafy – Vamos por partes. Recentemente fui contratada pela Rede Globo para a novela “Duas Caras”, a convite de Wolf Maia e Aguinaldo Silva. Substituo minha amiga Mara Manzan. O personagem seria da Mara também, ou seja, ela faria um papel duplo. Sinto-me orgulhosa por estar no lugar da Mara e por ter sido lembrada para manter o núcleo de humor dentro da novela. Agora, vamos ao que interessa. Meu forte são os papéis de humor. Não resisto quando sou convidada e cedo facilmente. O diretor de teatro Guilherme Leme disse que gostaria de escrever uma peça dramática para que eu atuasse. Mas não quis. Não quero remar contra a maré. Meu negócio é comédia, e sou reconhecida por isto. Está na veia, é inexplicável. Confesso que meu sonho é fazer um programa humorístico com inúmeros personagens, no estilo de “Planeta dos Homens” e “Viva o Gordo”. Olha que boa idéia! Na minha atual situação, ficaria legal fazer a “Viva a gorda”!

NM – Então recusaria papéis dramáticos?

Fafy – Olha, já fiz peças teatrais com momentos tristes. Por exemplo, em “Monólogos da Vagina” interpretava uma mulher que era estuprada na Bósnia e sofria muito. Era de uma carga emocional dramática densa e complexa. Tive de aprender a arte dramática, fugir do meu usual. E fui bem elogiada pela atuação. Mas não me arrisco mais. Minha “praia” é outra. Em janeiro começaremos a ensaiar uma peça sobre a vida da Dercy Gonçalves, escrito pela Maria Adelaide Amaral e dirigido por Marília Pêra. Vai ser um sucesso tremendo, espero.

NM – Qual filme, novela ou peça remontaria com um estilo próprio?

Fafy – Anos atrás a Letícia Spiller convidou-me para participar da peça “As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant”, baseada no original de Fassbinder. No elenco estavam Fernanda Montenegro e Renata Sorrah. Na época pensei: “Imagine eu fazendo drama. Não ficará legal, será frustrante”. E não aceitei. Por incrível que possa parecer, hoje minha vontade é remontar a peça, porém usar um lado mais bem humorado, amenizando o drama. Hoje, como diretora, me solto no palco, grito, puxo os cabelos, dou gargalhadas. Tudo para que meu trabalho dê certo e seja bem visto.

NM – No cinema, seu grande momento, talvez, foi participar de “Sonho de Verão”. O que representou o filme para uma geração de jovens no início dos anos 90?

Fafy – Meu Deus, “Sonho de Verão” virou sucesso absoluto. Atraiu uma legião de fãs, tivemos uma bilheteria fantástica. A comédia agradou a todos. Fiquei famosa a partir daí. Era muito engraçado atuar com Sérgio Mallandro. Nossos personagens se confrontavam o tempo todo: de um lado eu, a governante durona, e do outro ele, um cara folgado e mentiroso. O filme tornou-se sucesso imediato. Lançou bons artistas, como Andréa Veiga, Letícia Spiller e Cláudio Heinrich. Sinto saudades dessa época.

*Entrevista publicada no jornal Notícia da Manhã, periódico de Catanduva, no dia 04/05/2008. Créditos para foto: Felipe Brida

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Cine Lançamento

Morte no Funeral

Uma família inglesa de classe média alta se reúne para o funeral do patriarca. Daniel (Matthew Macfayden), o filho mais organizado, prepara a casa para receber os parentes. Porém nada sai como planejado. Simon (Alan Tudyk), o namorado da prima de Daniel, ingere acidentalmente alucinógenos e passa a ter delírios, enquanto um dos filhos do falecido sai paquerando as mulheres no funeral. A confusão toma rumos inesperados quando um anão chega e começa a extorquir os filhos para não revelar que era amante do pai morto. Daniel terá a árdua tarefa de se livrar das malucas situações.
Comédia inglesa de humor negro que obteve êxito de bilheteria nos Estados Unidos e boa repercussão no Brasil. E sem dúvida uma das melhores comédias lançadas recentemente. Em tom de esculacho generalizado, a fita arranca boas risadas do público. Reúnem-se diversos personagens em situações diversas. Algumas beiram o absurdo, como o primo que toma drogas achando que é Valium e passa o funeral todo fora de si (bom de careta, Alan Tudyk exagera nas expressões), e outras são próximas a nós – o tio idoso irritado com a demora do enterro e o paquerador insensato que se nega a ajudar financeiramente com os arranjos fúnebres.
Filme de uma piada só (o funeral é apenas pano de fundo para os personagens deslancharem a “zoeira”), a história fica cada vez mais frenética e doida. Reserva-se o melhor para a seqüência do banheiro (e bem escatológica por sinal).

Mas nem tudo é “gag” (piada visual). O humor inglês (tem gente que chia quando ouve este termo) está incutido nos próprios diálogos e cortes de cena, indispensáveis para tal estilo cômico.
Todo o mérito do filme é dado ao diretor Frank Oz, um dos criadores do “Muppets Show” e responsável por dirigir comédias impagáveis, como “Os Safados” (1988), “Nosso Querido Bob” (1991), “Será que Ele é?” (1997) e “Os Picaretas” (1999). Depois do fracasso de “Mulheres Perfeitas” (2004), refilmagem de “Esposas em Conflito” (também conhecido como “As Esposas de Stepford”), voltou ao país natal, Inglaterra, e acertou ao rodar este inteligente entretenimento. Não deixe de conferir. Em DVD. Por Felipe Brida

Título original: Death at a Funeral
País/Ano: Inglaterra/EUA, 2007
Elenco: Matthew Macfayden, Keeley Hawes, Alan Tudyk, Andy Nyman, Ewen Bremner, Peter Vaugh, Peter Dinklage.
Direção: Frank Oz
Gênero: Comédia
Duração: 90 min.

sábado, 3 de maio de 2008

Cine Lançamento

Os Indomáveis

O rancheiro Dan Evans (Christian Bale) enfrenta problemas financeiros e em breve será expulso da fazenda onde vive com a família. Quando fica sabendo que o perigoso bandido Ben Wade (Russell Crowe) fora preso após assaltar uma diligência, Evans se oferece para integrar um grupo de homens para levar o criminoso até uma cidade distante, onde, por lá, irá passar o trem das 3 e 10 para Yuma, cidade esta em que Wade será condenado pelos crimes. Para o trabalho, o rancheiro receberá uma boa recompensa. No entanto, no caminho, o destemido bando de Wade irá montar emboscadas para resgatar o líder.
Recebeu duas indicações ao Oscar deste ano (mixagem de som e trilha sonora) este empolgante faroeste, refilmagem de “Galante e Sanguinário” (com mesmo título em inglês, “3:10 to Yuma”, e lançado em 1957) e dirigido pelo regular James Mangold (aquele de “Cop Land”, “Kate & Leopold”, “Garota, Interrompida” e “Johnny & June”, entre outros). O enredo é ágil e bem explicativo, com seqüências de muito tiroteio e perseguições. Há uma variedade de personagens interessantes – logo na primeira cena do filme o rancheiro Dan Evans exibe uma perna decepada, enquanto Russell Crowe encarna o pistoleiro matador quieto e de atitudes instintivas, no estilo dos personagens calados, violentos e “sem nome” de Clint Eastwood. E o ator Ben Foster ficou assustador na pele de Charlie Prince, sanguinário braço-direito de Wade, Tem até um Peter Fonda velho e uma rápida participação (são apenas segundos!) de Luke Wilson, irmão mais novo de Owen Wilson. A trilha sonora de Marco Beltrami, que intercala momentos ora sutis ora nervosos, acompanha o ritmo e é outra atração à parte.
Porém, o gênero faroeste saiu de moda há anos, e, assim, o filme corre o risco de ser rejeitado pelo público. Uma pena! Como sou fã inveterado de western, “Os Indomáveis” me arrebatou do começo ao fim. E que final espantoso, não? Recomendação de primeira. Lançado em DVD em abril passado. Por Felipe Brida

Título original: 3:10 to Yuma
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Christian Bale, Russell Crowe, Logan Lerman, Peter Fonda, Dallas Roberts, Ben Foster, Gretchen Mol, Vinessa Shaw, Alan Tudyk, Luke Wilson.
Direção: James Mangold
Gênero: Faroeste
Duração: 122 min.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Cine Lançamento

Leões e Cordeiros

Três tramas paralelas sobre a Guerra do Afeganistão são exibidas. De um lado, o senador Jasper Irving (Tom Cruise) pretende lançar uma nova estratégia política para conter o conflito entre os Estados Unidos e o Afeganistão, porém a façanha só terá êxito com a colaboração da jornalista Janine Roth (Meryl Streep). Ao mesmo tempo, o professor idealista Stephen Malley (Robert Redford) tenta convencer um de seus alunos mais estudiosos, Todd (Andrew Garfield), a mudar os conceitos e formas de pensar visando um futuro promissor ao estudante. Do outro lado do mundo, dois soldados, Ernest (Michael Pena) e Arian (Derek Luke), lutam na guerra para defender o país onde vivem.
Primeiro filme da United Artist após Tom Cruise assumir o comando da empresa de cinema, este drama político não foi bem recebido nos Estados Unidos na época de seu lançamento, ano passado. As conversas de bastidores (entre a jornalista e o senador), alongadas demais e cansativas, reproduzem uma propaganda de política liberal, ou seja, é propagandista. Além do mais, deixa aquele gosto de denúncia ao indicar os responsáveis pela intervenção militar e respectiva tomada do país afegão. E neste ponto a fita toma posição firme e fica até indigesta. Atira-se para todos os lados: sobra para os políticos que se deleitam com o imperialismo, um pouco para a imprensa e para a população, enfim, ninguém sai ileso.
Quanto ao filme nos Estados Unidos estão aí algumas explicações sobre seu fracasso. Agora vamos ao Brasil. O público não tem o costume de assistir a filmes com muito falatório e discussões afiadas. Ainda mais se o assunto for política norte-americana! Portanto, de cara, a fita irá desinteressar grande parte dos telespectadores. Serve mesmo para professores, intelectuais, estudantes de Direito e Economia, historiadores etc.
“Leões e Cordeiros” é interessante, mas não especialmente bom ou inovador. Predominam os diálogos cortantes e de teor de incriminação. Curto (tem uma hora e meia), traz algumas cenas de combate bem boladas e um elenco magistral (não é mole reunir Meryl Streep, Robert Redford e Tom Cruise). O personagem do senador disposto a tudo para manter o “status quo” do seu país é chocante. Não existem soluções fáceis ou felizes para o rumo dos personagens. O final é mal definido e pode desagradar. Em DVD. Por Felipe Brida

Título original: Lions for Lambs
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Tom Cruise, Meryl Streep, Robert Redford, Michael Peña, Andre Garfield, Peter Berg, Kevin Dunn, Derek Luke.
Direção: Robert Redford
Gênero: Drama
Duração: 91 min.