A Maldição da Flor Dourada
Dinastia Tang, China, século X. O imperador Ping (Chow Yun-Fat) retorna à sua cidade com o príncipe Jai (Jay Chou), seu segundo filho, para celebrar o Festival Chong Tang com a família. Porém descobre um terrível segredo: a imperatriz Phoenix (Gong Li) mantém um romance secreto com seu enteado, príncipe Wan (Liu Ye). Só que Wan confessa querer se casar com a filha do médico imperial. As intrigas e traições crescem e começam a abalar a estrutura da família real.
Sou um admirador do estilo elegante e do visual requintado criados pelo diretor chinês Zhang Yimou. Ficou conhecido pelo público ao dirigir filmes épicos que remontam lendas de seu país, a China, como os sucessos “Herói” (2002) e “O Clã das Adagas Voadoras” (2004), sem falar em fitas pessoais, a exemplo os premiados dramas “Nenhum a Menos” (1999) e “O Caminho para Casa” (2005) – este vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim. No entanto, perdeu a linha e tomou rumos incertos ao realizar esta aventura dramática, meio ação, considerado o filme mais caro já rodado na China. Indicado ao Oscar de melhor figurino em 2007, seu orçamento foi de R$ 45 milhões.
Yimou caiu em excessos. O figurino e a direção de arte são carregados demais. A profusão de cores causa, inicialmente, um impacto visual, mas com o desenrolar da fita vai aborrecendo. Nunca havia visto tantas tonalidades de cor juntas. Predomina o amarelo brilhante (daí o motivo de os personagens usarem ornamentos e vestimentas douradas, como se fosse ouro) e o vermelho-sangue, além do verde. O exagero cai no kitsch, tornando o filme brega demais. O cuidado minimalista foi tanto que se prestarmos atenção neles, deixamos de acompanhar a história!
A fita ainda peca em outros aspectos estruturais. As músicas – são três ou quatro ao todo – repetem-se a cada cinco minutos. Não há variação. A história demora para começar; quando engrena, fica em um lenga-lenga sem fim. Muitos nomes de personagens (herdeiros do trono e rivais) e explicações sobre fatos paralelos desanimam e nos deixam confusos.
Como não podia faltar nos projetos de Yimou, grande parte das cenas de arte marcial e luta de espada são bem elaboradas. Já outras, como no ataque a cavalo pelos assassinos encapuzados, apresentam erros de continuidade grosseiros (e olha que não sou cuidadoso para observar isto). Diferente dos anteriores, em “A Maldição” Yimou opta pela violência mais sanguinária. As poderosas lâminas das foices voadoras dos matadores fazem com que o sangue das vítimas espirre para todos os cantos. Estranhei o diretor ter seguido esta linha "gore".
Esperava-se melhorar no final, o que acaba não acontecendo. No desfecho, uma sucessão de tragédias “gregas” e revelações melodramáticas demais, em estilo shakesperiano.
Teria sido interessante mostrar os costumes de um país fechado e cercado de mistérios centralizando as ações nas intrigas e segredos de uma família imperial. Mas parece ter ficado melhor no papel do que na película. Demorou a chegar e passou despercebido no Brasil (e agora está disponível em DVD). Por Felipe Brida
Curiosidades: A batalha final demorou 20 dias para ser filmada, e reuniu mais de mil figurantes. Para rodar o filme foi construído o maior set de filmagem já visto na China.
Título original: Man Cheng Jin Dai Huang Jin Jia/ The Curse of the Golden Flower
País/Ano: Hong Kong, 2006
Elenco: Chow Yun-Fat, Gong Li, Jay Chou, Liu Ye, Ni Dahong, Junjie Qin.
Direção: Zhang Yimou
Gênero: Aventura/ Drama
Duração: 114 min.
Dinastia Tang, China, século X. O imperador Ping (Chow Yun-Fat) retorna à sua cidade com o príncipe Jai (Jay Chou), seu segundo filho, para celebrar o Festival Chong Tang com a família. Porém descobre um terrível segredo: a imperatriz Phoenix (Gong Li) mantém um romance secreto com seu enteado, príncipe Wan (Liu Ye). Só que Wan confessa querer se casar com a filha do médico imperial. As intrigas e traições crescem e começam a abalar a estrutura da família real.
Sou um admirador do estilo elegante e do visual requintado criados pelo diretor chinês Zhang Yimou. Ficou conhecido pelo público ao dirigir filmes épicos que remontam lendas de seu país, a China, como os sucessos “Herói” (2002) e “O Clã das Adagas Voadoras” (2004), sem falar em fitas pessoais, a exemplo os premiados dramas “Nenhum a Menos” (1999) e “O Caminho para Casa” (2005) – este vencedor do Urso de Prata no Festival de Berlim. No entanto, perdeu a linha e tomou rumos incertos ao realizar esta aventura dramática, meio ação, considerado o filme mais caro já rodado na China. Indicado ao Oscar de melhor figurino em 2007, seu orçamento foi de R$ 45 milhões.
Yimou caiu em excessos. O figurino e a direção de arte são carregados demais. A profusão de cores causa, inicialmente, um impacto visual, mas com o desenrolar da fita vai aborrecendo. Nunca havia visto tantas tonalidades de cor juntas. Predomina o amarelo brilhante (daí o motivo de os personagens usarem ornamentos e vestimentas douradas, como se fosse ouro) e o vermelho-sangue, além do verde. O exagero cai no kitsch, tornando o filme brega demais. O cuidado minimalista foi tanto que se prestarmos atenção neles, deixamos de acompanhar a história!
A fita ainda peca em outros aspectos estruturais. As músicas – são três ou quatro ao todo – repetem-se a cada cinco minutos. Não há variação. A história demora para começar; quando engrena, fica em um lenga-lenga sem fim. Muitos nomes de personagens (herdeiros do trono e rivais) e explicações sobre fatos paralelos desanimam e nos deixam confusos.
Como não podia faltar nos projetos de Yimou, grande parte das cenas de arte marcial e luta de espada são bem elaboradas. Já outras, como no ataque a cavalo pelos assassinos encapuzados, apresentam erros de continuidade grosseiros (e olha que não sou cuidadoso para observar isto). Diferente dos anteriores, em “A Maldição” Yimou opta pela violência mais sanguinária. As poderosas lâminas das foices voadoras dos matadores fazem com que o sangue das vítimas espirre para todos os cantos. Estranhei o diretor ter seguido esta linha "gore".
Esperava-se melhorar no final, o que acaba não acontecendo. No desfecho, uma sucessão de tragédias “gregas” e revelações melodramáticas demais, em estilo shakesperiano.
Teria sido interessante mostrar os costumes de um país fechado e cercado de mistérios centralizando as ações nas intrigas e segredos de uma família imperial. Mas parece ter ficado melhor no papel do que na película. Demorou a chegar e passou despercebido no Brasil (e agora está disponível em DVD). Por Felipe Brida
Curiosidades: A batalha final demorou 20 dias para ser filmada, e reuniu mais de mil figurantes. Para rodar o filme foi construído o maior set de filmagem já visto na China.
Título original: Man Cheng Jin Dai Huang Jin Jia/ The Curse of the Golden Flower
País/Ano: Hong Kong, 2006
Elenco: Chow Yun-Fat, Gong Li, Jay Chou, Liu Ye, Ni Dahong, Junjie Qin.
Direção: Zhang Yimou
Gênero: Aventura/ Drama
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