terça-feira, 29 de abril de 2008

Pequenos Filmes Brasileiros

Manual para Atropelar Cachorro

Mojo (Rafael Primo) trabalha em uma vídeo-locadora e é fanático por filmes e pela cultura norte-americana. Depois de ficar enclausurado em um prédio, resolve extravasar seus impulsos e raiva atropelando cachorros à noite. Na matança, tem a oportunidade de refletir sobre sua vida mesquinha e também sobre sua personalidade.
Terceiro curta-metragem escrito, dirigido e interpretado pelo ator Rafael Primo. Uma história maluca, que busca enfatizar o vazio do ser humano em conseqüência da neurose nas cidades grandes. Mojo, jovem sonhador e paciente, passa o tempo todo do seu dia observando prateleiras com filmes e analisando as curvas de uma beldade (interpretada por Bárbara Paz). E sempre com o pé atrás de se aproximar da garota. Tudo deixa o personagem sufocado, sem reação. E a válvula de escape para Mojo torna-se simples: procurar cães vira-latas e trucidá-los em propositais atropelamentos.
O curta paulista recebeu mais de 10 prêmios em festivais de cinema nacionais. Levou a estatueta de melhor curta de ficção no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, em 2007, e foi o grande vencedor na Mostra Competitiva de Curtas e Médias da 13ª Edição do Vitória Cine-Vídeo, em Vitória/ES, em 2006, recebendo quatro prêmios – melhor direção, melhor atriz (Bárbara Paz), melhor ator (Rafael Primo) e melhor montagem. Vale conhecer. Por Felipe Brida

Título original: Manual para Atropelar Cachorro
País/Ano: Brasil, 2005
Elenco: Rafael Primo, Bárbara Paz, Zezé Polessa. Participações especiais: Cynthia Falabella, Rubens Ewald Filho, Tuna Dwek, Ary França, Henrique Stroeter, Ken Kaneko.
Direção: Rafael Primo
Gênero: Comédia/Drama
Duração: 18 min.


Seqüestro de Unhas Gigantes

Zé do Caixão (José Mojica Marins) é acidentalmente seqüestrado por dois jovens bêbados em plena noite de pré-estréia do seu novo filme de terror, “Encarnação do Demônio”. Dentro do sinistro carro preto de Zé, a dupla embarca em uma louca jornada na madrugada de São Paulo, com direito a vampiros, perseguições e rock.
Virou um interessante curta-metragem este Trabalho de Conclusão de Curso na área de Cinema, Rádio e TV realizado por um grupo de estudantes residentes em São Paulo. O enredo é maluco e movimentado, beirando o bizarro – como exemplo, uma sopa de dobradinha que fica no encalço dos personagens, todos eles enjoados com o forte odor. Situações macabras permeiam a história que conta com a participação do cineasta José Mojica Marins (no melhor lance do curta, ele ressuscita em seu próprio velório, uma homenagem à seqüência utilizada por ele em seus filmes de terror nos anos 60/70), como sempre desbocado e original, e da filha, Liz Marins, que seguiu os passos do pai e criou, nos anos 90, a personagem Liz Vamp.
E o filme, exibido na 21ª Mostra do Audiovisual Paulista, não deixa de recorrer à metalinguagem, já que o pano de fundo é a própria produção de “Encarnação do Demônio”, o novo trabalho de Mojica que deverá estrear entre os meses de junho e julho deste ano.
Apenas o final é apressado, sem emoção e fica num meio termo (a equipe enfrentou dificuldades quanto às locações durante a finalização do projeto, o que justifica tais problemas estruturais). Independente disto, vale conferir o trabalho experimental dos jovens cineastas Antônio Basílio e Paulo Neto. Quem sabe não se tornam revelação? Por Felipe Brida

Título original: Seqüestro de Unhas Gigantes
País/Ano: Brasil, 2007
Elenco: Fábio Neppo, Davi Fernandes, José Mojica Marins, Júlia Mariano, Juliana Amorim, Marisa dos Santos, Liz Marins.
Direção: Antônio Basílio.
Gênero: Comédia
Duração: 18 min.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

Cine Lançamento

O Vigarista do Ano

O ambicioso escritor Clifford Irving (Richard Gere) envolve-se em uma tremenda fraude para subir na vida: forja documentos “assinados” pelo bilionário Howard Hughes que o autoriza a escrever sua biografia. Junto com o comparsa Dick Suskind (Alfred Molina), Irving inicia uma aventura literária que poderá não terminar bem. Ao publicar o livro, tal façanha causa um grande impacto nos Estados Unidos, inclusive no próprio Hughes.
Um bom filme para quem gosta de conhecer histórias intrigantes. E real! A publicação de uma biografia “autorizada” de Howard Hughes aconteceu mesmo e, na época (nos anos 70), virou assunto na mídia norte-americana e enorme polêmica nos Estados Unidos. Porém, fora de lá, o caso ficou desconhecido, e agora, com este drama, vem a oportunidade de saber mais sobre um fato tão cabuloso e conturbado.
As situações criadas pelo escritor narcisista Clifford Irving, bem interpretado por Richard Gere, em um de seus melhores trabalhos, convenciam a todos que o cercavam. Mentia descaradamente e, com a lábia enganadora, driblava empresários, magnatas, colegas de trabalho. Um deles era Suskind, outro grande trabalho do sempre bom Alfred Molina, personagem que serve de escada para as idéias malucas de Irving. Enfim, era um mentiroso nato em busca de sucesso e reconhecimento e que criava um mundo de ilusão e disseminava a falsa realidade com precisão certeira. Engraçado que o público é atraído pelo carisma do anti-herói e torce para que ele se dê bem na empreitada! Isto reflete em nós o sentimento dos que conviveram com Irving, estratégia proposital bem acertada pelos roteiristas e diretor desta comédia dramática.
Preparem-se: na história haverá lances inteligentes e reviravoltas. E nem sempre o conteúdo dramático predomina. Situações divertidas e tons de suspense são inseridos para quebrar as longas conversas e dinamizar o ritmo do filme. Podemos classificá-lo como um estudo interessante sobre mentira, oportunismo e orgulho caracterizando uma personalidade geniosa e, ao mesmo tempo, assustadora.
Como curiosidade, Irving (o verdadeiro, que está vivo, não aprovou a realização deste projeto) foi peça-chave para o caso Watergate, que derrubou o presidente Richard Nixon. Tal assunto é apenas citado no filme e não vai a fundo, já que daria outro projeto para cinema.
Vale conhecer e até rever esta fita dirigida por Lasse Hallstrom, duas vezes indicado ao Oscar – “Minha Vida de Cachorro” (1985) e “Regras da Vida” (1999). Eu assistiria de novo sim. Disponível em DVD. Por Felipe Brida

Título original: The Hoax
País/Ano: EUA, 2006
Elenco: Richard Gere, Alfred Molina, Hope Davis, Marcia Gay Harden, David Aaron Baker, Eli Wallach, Stanley Tucci, Julie Delpy, Zeljko Ivanek.
Direção: Lasse Hallstrom
Gênero: Comédia dramática
Duração: 116 min.

domingo, 27 de abril de 2008

Cine Lançamento

Bem-vindo ao Jogo

Huck Cheever (Eric Bana) é um jogador de pôquer, filho do bicampeão mundial da modalidade, LC (Robert Duvall) e que quer seguir o sucesso do pai. Um novo torneio de cartas irá acontecer, e Huck precisará de 10 mil dólares para se inscrever. Para juntar a grana, o jovem participará de campeonatos menores, apoiado pela nova namorada, Billie (Drew Barrymore).
Diretor e roteirista aclamado, Curtis Hanson perdeu a linha e errou feio nesta comédia romântica sobre jogos de cartas e apostas. Escalou como protagonistas uma dupla fraca, o péssimo Eric Bana e Drew Barrymore, duvidosa e sempre naquela mesmice de interpretação. Aliás, Bana (aquele do “Hulk” e “Munique”) é um rosto bonito e tem pinta de galã, porém representa papéis muito longe de convencer. Falta dinamismo e sobra serenidade.
O grande nome do filme, Robert Duvall, fica em segundo plano, apagado e sem maiores chances. Por retratar o mundo do pôquer, os macetes e as técnicas do jogo, pode chatear o público. Eu, que desconheço este tipo de jogo, fiquei a ver navios.
Por fim tem-se uma comédia infeliz, longa demais e nada criativa, com idas e vindas de clichês. Um baita papelão para o histórico do diretor, responsável por projetos polêmicos, como “Los Angeles – Cidade Proibida” (1997), e outros mais particulares e inteligentes – “Garotos Incríveis” (2000) e “Em Seu Lugar” (2005). Descarte. Disponível em DVD. Por Felipe Brida

Título original: Lucky You
País/Ano: EUA/Australia, 2007
Elenco: Eric Bana, Drew Barrymore, Robert Duvall, Debra Messing, Horatio Sanz, Joey Kern, Charles Martin Smith, Robert Downey Jr.
Direção: Curtis Hanson
Gênero: Comédia romântica
Duração: 124 min.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Cine Lançamento

O Diário de uma Babá

Annie Braddock (Scarlett Johansson) acabou de sair da faculdade, porém está desempregada. Mora com a mãe em um subúrbio de operários em Nova Jersey e vive de solitária, sem amigos ou vizinhos. Num passeio pelo parque, um incidente mudará sua vida ao receber a proposta de trabalhar como babá (nanny) de uma família rica de Manhattan, a família “X”. O que era para ser um trabalho agradável torna-se um verdadeiro inferno para Annie, encurralada nas mãos da neurótica Sra.X (Laura Linney), que faz de tudo para proteger seu filho bagunceiro, Grayer (Nicholas Art).
Comédia simpática, mas nada memorável, de tema já muitas vezes mostrado no cinema. No papel central da babá está Scarlett Johansson, uma atriz limitada, com cara de ingênua e traços infantis. Pensei bem e cheguei à conclusão: apesar de a atriz manter em todos seus filmes aquela expressão inerte, de passividade, a personagem de nanny moleca e azarada, aqui, é de perfeito encaixe a ela. Uma interpretação que não exige maiores esforços. A questão romântica da fita, quando Annie apaixona-se por um jovem atraente apelidado de Gatão de Harvard (Chris Evans), é insossa e sem chances.
Para ajudar na historinha repetida, a sempre excepcional Laura Linney, como a matriarca dos “X” (seu verdadeiro nome só é revelado no final), mulher sofrida, estressada e fria. Mas os motivos para uma personalidade tão difícil vão se revelando aos poucos. E foi neste aspecto que o filme me chamou a atenção: interessou-me mais conhecer os fatos sobre a vida pessoal da tal mulher, como os problemas conjugais, do que a história maior, sobre a babá.
Os diretores Shari Springer Berman e Robert Pulcini rodaram, anteriormente, o interessante, porém pouco visto “Anti-herói Americano” (American Splendor, 2003), também estrelado pelo ator Paul Giamatti (que em “O Diário” interpreta o estranho Sr. X). Tem também ponta da cantora Alicia Keys.
Pode assistir como passatempo, mas não espere grandes novidades. Lançado este mês em DVD.

Curiosidades: O filme é baseado no best-seller homônimo, cujos relatos verídicos foram escritos por duas universitárias que trabalharam como babá em Manhattan, Emma McLaughlin e Nicola Kraus. O livro foi lançado em 2002 e tornou-se grande sucesso de público nos Estados Unidos. Por Felipe Brida

Título original: The Nanny Diaries
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Scarlett Johansson, Laura Linney, Paul Giamatti, Alicia Keys, Donna Murphy, Chris Evans, Nicholas Art. .
Direção: Shari Springer Berman/Robert Pulcini
Gênero: Comédia
Duração: 105 min.

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Resenhas & Críticas

Pais, Filhos & etc

Viúvo e prestes a completar 70 anos, Leo (Philippe Noiret) finge sofrer de uma doença fatal só para reunir seus três filhos, que estão brigados e não se falam. Ao saberem do problema do pai, os filhos topam se encontrem para levar o pai a uma viagem a Quebec.
Em seu primeiro trabalho como diretor, Michel Boujenah, indicado ao César (Oscar francês) como melhor diretor estreante, opta – e se dá bem – por um drama familiar com fundo de road movie. Soube conduzir uma história que une dois pontos extremos, no caso a desavença entre os irmãos e, depois, a união deles em torno do pai, sem cair no pieguismo ou outros ridículos que o gênero faz supor. Pelo contrário, injeta “vida” aos personagens, o que torna a fita humana, sensível.
Na viagem, os homens da família discutem relações com a finalidade de se entenderem. É o tal de “lavar a roupa suja”, propositalmente esquematizada pelo pai. E quando o bate-boca entre os irmãos esquenta, o patriarca, genioso, finge ter arritmias e falta de ar decorrente da falsa doença, só para apaziguar a situação. É um jogo de cena deleitável.
O elenco, bem escalado, com destaque ao saudoso Philippe Noiret (1930-2006), mais lembrado pelo público por “Cinema Paradiso” e “O Carteiro e o Poeta”, leva feição ao filme. Volto a Noiret, ator presente nos filmes que fizeram parte da minha formação profissional, cuja energia de expressão preenchia e dominava as cenas. Sua presença nos filmes – em “Pais, Filhos & etc” não poderia ser diferente – era marcada pela fina sensibilidade, algo sobrepujante e até poético. Noiret marcou gerações e agora deixa o rico histórico como modelo e embasamento para os jovens artistas.
Apesar de produzida em 2003, a fita, uma produção franco-canadense, só foi lançada no Brasil três anos depois e agora está disponível em DVD. Aqui no Brasil iria receber o título de “Em Busca da Felicidade”, menos vago e mais chamativo do que este “Pais, Filhos & etc”. Ainda recebeu indicação ao César na categoria revelação masculina (Pascal Elbé).
Um drama tocante que emociona e também faz rir. Convide seus pais, os avós e os irmãos para desfrutar de um momento agradável. Se é atingido por fortes emoções, não se esqueça do lenço. Por Felipe Brida

Título original: Père et fils
País/Ano: França/Canadá, 2003
Elenco: Philippe Noiret, Charles Berling, Bruno Putzulu, Pascal Elbé, Marie Tifo, Geneviève Brouillette, Pierre Lebeau.
Direção: Michel Boujenah
Gênero: Drama
Duração: 94 min.

segunda-feira, 21 de abril de 2008

Morre a atriz Carmen Silva, aos 92

A atriz Carmen Silva, nascida em Pelotas, Rio Grande do Sul, morreu hoje aos 92 anos, de falência múltipla dos órgãos. Ela estava internada no Hospital Mãe de Deus, em Porto Alegre, desde o dia 1º de abril.
Iniciou a carreira em 1939, na Rádio Cultura de Pelotas. Atuou em diversas rádios gaúchas e integrou a equipe das Rádios Tupi e Record, nos anos 40/50. No cinema, fez 16 filmes, dentre eles "El Ángel Desnudo" (1946, dirigido por Carlos Hugo Christensen, na Argentina), "Quase no Céu" (1949), "Carnaval em Lá Maior" (1955), "O Grande Momento" (1958), "Guerra Conjugal" (1975) e o inédito "Valsa para Bruno Stein" (2007).
Participou das primeiras telenovelas com a chegada da TV no Brasil, nos anos 50. Uma delas foi "Cela da Morte", em 1958. Fez mais de 20 novelas, como "Pigmalião" (1970), "Venha Ver o Sol na Estrada" (1973), "Os Ossos do Barão" (1973), "Ídolo de Pano" (1974), "A Viagem" (1975), "Locomotivas" (1977), "Sinal de Alerta" (1978), "Cara a Cara" (1979) E "Baila Comigo" (1981). Junto com o ator Oswaldo Louzada, falecido em fevereiro deste ano, em "Mulheres Apaixonadas" (2003), interpretava um casal de idosos que era maltratado pela neta, Doris, papel de Regiane Alves.
Ainda esteve no elenco da minissérie "O Primo Basilio" (1988) e nos programas "Zorra Total" (2003) e "A Diarista" (2006). O corpo da atriz Carmen Silva será sepultado hoje as 18 horas, no cemitério São Miguel e Almas, Porto Alegre. Por Felipe Brida

terça-feira, 15 de abril de 2008

Morre a atriz Renata Fronzi

A atriz Renata Fronzi, que se destacou no gênero comédia tanto em seriados televisivos quanto em chanchadas brasileiras, morreu na tarde de hoje, aos 83 anos, vítima de falência múltiplas de órgãos, em decorrência de diabetes. Ela estava internada desde março deste ano no Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro.
Nascida em Rosário, Argentina, em 1º de agosto de 1925, Renata iniciou a carreira como bailarina em teatros de São Paulo. Um de seus papéis mais importantes na televisão foi o de Helena, no teleteatro cômico "Família Trapo", exibido em 1967 pela TV Record e refilmado nos anos 80 sob o título de "Bronco", nome do personagem principal da história, interpretado por Ronald Golias. Ainda na televisão participou das séries cômicas "Satiricom” (1973) e “Planeta dos Homens” (1976), da minissérie “Memorial de Maria Moura” (1994) e de 18 episódios na temporada de 1996/1997 de “Malhação”.
Esteve em muitas novelas também, dentre elas "O Rei dos Ciganos" (1966), "Bicho do Mato" (1972), "A Patota" (1972), “Pecado Rasgado” (1978), “Chega Mais” (1980), “Pão Pão Beijo Beijo” (1983), “Transas & Caretas” (1984), “Corpo a Corpo” (1984), “Mico Preto” (1990), “A História de Ana Raio e Zé Trovão” (1990) e “A Idade da Loba” (1995).
O primeiro trabalho da atriz no cinema foi em "Fantasma por Acaso" (1946), rodado pela companhia Atlântida, onde também fez "Guerra ao Samba" (1956), "Garotas e Samba" (1957) e "Treze Cadeiras" (1957). Na companhia cinematográfica Herbert Richers participou de "Pé na Tábua" (1957), "Espírito de Porco" (1957), "Massagista de Madame" (1958), "Garota Enxuta" (1959), "Pistoleiro Bossa Nova" (1959), "Marido de Mulher Boa" (1960), "Vai que é Mole" (1960) e "Papai Trapalhão" (1968). Ainda esteve no elenco de “É de Chuá" (1958), "Salário Mínimo" (1970), "Como Ganhar na Loteria sem Perder a Esportiva" (1971), “Este Riso Muito Louco” (1977) e “Mulheres de Programa” (1978).
Os últimos papéis de Renata no cinema foram no drama nostálgico “Copacabana” (2001), no thriller norte-americano “O Mar por Testemunha” (2002) e na comédia feminina “Coisa de Mulher” (2005).
Era viúva do locutor e radialista César Ladeira, com quem se casou no final dos anos 40. Deixa um filho. Por Felipe Brida

domingo, 13 de abril de 2008

Cine Lançamento

Viagem a Darjeeling

Os irmãos Francis (Owen Wilson), Peter (Adrien Brody) e Jack (Jason Schwartzman) não se vêem há um ano, desde o funeral do pai. Certo dia, decidem se encontrar para uma viagem de trem pela Índia. O motivo, encontrar a mãe, Patrícia (Anjelica Huston), que se isolou nas montanhas para cumprir a missão religiosa de se tornar uma monja. Durante a viagem ao país desconhecido, perdem-se no deserto da região do Himalaia e metem-se em confusões bizarras. Ao mesmo tempo, os irmãos irão se redescobrir e voltar ao convívio de antes.
Filme inteligente e pouco comum para a safra atual, porém indicado apenas ao público já acostumado com aquele mundo estranho e cheio de personagens desengonçados de Wes Anderson. Novamente o diretor texano recorre a questões sobre busca ao desconhecido e auto-conhecimento, sob o aspecto de elevação espiritual. E mais uma vez o ponto de partida se concentra em locais isolados, no caso o Himalaia, nos confins da Ásia.
Anderson quebra o conceito de trilha sonora nivelada ao misturar gêneros de países diferentes, passando por canções românticas francesas, balada norte-americana, sinfonias de Beethoven e, não poderia faltar, ritmos indianos (muitos de Satyajit Ray, diretor, compositor, roteirista e produtor, um dos grandes nomes do cinema na Índia). Os personagens, os irmãos, todos eles encarnando tipos exagerados (Owen ferido e cheio de gaze e band-aid no rosto; Jason com bigode comprido tapando a boca; e Adrien com óculos grandes e amarelos), na viagem pelo país misterioso, põem em discussão suas indiferenças com o intuito de serem “família” de novo. Um tema característico e fundamental nas obras do diretor.
Enquanto há uma fotografia esplendorosa da Índia e muita cor vibrante nos figurinos, existem diálogos contínuos e cansativos intercalados por cenas com silêncio profundo, o que pode fazer o público cochilar em certos momentos. E tudo é uma bagunça e agitação, com cortes bruscos e memórias. Fique atento para não se perder!
A fita nasceu depois de Wes Anderson rodar o curta-metragem dramático “Hotel Chevalier”, que serve como prólogo desta aventura. Mas não se dêem ao luxo de assisti-lo, pois ele nada explica ou inspira os dois personagens centrais do curta, no caso Jack (Jason Schwartzman) e sua namorada misteriosa, interpretada por Natalie Portman. É simplesmente um experimento sobre relações conturbadas e frias entre um casal em crise. Interessante, mas não necessário para entender o que se sucederá no filme.
“Viagem a Darjeeling” é o quinto longa-metragem de Wes Anderson e um de seus melhores momentos (ainda prefiro o anterior, “A Vida Marinha com Steve Zissou”, comédia dramática que brinca com o trabalho de oceanografia do grandioso Jacques Costeau e que, em 2004, dividiu a opinião dos críticos). A fita (vale destacar que a cidade-título está localizada na região do Himalaia, no estado indiano de West Bengal, fronteira com Bangladesh e Nepal, e conhecida por produzir chá. Sua altitude chega a 2,5 mil metros do nível do mar) é o 5º trabalho de Anderson com Owen Wilson, o 4º com Bill Murray e o 3º com Anjelica Huston e Jason Schwartzman.
O ator Owen Wilson tentou se matar logo após as filmagens, em agosto do ano passado, engolindo vidro de calmantes e cortando os pulsos. Internado, não compareceu às mostras de cinema de lançamento do filme.
O DVD, lançado no final do mês passado, saiu em edição pobre, sem extras. Estranho a produtora/distribuidora não ter ao menos colocado o curta Hotel Chevalier como bônus. Bom começo para se familiarizar com o universo detalhista e esquisito de Anderson. Por Felipe Brida

Título original: The Darjeeling Limited
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Owen Wilson, Adrien Brody, Jason Schwartzman, Amara Karan, Anjelica Huston, Camilla Rutherford. Participações especiais de Bill Murray, Barbet Schroeder e Natalie Portman.
Direção: Wes Anderson
Gênero: Aventura
Duração: 91 min.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Comentários do Blogueiro

Amigos leitores
Em decorrência da minha viagem a São Paulo, o tempo será curto para postagens. Cheguei ontem à capital e ficarei por aqui até dia 24. Só que muitas novidades estão por vir. Em breve poderão ler, por aqui, entrevistas especiais com artistas e cineastas, um dos trabalhos que estou desenvolvendo em São Paulo.
Amanhã o blog Cinema na Web completa dois meses. E fiquem atentos, porque irei disponibilizar um texto especial sobre este assunto.
O espaço está aberto para sugestões, críticas e reclamações, pelo email felipe@epipoca.com.br. Leio com atenção e carinho e respondo a todas as mensagens que chegam.
Um grande abraço a todos! Felipe Brida

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Cine Brasil

Primo Basílio

São Paulo, final dos anos 50. A romântica e adorável Luísa (Débora Falabella) é casada com Jorge (Reynaldo Gianecchini), engenheiro envolvido na construção de Brasília. Quando o marido viaja, a dedicada esposa recebe a visita do primo Basílio (Fábio Assunção), sua paixão na época da adolescência. Ambos passam a se encontrar diariamente, e a jovem fica perdidamente apaixonada pelo primo. Um descuido de Luísa poderá pôr fim ao relacionamento amoroso quando a empregada Juliana (Glória Pires) encontra e esconde as cartas de amor trocadas pelos amantes. Juliana, então, resolve chantagear a patroa com o intuito de receber dinheiro e uma boa aposentadoria.
Mais um fiasco do diretor Daniel Filho. Na postagem de sexta-feira, havia comentado, com a resenha de “Muito Gelo e Dois Dedos D’água”, sobre as últimas produções tenebrosas do bom diretor. E com “Primo Basílio” (não tem o artigo definido “O” na frente de “primo”) finaliza outro trabalho fraco.
A idéia central extraída da obra do romancista português Eça de Queirós é mantida, no caso a paixão secreta entre os primos. O clímax e a intriga, a passagem da carta e das chantagens pela empregada, também continuam. A grande mudança no enredo foi transpor para São Paulo dos anos 50 o que originalmente acontecia em Lisboa na segunda metade do século XIX. Teria sido interessante enfocar uma época mais recente e um ambiente mais próximo dos brasileiros, até como forma de atualizar a história. Mas os erros graves da fita parecem decorrer do desleixo do diretor Daniel Filho (vale lembrar que ele foi um dos diretores da minissérie “O Primo Basílio”, lançada em 1988 pela Rede Globo e agora reeditada em DVD).
As falhas estruturais e o elenco mal encaixado e desastroso não dão suporte ao drama. Fábio Assunção e Simone Spoladore estão em seus piores dias, em caracterizações fake e desarmônica. Para compor a empregada, Glória Pires ficou toda feiosa, maltratada, com dentes podres e velha; abocanha um papel forte, porém ingrato a ela. E Glória, caricata e exagerada, não está especialmente boa. Débora falabella é competente, porém atua em linha contínua, sempre com o mesmo estilo. Não muda nunca. Já Reynaldo Gianecchini não incomoda nem surpreende, está regular, melhor que de costume. O sumido Guilherme Arantes tem pouco a fazer, assim como Gracindo Júnior, Laura Cardoso e Anselmo Vasconcellos (deixo aqui um abraço especial ao ator pelo contato que tivemos via email; descobri que ele é um dos leitores do blog! Agradecido). Um elenco rico, no entanto desperdiçado.
Incrementaram-se cenas eróticas para apimentar a trama. Será que Daniel Filho quis escandalizar com o nu frontal de Débora Falabella e com as cenas de Fábio Assunção pelado?
Não gostei da fita e acredito na decadência de Daniel Filho. Banal atualização de um famigerado livro do Realismo português, já filmado outras vezes em Portugal, Espanha e no Brasil, e com resultados melhores. Disponível em DVD. Por Felipe Brida

Título original: Primo Basílio
País/Ano: Brasil, 2007
Elenco: Débora Falabella, Fábio Assunção, Reynaldo Gianecchini, Glória Pires, Simone Spoladore, Guilherme Fontes, Zezeh Barbosa, Gracindo Júnior, Laura Cardoso, Murilo Grossi, Nilton Bicudo, Anselmo Vasconcellos, Ana Lúcia Torre.
Direção: Daniel Filho
Gênero: Romance/Drama
Duração: 100 min.

domingo, 6 de abril de 2008

Morre o ator Charlton Heston

Vencedor do Oscar de melhor ator em 1960 pelo filme Ben Hur, o ator Charlton Heston morreu ontem, dia 6, aos 84 anos, na residência onde morava, localizada em Beverly Hills, Califórnia. Debilitado e afastado das telas há cinco anos, em 2002 havia anunciado que sofria de uma doença degenerativa similar ao mal de Alzheimer, causa de sua morte.
Ativista político e defensor do uso de armas, tornou-se notório por interpretar papéis bíblicos e de figuras reais da História. Foi o presidente Andrew Jackson em O Destino me Persegue (1953), Moisés em Os Dez Mandamentos (1956), El Cid, no filme que leva o nome do personagem, lançado em 1961, João Batista em A Maior História de Todos os Tempos (1965), o pintor Michelângelo em Agonia e Êxtase (1965), Marco Antônio em Júlio César (1970) e o cardeal Richelieu em Os Três Mosqueteiros (19173) e na continuação, Os Quatro Mosqueteiros - A Vingança de Milady (1974).
Seu primeiro trabalho no cinema foi em Peer Gynt, em 1941. Trabalhou em clássicos do cinema, como O Maior Espetáculo da Terra (1952), A Selva Nua (1954), Lafitte - O Corsário (1958), A Marca da Maldade (1958), Da Terra Nascem os Homens (1958), 55 Dias em Pequeim (1963), O Senhor da Guerra (1965), Khartoum - A Batalha do Nilo (1966), Terremoto (1974) e Midway (1976). Participou dos dois primeiros filmes da série "O Planeta dos Macacos" - O Planeta dos Macacos (1968) e De Volta ao Planeta dos Macacos (1970), e ainda emprestou a voz para o personagem de Zaius na refilmagem de Tim Burton, lançada em 2001. Trabalhou em filmes cults, como A Última Esperança da Terra (1971) e No Mundo de 2020 (1973), e também fez participações especiais em outros, como Tombstone - A Justiça Está Chegando (1993), True Lies (1994) e Um Domingo Qualquer (1999).
Como diretor, refilmou, para a TV, o clássico "O Homem que Não Vendeu sua Alma", em 1988, em que também interpreta o personagem principal, Sir Thomas More.
Por se posicionar, em público, favorável à liberação de armas de fogo (e eleito em 1997 como vice-presidente da Associação Nacional de Armas dos Estados Unidos), tornou-se um dos principais alvos do diretor Michael Moore no polêmico filme Tiros em Columbine (2002). A fita encerra com um bate-papo entre Heston e Moore, uma conversa que começa bem e termina desagradável.
Nascido em outubro de 1924 em Evanston, Illinois, Charlton Heston era casado desde 1944 com Lydia Clarke. Deixa dois filhos. Por Felipe Brida

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Cine Brasil

O Céu de Suely

A jovem Hermila (Hermila Guedes) retorna à cidade natal, Iguatu, localizada no interior do Ceará, para morar com a mãe e o filho pequeno. Sem emprego fixo, ganha trocados vendendo rifas de whisky. Em contato com uma prostituta, Hermila resolve investir em uma idéia inusitada: ganhar dinheiro rifando o próprio corpo.
Elogiado nos quatro cantos do país, onde recebeu 11 indicações ao Grande Prêmio de Cinema Brasileiro, o filme, que também participou de festivais estrangeiros, como Havana, Salônica e Punta del Este, não é para tanto. Superestimado demais. Um “alarme falso”. O primeiro problema: um drama que não emociona, não é sensível e é conduzido por uma narrativa lenta, sem impacto. O segundo erro está justamente na falta de sustentação da história. A discussão sobre prostituição não passa de meras conversas e algumas cenas eróticas. A idéia de a personagem central vender o corpo por meio de rifa, algo diferente e até bizarro, não é aprofundada. O superficial mata o enredo.
Estão aí os dois maiores defeitos da fita. Agora vamos aos pontos interessantes. O que admiro em certos diretores brasileiros é a sutileza em valorizar o ambiente natural e de reunir elenco amador ou pouco conhecido, métodos recorrentes em filmes de arte europeus, asiáticos e, claro, iranianos. É o que chamamos de “primitivismo cinematográfico”. Neste aspecto, “O Céu de Suely” é digno. Tudo é filmado no Nordeste brasileiro, cheio de locações naturais (bares, casas, ruas). Há naturalidade nas interpretações, e a produção, bastante modesta. Foram sete semanas para rodar o drama. No entanto, nada disto substitui as falhas enumeradas anteriormente.
Sobre o elenco, fica visível alguns altos e baixos. A novata Hermila Guedes (note que os nomes dos personagens são os próprios nomes dos artistas), em seu filme de estréia, sai-se bem como a personagem principal, uma garota “vazia de espírito”, solitária e pobre, porém com muitos sonhos. Quanto a João Miguel, bom ator e revelação do cinema brasileiro, senti que está desfalcado na pele do motoqueiro, personagem mal utilizado na fita. E o que falar das pontas desprezíveis dos ótimos Flávio Bauraqui e Marcélia Cartaxo?
Como resultado, “O Céu de Suely”, do diretor cearense Karim Ainouz, responsável por “Madame Satã”, fica num meio termo. Peca pela falta de sensibilidade, e não arma a proposta de emocionar. Corre o risco de ser esquecido em pouco tempo. Por Felipe Brida

Título original: O Céu de Suely
País/Ano: Brasil/Portugal/Alemanha/França, 2006
Elenco: Hermila Guedes, João Miguel, Maria Menezes, Zezita Barros, Flávio Bauraqui, Marcélia Cartaxo, Georgina Castro, Cláudio Jaborandy.
Direção: Karim Ainouz
Gênero: Drama
Duração: 88 min.


Muito Gelo e Dois Dedos D’água

Quando crianças, as irmãs Roberta (Mariana Ximenes) e Suzana (Paloma Duarte) passavam sufoco nas mãos da avó Judite (Laura Cardoso), mulher durona que ensinava a ferro e fogo as garotas a terem boa postura e educação. Por causa da maneira rígida com que eram tratadas, cresceram com trauma. Hoje, já trintonas, as irmãs planejam seqüestrar a idosa, como forma de se vingarem. Numa tarde, amordaçam a velha, colocam-na no porta-malas de um carro e partem rumo à casa de praia da família. Levam, de gaiato, um advogado, Renato (Ângelo Paes Leme). Só que no caminho muita confusão irá acontecer.
Até os bons diretores perdem o rumo e cometem erros graves. É o caso de Daniel Filho com este “Muito Gelo e Dois Dedos D’água”, comédia infeliz e nem um pouco cômica. Falando francamente, é uma besteira infundada, sem nexo. A história é maluca, repleta de situações próximas ao ridículo. Para completar conta com interpretações exageradas e fatigantes. Parece vindo de esquetes do programa “Zorra Total”. Os atores Ângelo Paes Leme e Thiago Lacerda são fracos e deixam dúvidas. Até a coitada da Laura Cardoso está caricata (as cenas em que ela é dopada, com aqueles efeitos psicodélicos, são verdadeiras pérolas do mau gosto) e acaba virando um fantoche nas mãos dos personagens desmiolados. Irritou-me o comportamento imbecilóide das irmãs vingativas.
O estranho título é explicado em uma seqüência no bar, onde a personagem da irmã alcoólatra (Ximenes) encontra-se com Renato (Paes Leme). Vai entender o que se passou na mente nada inspirada de Daniel Filho, um diretor que soube conduzir boas fitas, como “A Partilha” e “A Dona da História”, mas que já mostrava traços sem firmeza em “Se Eu Fosse Você”. Filho esqueceu de puxar os freios na condução desta comédia louca e incrivelmente chata.
Talvez o primeiro besteirol moderno do cinema brasileiro, embalado com sucessos musicais dos anos 80, como Sandra Rosa Madalena – A Cigana (por Sidney Magal), O Amor e o Poder (por Rosana) e Lindo Balão Azul (por Guilherme Arantes).
Os diálogos são de uma estupidez sem fim. E no final, uma cena em homenagem ao “O Silêncio dos Inocentes"! É mole ou quer mais um pouco? Por Felipe Brida

Título original: Muito Gelo e Dois Dedos D’água
País/Ano: Brasil, 2006
Elenco: Mariana Ximenes, Paloma Duarte, Ângelo Paes Leme, Thiago Lacerda, Laura Cardoso, Aílton Graça, Carla Daniel, Matheus Costa, Georgiana Góes.
Direção: Daniel Filho
Gênero: Comédia
Duração: 108 min.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Cine Lançamento

Eu e as Mulheres

O jovem escritor Carter Webb (Adam Brody) separa-se da namorada após longa convivência. Abalado com o fim do relacionamento, muda-se para o subúrbio para cuidar da avó doente, Phyllis (Olympia Dukakis), e aproveita para continuar escrevendo seu futuro livro. Na nova vizinhança, conhece Sarah (Meg Ryan), uma dona de casa angustiada, e suas duas filhas, Lucy (Kristen Stewart) e Paige (Makenzie Vega), que moram bem ao lado da casa da avó. Pouco a pouco o jovem escritor se aproxima da família e mantém uma relação inusitada com as três mulheres.
Para quem gosta de filmes românticos este aqui é uma boa dica. O ator Adam Brody, bem talentoso por sinal, interpreta um jovem que, depois de mudar para a casa da avó, desperta paixões secretas entre mãe e filha. Porém, fique atento: nada é conduzido como um mero romance água com açúcar. Logo na metade da fita, a matriarca da família Hardwicke, uma Meg Ryan feia, cheia de olheiras e sofrida, descobre que está com câncer. E para complicar, é traída pelo marido. Daí o drama fica intenso, e a história trabalhada com seriedade. Pode soar exagerado o rapaz dividir amorosamente mãe e filha, mas aqui nada é levado às últimas conseqüências.
Sentimentos comuns, como tristeza e solidão, unem e igualam os personagens. E por esses motivos eles se encontram e tomam rumos incertos e delicados.
Diante de tantos filmes românticos banais que inundam as prateleiras das locadoras, “Eu e as Mulheres” foge da enxurrada. Um bom exemplo na safra cambaleante. Mais indicado ao público feminino.
Filho do diretor Lawrence Kasdan (responsável pela produção executiva deste drama), Jonathan Kasdan estréia na direção. Vale destacar que Jonathan (também creditado em filmes como Joe) fazia pontas nas fitas dirigidas pelo pai, como O Reencontro, Silverado, Te Amarei até te Matar, O Turista Acidental, Wyatt Earp e O Apanhador de Sonhos. Por Felipe Brida

Título original: In the Land of Women
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Adam Brody, Kristen Stewart, Meg Ryan, Olympia Dukakis, Elena Anaya, JoBeth Williams, Makenzie Vega.
Direção: Jonathan Kasdan
Gênero: Romance/Drama
Duração: 97 min.

terça-feira, 1 de abril de 2008

Cine Lançamento

Vira-lata

Um acidente em um laboratório de pesquisas genéticas faz com que um cão da raça beagle se transforme em um animal com super poderes. Sob o nome de Engraxate e vestindo traje de super-herói, defende a cidade contra bandidos e salva pessoas em situações de risco.
Produzido pela Disney, esta animação é uma fraca adaptação do desenho “O Vira-Lata”, produzido pela NBC entre 1964 e 1973, e exibido no Brasil pela TVS (hoje SBT), nos anos 80. Foram mais de 110 capítulos (e eu me recordo de boa parte deles), porém não era uma série que emplacou no Brasil.
O personagem central é uma espécie de Super Homem canino: quando alguém está em perigo, o cão percebe, fica poderoso, voa, briga e sai-se bem. Em uma seqüência, chega a usar uma cabine telefônica para dar vida ao seu alter ego, como em Superman. Aliás, aqui há outras referências a filmes clássicos, como a do macarrão de “A Dama e o Vagabundo”.
Apesar da semelhança com o desenho original, a história é superficial, bobinha, cheia de situações repetitivas. Só mesmo o público infantil para aguentar. As expressões faciais e o movimento da boca dos animais foram recriados por computação gráfica, neste caso um recurso de animação já fora de moda.
O diretor Frederik du Chau só se meteu em fracassos. Suas fitas infantis caíram no esquecimento. Lembra-se de “Deu Zebra!” e “A Espada Mágica – A Lenda de Camelot”? Por Felipe Brida

Título original: Underdog
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Jason Lee (voz), Peter Dinklage, James Belushi, Patrick Warburton, Alex Neuberger, Amy Adams (voz), Brad Garrett (voz), Taylor Momsen.
Direção: Frederik du Chau
Gênero: Aventura
Duração: 84 min.

Morre o diretor Jules Dassin

O diretor, produtor e roteirista de cinema Jules Dassin morreu aos 96 anos ontem. O cineasta estava debilitado desde que sofrera uma fratura no quadril, no ano passado, e faleceu em um hospital em Ygeia, Antenas. Pelo filme “Nunca aos Domingos”, concorreu a dois prêmios Oscar – melhor diretor e melhor roteirista – além do Bafta e da Palma de Ouro em Cannes.
Dassin nasceu em 18 de dezembro de 1911 em Middletown, Connecticut. Iniciou a carreira no mundo das artes como ator no final dos anos 30, atuando em peças de teatro em Nova York. Em 1941 dirigiu o curta “The Tell-Tale Heart”, baseado no conto de Edgar Allan Poe. Seu primeiro longa-metragem foi rodado em 1942, “Nazi Agent”, com o notório Conrad Veidt.
Nos anos 40 realizou muitos filmes nos Estados Unidos, como “O Fantasma de Canterville” (1944), “Um Carta para Evie” (1945), “Brutalidade” (1947) e “Cidade Nua” (1948). Vítima do Macarthismo e acusado de ser comunista, exilou-se na Europa e recomeçou a carreira. Fez filmes na Inglaterra e França. Um deles foi o clássico “Sombras do Mal” (1950), refilmado nos anos 90, e “Aquele que deve Morrer” (1956). Por “Rififi” (1955) ganhou o prêmio de direção no Festival de Cannes.
Em 1959 mudou-se para Atenas, e iniciou um romance com a atriz grega Melina Mercuri, musa de seus filmes. Na Grécia, dirigiu “Nunca aos Domingos” (1960), considerado sua maior obra-prima. O filme concorreu a cinco prêmios Oscar, inclusive de melhor atriz para Melina; venceu apenas o de melhor canção.
Em 1964, rodou a elegante fita sobre roubo e jóias “Topkapi”, que deu a Peter Ustinov o Oscar de ator coadjuvante. Fez ainda “Profanação” (1962) e “Up Tight!” (1968). Nos anos 70 dirigiu obras menores, e encerrou a carreira em 1980 dirigindo “Círculo de Dois Amantes”.
Foi ativista, participou de manifestações políticas contra a ditadura na Grécia, entre os anos 60 e 70. Com a morte da esposa, Melina Mercouri, em 1994, voltou-se para a construção do novo museu da Acrópolis Grega e a atuar em prol à cultura grega.
Teve dois filhos: o popular cantor francês Joseph Dassin (falecido em 1980, aos 41 anos, vítima de um ataque cardíaco) e da atriz Julie Dassin. Por Felipe Brida