sexta-feira, 18 de março de 2016

Crítica de cinema


O fim do mundo, enfim

Documentário acompanhado de um show exclusivo em comemoração aos 30 anos do festival “O Começo do Fim do Mundo”, que marcou o movimento punk no cenário musical brasileiro.

O Selo Sesc acaba de lançar em DVD um bom documentário original sobre os 30 anos do festival “O começo do fim do mundo”, evento único que abriu as portas da música brasileira para o punk rock. O DVD, com 112 minutos de duração, é dividido em duas partes: “O Fim do Mundo, Enfim: O documentário” (de 43 minutos), com depoimentos de músicos e fundadores do festival, e “O Fim do Mundo, Enfim: O show” (de 69 minutos), um empolgante show na íntegra, realizado no Sesc Pompeia em 2012, com a participação de bandas que se apresentaram três décadas antes naquele mesmo espaço.
O documentário em si, bem detalhado por sinal, resgata o conceito do punk brasileiro a partir de uma série de depoimentos de músicos representantes das principais bandas do gênero, como Garotos Podres, Lixomania, Ratos do Porão, Inocentes, Restos de Nada, Olho Seco e Cólera. Eles contam a estrondosa experiência de quando pisaram nos palcos do então recém-inaugurado Sesc Fábrica Pompeia (hoje Sesc Pompeia), nos dias 27 e 28 de novembro de 1982, para agitar o público com suas letras agressivas, sarcásticas, niilistas, sempre com cunho de contestação, decretando a autonomia pelo manifesto do “Faça você mesmo”. É interessante vê-los hoje, mais velhos! Além disso, o documentário é ilustrado com trechos do antigo show, e músicos como João Gordo e o escritor, dramaturgo e fundador do festival Antonio Bivar relembram fatos históricos de “O começo do fim do mundo” que repercutiram na mídia mundial – houve intervenção policial na época, quebra-quebra, brigas, discriminação, histeria, mas também durante os dois dias do evento os organizadores desenvolveram oficinas musicais, debates e exibição de filmes, com nítida preocupação cultural.
Há um espaço no documentário para grupos atuais do punk rock analisar a influência de “mestres” do passado, por exemplo, Agrotóxico e Flicts, que estão no mercado musical há 15, 20 anos.
O Selo Sesc caprichou no DVD comemorativo, um produto fidedigno aos fãs do punk rock; vale destacar que de uns anos para cá o Selo Sesc distribui documentários criativos aqui no Brasil, boa parte com produção própria. Fiquem atentos para novos títulos!


O fim do mundo, enfim (Idem). Brasil, 2016, 112 min. Documentário/Show. Dirigido por Camila Miranda. Distribuição: Selo Sesc

quarta-feira, 16 de março de 2016

Crítica de cinema



A filha de Satã


O professor universitário Normal Taylor (Peter Wyngarde) suspeita que a esposa, Tansy (Janet Blair), pratica bruxaria. Ele descobre estranhos objetos em sua casa, que reforçam sua ideia, e a partir daí inicia uma investigação particular.

Cultuada fita inglesa sobre bruxaria moderna que custou barato para os padrões da época (U$ 200 mil), com suspense mantido do começo ao fim graças ao roteiro preciso, repleto de estranhos acontecimentos e alguns sustos. É o trabalho mais conhecido do diretor escocês Sidney Hayers (1921-2000), o mesmo de “Circo de horrores” (1960) e “A morte ronda a floresta” (1966), que no Brasil recebeu um título sensacionalista e nos Estados Unidos outro bem chamativo, “Burn, witch, burn”, como estratégia de marketing para garantir público nos cinemas.
Na intrigante história, um cético professor procura desvendar o lado obscuro da esposa quando encontra em casa pequenos objetos de bruxaria, magia negro e vodu, como bonecos em miniatura com semblante humano, materiais pontiagudos e cartas de Tarot queimadas. Quanto mais ele investiga, expondo a própria vida, mais ficam visíveis as suspeitas sobre a mulher.
Rodado na Inglaterra, em fotografia em preto-e-branco, o filme encabeça a lista dos melhores sobre bruxaria moderna, chamando a atenção para os curiosos detalhes de rituais e feitiçaria que as bruxas praticam para espalhar o mal. Inédito em DVD, sai agora no Brasil em cópia restaurada pela Versatil, no box “Obras-primas do terror – volume 4”, com cinco outros títulos: “Sob o poder da maldade” (1967), “Nasce um monstro” (1974), “Schock” (1977), “A casa do cemitério” (1981) e  “A espinha do diabo” (2001).


A filha de Satã (Night of the eagle). Inglaterra, 1962, 90 min. Terror. Dirigido por Sidney Hayers. Distribuição: Versátil Home Video

segunda-feira, 14 de março de 2016

Crítica de cinema


A casa do cemitério

Dr. Norman Boyle (Paolo Malco) muda-se com a família para uma antiga casa ao lado de um cemitério abandonado. Dia e noite eles escutam passos e barulhos estranhos vindos do porão, que irão culminar numa série de mortes horrendas.

Exemplar terror gore italiano do mestre Lucio Fulci (1927-1996), com cenas grotescas de lacerações e decapitação (que até hoje impressionam) e uma absorvente atmosfera assustadora. Fulci invoca o clima de um pesadelo infernal, como fez em “Pavor na cidade dos zumbis” (1980) e “Terror nas trevas” (1981), com imagens sinuosas em primeira pessoa, tensão, sustos e sequências brutais de assassinato, com direito a sangue escorrendo pelos cantos. Do início ao fim, a história de mistério dialoga com traços fantasmagóricos, de um passado remoto, por meio de um quadro na parede, reforçados pela deslumbrante fotografia de névoa assinada por Sergio Salvati, parceiro frequente dos trabalhos do diretor.
Um grande conto de horror regido magistralmente por Lucio Fulci – ele escreveu o roteiro ao lado de outros três roteiristas, inspirado em H.P Lovecraft. Também conhecido no Brasil como “A casa dos mortos-vivos”, o filmão italiano sai em DVD pela Versátil no box “Obras-primas do terror – volume 4”, com cinco outros títulos imperdíveis: “A filha de Satã” (1962), “Sob o poder da maldade” (1967), “Nasce um monstro” (1974), “Schock” (1977) e  “A espinha do diabo” (2001).


A casa do cemitério (Quella villa accanto al cimitero). Itália, 1981, 86 min. Terror. Dirigido por Lucio Fulci. Distribuição: Versátil Home Video

sexta-feira, 11 de março de 2016

Cine Lançamento


Negócios mortais

Funcionário de um escritório de advocacia, Thomas Miller (Max Minghella) fica aprisionado no prédio onde trabalha sob a mira de um assassino de aluguel (JJ Feild). Numa noite interminável, ao ver os colegas de sala assassinados e fugindo do misterioso matador, Thomas descobre segredos terríveis que coloca em risco a vida de milhões de americanos.

Dos produtores de “Atividade paranormal”, “Sobrenatural” e “Uma noite de crime”, chega direto em DVD no Brasil esse bom thriller independente que mistura suspense sufocante e ação do começo ao fim. Mal passou nos cinemas americanos e aqui é desconhecido do grande público, por isso agora fica a observação para conhecer. A história transcorre em ambiente único, o escritório de advocacia no alto de um prédio, que se transforma, em poucos segundos, num cenário de crime e perseguição. O alvo disso tudo é um novato (Max Minghella, filho do falecido diretor vencedor do Oscar Anthony Minghella, de “O paciente inglês”), o “homem errado” segundo Hitchcock. Ele vira testemunha ocular de assassinatos dentro do local de trabalho, cometidos por um frio assassino (o sinistro JJ Field), sem entender o real motivo – e aos poucos, com o desenvolver das cenas caprichadas de tensão, tanto ele como o público decifra o enigma, depois de sofrer à beça. Não é previsível e o desfecho dialoga com atrocidades estampadas em manchetes de jornais do dia a dia.
O nome que desperta a atenção nos créditos é o do ganhador do Oscar de efeitos visuais por “Os caçadores da arca perdida” (1981), Joe Johnston, diretor há mais de 25 anos. Experiente em fitas de alto orçamento, como “Jumanji” (1995), “Jurassic Park III” (2001), “O lobisomem” (2010) e “Capitão América: O primeiro vingador” (2011) fugiu do habitual para acertar num thriller curioso, de jogo rápido e de curta duração (1h14). Válido para uma sessão modesta, sem se preocupar com o resultado. Já em DVD.


Negócios mortais (Not safe for work). EUA, 2014, 74 min. Ação. Dirigido por Joe Johnston. Distribuição: Universal

domingo, 6 de março de 2016

Cine Lançamento


Ruth & Alex

Casados há 40 anos, Ruth (Diane Keaton) e Alex (Morgan Freeman) pretendem vender o aconchegante apartamento onde sempre moraram, localizado no Brooklyn. Ao abrir as portas para visita de possíveis compradores, cada um, à sua maneira, sente dificuldades emocionais para se desfazer do imóvel.

Uma agradável comédia de gosto fácil, independente (custou U$ 6 milhões, com fraca bilheteria nos cinemas), produzida por Morgan Freeman e direcionada ao público de meia idade. Baseada no livro de Jill Ciment, o filme tem um charme devido aos dois atores centrais vencedores de Oscar, que dispensam comentários. Diane Keaton e Morgan Freeman, em bela sintonia, interpretam um casal que, cansado da rotina, está disposto a vender o apartamento próprio em Nova York. Eles querem novos ares e pretendem mudar para outro bairro. A tarefa não é fácil: dia e noite recebem interessados em verificar as condições do imóvel, mas Alex sempre expõe algum defeito do espaço ou faz comentários maldosos para o cliente a fim de que ninguém bata o martelo na aquisição. Mais do que Ruth, Alex nutre fortes raízes naquele lar onde vive há quatro décadas, sua zona de conforto – e para completar num dos quartos fica seu ateliê de pintura. Sentados na poltrona do sofá acompanhamos o sentimento de peso do casal para se desligar do apartamento durante 1h30 de filme, que procura responder duas perguntas: será que Ruth e Alex concretizarão a venda e como será o futuro do casal, já atingindo a velhice, se isto ocorrer?
Apesar do roteiro de um foco único, sem clímax pertinente ou reviravolta, o filme tem sinceridade, com comédia na medida certa e clima secundário de fita romântica, provoca risos com as situações embaraçosas em que Alex se esbarra e aproveita um tema raríssimo do cinema – os conflitos internos dos personagens para se desvencilhar de uma propriedade. E, conforme frisado, flui exatamente bem pela presença de cena de dois atores master do cinema americano, dirigidos pelo vencedor do Emmy e indicado ao Bafta Richard Loncraine. Confira! Em DVD no Brasil pela Paramount.


Ruth & Alex (5 flights up). EUA, 2014, 91 min. Comédia dramática. Dirigido por Richard Loncraine. Distribuição: Paramount

sexta-feira, 4 de março de 2016

Cine Lançamento


Desafio do mar profundo

Documentário sobre a expedição organizada em 2012 pelo cineasta James Cameron rumo à Fossa das Marianas, nas profundezas do Oceano Pacífico.

Um brilhante documentário em formato de crônica marítima que acompanha a incrível façanha do diretor, produtor e roteirista canadense vencedor de três Oscar James Cameron para explorar o local mais profundo dos oceanos, conhecido como Fossa das Marianas. Em março de 2012, Cameron, também mergulhador e apaixonado por oceanografia, ocupou sozinho um batiscafo (cápsula), apelidado por ele de “Deepsea Challenger”, para descer 11 mil metros da superfície do mar, no coração do Oceano Pacífico, próximo às ilhas Marianas e às Filipinas. O objetivo foi de desvendar o ponto mais baixo da Terra, onde ninguém até então havia tocado. Nessa jornada ao desconhecido, o diretor arrisca a própria vida, e de dentro do minúsculo aparelho enfrenta a falta de oxigênio e depara-se com seres abissais monstruosos, em nome da ciência. Com uma câmera portátil, grava imagens do lugar inabitável e narra tudo o que o cerca. A exploração ao lugar mais profundo do planeta gerou amplos resultados para os estudos científicos: com as amostras colhidas por Cameron do fundo do mar foram descobertas e catalogadas 65 novas espécies de algas e bactérias!
Nas falas e nas cenas de rosto em 3/4, Cameron transmite um sentimento vivo de empolgação, de paixão, de energia. A explicação? Fácil: ele também é cientista, pesquisador da vida marinha e de anos para cá trabalha como documentarista da National Geographic. E desde os anos 80 ele projeta tema de pesquisas e hipóteses em seu cinema autoral, com particularidades dos oceanos, como realizou em “Piranhas 2: Assassinas voadoras” (1981), “O segredo do abismo” (1989) e “Titanic” (1997).
Com uma fotografia poderosa, em tonalidades de azuis misteriosos, planejada por três expert - Jules O'Loughlin, John Stokes     e Ian 'Thistle' Thorburn, o documentário encanta logo de cara e surpreende pela qualidade técnica visual. Se puder confira em Blu-ray 3D, formato lançado no Brasil, que se aproxima do Imax concebido originalmente nos cinemas por Cameron (que é também produtor do filme). Uma informação preciosa: o Blu-ray saiu aqui com o título original, “Deepsea challenge 3D”, porém o documentário passou na TV com essa tradução, “Desafio do mar profundo”. Imperdível!


Desafio do mar profundo (Deepsea challenge 3D). EUA, 2014, 89 min. Documentário. Dirigido por John Bruno e Ray Quint. Distribuição: Universal

quinta-feira, 3 de março de 2016

Viva nostalgia!


O monstro do mar

Testes nucleares no Ártico conduzidos pelo Exército americano despertam um perigoso dinossauro que hibernava há centenas de anos. A criatura segue pelo mar em direção à costa para se alimentar de carne, o que poderá causar destruição nas cidades. Alertados do iminente caos, o professor Tom Nesbitt (Paul Hubschmid) ao lado do veterano paleontólogo Thurgood Elson (Cecil Kellaway) mobilizará o máximo de pessoas para barrar o dinossauro.

Produzido pela Warner Bros em 1953, “O monstro do mar” é uma legítima fita de ficção científica nos padrões da época de ouro do cinema americano. Eletrizante desde o fantástico início no gelo (gravado em cenários bem realistas), foi enorme sucesso de público nos Estados Unidos – custou U$ 210 mil e teve U$ 5 milhões de bilheteria! Historiadores do cinema apontam a fita como precursora do Godzilla, pois o filme japonês realizado um ano depois trouxe história parecida, inclusive na forma como o monstro desperta (por testes nucleares), além do aspecto jurássico da criatura (aqui ele anda com as quatro patas, como um réptil, diferente do Godzilla). O responsável por dar vida ao dinossauro de “O monstro do mar” foi o famoso novelista Ray Bradbury (1920-2012), o mago dos contos fantásticos de scifi, muitos deles transformados em produtos de cinema e TV. E ele não cria nada casual. Do despertar da criatura no Ártico ao grand-finale no parque de diversões acompanhamos, atônitos, a luta “do bem contra o mal”, do homem racional contra a besta destruidora, um dos “yin-yang” dos primórdios da humanidade. O homem, dotado de inteligência e força, desperta o bicho em seu habitat natural e ele mesmo têm de eliminar o problema, movido ao ímpeto da evolução das máquinas, da guerra, do poderio bélico, na base do capitalismo mais selvagem que possamos testemunhar. Na linha do Godzilla, o filme provoca uma reflexão de assuntos experimentados na pele na atualidade, e se trocarmos a perseguição do monstro por símbolos contemporâneos, vê-se, por exemplo, o consumo desmedido em busca do fator ‘poder/status’. Realço, devido à importância desse teor por trás da obra, não a assista com uma visão simplista.
Quem procura um entretenimento do cinema antigo, inteligente, movimentado, aproxime-se dessa boa oportunidade, que acaba de sair em DVD no Brasil em cópia restaurada, na caixa “Godzilla Origens”, que reúne também o clássico japonês “Godzilla” (1954) e “Godzilla, o rei dos monstros!” (1956), além de extras imperdíveis e cards especiais.
A direção é do ucraniano Eugène Lourié (1903–1991), que dirigiu pouco, mais lembrado como diretor de arte de dezenas de filmes nos anos 30, 40 e 50, e os efeitos especiais foram assinados pelo estreante Ray Harryhausen, que logo se tornaria um dos papas dos efeitos visuais, de vários filmes de Simbad (entre as décadas de 50 e 70) e "Fúria de titãs" (1981).


O monstro do mar (The beast from 20,000 fathoms). EUA, 1953, 79 min. Ficção científica/Ação. Preto-e-branco. Dirigido por Eugène Lourié. Distribuição: Obras-primas

* Publicado na coluna "Middia Cinema", da revista Middia - edição fevereiro/marco de 2016

quarta-feira, 2 de março de 2016

Viva Nostalgia!



Godzilla, o rei dos monstros!

Um monstro jurássico chamado Godzilla emerge das profundezas do Oceano Pacífico e ataca Tóquio. Para conter o caos, um grupo de cientistas, aliados à população costeira e ao Exército, tentará destruir a criatura.
Dois anos após o lançamento do inigualável clássico japonês “Godzilla” (1954), produtores norte-americanos aproveitaram o sucesso da franquia na Ásia para uma recriação do original com foco no mercado dos Estados Unidos. Eles adaptaram trechos do roteiro e aproveitaram elenco, personagens, cenários, locações e até o molde do monstro, além de reutilizar maquetes e várias sequências já gravadas, principalmente as de destruição de Tóquio e o desfecho no fundo do mar. A combinação de elementos novos com pedaços do outro filme, apesar de ser uma técnica condenada hoje, resultou numa fita interessante de ficção científica, corriqueira, mas eletrizante, com abertura para reflexão sobre as consequências drásticas dos desastres ambientais. Vale tudo para ser um produto comercial na América do Norte, lembremos! Assim surgiu a ideia para essa versão que se identifica tanto como remake quanto como continuação (o público percebe a possibilidade de “O rei dos monstros!” ser uma segunda parte logo de cara, quando no início um “fade in” mostra a cidade destroçada por uma força misteriosa). Com duração menor (o de 1954 tinha 96 minutos e este, 80 minutos), carrega a assinatura da mesma produtora japonesa, a famosa Toho, e colaboração do diretor Ishirô Honda, aqui na função de assistente de direção.
Os elementos novos marcantes estão na entrada de outro protagonista, um repórter ferido (interpretado pelo ator canadense indicado ao Oscar Raymond Burr) e a narração off desde os créditos iniciais; retornam para complementar o enredo a figura importante do cientista com tapa-olho, bem como do professor idoso e do médico sábio. Reparem que já existia o cinema com cor, porém mantiveram a fotografia em preto-e-branco (que encarecia menos a produção e traz a semelhança com o clássico “Godzilla”).
Não há mudanças exorbitantes no roteiro, por isso quem assistiu ao de 1954 poderá taxar este como uma mera cópia. É inferior como quase sempre ocorre com os remakes, entretanto vale pelo passatempo divertido, dos sustos com a aparição do monstrengo, ou seja, adequado na linha de um cinemão com pipoca! Até porque acaba de sair em DVD no Brasil em cópia excelente, de tirar o chapéu, na caixa “Godzilla Origens”, que reúne o original - o extraordinário “Godzilla” (1954), e “O monstro do mar” (1953), uma obra precursora do tema.
PS: No Brasil este remake/continuação ficou conhecido como “Godzilla, o monstro do mar”.

Godzilla, o rei dos monstros! (Godzilla, king of the monsters!). EUA/Japão, 1956, 80 min. Ficção científica/Ação. Preto-e-branco. Dirigido por Terry O. Morse e Ishirô Honda. Distribuição: Obras-primas

* Publicado na coluna "Middia Cinema", da revista Middia - edição fevereiro/marco de 2016

terça-feira, 1 de março de 2016

Comentários do blogueiro


Um comentário rápido (e último) sobre meu texto de ontem referente à participação de Glória Pires como comentarista do Oscar 2016 na Rede Globo.
Escrevo isto para esclarecer um ponto de vista após receber alguns comentários por email e Facebook dizendo que "denegri a imagem da atriz e seu extenso trabalho na TV brasileira".

Desde pequeno sou grande admirador da Glória atriz, que completa logo logo 50 anos de carreira na TV e no cinema, bem como do pai, Antonio Carlos Pires, o eterno Joselino Barbacena, da Escolinha do Professor Raimundo. Inquestionável a quantidade de bons papeis que reúne na bagagem - sim, encabeça a lista das 20 melhores atrizes do Brasil, concordo! Porém em nenhuma linha a rebaixei como atriz ou ridicularizei seus trabalhos. Agora, vamos separar bem as coisas... como comentarista do Oscar falhou feio. Faltou preparo, interesse, simpatia, decisão (e inteligência) nas respostas, ou seja, a Globo não escolheu bem a pessoa para estar ali. No post de ontem ficou claro isto?
E claro que um ator ou uma atriz pode sim comentar o prêmio (TV trabalha com números, e um rosto conhecido faz a audiência subir), por que não? Desde que o fulano conheça profundamente o assunto e, com convicção, sem temer a Deus, exponha as ideias com clareza. Ou estou errado? Ainda fico com a ideia do crítico especializado no lugar certo e na hora certa.
Por falar em Glória atriz, assistam ao filme "Flores raras" (2013), que deu a ela o troféu de melhor atriz no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. Um papel maravilhoso, da arquiteta Lota de Macedo Soares e seu romance com a poetisa americana Elizabeth Bishop. E espero ansioso a sua Nise da Silveira em "Nise: O coração da loucura", previsto para abril nos cinemas.