segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

Cine Cult



Fogo no céu

Snowflake, Arizona, 1975. O trabalhador rural Travis Walton (D.B. Sweeney) segue numa camionete com um grupo de amigos para averiguar uma estranha luz que sai do meio da floresta. Ao descer do veículo, é abduzido por uma nave espacial, que desaparece. Os amigos conseguem fugir e contam o caso à polícia. Cinco dias depois ele reaparece desorientado e sujo, e diz ter sido capturado por alienígenas, dando início a uma complexa investigação.

Essa é a versão para cinema do ‘Caso Travis Walton’, ocorrido em novembro de 1975, um dos mais conhecidos da ufologia e que mexeu com o mundo todo. Enquanto estudiosos acreditam que a abdução foi real, parte dos peritos e da mídia apontam o tal sequestro alienígena de Walton uma fraude. Acredite você ou não em alienígena, como cinema ‘Fogo no céu’ funciona, e se interpretarmos aquilo como verídico, a experiência se torna ainda mais aterrorizante.
Travis Walton era um funcionário de uma reserva florestal numa cidadezinha do Arizona que, segundo relata, foi abduzido e ficou cinco dias em uma nave alienígena, após ser capturado na floresta. Ele reapareceu numa rodovia a quilômetros do local onde sumiu, desorientado, e a partir daí uma complicada investigação tomou conta de sua vida.
O filme é baseado no livro dele, ‘The Walton experience’, lançado três anos após o incidente, e Walton descreve o interior da nave alienígena e as torturas sofridas pelas mãos dos ETs – ele foi vítima de um terrível experimento laboratorial - e as imagens de cinema tentam acompanhar tudo isso. Dá muito medo, pois as sequências são assustadoras, com uma direção de arte e uma fotografia impressionantes.
No filme, um drama scifi com suspense e momentos de puro terror, D.B. Sweeney, de ‘Atraídos pelo perigo’ (1987) e ‘Um casal quase perfeito’ (1992), interpreta Walton, num papel exigente e difícil, quase um tour-de-force. Está no elenco com ele nomes que se revelavam naquela década, Robert Patrick (de ‘O exterminador do futuro 2 – O julgamento final’, de 1991), Peter Berg (de ‘Noites calmas’, de 1992), Henry Thomas (de ‘ET – O extraterrestre’, de 1982) e Craig Sheffer (de ‘Nada é para sempre’, de 1992), os quatro como seus colegas de trabalho na reserva florestal, e participação do veterano ator James Garner, de ‘Fugindo do inferno’ (1963), como um xerife.






Junto de o ‘Caso Roswell’, que também ganhou versão para cinema e série, é um dos relatos mais estudados sobre abdução alienígena. O verdadeiro Travis Walton e a esposa, Dana, aparecem numa pontinha no filme – Walton, hoje com 70 anos de idade, não gostou do longa, e três anos depois lançou um novo livro para comparar o filme com o que aconteceu com ele, ‘Fire in the sky: the Walton experience’.
Falecido no ano passado aos 75 anos, o diretor Robert Lieberman dirigiu dezenas de telefilmes e séries, incluindo seriados de temática paranormal, como episódios de ‘Arquivo X’, ‘O vidente’ e ‘The dead zone’, e poucos filmes, como as comédias infantis ‘Um pedido de Natal’ (1991) e ‘Nós somos os campões 3’ (1996) – porém foi em ‘Fogo no céu’ seu maior trabalho.
Um filme que gosto demais, fez parte da minha infância e revi recentemente na ótima cópia que a Obras-primas do Cinema lançou em DVD, numa edição especial contendo uma hora de extras, cards e luva – recomendo essa cópia, pois vem de uma restauração em 2k norte-americana.

Fogo no céu (Fire in the sky). EUA, 1993, 109 minutos. Drama/Ficção científica. Colorido. Dirigido por Robert Lieberman. Distribuição: Obras-primas do Cinema

sexta-feira, 26 de janeiro de 2024

Resenha Especial - reedição


Malditas aranhas!

- Resenha publicada em 18/06/2003, quando do lançamento do DVD do filme.

Em uma cidadezinha do interior dos Estados Unidos, um tambor com lixo tóxico cai num rio, transformando aranhas em criaturas gigantes mutantes. Os moradores terão de se proteger dos ataques mortais desses monstros, que devoram sem piedade as pessoas.

Divertido e com cenas escatológicas, a aventura com pitadas de terror e comédia macabra pode dar aflição em quem tem medo de aranhas. Com muitas piadas e referências ao cinema trash dos anos 50 e 60 com insetos gigantes matadores, acompanha um grupo de moradores de uma cidade do interior tentando se salvar das tais ‘malditas aranhas’ – eles se aliam ao exército para encontrar maneiras de destruir aquelas criaturas que caçam sem dó as pessoas para poder se alimentar. Quem lidera o elenco é David Arquette, ator que interpretou o xerife Dewey Riley na trilogia ‘Pânico’ (1996, 1997 e 2000).
Os efeitos visuais são legais, dos mesmos que criaram ‘Independence Day’ (1996) e ‘Godzilla’ (1998). Entregue-se e ria muito com essa mistura maluca de ‘Ataque dos vermes malditos’ (1990) com ‘Mutação’ (1997).
O cinema norte-americano produziu, no passado, outros filmes com aranhas assassinas, como os em preto-e-branco dos anos 50 ‘Tarântula!’ (1955) e ‘A maldição da aranha’ (1958), e depois ‘A maldição das aranhas’ (1977) e o mais famoso de todos, ‘Aracnofobia’ (1990).
O filme deriva de um curta-metragem independente do mesmo diretor e roteirista, o neozelandês Ellory Elkayem, chamado ‘Larger than life’ (1997), de apenas 13 minutos, que trazia uma mulher lutando contra aranhas gigantes contaminadas por lixo tóxico. Três anos depois, o diretor rodou um filme para TV sobre baratas e outros insetos assassinos, ‘Hospedeiros – A ameaça interior’ (2000), com os veteranos Dean Stockwell e John Savage, demonstrando gosto por esse tipo de cinema.





Exibido nas salas americanas em julho de 2002 e nos cinemas brasileiros em setembro do mesmo ano, saiu em DVD esse mês pela Warner Bros, com vários extras. Eu adorei e quero logo rever.

Malditas aranhas! (Eight legged freaks). EUA, 2002, 99 minutos. Terror/Comédia. Colorido. Dirigido por Ellory Elkayem. Distribuição: Warner Bros.

quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Resenha Especial - reedição


Feliz Natal

Resenha publicada em 28/12/2008, a partir de duas entrevistas especiais que fiz no IV FestCine - Festival de Goiânia, com o ator e diretor Selton Mello e com a atriz Darlene Gloria, em novembro de 2008.

Dono de um ferro-velho numa cidadezinha do interior, Caio (Leonardo Medeiros) volta para a casa do irmão para passar o Natal com a família. Afastado de todos por causa de uma tragédia do passado, tentará com muito custo se reconectar com os pais, divorciados, e com o irmão mais velho.

Mineiro natural de Passos, o ator Selton Mello, que completa 36 anos no próximo dia 30, assinou aqui seu primeiro filme como diretor de cinema. O drama “Feliz Natal” teve estreia nos cinemas brasileiros no dia 21/11 com críticas positivas. Premiado em festivais de cinema de todo o país, dentre eles três prêmios no Festival de Paulínia – melhor diretor, atrizes coadjuvantes (Darlene Glória e Graziella Moretto) e menção especial para o ator mirim Fabrício Reis, e nove troféus no IV Festcine Goiânia, “Feliz Natal” é um dramático painel sobre desestruturação familiar.
O longa-metragem narra a história de Caio (Leonardo Medeiros), um homem de 40 anos que, na véspera do Natal, decide retornar para sua cidade após um longo tempo longe da família. Lá reencontra o pai, Miguel (Lúcio Mauro), que não aceita a sua volta, o irmão Téo (Paulo Guarnieri), que enfrenta uma crise conjugal, e a mãe, Mércia (Darlene Glória), alcoólatra e perturbada. A presença de Caio altera a vida de todos os membros da família, provocando comportamentos extremos, como ódio e reconciliação.
Quando estive no FestCine Goiânia, entrevistei Selton Mello, Darlene Glória e a produtora Vania Catani, para falar sobre a produção. Nessa primeira investida como diretor, Selton optou em rodar um projeto de carga dramática densa, que aborda a desestruturação no ambiente familiar, marcado por uma tragédia no passado. Segundo Mello, foi uma tentativa de dizer algo que vinha querendo expressar há tempos, mas como ator não teve a possibilidade de fazer. Entrou fundo num projeto cuja ideia principal era de fazer um filme intenso sobre incomunicabilidade entre pais e filhos e ao mesmo tempo o da solidão em suas diversas formas. Outro diferencial do seu primeiro longa é que o caso gira em torno de uma família de classe média, tão pouco abordada no cinema brasileiro. Mello disse que se espelhou no cinema de Arnaldo Jabor, que fazia tão bem filmes sobre a classe média.
Pelo fato de o filme ser dramático, pesado, angustiante, o que foge do gosto habitual do telespectador, acredita que “Feliz Natal” atingirá o público, ainda mais com as críticas positivas que recebeu – eu, por exemplo, achei um dos melhores filmes brasileiros do ano.



O longa é uma história próxima de nós; existe uma família em ruínas, o filho sai de casa, a mãe é alcoólatra e separou-se do marido, o irmão está infeliz com o casamento; há um passado sombrio na vida do personagem central, só revelado nos momentos finais da fita, em uma sequência marcante, puramente visual e poética. E o desfecho, com a criancinha na janela, papel bom do estreante mirim Fabricio Reis, é de ferir o coração...
Outro diferencial do filme é o diretor ter reunido um time de atores e atrizes de primeira categoria, e ter liberdade em rodar um projeto de cunho autoral. Segundo Mello, cada um dos personagens traz uma história diferente e para tanto resgatou grandes nomes do cinema - Darlene Glória não atuava desde os anos 80, pelo menos num papel de destaque; Paulo Guarnieri estava afastado das telas desde 1996, e é um dos grandes atores brasileiros, também esquecido. Tem ainda Lúcio Mauro, Graziella Moretto e o principal, Leonardo Medeiros, que vem firmando carreira e é sem dúvida um dos maiores nomes da geração atual de atores.
Darlene explode num papel complexo – ela é a mãe alcoólatra e inconsequente do protagonista, que traz traços da verdadeira Darlene do passado; Darlene fez uso de drogas, teve internações em hospitais psiquiátricos e depois se converteu e virou pastora evangélica.
No filme funcionam também a fotografia escurecida de Lula Carvalho e a trilha sonora com tom fúnebre de Plinio Profeta. Cheio de ângulos e enquadramentos incômodos, com zoom nos rostos dos personagens, conta com um delicado roteiro de Selton Mello com o estreante Marcelo Vindicato. Em breve deve sair em DVD no Brasil – fique de olho!

Feliz Natal (Idem). Brasil, 2008, 104 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Selton Mello. Distribuição: Europa Filmes

quarta-feira, 24 de janeiro de 2024

Especial de Cinema


Cine Debate abre 2024 com curta de diretor premiado da região

O Cine Debate do Imes Catanduva começa seus trabalhos nesse sábado, dia 27/01, a partir das 14h no Espaço de Tecnologia e Artes do Sesc Catanduva. A sessão de abertura será especial, pois o diretor do filme apresentado estará presente para um bate-papo com o público. Na oportunidade será exibido o curta-metragem ‘Caído’ (2023, de 14 minutos), escrito, produzido e dirigido por Alexandre Estevanato, nascido em Marília e residente em São José do Rio Preto. Em abril do ano passado, o Cine Debate trouxe uma mostra com os três curtas do diretor, em que ele também veio para as sessões. A mediação será conduzida pelo idealizador do Cine Debate, o jornalista, professor do Imes e do Senac e crítico de cinema Felipe Brida. A sessão é gratuita e aberta a todos.

Sinopse: Isolado em um casebre no meio do nada, um homem solitário vive longe do ambiente social. Até que recebe a visita inesperada de um outro homem, que será crucial para o seu destino e o rumo da humanidade.




Cine Debate

O Cine Debate é um projeto de extensão do curso de Psicologia do Imes Catanduva em parceria o Sesc e o Senac Catanduva. Completa 12 anos em 2024 trazendo filmes cult de maneira gratuita a toda a população. Conheça mais o projeto em https://www.facebook.com/cinedebateimes

Cine Clássico


Terra do sonho distante

Stavros Topouzoglou (Stathis Giallelis) é um jovem grego, de família humilde, que trabalha com o tio na Anatólia tomada pelos turcos. Ele mora num povoado pobre, no final do século XIX, e tem o sonho de ir embora e construir sua vida na América. O governo turco aumenta a pressão contra os imigrantes, então o pai de Stavros o envia para a capital, Constantinopla, para ganhar dinheiro. O sonho dele continua, e apoiado por parte da família, sozinho, tentará ir para os Estados Unidos, partindo de navio. Porém enfrentará uma série de percalços na dura jornada.

Emblemático filme épico escrito, dirigido e produzido por Elia Kazan com traços autobiográficos: é a vida do seu tio e de sua família na Anatólia. Na abertura, o própria Kazan narra: “Meu nome é Elia Kazan. Sou grego de sangue, turco de nascimento e um americano, porque meu tio fez uma viagem”. Enquanto ele conta rápidas passagens, aparecem cenas de uma antiga Anatólia, o grande planalto central da Turquia e da Ásia. Kazan continua, informando que a história que veremos na tela vem de uma tradição oral, contada por muito tempo pelos membros mais velhos de sua família. Na Anatólia, antigo lar do povo grego e armênio, depois invadida pelos turcos, seu povo viveu submisso e sob as armas do Exército turco. O tio de Kazan, Stavros, aqui é um jovem que quebrava gelos no pico da montanha para vendê-los na cidade, ao lado de um tio que é o mentor do rapaz. Kazan conta que a violência cometida pelo exército turco era constante, e o jovem, portanto, queria ir para a América, a ‘terra dos sonhos’. E é aqui que começa a jornada complexa de Stavros, dividido entre o amor da família, a dificuldade financeira, a opressão na região onde mora – os fatos ocorrem nos últimos anos da última década do século XIX.
O filme é um retrato fiel e cheio de pormenores dos imigrantes que chegaram à América, contado com sagacidade e bela fotografia em preto-e-branco. É uma saga de quase 3h de duração – o filme saiu pela primeira vez em DVD muito tempo atrás, pela antiga Colecione Clássicos, hoje Obras-primas do Cinema, na metragem de 167 minutos, cinco minutos a menos que o original, de 174 min.
Produzido pela Warner Bros, foi todo rodado em Istambul, Atenas e depois Nova York. Indicado ao Oscar de melhor filme, diretor, roteiro original e direção de arte; venceu o Globo de Ouro de diretor e o de ator promissor, Stathis Giallelis – ator grego que fez poucos trabalhos no cinema, além de outras indicações como filme de drama e coadjuvantes como Paul Mann, Gregory Rozakis e Linda Marsh.




O diretor Elia Kazan, nascido na antiga Constantinopla, hoje Turquia, fez escolhas corretas para capturar a essência das origens de sua família nessa pequena obra-prima do cinema; da escolha do elenco a gravar na verdadeira região onde morou seu tio, passando por uma história difícil, de gente simples e sem heroísmo. Kazan, perseguido na época do Macarthismo, acusado de comunista e banido por um tempo do cinema, fez clássicos notáveis, de forte teor social, como ‘A luz é para todos’ (1947), ‘Uma rua chamada pecado’ (1951), ‘Sindicato de ladrões’ (1954) e ‘Vidas amargas’ (1955). A fotografia é brilhante, do premiado Haskell Wexler, de ‘No calor da noite’ (1967) ‘e ‘Um estranho no ninho’ (1975).

Terra do sonho distante (America America). EUA, 1963, 167 minutos. Drama. Preto-e-branco. Dirigido por Elia Kazan. Distribuição: Colecione Clássicos/Obras-primas do Cinema

terça-feira, 23 de janeiro de 2024

Especial de Cinema


Academia anuncia indicados ao Oscar 2024: ‘Oppenheimer’ e ‘Pobres criaturas’ lideram lista

A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood anunciou hoje pela manhã os indicados ao Oscar 2024. A atriz Zazie Beetz e o ator Jack Quaid conduziram a apresentação. A 96ª edição do Oscar será no dia 10 de março, em Los Angeles, com apresentação novamente de Jimmy Kimmel. O evento deverá ter transmissão no Brasil.
Os filmes ‘Oppenheimer’, ‘Pobres criaturas’ e ‘Assassinos da Lua das Flores’ lideram a lista de indicados, respectivamente com 13, 11 e 10 nomeações. Indicados ao Globo de Ouro e a outros prêmios de cinema importantes, Leonardo DiCaprio, Greta Gerwig e Margot Robbie foram alguns dos nomes esnobados pela Academia esse ano.
Confira abaixo a lista completa dos indicados.

 

Melhor Filme

 

American Fiction

Anatomia de uma Queda

Barbie

Os Rejeitados

Assassinos da Lua das Flores

Maestro

Oppenheimer

Vidas Passadas

Pobres Criaturas

Zona de Interesse

 


Melhor Ator

 

Bradley Cooper, por “Maestro”

Colman Domingo, por “Rustin”

Paul Giamatti, por “Os Rejeitados”

Cillian Murphy, por “Oppenheimer”

Jeffrey Wright, por “American Fiction”

 

Melhor Atriz

 

Annette Bening, por “Nyad”

Lily Gladstone, por “Assassinos da Lua das Flores”

Sandra Hüller, por “Anatomia de uma Queda”

Carey Mulligan, por “Maestro”

Emma Stone, por “Pobres Criaturas”

 

Melhor Ator Coadjuvante

 

Sterling K. Brown, por “American Fiction”

Robert De Niro, por “Assassinos da Lua das Flores”

Robert Downey Jr., por “Oppenheimer”

Ryan Gosling, por “Barbie”

Mark Ruffalo, por “Pobres Criaturas”

 

Melhor Atriz Coadjuvante

 

Emily Blunt, por “Oppenheimer”

Danielle Brooks, por “A Cor Púrpura”

America Ferrera, por “Barbie”

Jodie Foster, por “Nyad”

Da’Vine Joy Randolph, por “Os Rejeitados”

 

Melhor Direção

 

Justine Triet, por “Anatomia de uma Queda”

Martin Scorsese, por “Assassinos da Lua das Flores”

Christopher Nolan, por “Oppenheimer”

Yorgos Lanthimos, por “Pobres Criaturas”

Jonathan Glazer, por “Zona de Interesse”

 


Melhor Filme Internacional

 

Zona de Interesse (Reino Unido)

A Sociedade da Neve (Espanha)

Io Capitano (Itália)

Perfect Days (Japão)

The Teachers Lounge (Alemanha)

 

Melhor Roteiro Original

 

Anatomia de uma Queda

Os Rejeitados

Maestro

Segredos de um Escândalo

Vidas Passadas

 

Melhor Roteiro Adaptado

 

American Fiction

Barbie

Oppenheimer

Pobres Criaturas

Zona de Interesse

 

Melhor Fotografia

 

El Conde

Assassinos da Lua das Flores

Maestro

Oppenheimer

Pobres Criaturas

 


Melhor Montagem

 

Anatomia de uma Queda

Os Rejeitados

Assassinos da Lua das Flores

Oppenheimer

Pobres Criaturas

 

Melhor Animação em Longa-Metragem

 

O Menino e a Garça

Elementos

Nimona

Meu Amigo Robô

Homem-Aranha: Além do Aranhaverso

 

Melhor Documentário de Longa-Metragem

 

Bobi Wine: The People’s President

A Memória Infinita

As 4 Filhas de Olfa

To Kill a Tiger

20 Dias em Mariupol

 

Melhor Som

 

Resistência

Maestro

Missão: Impossível – Acerto de Contas - Parte 1

Oppenheimer

Zona de Interesse

 

Melhores Efeitos Visuais

 

Resistência

Godzilla Minus One

Guardiões de Galáxia Vol. 3

Missão: Impossível – Acerto de Contas - Parte 1

Napoleão

 

Melhor Design de Produção

 

Barbie

Assassinos da Lua das Flores

Napoleão

Oppenheimer

Pobres Criaturas

 

Melhor Cabelo e Maquiagem

 

Golda – A Mulher de uma Nação

Maestro

Oppenheimer

Pobres Criaturas

A Sociedade da Neve

 

Melhor Figurino

 

Barbie

Assassinos da Lua das Flores

Napoleão

Oppenheimer

Pobres Criaturas

 

Melhor Trilha Sonora Original

 

American Fiction

Indiana Jones e a Relíquia do Destino

Assassinos da Lua das Flores

Oppenheimer

Pobres Criaturas

 

Melhor Canção Original

 

“The Fire Inside”, de “Flamin’ Hot: O Sabor que Mudou a História”

“I’m Just Ken”, de “Barbie”

“It Never Went Away”, de “American Symphony”

“Wahzhazhe (A Song For My People)”, de “Assassinos da Lua das Flores”

“What Was I Made For”, de “Barbie”

 

Melhor Documentário de Curta-Metragem

 

The ABC’s of Book Banning

The Barber of Little Rock

Island in Between

The Last Repair Shop

Nǎi Nai & Wài Pó

 

Melhor Curta-Metragem em Live-Action

 

The After

Invincible

Knight of Fortune

Red, White and Blue

A Incrível História de Henry Sugar

 

Melhor Animação em Curta-Metragem

 

Letter to a Pig

Ninety-Five Senses

Our Uniform

Pachyderme

War is Over! Inspired by the music of John & Yoko

 

sábado, 20 de janeiro de 2024

Resenha Especial


Floresta negra

Durante as Cruzadas, um importante homem da nobreza, Frederick Hoffman (Sam Neill), sofre um acidente com a esposa grávida. Ele consegue salvar o bebê, mas a mulher morre. Muito tempo depois, Hoffman se casa novamente, agora com a bela e misteriosa Claudia (Sigourney Weaver). Ele não desconfia que ela é uma bruxa, obcecada pela beleza eterna. Claudia persegue e oprime a enteada, Lilli Hoffman (Monica Keena). Após uma briga com o pai e com a madrasta, a garota sai de casa e refugia-se em uma floresta onde fica próxima de sete ladrões. Enquanto isso, Claudia colocará feitiços no caminho de Lilli e ao lado de capangas, fará de tudo para trazê-la de volta para seu castelo.

No longínquo ano de 1997, o telefilme ‘Floresta negra’ repercutia no extinto formato VHS, e, lembro-me muito bem, o filme não parava nas prateleiras. Todos queriam assistir a essa versão dark da clássica história de ‘Branca de Neve e os sete anões’. Ainda mais porque se dizia que era um filme de terror.
Produzido pela Polygram e distribuído pela própria Polygram em parceria com a Universal – a Universal depois adquiriu a Polygram, esse filme para TV foi um dos primeiros a reinventar grandes contos da literatura, utilizando linguagem moderna e narrados com outro tom. No caso de ‘Floresta negra’, virou rapidamente sucesso comercial, recebendo indicação a prêmios como Emmy – melhor atriz para Sigourney Weaver, melhor maquiagem e melhor figurino, e indicação ao SAG de atriz de telefilme para Sigourney.
‘Branca de neve e os sete anões’, dos irmãos Grimm, apresentava um tom de terror, era um folk tale alemão do início do século XIX com personagens sinistros. Falava de uma rainha vaidosa que virava bruxa e tentava matar sua enteada. A bruxa vivia consultando seu espelho para saber quem era a mulher mais bela do reinado; quando ele diz que ela é bela, mas Branca de Neve é mais, tomada pela inveja, faz de tudo para ‘possuir’ a beleza e jovialidade daquela menina pura e indefesa. Coloca caçadores para pegar a menina que está escondida numa floresta, agora aliada a sete anões – no telefilme os anões são representados por marginais, e não são anões.
A ‘Branca de Neve’ dos irmãos Grimm, compilada por eles em formato de literatura a partir de contos da tradição oral alemã, é a maior inspiração para esse telefilme de aventura, romance e terror, bem realizado, com ótimo elenco e uma maquiagem assustadora de Sigourney Weaver quando vira uma bruxa decrépita – ela é o principal destaque e ajudou a vender o filme, pois é uma atriz respeitada, de filmes como a franquia ‘Alien’.





Os momentos emblemáticos da velha história que conhecemos estão aqui presentes, como a maçã envenenada pela bruxa, as conversas da rainha má com o espelho – que nada mais era que sua própria psiquê, e o romance de Branca com um príncipe – aqui o príncipe é um homem do povo, de comportamento duvidoso.
O filme tem produção classe A, foi rodado em exuberantes castelos, e em florestas e estúdio na antiga Tchecoslováquia, e não é para crianças - aliás, a classificação norte-americana é 17 anos. Do diretor Michael Cohn, de ‘Interceptor – O caça invisível’ (1992) e ‘O silêncio mortal’ (1994). Um dos roteiristas é Tom Szollosi, da clássica comédia da Sessão da Tarde ‘Te pego lá fora’ (1987) e de episódios de séries como ‘Esquadrão classe A’ e ‘Histórias maravilhosas’.
Ganhou recentemente edição em DVD com belíssimo acabamento pela Classicline, num digipack com luva. Tem apenas um extra no disco, o trailer, e acompanha cards colecionáveis.

Floresta negra (Snow White: A tale of terror). EUA, 1997, 96 minutos. Aventura/Terror. Colorido. Dirigido por Michael Cohn. Distribuição: Classicline

domingo, 14 de janeiro de 2024

Resenha Especial


Escorpião apaixonado

Membro de um movimento neonazista na Espanha, Julián ‘Alacrán’ (Álex González) quer mudar de vida e se dedicar ao boxe. Abandona o grupo extremista, começa aulas de boxe e apaixona-se por uma imigrante latina, Alyssa (Judith Diakhate). Só que uma série de problemas do passado volta a atormentá-lo.

Baseado no livro homônimo escrito pelo ator e roteirista Carlos Bardem, irmão mais velho de Javier Bardem, esse bom drama de esporte espanhol, independente e pouco conhecido do público, recebeu quatro indicações ao Goya, o principal prêmio do cinema da Espanha (entregue anualmente pela Academia das Artes e Ciências Cinematográficas da Espanha desde 1987), nas categorias de melhor elenco, melhor ator para Álex González e atores coadjuvantes – Miguel Ángel Silvestre e Carlos Bardem, vencendo lá na categoria de ator estreante, para o libanês Hovik Keuchkerian. Os irmãos Bardem aparecem no filme como coadjuvantes - Carlos como o treinador do protagonista, o aspirante a boxeador, papel correto do ator Álex González, de ‘X-Men – Primeira classe’ (2011), e Javier numa pontinha como o mentor do grupo neonazista. Carlos Bardem já participou de mais de 50 filmes, como ‘Cela 211’ (2009) e ‘Assassin’s creed’ (2016), e há pelo menos três gerações de sua família envolvidas no cinema e no teatro, como outros irmãos, avós, mãe e primos. Formado em História e em Relações Internacionais, ele também adaptou o roteiro a partir de seu romance original, mantendo fidelidade à história do rapaz que abandona o crime para se dedicar ao esporte.
Tanto no livro como no filme é possível ver semelhanças de narrativa com ‘Romeu e Julieta’, só que nos ringues, ou seja, uma fábula moderna sobre amor, traição, complô e redenção, com final trágico, situado em uma Espanha multicultural e personagens marginais. A fotografia é boa, com notas escuras e iluminações internas, o elenco faz um bom trabalho, e como resultado temos uma fita que, apesar de modesta, tem um acabamento caprichado.




Assisti por acaso outro dia em DVD, não apostava nada, e gostei. Além de estar em DVD (pela California Filmes), pode ser visto num canal de streaming chamado Adrenalina Pura, acessado pelo Prime Video.

Escorpião apaixonado (Alacrán enamorado). Espanha, 2013, 100 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Santiago Zannou. Distribuição: California Filmes

sexta-feira, 12 de janeiro de 2024

Cine Especial


A grande mentira

Ron (Ian McKellen) é um veterano vigarista que aplica golpes em mulheres idosas. Pela internet, aproxima-se de uma viúva que possui um bom dinheiro investido na poupança, Betty (Helen Mirren). Os dois iniciam um romance e passam a morar juntos. Aos poucos, a relação do casal vira de ponta-cabeça, marcada por desconfianças, trapaças e ameaças, terminando num complexo jogo de gato e rato, com mortes pelo caminho.

O diretor e roteirista novaiorquino Bill Condon, ganhador do Oscar pelo roteiro adaptado de ‘Deuses e monstros’ (1998), realizou filmes de diversos naipes. Fez telefilmes e curtas no início de carreira, passou por bobagens como o terror ‘Candyman 2 – A vingança’ (1995) e o desfecho da franquia teen ‘A saga Crepúsculo: Amanhecer – partes 1 e 2’ (2011 e 2012), até ser aplaudido por bons filmes, como o já mencionado ‘Deuses e monstros’ e ‘Sr Sherlock Holmes’ (2015), ambos com Sir. Ian McKellen, e recentemente fez um bom dindin com a live action da Disney ‘A bela e a fera’ (2017) – que arrecadou mais de US$ 1,2 bilhões no mundo. Em seguida investiu numa das melhores obras de sua carreira, esse thriller perspicaz de roer as unhas, ‘A grande mentira’ (2019), que traz reviravoltas marcantes e um trabalho fora de série da dupla de veteranos Ian McKellen e Helen Mirren – no lançamento, em 2019, coloquei-o na lista dos melhores filmes do ano e acreditei que tanto McKellen quanto Helen seriam indicados ao Oscar, o que não se sucedeu.
Baseado no livro de Nicholas Searle, o filme começa aparentemente como uma fita romântica de dois idosos que se conhecem pelas redes sociais. Empolgados, resolvem se conhecer para um jantar num restaurante. Parecem ser feitos um para o outro, os dias se passam e a investida no relacionamento aumenta. Compartilham tudo, e após um incidente, o viúvo vai morar na casa da nova amiga/namorada. E daí a situação se complica quando uma série de verdades vem à tona, envolvendo antigas trapaças, dinheiro escondido e até o Holocausto. Os plot twists do filme atingem o ápice na metade da fita, e há um desfecho particularmente inesperado, muito bem construído. É um suspense nota 10, elegante, com atores entre 70 e 80 anos em plena forma. Conta ainda com participação muito boa dos atores e Jim Carter e Russell Tovey.
Dessa vez Condon não escreveu o roteiro, apenas dirigiu – o roteiro é de Jeffrey Hatcher, de ‘Casanova’ (2005). e ‘A duquesa’ (2008).




Disponível em DVD e bluray pela Warner Bros. Também pode ser assistido no Amazon Prime Video e HBO Max, e para aluguel nas plataformas Apple TV, Youtube e GooglePlay Filmes.
PS - Cuidado na hora de procurar pelo filme; existe um longa-metragem com mesma tradução no Brasil, ‘A grande mentira’, também com Helen Mirren – outra semelhança é que é coprodução EUA/Reino Unido e de mesmos gêneros, suspense com policial. Esse homônimo é de 2010, no original ‘The debt’, e fala de três agentes da Mossad numa caçada implacável a um ex-chefe nazista que os torturou. Também é ótimo, procurem conhecer.

A grande mentira (The good liar). EUA/Reino Unido, 2019, 109 minutos. Suspense/Policial. Colorido. Dirigido por Bill Condon. Distribuição: Warner Bros.