quarta-feira, 31 de outubro de 2012

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Espelho, espelho meu

Com a morte do rei, sua esposa, a rainha (Julia Roberts), assume o trono. Mulher vaidosa e tirana, ela mantém presa em seu quarto a enteada, a jovem Branca de Neve (Lily Collins). Quando esta completa 18 anos, consegue sair pela primeira vez do castelo para conhecer o reino que o cerca. Transtornada com a miséria do povo, Branca de Neve volta-se contra a rainha, para derrubá-la do trono visando promover a justiça e a igualdade.

Outra livre adaptação do mundialmente famoso conto dos Irmãos Grimm escrito no início do século XIX. Lançado esse ano junto com “Branca de Neve e o caçador”, é mais cômico e sutil que o outro – e ambos receberam indicações ao Teen Choice, prêmio dado aos filmes para adolescente.
Tem maior clima dos tradicionais contos de fadas, certo humor e piadas, além de pastelão, drama e suspense. A grande diferença está na visão criativa do diretor – o indiano Tarsem Singh, cujos filmes de teor fantástico viraram cult (“A cela” e “The fall”, por exemplo). Sem meio termo, investe num visual estilizado, com direção de arte multicolorida, figurinos refinados e modestos efeitos visuais. Para reduzir gastos, optou em gravar tudo em estúdio, em Quebec, no Canadá. O orçamento moderado, de U$ 85 milhões, resultou em bilheteria abaixo do esperado (quase o dobro de lucro, apenas).
Quem dá um show e rouba o filme é Julia Roberts, muito bonita, numa má fase da carreira – ela está sumida do cinema, sem projetos significativos. Ela interpreta a tirana bruxa que domina o reino e quer a juventude e a beleza da Branca de Neve, sua enteada. Esplêndida no papel, Julia tem o timing perfeito para comédia sabendo alterná-lo aos momentos de fúria da vilã.
A protagonista, Lily Collins, também é correta, simpática, na pele da doce Branca de Neve – a atriz, filha do cantor Phil Collins, ingressou recentemente nas telonas.
Enquanto em “Branca de Neve e o caçador” convidaram atores britânicos conhecidos para interpretar os anões, num truque visual que diminui o tamanho deles, em “Espelho, espelho meu” os anões são verdadeiros (desconhecidos, vindos do circo).
Como adaptação da literatura para o cinema, esse filme se molda melhor com aquilo que o público se identifica, ou seja, as características de fábula e conto de fadas podem ser encontradas com nitidez na obra.
Para falar a verdade, “Espelho, espelho meu” não é uma aventura fantasiosa restrita às crianças. Pelo clima de suspense e uma história conhecida por todo mundo, deverá agradar jovens e até adultos. Um entretenimento de qualidade, perfeitamente consumível. Por Felipe Brida

Espelho, espelho meu (Mirror mirror). EUA, 2012, 106 min. Aventura. Dirigido por Tarsem Singh. Distribuição: Imagem Filmes

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Cine Lançamento

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Branca de Neve e o caçador
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Detentora de uma invejável beleza, Branca de Neve (Kristen Stewart) vira uma ameaça à sua madrasta, a malvada rainha Ravenna (Charlize Theron), que a aprisiona na masmorra do castelo. Quando a jovem foge, Ravenna contrata um caçador (Chris Hemsworth) para matá-la. Perdida na Floresta Negra, Branca de Neve aproxima-se do caçador e vira sua aprendiz na arte de guerrear. Com o objetivo de destronar a rainha, a garota retorna ao reino com uma série de aliados.

Livre adaptação do conto dos Irmãos Grimm lançado esse ano junto com “Espelho, espelho meu”, que contam basicamente a mesma história, a da Branca de Neve. Aqui, há um visual requintado, repleto de efeitos visuais arrebatadores e um forte clima sombrio. Os pontos altos da obra. Devido ao grau de violência (lutas com espadas, sangue, monstros, figuras diabólicas), recebeu censura nos cinemas (14 anos), diferente de “Espelho, espelho meu”, que era mais engraçado e cheio de sutilezas.
A boa notícia: “Branca de Neve e o caçador” é um bom entretenimento, com roteiro original e pode ser classificado como épico – há um evidente cuidado nos acabamentos da direção de arte (por exemplo, a Floresta Negra, que dá medo de ver, com árvores assombradas cujos galhos viram serpentes). Tudo aliado a efeitos visuais em computação gráfica de indiscutível qualidade técnica. Por causa disso, o filme custou caro (U$ 170 milhões), e se olharmos bem obteve uma aceitável bilheteria (de u$ 309 milhões). E pelo fato da ambientação de filme de suspense, lembrou-me o curioso “Floresta Negra” (1997), outra adaptação de Branca de Neve, uma autêntica fita de terror, com anões perversos e Sigourney Weaver na pele da bruxa.
O defeito master era o que temíamos (e não teve jeito): escalaram a inexpressiva Kristen Stewart para ser Branca de Neve, aquela atriz com o habitual jeito Bella de ser, olhar pra baixo, tímida, sem expressão (ficou famosa na saga “Crepúsculo”, cuja herança tornou-se uma maldição para ela no cinema). Kristen ainda precisa aprender muito a atuar. E pelo andar da carruagem vai demorar.
Precisava de alguém talentoso para o papel central. Imagine a sacada brilhante da história: Branca de Neve foge das garras da madrasta má, caiu numa floresta amaldiçoada, contorna o caçador que quer mata-la e junto dele vira uma exímia guerreira, que vai liderar um grupo contra a rainha tirana. A ideia foi boa, porém a atriz não tem gás suficiente para encarar essa jornada de transformação. Uma pena.
Como contrapartida do péssimo trabalho da garota de “Crepúsculo”, eis que surge a belíssima e super boa atriz Charlize Theron, uma vilã de primeira, fria, como a madrasta de Branca de Neve, que conversa com o espelho – aqui, o espelho se transforma em um metal em formato de corpo humano, que sai da parede em direção à rainha (recurso novo). Ravenna é o nome dela, mulher fascinada pela beleza e que quer ser jovem pelo resto da vida, igualando-se à beleza da enteada, detentora de uma beleza única. Acho que não preciso me estender, pois a história é famosa em todos os cantos do planeta.
Claro que não poderiam faltar os anões, que auxiliam Branca de Neve na Floresta Negra. Aqui eles são criaturas arruaceiras e caçadores – o elenco de apoio conta com atores britânicos conhecidos, porém irreconhecíveis debaixo de uma maquiagem pesada, como Bob Hoskins, Ian McShane, Ray Winstone e Nick Frost.
Ainda sobre o elenco, o caçador, que não tem nome no filme, é interpretado pelo fortão Chris Hemsworth, o Thor do cinema, num papel parecido com o do deus da mitologia nórdica; inclusive luta contra monstros grandes. Uma variação do personagem que fez anos atrás, sem diferença alguma.
Todo filmado em locações próprias na Escócia e muitos ambientes modificados por computação gráfica, o filme é indicado para todos os públicos. Perdoam-se falhas no roteiro e deixa-se passar a interpretação pavorosa de Kristen (que não é novidade), pois o visual brilhante, a história diferente do que conhecemos, repleta de momentos incessantes de ação e efeitos gráficos, e o trabalho de Charlize Theron atingem um nível de alta sincronia.
Méritos do diretor inglês Rupert Sanders, que veio do cinema publicitário e realizou aqui seu primeiro longa, a bem da verdade uma produção consistente, segura. Pra encerrar, o romance dele com a atriz do filme, Kristen Stewart virou manchete nos principais jornais do mundo.  Ela, quase 20 anos a menos que ele, traiu o namorado, Robert Pattinson (seu par romântico na saga “Crepúsculo”), enquanto Sanders largou da esposa para iniciar o relacionamento, que dura até hoje. Mais um casal do cinema...
Indicado (e vendedor em algumas categorias) ao Teen Choice, prêmio dado a filmes para adolescente. Em DVD. Por Felipe Brida
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Branca de Neve e o caçador (Snow White and the huntsman). EUA, 2012, 127 min. Ação. Dirigido por Rupert Sanders. Distribuição: Universal

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Morre o ator de origem indígena Russell Means

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Aos 72 anos de idade, morreu ontem o ator americano Russell Means, vítima de câncer.
Nascido em uma família de índios Sioux no estado de Dakota do Sul, o ator começou a carreira em 1992, no fil
me "O último dos moicanos". Em duas décadas dedicadas ao cinema, atuou como coadjuvante em "Assassinos por natureza", "Dois contra o oeste", "Windrunner - O vencedor", "Pocahontas I e II" (voz), "Roda de fogo" e "Desbravadores". Também participou de seriados famosos, como "O toque de um anjo".
Na década de 70, antes de ser ator, destacou-se como ativista e líder de movimentos indígenas. Por Felipe Brida.
 

domingo, 21 de outubro de 2012

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Fúria de titãs 2

Poucos anos atrás, Perseu (Sam Worthington), filho de Zeus (Liam Neeson), derrotou bravamente o monstro Kraken, protegendo sua vila. Vive hoje como pescador e cuida do filho pequeno. Mas uma nova disputa entre os deuses ameaça libertar os Titãs. Para evitar o caos, Perseu aceita um novo desafio: descer ao submundo e resgatar Zeus das garras do demônio Hades (Ralph Fiennes), para assim fazer reinar a paz.

Uma continuação melhor do que a encomenda e em muitos aspectos (em especial os técnicos) até superior ao primeiro “Fúria de titãs” (de 2010) – que todos sabemos enfrentou dura rejeição da crítica. Vale lembrar que a produção de 2010 já era remake (desnecessário) de uma formidável fita cult de mesmo título, lançada em 1981.
Essa segunda epopeia com personagens da mitologia grega tem engrenagens consistentes: o roteiro intrigante aliado à ação sem parar (e agora com nova narrativa, inteiramente rodada com a câmera na mão, ou seja, com trepidações e movimentos realistas).
Aventura em dose dupla e maior teor de suspense. Tudo graças à mudança de diretor: no “Fúria” de 2010 quem assinava era o francês Louis Leterrier (de “Carga explosiva” e “Cão de briga”); agora, investiram em Jonathan Liebesman, um sul-africano sem muito crédito, já que seus projetos eram focados em fitas de terror barato (“No cair da noite” e “O massacre da serra elétrica: O início”). De maneira incrível, soube, com a câmera em punho, contar melhor a história do herói Perseu, infiltrando-se no centro dos conflitos, participando em primeiro plano dos vultosos ataques de monstros imbatíveis. Conseguiu um trunfo arriscado, que deu certo.
Outro destaque está no elenco. Três atores centrais do original retornam com mais presença: Worthington como o semideus Perseu; Fiennes, o guardião do inferno, Hades; e Neeson na figura de Zeus, irmão de Hades, em lado oposto.
Todo o filme é concebido em computação gráfica, com efeitos especiais de tirar o chapéu. Duas cenas memoráveis e bem recriadas valem destaque: a luta contra Ciclope (o gigante de um olho só) e o despertar do temível Deus Kronos.
Por essas e outras, “Fúria de titãs 2” surpreende, deixando pra trás o filme anterior. Quem quiser conhecer um pouco mais sobre os deuses da mitologia e os dilemas existenciais que acompanham o homem desde seus primórdios, essa aventura é uma das opções. E serve, acima de tudo, como entretenimento.
Uma das boas bilheterias de 2012, arrecadando o dobro do custo da produção (que foi bem cara, de U$ 150 milhões). Já em DVD. Por Felipe Brida.

Fúria de titãs 2 (Wrath of the titans). EUA/Espanha, 2012, 99 min. Aventura. Dirigido por Jonathan Liebesman. Distribuição: Warner

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

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A árvore

Após a súbita morte do pai, a garotinha Simone (Morgana Davies) acredita que o espírito dele está habitando uma antiga figueira localizada na casa de campo onde vive com a família, no interior da Austrália. Para ela, o pa
i voltou para protegê-la. Convence então a mãe, Dawn (Charlotte Gainsbourg), a se comunicarem, juntas, com a árvore, para aliviar a dor da perda.

Um belíssimo poema cinematográfico filmado com orçamento mínimo, todo rodado em locações autênticas, nos campos australianos. Sem melodrama, essa pequena joia co-produzida entre França e Austrália explora a relação de uma família diante da perda. Na história, um pai jovem morre de repente, de um provável infarto fulminante enquanto dirigia seu carro de volta para casa. Como ele estava na direção, o veículo encosta levemente em uma figueira, a poucos metros da varanda de sua residência (relação que faz supor, depois, do morto com a árvore). Deixa esposa e quatro filhos, dentre eles a simpática e sonhadora garotinha Simone (um excepcional trabalho da atriz mirim Morgana Davies, que ganhou prêmios europeus pela atuação). A menina passa a se comunicar com as folhas e com os troncos dessa antiga figueira. O comportamento dela muda, assim como a mãe também passa a acreditar que o espírito do marido retornara do além e se instalara na árvore.
Esse é o resumo da tocante história, uma espécie de fantasia contemporânea, que nunca explica a sucessão dos acontecimentos em torno da árvore. O que vemos é a garotinha e a mãe tendo conversas imaginárias com a figueira, sinônimo do recomeço. O comportamento de todos ali, inclusive dos filhos rebeldes, sofrem alterações, no caso o estreitamento dos laços.
A “presença” do pai na árvore também provoca uma série de fenômenos estranhos, como tempestades, ventos fortes, as raízes destruindo tudo ao redor, bem como atrai para a família animais de todos os formatos – morcegos, sapos etc. Outro indício das notórias mudanças.
Mais do que ficar explicando, é um filme para ser sentido.
A escolha certeira do elenco contribuiu para o resultado: além da mirim Morgana Davies, temos a excelente Charlotte Gainsbourg, filha do falecido cantor francês Serge Gainsbourg com Jane Birkin; ela ganhou destaque com a soberba interpretação da mãe enlouquecida com a morte do filho em “Anticristo”, cujo papel lhe rendeu o prêmio de atriz em Cannes. As duas dão um show, de arrasar!
Outro charme do filme (e por que não um dos personagens mais importantes da trama?) é a frondosa figueira: no processo de escolha da locação, mais de 100 árvores foram visitadas, tudo para que o cenário se enquadrasse na ideia dos produtores. E escolheram uma que deslumbra, na área rural de em Boonah, Austrália.
Foi a estreia da diretora Julie Bertuccelli, premiada em Cannes por “Desde que Otar partiu” em 2003, uma cineasta sensível que aprendeu muito sobre o bom cinema com o mestre Krzysztof Kieslowski – foi assistente de diretor em “A igualdade é branca” e “A liberdade é azul”.
Baseado em um livro bem conhecido na França, da escritora Judy Pascoe, “A árvore” é falado em inglês, e encerrou com chave de ouro o Festival de Cannes do ano passado.
Um filme de arte de primeira, de bom gosto, que fala direto às mulheres. Por Felipe Brida.

A árvore
(The tree). Austrália/França/Itália/Alemanha, 2010, 100 min. Drama. Dirigido por Julie Bertuccelli. Distribuição: Imovision

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Morre a eterna Emmanuelle, "Sylvia Kristel"

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Morre aos 60 anos Sylvia Kristel, que eternizou "Emmanuelle" no cinema.
Nascida na Holanda em 1952, a atriz e modelo atuou em diversos filmes eróticos nos anos 70 e 80, como nas dois primeiros "Emmanuelle" e em "O amante de Lady Chatterley".
Estava internada em um hospital holandês desde julho após sofrer um AVC. Também tratava um câncer na garganta.
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terça-feira, 16 de outubro de 2012

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Chernobyl

Grupo de adolescentes viaja para a capital da Ucrânia, Kiev, para reencontrar amigos. Naquela cidade, resolvem, de última hora, conhecer a cidade fantasma de Pripyat, onde, nos anos 80, teve de ser fechada devido ao vazamento da usina de Chernobyl. Excursionando pela cidade abandonada, os jovens encontrarão sinais de assombrações e outros fatos relacionados ao sobrenatural.

Obteve boa bilheteria nos Estados Unidos esse curioso filme de terror em primeira pessoa (o cinegrafista participa das ações como personagem secundário), rodado com parcos recursos e com roteiro de Oren Peli, o diretor criador de “Atividade paranormal”.
Sustos não vão faltar. Tudo graças à boa ideia dos produtores, que escolheram criteriosamente as locações, de pontos abandonados, que recriam o clima de angústia aprisionando as vítimas da história em uma viagem sem volta. Na verdade tudo foi rodado na Sérvia, ou seja, nas proximidades da Ucrânia, país onde houve o vazamento da usina de Chernobyl, em 1986.
Uma boa opção aos fãs do gênero. Pena que insistam no velho desfecho com indícios de continuação. Não é um grande trabalho, porém tem clima de horror, e a ambientação dá arrepios na espinha. Ou seja, o objetivo é alcançado: prender o público, provocar medo.
Na direção está o estreante Bradley Parker, supervisor de efeitos visuais de “Clube da luta”, “A máquina do tempo” e “Deixe-me entrar”. Já em DVD. Por Felipe Brida

Chernobyl (Chernobyl diaries). EUA, 2012, 86 min. Horror. Dirigido por Bradley Parker. Distribuição: Paris Filmes

sábado, 13 de outubro de 2012

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Headhunters

Considerado o mais talentoso caça-talentos da Noruega, Roger Brown (Aksel Hennie) usufrui de uma vida boa: vive em uma casa de luxo, bem casado, com status na sociedade. Mas para garantir a segurança financeira para os próximos dez anos, arma um arriscado plano, o de roubar um valioso quadro do colecionador Clas Greve (Nikolaj Coster-Waldau). Ao invadir a casa da vítima, Roger depara-se com algo que mudará para sempre a sua vida, bem como colocará ponto final na existência de uma série de pessoas relacionadas a ele.

Intenso thriller norueguês, co-produzido na Alemanha, sobre o competitivo mundo corporativo, suas facetas e a disputa pela riqueza. O filme, adaptado do best-seller de Jo Nesbo (apontado como o melhor escritor de romance policial nórdico da atualidade), aproveita o caos e o individualismo na contemporaneidade para narrar uma história de ambição, traição, vingança e assassinato.
Quem domina a cena é um rapaz arrogante, que tem tudo na vida, mas quer mais, como sempre. Não bastasse o status e o dinheiro em abundância, esquematiza um plano para roubar uma valiosa obra de arte, avaliada em milhões de euros. Acerta os primeiros passos, só que no caminho uma situação inesperada transformará, de forma incrível, a rotina do jovem ambicioso.
Não citei nem na sinopse (e nem aqui nos comentários, logicamente) essa nova situação que o personagem central terá de lidar, simplesmente porque se trata da sacada inteligente do filme, a surpresa poderosa da trama. E olha que outras tão bem planejadas aparecem com notória criatividade. O tal do Roger, o milionário em busca do quadro, representa o ser humano em seu estado mais cruel, de posse desenfreada, que passa por cima de quem for para conquistar aquilo que dá prazer em muita gente: dinheiro. E sujo, pois é roubado. Por causa disso, os arranjos conspiram contra ele, a ponto de centrifugá-lo da sociedade (como poderemos notar, ele se dá mal a todo o momento até culminar no irônico desfecho realista).  
Posso assegurar que o público ficará preso diante das reviravoltas, algumas esquisitas, algumas absurdas, sempre explorando um cinismo cruel típico dos personagens – que vale dizer são todos de índole perversa, mau caráter.
Como não faltaria em filmes europeus de suspense/policial, há clima de estranha tensão, insinuações cômicas meio hitchcockianas, fotografia cuidadosa e uma trilha sonora intimista. Ou seja, os elementos técnicos incrementam a condução da trama arrebatadora.
Rodado na comuna norueguesa de Nittedal por um diretor que eu nunca tinha ouvido falar (Morten Tyldum), é sem dúvida uma obra eletrizante, para ser descoberta.
No Brasil a Paramount lançou-o no mercado sem tradução, um deslize por sinal - “Headhunters” significa a profissão do protagonista, “caça-talentos”.
E como era de se prever, os americanos já preparam o remake para 2013. Enquanto o gringo não chega, confira esse bom exemplar do cinema norueguês, pouco conhecido em terras brasileiras. Por Felipe Brida

Headhunters (Hodejegerne). Noruega/Alemanha, 2011, 99 min. Ação/ Suspense. Dirigido por Morten Tyldum. Distribuição: Paramount Pictures