domingo, 16 de março de 2008

ARTIGO

Novas mídias e o avanço da Era Digital (*)

Quando o DVD começa a virar moda no Brasil, o exigente mercado abre as portas para novas mídias digitais. Refiro-me a dois formatos, lançados em fevereiro de 2006 no Japão e nos Estados Unidos, que pretendem desbancar o DVD e, claro, eliminar de vez o VHS. Um se chama HD-DVD e o outro, Blu-ray (antes chamado de Blue-ray). Na verdade eles são “primos” quase irmãos do DVD. Ambos têm o mesmo tamanho em formato (120 mm) só que apresentam diferenças gritantes quanto ao armazenamento de dados.
O HD-DVD é o competidor número um do Blu-ray. Enquanto o primeiro utiliza um laser vermelho de 400 nanômetros para a transmissão de informações, o segundo é um azul-violeta de 405 nanômetros. Os discos em HD-DVD armazenam entre 15 e 30 GB (respectivamente em uma ou duas camadas), sendo que o Blu-ray tem a capacidade ainda maior, de 25 a 50 GB. Ou seja, tanto um como outro conseguem captar entre duas e dez vezes mais que um DVD. Assim, as duas novas mídias digitais propiciam imagens mais nítidas e delineadas, além de enriquecer detalhes. Daí o motivo de receberem o título de “alta definição”. Chegam a ter seis vezes mais definição do que um DVD comum.
Diante da novidade, o mercado brasileiro começou a receber, em agosto passado, os primeiros filmes em HD-DVD e Blu-ray. Temos um problema por trás: os grandes estúdios estão se alinhando aos formatos. Por exemplo, a Disney lança tudo em Blu-ray; já a Universal, em HD-DVD. Quem tiver apenas um dos aparelhos, irá assistir, portanto, a alguns filmes só, dependendo dos estúdios e distribuidoras. Uma pena.
Inicialmente cada filme custava em torno de R$ 130. Hoje, a média de preço é de R$ 89. Os mais populares, como a série “Harry Potter”, podem ser encontrados a R$ 69. Fiz uma pesquisa e descobri que cerca de 200 filmes já estão disponíveis em Blu-ray e HD-DVD, aqui no Brasil. A grande reclamação dos consumidores é de que a maioria dos filmes foi distribuída em edição “vanilla” – aquela sem extras, voltada à locação (e não para colecionadores).
As mais famosas empresas do ramo eletrônico já lançaram aparelhos de DVD apropriados para ambos os sistemas. Já os aparelhos que rodam apenas um dos formatos custam muito caro: entre R$ 2800 e R$ 5000.
Diante deste novo quadro na era da tecnologia e do avanço digital, um fato é certo: o DVD não sai de moda, por enquanto. Primeiro porque o preço do Blu-ray e do HD-DVD ficarão “salgados” por um bom tempo. Segundo, com a expansão dos novos formatos, o DVD ganhará mais acessibilidade. Daí a razão de encontrarmos filmes e séries em DVD pelo preço cada vez menor. Terceiro, o público já vê no DVD uma qualidade máxima, portanto ainda defendo a idéia de que adquirir as novas mídias é bobagem. Eu, pelo menos, fico satisfeito com o teor qualitativo gerado pelo DVD.
Agora, o VHS, que usa o sistema magnético para armazenar imagens e sons, some de vez. Isto é fato concreto. Inclusive muitas empresas anunciaram, em 2007, os últimos lotes de vídeo-cassete. Quem ainda tem o aparelho, guarde a sete-chaves para, em um futuro não tão distante, exibir a assustadora relíquia aos netos.


Rápidas do cinema nacional

A Elite no festival

O filme “Tropa de Elite”, sucesso de público em 2007, venceu o maior prêmio do Festival de Berlim, o Urso de Ouro, no penúltimo dia do evento (16 de fevereiro). Durante o festival, o júri ficou dividido quanto ao resultado do filme. Uns reagiram de maneira positiva, enquanto que outros não aprovaram seu conteúdo. A maior crítica girou em torno do excesso de violência que conduz o enredo. “Tropa” faz um retrato sobre a atuação do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar) nas favelas e nos morros do Rio de Janeiro. Os personagens que conduzem a história são dois oficiais da PM, Capitão Nascimento (Wagner Moura) e Neto (Caio Junqueira). O primeiro procura um substituto para seu posto, enquanto que o segundo se destaca pela honestidade e coerência. Quem não assistiu pode conferir em DVD, já disponível nas locadoras.

Bomba de Gerbase

Falando em cinema nacional, o diretor gaúcho Carlos Gerbase lançou em dezembro passado seu novo longa-metragem, “3 Efes”, simultaneamente em quatro formatos: DVD, cinema, televisão e internet. Um feito inovador. Porém, o filme é uma bomba. Elenco irregular, roteiro desastroso, diálogos pobres, situações que beiram o ridículo. Lastimável. Um exemplo de “não faça um filme como este”. Passe longe!

(*) Artigo escrito por Felipe Boso Brida e publicado na coluna "Cinema em Pauta", na edição deste mês da revista Maxxis. Acesse http://www.revistamaxxis.com.br/

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