segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Morre o diretor e roteirista Wes Craven


Diretor e roteirista de filmes de terror como "A hora do pesadelo" (1984), "A maldição de Samantha" (1986), "A maldição dos mortos-vivos" (1988), "As criaturas atrás das paredes" (1991) e "Pânico" (1996), cineasta faleceu ontem aos 76 anos, de câncer cerebral. Deixa esposa e dois filhos.




quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Lançamentos


Projeto Almanaque

Grupo de universitários descobre, no sótão da casa de um deles, um antigo projeto de máquina do tempo. Surpresos, eles montam o equipamento e utilizam-no para voltar ao passado a fim de reparar pequenos erros do cotidiano. Porém a situação foge do controle causando efeitos devastadores na vida de cada um dos envolvidos.

Produzido por Michael Bay, “Projeto Almanaque” é um bom passatempo na linha de ficção científica feito por jovens atores (desconhecidos entre os brasileiros) e de interesse aos adolescentes. Apesar da assinatura de Bay, não espere shows pirotécnicos de efeitos visuais nas proporções de “Transformers”, pois o orçamento deste aqui é uma pontinha em relação aos blockbusters do famoso produtor – na verdade o filme é independente, custou U$ 12 milhões, mas rendeu o dobro nas bilheterias norte-americanas. Já no Brasil veio direto em home video (em DVD e Blu-ray, distribuído pela Paramount).
É um divertido (e por vezes assustador) entretenimento jovial, que acompanha a drástica mudança na rotina de um grupo de amigos de faculdade ao encontrar esboços de uma máquina do tempo. Fuçados em engenharia básica e entusiasmados com a descoberta, eles criam o equipamento tornando-se cobaias de uma incrível viagem ao tempo, num intenso ir e vir ao passado e ao futuro. Assim cada um deles atinge velhos objetivos: resolver desafetos, ganhar dinheiro ao prever os números da loteria, tornar-se popular na escola etc. Mas nem tudo é perfeito, e quanto mais os jovens modificam o passado, maior a probabilidade de ocorrer graves consequências no futuro, um ‘lugar’ desconhecido – ou seja, sob uma ótica determinista, o filme dialoga com a Teoria do Caos.
Super empolgante, a história contorna-se em reviravoltas decisivas, uma atrás da outra. E atente-se ao desfecho metafórico.
“Projeto Almanaque” foi uma boa descoberta de 2015, lançado numa safra positiva de novos diretores – esta é a estreia de um jovem cineasta chamado Dean Israelite, que em anos anteriores rodou somente curtas-metragens. Já em DVD e Blu-ray. Por Felipe Brida

Projeto Almanaque (Project Almanac). EUA, 2015, 106 min. Ficção científica/Ação. Dirigido por Dean Israelite. Distribuição: Paramount

terça-feira, 18 de agosto de 2015

Nota de cinema


Vídeo ++ inaugura sua primeira locadora de filmes em Catanduva

A locadora de filmes Video ++ inaugurou a primeira loja em Catanduva no início desse mês. Situada na rua Treze de Maio, 332, Centro, ela substitui a antiga “100% Video”. A proprietária da marca, Thatiana Pizarro Carvalho, aposta firme na nova proposta. “Tudo permanece da mesma forma, porém a loja apresenta visual ainda mais moderno e espaço convidativo para crianças, jovens e adultos. Garantiremos, assim, o atendimento personalizado, e o público contará com novidades promocionais e muitos lançamentos em DVD e Blu-ray”, frisou.
Às terças e quartas-feiras haverá a promoção “Pague meia”, ou seja, haverá desconto de metade do valor para todos os filmes a partir da segunda locação.



Horário de funcionamento: de segunda a sábado, das 10h às 22h, e domingos e feriados, das 14h às 20h.

Informações: 17 3521-4344


Facebook da loja: https://www.facebook.com/videomaismais

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Viva Nostalgia!


Casa, comida e carinho

O produtor de teatro Joe D. Ross (Gene Kelly) fecha contrato com uma simples família do interior dos Estados Unidos, os Falbury, para apresentar seu novo espetáculo na fazenda deles. A proprietária das terras, Jane Falbury (Judy Garland), aceita participar da peça e logo rouba a cena, tornando-se estrela da noite para o dia.

Divertidíssima e nostálgica comédia romântica musical que fez sucesso no lançamento, em 1950, com direção do sempre bom Charles Walters (de “Lili”, “Alta sociedade” e “A inconquistável Molly”). Marcou o reencontro do lendário ator Gene Kelly e da atriz Judy Garland – ambos estiveram em cena em “Idílio em dó-ré-mi” (1942) e “O pirata” (1948), por exemplo, e aqui novamente brilham com vigor, dança e muita música (eles eram cantores e dançarinos de verdade!).
Jogando com uma história simples, o diretor presta uma singela homenagem ao mundo do teatro, com alusão à Broadway, local de convívio e trabalho do cineasta Charles Walters (a companhia que se apresenta nas terras dos Falbury é da Broadway). Mostra os bastidores da arte cênica, como a relação dos atores dentro e fora dos palcos e o corre-corre da montagem dos espetáculos, ou seja, para pessoas que lidam diariamente com teatro, o filme é uma razão a mais para assistir.
Rodado inteiramente nos estúdios da MGM, os cenários aludem ao típico interior norte-americano, com amplas fazendas verdes, gado, calorão e a harmonia da família sulista.
Chega pela primeira vez em DVD pela distribuidora Obras-primas, em cópia excelente. Divertido, agradável, é para ter em qualquer coleção. Por Felipe Brida

Casa, comida e carinho (Summer stock). EUA, 1950, 108 min. Musical/Romance. Colorido. Dirigido por Charles Walters. Distribuição: Obras-primas.

* Resenha publicada na coluna Middia Cinema - edição de agosto/setembro de 2015 da Middia Magazine.

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Resenha especial



Vício frenético

Na Nova York da década de 90, um tenente policial (Harvey Keitel) viciado em drogas assume o difícil caso do estupro de uma freira ocorrido no Harlem. Agressivo, corrupto e desequilibrado, ele procura a redenção durante as investigações do crime, ao mesmo tempo em que aposta tudo em um jogo de baseball.

O conturbado cineasta independente Abel Ferrara dirigiu, com assombrosa precisão técnica, essa complexa fita seminal do início dos anos 90, que ainda gera polêmicas. A partir de um fato real - o estupro de duas freiras no Harlem hispânico, que chocou a mídia norte-americana e foi apontado como um dos crimes mais brutais de Nova York – Ferrara escreveu o roteiro em duas semanas, junto com a atriz Zoë Lund (morta prematuramente em 1999, aos 37 anos, em decorrência de overdose). A dupla optou não pelo enfoque no estupro, mas no mergulho ao inferno do tenente policial drogado, viciado em jogos também, saturando-se dia a dia no barulho incansável e nos guetos perigosos de uma Nova York obscura.
Harvey Keitel arrebenta em cena, no papel desafiador do perturbado policial, sem nome (só chamado de “tenente”), desconfiado daqueles que o cercam, movido a cocaína no trabalho e que participa de orgias (o ator aparece nu em uma cena estilizada primorosa, no quarto vermelho com prostitutas), além de abusar do poder para ameaçar mulheres à noite enquanto se masturba na frente delas. Dá para sentir que filme não tem concessões (nem no fatídico desfecho), apresentando sequências fortes de uso de drogas e sexo (é marcante a cena do estupro da freira dentro da igreja, profanada pelos bandidos, que quebram santos, saqueiam objetos religiosos e arremessam hóstias pelo altar).
Ferrara, sempre irremediável, aqui opina, de um lado, sobre a corrupção na corporação policial de Nova York, e de outro, a hipocrisia de uma sociedade suja, há muito tempo em estado de putrefação.
Vencedor do prêmio de melhor ator no Independent Spirit Award (e indicado a outros dois, de melhor filme e diretor), “Vício frenético” foi inteiramente rodado nas ruas de Nova York, feito com baixo orçamento (produção independente, de U$ 1 milhão). É o melhor trabalho do diretor, que recorre de forma constante a personagens autodestrutivos e temáticas sufocantes da atualidade, como fez em “O rei de Nova York” (1990) e em “Olhos de serpente” (1993 – novamente com Harvey Keitel, com participação de Madonna).
Acaba de sair em DVD pela Versátil, em versão restaurada, com extras (entrevistas do diretor e elenco) e trailer. Conheçam essa obra original, de impacto, e descartem o insuportável remake de 2009 de mesmo título, dirigido por Werner Herzog, com o canastrão Nicolas Cage. Já em DVD para locação e venda. Por Felipe Brida


Vício frenético (Bad lieutenant). EUA, 1992, 96 min. Drama/Policial. Dirigido por Abel Ferrara. Distribuição: Versátil Home Video

quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Viva Nostalgia!


Godzilla (1954)

No Japão da década de 50, um gigantesco réptil jurássico emerge do oceano após milhões de anos adormecido. Rumo à Tóquio, o monstro, apelidado de Godzilla, destrói tudo o que encontra pelo caminho. Forças militares e expedicionárias mobilizarão toda a sociedade para deter o perigosíssimo animal.

Marco do cinema japonês de ficção científica, o clássico original “Godzilla” (1954) é uma fita-referência para o gênero, muito apreciada pelos fãs. Fez tanto sucesso que abriu franquia (teve uma versão recente, de 2014, bem fraquinha) e gerou inúmeras imitações. Diante da repercussão dessa primeira experiência de Godzilla, o próprio diretor e roteirista Ishiro Honda (1911-1983), especializado na dobradinha sci-fi e disaster movie, refilmou-a para o mercado americano em 1956 mantendo quase tudo no mesmo lugar (inclusive aproveitou cenas), além de elaborar continuações cada vez mais fantásticas, com o monstrengo jurássico lutando com criaturas poderosas (Honda teve a maluquice de colocar, no mesmo filme, o macaco King Kong numa intensa briga desleal com Godzilla).
Voltando no original, o filme é uma aventura soturna, com uma delicada visão behaviorista do homem e do seu meio, que dialoga com questões sérias do perigo nuclear – Godzilla desperta depois de testes com bombas nucleares no oceano. Vale lembrar que é época de Guerra Fria, e o Japão, nove anos antes, no triste desfecho da Segunda Guerra, teve nas páginas de sua História uma mancha de sangue com o terrível ataque a Hiroshima e Nagasaki. Reparem que os personagens humanos sofrem à beça temendo o fim da humanidade (seja pelo Godzilla ou pela iminente guerra nuclear) e são conscientes do que causaram ao meio onde vivem. Ah, antes que eu me esqueça, o monstro é um boneco de um metro e setenta, vestido por stunts, também revezado em algumas sequências por miniaturas (algumas cenas de devastação da cidade, ocasionada pelo animal, foram gravadas a partir de maquetes com rigor de detalhe, ou seja, no mais alto nível dos antigos truques visuais).
O roteiro, da dupla Ishiro Honda e Takeo Murata, foi baseado na história de Shigeru Kayama, e é tratado de maneira uniforme, direta e sem final feliz. Não espere um entretenimento aberto a alívio cômico (comum nos dias de hoje), pois a linha de trabalho de Honda, aqui, com mão pesada demais, é para provocar reflexão. Assim, como produto de cinema, o original “Godzilla” ainda assombra e é sem dúvida o melhor exemplar da franquia.
O filme acaba de ser lançado em DVD no Brasil, pela primeira vez, e a cópia está excelente (pela distribuidora Obras-primas). Sai em um decente box chamado “Godzilla Origens”, com outros duas obras: “Godzilla, o rei dos monstros” (1956), o remake norte-americano dirigido pelo mesmo Ishiro Honda, com co-direção de Terry O. Morse, e “O monstro do mar” (1953), uma fita precursora do original, mas sem classificação do monstro Godzilla. Por Felipe Brida


Godzilla (Gojira). Japão, 1954, 96 min. Ação. Preto-e-branco. Dirigido por Ishirô Honda. Distribuição: Obras-primas

* Publicado na coluna Middia Cinema, na revista Middia Magazine, edição agosto/setembro de 2015


quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Resenha especial



Voltaire e o caso Calas

Toulouse, França, outubro de 1761. Marc-Antoine (Sébastien Mortier), filho do negociador calvinista Jean Calas (François Germond), é encontrado morto na residência da família, e a Polícia prende o pai acusado da morte. Na prisão, durante forte clamor popular, Jean Calas sofre tortura e é assassinado, depois queimado. Diante do caso, o filósofo iluminista Voltaire (Claude Rich) investiga o caso, por conta própria, e tenta comprovar, perante a sociedade, uma injustiça cometida contra Jean Calas.

Inédito no Brasil, esse didático telefilme franco-suíço reconstitui um importante fato histórico da França Moderna, porém de pouco conhecimento entre os brasileiros, que foi a participação do escritor e filósofo iluminista Voltaire (1694-1778) no julgamento de Jean Calas, um negociador protestante de Toulouse vítima da intolerância religiosa. Em teor de denúncia, a produção, barata em termos de orçamento, potencializa a interessante figura de Voltaire (pilar do Iluminismo na luta contra o Absolutismo), aqui engajado em desvendar os motivos que levaram à condenação e morte de Calas, provocando uma reflexão sobre assuntos até hoje em voga no mundo, como a manipulação da Justiça, a intolerância religiosa e o ardor da opinião pública. Tamanha a imersão de Voltaire no caso Calas que o filósofo, a partir desse desgastante trabalho investigativo, escreveu o famoso livro “Tratado sobre a tolerância”, publicado poucos anos depois, em 1763.
Estruturado numa sofisticada narrativa de diálogos preciosos e ambientação tenaz com exemplar trabalho de figurino e cenografia (de uma França em ebulição, pré-Revolução Francesa), o telefilme tem grande força graças à direção do documentarista Francis Reusser, especializado em temas históricos, servindo como boa peça de estudo. Atenção também para o trabalho do veterano ator francês Claude Rich, no papel de um Voltaire questionador e pensativo.
Em DVD pela primeira vez no Brasil, distribuído no mercado pela Versátil. Por Felipe Brida


Voltaire e o caso Calas (Voltaire et l’affaire Calas). França/Suíça, 2007, 93 min. Drama. Dirigido por Francis Reusser. Distribuição: Versátil