sábado, 30 de janeiro de 2010

Viva Nostalgia!


O pecado de todos nós

Fim da Segunda Guerra Mundial. O major Penderton (Marlon Brando) enfrenta problemas na carreira e também passa por crise conjugal. A esposa, Leonora (Elizabeth Taylor), mantém um relacionamento amoroso com o coronel Langdon (Brian Keith), amigo de Penderton. Isolados em um posto do Exército, um crime está prestes a acontecer quando no conflito aparece um recruta que, obcecado por Leonora, passa dia e noite observando-a escondido.

O notório diretor John Huston mergulhou fundo na essência cruel do romance homônimo da escritora Carson McCullers, transportando para a tela esse conto bizarro de perversão e voyerismo, com desfecho trágico. O público tem uma ideia vaga da conclusão logo na abertura, quando há uma citação do livro, “Há um posto no sul onde há alguns anos um crime foi cometido...”.
Marlon Brando interpreta o major traído pela mulher; supostamente homossexual, ele se torna obcecado pelo recruta calado (estréia no cinema do ator Robert Forster), seguindo-o incessantemente. Ao mesmo tempo, o jovem novato alimenta desejos loucos pela esposa do major. Esta, por sua vez, tem um caso com um coronel mais velho, casado com uma mulher perturbada. São muitos os personagens da história, todos de uma psicologia complexa e perturbada, cercados por tormentos. Portanto não é um filme que se digere com facilidade.
A fotografia com filtro dourado, técnica pioneira no cinema, remete ao título original do livro e do filme, “Reflections in a golden eye”.
Retrato cruel e real da sociedade, com um elenco caprichado em atuações memoráveis, “O pecado de todos nós” é um marco importante no cinema. Conheçam. Por Felipe Brida

Título original: Reflections in a golden eye
País/Ano: EUA, 1967
Elenco: Marlon Brando, Elizabeth Taylor, Robert Forster, Brian Keith, Julie Harris, Zorro David, Gordon Mitchell.
Direção: John Huston
Gênero: Drama
Duração: 108 min
Distribuidora: Warner Bros

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Cine Lançamento

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Se beber, não case

Doug Billings (Justin Bartha) vai se casar em poucos dias. Para comemorar, seus três melhores amigos – Stu (Ed Helms), Phil (Bradley Cooper) e Alan (Zach Galifianakis) organizam uma despedida de solteiro. Na realidade eles despistam as namoradas e rumam em uma louca viagem a Las Vegas. Lá se instalam em um luxuoso hotel. Após a primeira noite de badalação, regado a muita bebedeira, Stu, Phil e Alan acordam não se lembrando do que houve no dia anterior. Encontram um tigre no banheiro e um bebê no armário. E de quebra, Doug, o que vai se casar, desaparece misteriosamente. A partir daí o trio sai em busca do rapaz, envolvendo-se em confusões cada vez mais absurdas.

Vencedor do Globo de Ouro na categoria “Melhor Filme - Comédia ou Musical”, “Se beber, não case” é a comédia da vez, tremendo sucesso de bilheteria não só nos EUA, mas em todo o mundo, inclusive no Brasil. Divertido, tem momentos de arrancar gargalhadas com as reviravoltas descomunais, provocadas pela “ressaca” do título original.
É fácil entender o porquê do estrondo todo. De uma década para cá, o cinema americano se entregou ao besteirol teen com aquelas fitas grosseiras da linha de “American pie”, descartáveis, repetitivas. Quando surge um que foge à regra, com roteiro bem sacado, o público anseia em conferir o novo. Por isso essa comédia cai bem. Obviamente que é construída em cima de absurdos – o filme é esticado, de uma história só, recorrendo a sucessões de piadas em torno do trio de amigos.
Os personagens têm boa química, o elenco pouco conhecido dá conta do recado. E até o lutador Mike Tyson entra na jogada, num rápido papel que brinca com ele mesmo.
Um passatempo adequado, pra se conhecer as bobagens (e os perigos) de uma embriaguez descontrolada. Por Felipe Brida

Título original: The hangover
País/Ano: EUA/Alemanha, 2009
Elenco: Bradley Cooper, Ed Helms, Zach Galifianakis, Justin Bartha, Heather Graham, Sasha Barrese, Jeffrey Tambor, Mike Tyson, Mike Epps
Direção: Todd Phillips
Gênero: Comédia
Duração: 109 min
Distribuidora: Warner Bros

domingo, 24 de janeiro de 2010

Especiais sobre cinema


Filme de Tarantino é o grande vencedor do SAG 2010

“Bastardos inglórios” (foto à direita), do diretor Quentin Tarantino, venceu o prêmio de melhor elenco na 16ª edição do Screen Actors Guild Awards, o SAG Awards, cerimônia de premiação dos melhores filmes e programas de TV em 2009. O evento, promovido ontem (sábado) no Shrine Exposition Center, em Los Angeles, ainda concedeu a Jeff Bridges e Sandra Bullock os troféus de, respectivamente, melhor ator por “Coração louco” e melhor atriz pelo drama “O lado cego”.
O SAG é a premiação anual feita pelo Sindicato dos Atores de Hollywood, e também uma prévia do Oscar (que este ano acontece no dia 7 de março, com transmissão ao vivo no Brasil pelo canal TNT).
Confira abaixo a relação dos vencedores do SAG 2010, na grande categoria Cinema: (Por Felipe Brida)


Melhor Elenco

Bastardos Inglórios
Educação
Guerra ao Terror
Nine
Preciosa - Uma História de Esperança


Melhor Ator

Jeff Bridges, por Crazy Heart
George Clooney, por Amor Sem Escalas
Colin Firth, por A Single Man
Morgan Freeman, por Invictus
Jeremy Renner, por Guerra ao Terror


Melhor Atriz

Sandra Bullock, por O Lado Cego
Helen Mirren, por The Last Station
Carey Mulligan, por Educação
Gabourey Sidibe, por Preciosa - Uma História de Esperança
Meryl Streep, por Julie & Julia


Melhor Ator Coadjuvante

Christoph Waltz, por Bastardos Inglórios
Matt Damon, por Invictus
Woody Harrelson, por The Messenger
Christopher Plummer, por The Last Station
Stanley Tucci, por Um Olhar no Paraíso


Melhor Atriz Coadjuvante

Mo'Nique, por Preciosa - Uma História de Esperança
Penélope Cruz, por Nine
Vera Farmiga, por Amor sem Escalas
Anna Kendrick, por Amor sem Escalas
Diane Kruger, por Bastardos Inglórios

Morre a atriz Jean Simmons aos 80 anos


A veterana atriz inglesa Jean Simmons, uma das últimas lendas vivas do cinema, morreu na última sexta-feira (dia 23), em Santa Monica, Califórnia, vítima de câncer no pulmão. Ela tinha 80 anos e recentemente havia acabado de filmar o drama "Shadows in the sun".
Nascida em 31 de janeiro de 1929 em Crouch Hill, Londres, Jean, ainda jovem, iniciou carreira no cinema fazendo pequenas participações em importantes filmes ingleses, como "César e Cleópatra" (1945), "Grandes esperanças" (1946) e "Narciso negro" (1947), chamando a atenção de produtores e cineastas pela sua beleza inconfundível.
Ao longo dos 65 anos dedicados ao cinema, Jean recebeu duas indicações ao Oscar - como melhor atriz coadjuvante por "Hamlet" (1948) e melhor atriz por "Tempo para amar, tempo para esquecer" (1969). Atuou em mais de 70 filmes, dentre eles "Alma em pânico" (1953), "O manto sagrado" (1953), "Papai não quer" (1953), "Desirée - O amor de Napoleão" (1954), "O egípcio" (1954), "Da terra nascem os homens" (1958), "Spartacus" (1960), "Entre Deus e o pecado" (1960), "A noite dos pistoleiros" (1967), "O despertar de uma realidade" (1988) e "Colcha de retalhos" (1995).
Foi casada com duas lendas do cinema, ambas falecidas - primeiramente com o ator inglês Stewart Granger, em um casamento que durou 10 anos, e depois com o premiado cineasta norte-americano Richard Brooks.
A atriz deixa dois filhos. Por Felipe Brida

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Especiais sobre cinema

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"Guerra ao terror" e "Bastardos Inglórios" figuram os preferidos na premiação do SAG 2010

A 16ª edição do Screen Actors Guild Awards, o SAG Awards, cerimônia de premiação dos melhores filmes e programas de TV em 2009, será realizada amanhã, dia 23. O evento acontece no Shrine Exposition Center, em Los Angeles, e terá transmissão ao vivo no Brasil pelo canal TNT, a partir das 23 horas.
O SAG é a premiação anual feita pelo Sindicato dos Atores de Hollywood, e também uma preparação para o Oscar.
“Guerra ao Terror” (foto), de Kathryn Bigelow, e “Bastardos Inglórios”, de Quentin Tarantino, figuram como os preferidos. Confira abaixo a relação completa dos indicados ao prêmio da 16ª edição, na grande categoria Cinema: (Por Felipe Brida)

Melhor Filme

Educação
Guerra ao Terror
Bastardos Inglórios
Nine
Preciosa - Uma História de Esperança


Melhor Elenco

Educação
Guerra ao Terror
Bastardos Inglórios
Nine
Preciosa - Uma História de Esperança


Melhor Ator


Jeff Bridges, por Crazy Heart
George Clooney, por Amor Sem Escalas
Colin Firth, por A Single Man
Morgan Freeman, por Invictus
Jeremy Renner, por Guerra ao Terror


Melhor Atriz

Sandra Bullock, por O Lado Cego
Helen Mirren, por The Last Station
Carey Mulligan, por Educação
Gabourey Sidibe, por Preciosa - Uma História de Esperança
Meryl Streep, por Julie & Julia


Melhor Ator Coadjuvante

Matt Damon, por Invictus
Woody Harrelson, por The Messenger
Christopher Plummer, por The Last Station
Stanley Tucci, por Um Olhar no Paraíso
Christoph Waltz, por Bastardos Inglórios


Melhor Atriz Coadjuvante

Penélope Cruz, por Nine
Vera Farmiga, por Amor sem Escalas
Anna Kendrick, por Amor sem Escalas
Diane Kruger, por Bastardos Inglórios
Mo'Nique, por Preciosa - Uma História de Esperança


SAG Honorários

Inimigos Públicos
Star Trek
Transformers 2: A Vingança dos Derrotados

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Resenhas & Críticas


Contra todos

Na São Paulo atual, uma família de classe média leva a vida com anseios por dias melhores. Ao mesmo tempo, tráfico de drogas, violência urbana e traição conjugal permeiam a intensa rotina dos quatro personagens centrais da história.

A realidade amarga da pós-modernidade fervilha o roteiro desse drama rodado em câmera digital, em estilo amador, bastante premiado em festivais de cinema pelo mundo afora. Um filme que exprime, sem final feliz ou concessões, a batalha obsoleta dos fracassados, de pessoas simples em uma jornada infernal em busca de redenção interior em meio ao caos das grandes metrópoles.
Todos os fatos burlescos do cotidiano que vira e mexe assistimos chocados pelos canais de TV encontram o mesmo caminho aqui, nesse retrato sufocante e realista de um mundo marcado pela indiferença e pelo crescente individualismo.
Por tocar na ferida exposta sem romantizar fatos, a essência da fita é marcadamente distanciada, um autêntico grito de alerta estarrecedor.
Diante da guerra civil entre bandidos, traficantes e polícia, acerto de contas e emboscadas das mais vis, o diretor e roteirista Roberto Moreira estréia sua fita polêmica e assustadora, necessária para que possamos conhecer e assim nos aprofundar em questões do nosso mundo real. Como sai no tagline da fita, “Pare de olhar e comece a enxergar”. Por Felipe Brida

Título original: Contra todos
País/Ano: Brasil, 2003
Elenco: Giulio Lopes, Leona Cavalli, Aílton Graça, Sílvia Lourenço, Martha Meola, Ismael de Araújo.
Direção: Roberto Moreira
Gênero: Drama
Duração: 95 min
Distribuidora: Warner Bros

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Morre o roteirista Erich Segal

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O escritor e roteirista de cinema norte-americano Erich Segal morreu no último domingo aos 72 anos em Londres. Ele era portador do Mal de Parkinson e faleceu vítima de ataque cardíaco.
Nascido no Brooklyn, Nova York, em 16 de junho de 1937, Segal recebeu sua única indicação ao Oscar pelo roteiro de "Love Story - Uma história de amor" (1970).
Como roteirista escreveu "Yellow Submarine" (1968), "Os jogos" (1970), "RPM" (1970), "Jennifer on my mind" (1971), "A história de Oliver" (1978 - continuação de "Love Story"), "Um homem, uma mulher e uma criança" (1983) e o filme feito para a TV "Somente amor" (1998).
No início da década de 90 esteve no Brasil onde trabalhou na supervisão de roteiros de curtas-metragens, como "A ilha" e "Carnaval".
Antes de se dedicar ao cinema era professor de literatura grega e latina em universidades, como Harvard, Yale e Princeton. O roteirista era casado e deixa duas filhas. Por Felipe Brida

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Especiais sobre cinema

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Globo de Ouro 2010: "Avatar" e "Se beber, não case" são os grandes vencedores

A aventura em 3D "Avatar" e a comédia "Se beber, não case" foram os grandes vencedores da 67a. edição do Globo de Ouro, promovida na noite de ontem no Hotel Beverly Hilton, em Los Angeles. Os filmes ganharam os prêmios nas categorias "Melhor filme - Drama" e "Melhor Filme - Comédia ou Musical", respectivamente. Sandra Bullock levou a estatueta de melhor atriz por "The blind side" e Jeff Bridges, melhor ator pelo drama "Crazy heart". O prêmio de direção foi para James Cameron, pela superprodução "Avatar".
Realizado pela Hollywood Foreign Press Association, o evento cinematográfico é tido como uma prévia do Oscar. A apresentação da festa ficou por conta do comediante inglês Ricky Gervais. Ao longo da cerimônia o cineasta Martin Scorsese recebeu o prêmio Cecil B. DeMille, entregue pelos atores Robert De Niro e Leonardo Di Caprio.
Abaixo segue a lista completa dos vencedores do Globo de Ouro 2010 na grande categoria "cinema". Por Felipe Brida

Melhor Filme - Drama

"Avatar"
"Guerra ao terror"
"Bastardos inglórios"
"Preciosa – Uma história de esperança"
"Amor sem escalas"

Melhor Filme - Comédia ou Musical

"Se beber, não case"
"(500) dias com ela"
"Simplesmente complicado"
"Julie & Julia"
"Nine"

Melhor Atriz - Drama

Sandra Bullock, "The blind side"
Emily Blunt, "The young Victoria"
Helen Mirren, "The last station"
Carey Mulligan, "Educação"
Gabourey Sidibe, "Preciosa – Uma história de esperança"

Melhor Ator - Drama

Jeff Bridges, "Crazy heart"
George Clooney, "Amor sem escalas"
Colin Firth, "A single man"
Morgan Freeman, "Invictus"
Tobey Maguire, "Brothers"

Melhor Atriz - Comédia ou Musical

Meryl Streep, "Julie & Julia"
Sandra Bullock, "A proposta"
Marion Cotillard, "Nine"
Meryl Streep, "Simplesmente complicado"
Julia Roberts, "Duplicidade"

Melhor Ator - Comédia ou Musical

Robert Downey Jr., "Sherlock Holmes"
Matt Damon, "O desinformante"
Daniel Day-Lewis, "Nine"
Joseph Gordon-Levitt, "(500) dias com ela"
Michael Stuhlbarg, "A serious man"

Melhor Ator Coadjuvante

Christopher Waltz, "Bastardos inglórios"
Matt Damon, "Invictus"
Stanley Tucci, "Um olhar do paraíso"
Christopher Plummer, "The last station"
Woody Harrelson, "The messenger"

Melhor Atriz Coadjuvante

Mo’Nique, "Preciosa – Uma história de esperança"
Julianne Moore, "A single man"
Anna Kendrick, "Amor sem escalas"
Vera Farmiga, "Amor sem escalas"
Penélope Cruz, "Nine"

Melhor Diretor

James Cameron, "Avatar"
Kathryn Bigelow, "Guerra ao terror"
Clint Eastwood, "Invictus"
Jason Reitman, "Amor sem escalas"
Quentin Tarantino, "Bastardos inglórios"

Melhor Roteiro

"Amor sem escalas"
"Simplesmente complicado"
"Distrito 9"
"Guerra ao terror"
"Bastardos inglórios"

Melhor Filme em Língua Estrangeira

"A fita branca" (Alemanha)
"Baaria – A porta do vento" (Itália)
"Abraços partidos" (Espanha)
"A prophet" (França)
"La nana" (Chile)

Melhor Filme de Animação

"Up - Altas aventuras"
"Coraline e o mundo secreto"
"O fantástico Sr. Raposo"
"Tá chovendo hambúrguer"
"A princesa e o sapo"

Melhor Canção

The weary kind - "Crazy heart"
I will see you - "Avatar"
Winter - "Brothers"
Cinema Italiano - "Nine"
I want to come home - "Everybody's Fine"

Melhor Trilha Sonora Original

Michael Giacchino, "Up - Altas aventuras"
Marvin Hamlisch, "O desinformante"
James Horner, "Avatar"
Abel Krozeniowski, "A single man"
Karen O. & Carter Burwell, "Onde vivem os monstros"

Melhor Minissérie ou Filme Feito para a TV

“O retorno de um herói”
"Georgia O’Keeffe”
“Grey Gardens”
“Into the storm”
“Little Dorrit”

sábado, 16 de janeiro de 2010

Cine Lançamento

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Che 2 – A guerrilha

Em 1967, o guerrilheiro Ernesto Che Guevara lidera um pequeno grupo de voluntários cubanos e recrutas bolivianos para expandir a Grande Revolução Latino-Americana. Dado como desaparecido em Cuba, embrenha-se com os companheiros nas selvas da Bolívia, onde se prepara para fortalecer sua luta contra o imperialismo americano. Pelo caminho enfrentará a cruel realidade da fome, de doenças e emboscadas.

Segunda e última parte do épico biográfico sobre o líder argentino Ernesto Che Chevara, médico de formação e um dos maiores defensores do Socialismo. Baseado em suas memórias, o filme continua tão longo e arrastado quanto o primeiro. Não engrena com aquela narrativa lenta, sem emoção.
A vida de Che Guevara, cercada por histórias de sacrifício, auto-determinação e idealismo, merecia mais do que essa fita aonde fica clara a falta de sintonia entre roteiro e a exploração dos personagens. Tudo é muito distanciado; Soderbergh, um bom diretor com domínio de atores em cena, mas que ultimamente enfrenta uma fase de fracassos, parece sem vontade para construir o projeto biográfico. Não faz empolgar, distancia os personagens, não usa closes. E falta trilha sonora.
Já começa com a preparação do grupo armado, formado por recrutas bolivianos e oposicionistas cubanos, buscando alimentar seus ideais grandiosos por meio de estratégias de guerrilha. E conseqüentemente a narrativa vira de ponta-cabeça, focando a derrota de Che e seu assassinato.
Ambas as partes – que totalizam 4h30 de projeção – ficam apenas na curiosidade, longe do filme decisivo sobre o guerrilheiro mais famoso do século XX.
Benicio Del Toro tem menos permanência – inesperadamente ganhou como melhor ator em Cannes em 2008, e novamente Rodrigo Santoro aparece poucos segundos. Disponível em DVD pela Europa Filmes. Por Felipe Brida

Título original: Che: Part two
País/Ano: França/Espanha/USA, 2008
Elenco: Benicio Del Toro, Joaquim de Almeida, Demián Bichir, Rodrigo Santoro , Catalina Sandino Moreno, Franka Potente.
Direção: Steven Soderbergh
Gênero: Drama
Duração: 135 min
Distribuidora: Europa Filmes
Site oficial: http://cheofilme.uol.com.br/

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Morre o diretor francês Eric Rohmer


O cineasta e roteirista francês Eric Rohmer morreu hoje aos 89 anos em Paris, onde vivia. Pioneiro da Nouvelle Vague e editor da famosa revista “Cahiers du Cinéma” nas décadas de 50 e 60, o diretor foi indicado ao Oscar de melhor roteiro por “Minha noite com ela” (1969).
Nascido em Nancy (Lorraine/França), no dia 4 de abril de 1920, Rohmer era professor de literatura. No cinema dirigiu cerca de 50 filmes, dentre eles “O signo do leão” (1959), “A colecionadora” (1967), “O joelho de Claire” (1970), “Amor à tarde” (1972), “A marquesa D’O” (1976 – ganhador do Grande Prêmio do Júri no Festival de Cannes), “A mulher do aviador” (1981), “Um casamento perfeito” (1982), “Noites de lua cheia” (1984), “O raio verde” (1986), “O amigo da minha amiga” (1987), “As quatro aventuras de Reinette e Mirabelle” (1987) e “A árvore, o prefeito e a mediateca” (1993).
Em 1963 assinou a direção do média-metragem “A carreira de Suzanne” e também do curta “A padeira do bairro”.
Entre 1990 e 1998 dirigiu os notórios “contos das quatro estações” – “Contos da primavera”, ”Contos de inverno”, “Contos de outono” e “Contos de verão”.
Além de roteirista e diretor, costumava aparecer como figurante em suas produções.
Ao longo da carreira de 50 anos dedicados ao cinema, venceu importantes prêmios em festivais, como Veneza e Berlim. Por Felipe Brida

Viva Nostalgia!

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Iwo Jima – O portal da glória

O sargento John Stryker (John Wayne) coordena um pelotão de fuzileiros novatos para combater na batalha de Iwo Jima, durante a Segunda Guerra Mundial. Com a missão de transformar os jovens em máquinas de guerra, terá de treiná-los dia e noite, fazendo-os vencerem o medo da guerra.

Quatro anos depois da famosa batalha de Iwo Jima, travada entre os EUA e o Japão durante a Guerra do Pacífico, um dos episódios mais sangrentos da Segunda Guerra, os produtores da antiga Republic Pictures rodaram esse projeto sobre heroísmo e bravura, hoje um tanto quanto ingênuo e cheio de patriotismo, aonde se enaltece a figura dos combatentes norte-americanos. Outras versões hollywoodianas do mesmo fato vieram, e até Clint Eastwood filmou com mais intensidade o fotogênico “Cartas de Iwo Jima” (2006).
John Wayne, ícone do western, recebeu aqui sua primeira indicação ao Oscar, e só ganharia a estatueta 20 anos depois em “Bravura indômita”, no final da carreira.
Além de relembrar um fato histórico preciso, “Iwo Jima” também retrata a preparação para a guerra, a angústia dos soldados frente aos campos de batalha e os cruéis treinamentos a que eram submetidos. No desfecho tem a famosa cena dos fuzileiros fincando a bandeira dos EUA no Monte Suribachi, um vulcão adormecido e o ponto mais alto da ilha de Iwo Jima, após os EUA terem vencido o controle daquela região.
Além de Wayne como melhor ator, o filme foi indicado a outros três prêmios da Academia: montagem, som e roteiro. Sai na coleção “Clássicos Paramount”, que a distribuidora vem lançando desde novembro do ano passado. Por Felipe Brida

Título original: Sands of Iwo Jima
País/Ano: EUA, 1949
Elenco: John Wayne, John Agar, Richard Jaeckel, Adele Mara.
Direção: Allan Dwan
Gênero: Guerra/Drama
Duração: 109 min
Distribuidora: Paramount Pictures

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Cine Lançamento


Tempos de paz


Em abril de 1945, chega ao Brasil em um navio de imigrantes de descendência judia um ator polonês chamado Clausewitz (Dan Stulbach). Ele vem foragido da perseguição nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Ao desembarcar na capital do Rio de Janeiro, passa por um longo interrogatório, frente a frente com o chefe da alfândega Segismundo (Tony Ramos), insensato ex-agente da polícia de Getúlio Vargas. Entre os dois homens de natureza oposta nascerão sentimentos de amor e ódio.

Adaptação para o cinema da peça "Novas diretrizes para tempos de paz", do dramaturgo paulista Bosco Brasil, com os mesmos atores centrais e em interpretações marcantes – Tony Ramos e Dan Stulbach (o Tom Hanks brasileiro). O conjunto dos elementos da obra surpreende pela harmonia do resultado: o roteiro minuciosamente trabalhado, a bonita fotografia de época e os diálogos de impacto fazem de “Tempos de paz” uma das melhores produções da safra nacional dos últimos anos.
Mais do que a dualidade bem e mal, o filme é sobre a essência da alma do artista. Nos palcos, o ator tem o poder de transformar o ambiente que o cerca, fazendo seu público extravasar sentimentos dos mais variados, desde a risada de prazer ao choro de tristeza.
Excelente no papel do ator foragido, Dan Stulbach fala com forte sotaque (ele é realmente descendente de polonês, e sua mãe, Ewa, que lembra a falecida atriz Estelita Bell, faz uma participação especial), e Tony Ramos, com frieza de assustar, travam um embate com diálogos primorosos, em sequências de puro enquadramento teatral.
"A vida é um sonho", texto do poeta espanhol Calderón de La Barca, conduz a trama, aparecendo nas declamações de Stulbach e ainda emergindo da essência dos personagens.
Nos créditos finais, há uma singela homenagem a personalidades que, saindo da Europa por causa da Segunda Guerra, radicaram-se no Brasil e fizeram história no país.
O diretor Daniel Filho, que também atua como um médico que teve a mão decepada durante a repressão no governo de Vargas, é merecedor de aplausos por mais uma rica colaboração ao cinema nacional. Não perca esse filme comovente. Já está na minha lista dos 10 melhores de 2009! Por Felipe Brida

Título original: Tempos de paz
País/Ano: Brasil, 2009
Elenco: Tony Ramos, Dan Stulbach, Louise Cardoso, Aílton Graça, Anselmo Vasconcellos, Ewa Stulbach
Direção: Daniel Filho
Gênero: Drama
Duração: 80 min
Distribuidora: Europa Filmes

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Viva Nostalgia!

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O dólar furado

Com o término da Guerra Civil Americana, o ex-soldado Gary O’Hara (Giuliano Gemma) parte com a esposa em busca de um novo povoado para morar. Ao se instalar em um território desconhecido, é procurado por pistoleiros, que oferecem a ele a proposta de prender um perigoso bandido, sem saber que este é seu irmão desaparecido.

Dos faroestes produzidos na Itália nos anos 60, apelidados de “western spaghetti”, este é o mais conhecido e também o menos violento, inúmeras vezes reprisados em canais de TV aberta. Imortalizou o ator Giuliano Gemma, que depois se destacaria com a cinessérie “Ringo”.
A famosa trilha da introdução, composta por Gianni Ferrio, abre o filme com uma rápida animação com desenhos de saloons, cavalos, pistolas voando e bandidos mascarados.
Um clássico do seu tempo, “O dólar furado” veio nos primeiros anos da popularização dos faroestes italianos, cujo representante de maior expressão, o cineasta Sergio Leone, logo alcançaria notoriedade com sua trilogia do oeste, estreladas por Clint Eastwood.
Apesar do roteiro truncado e cheio de reviravoltas batidas que o gênero impunha, o filme é um gostoso entretenimento, que trará lembranças aos mais nostálgicos.
Apenas se atente às cópias que estão no mercado. Como o filme caiu em domínio público, há muitos DVDs lançados por distribuidoras duvidosas, trazendo má qualidade de som e imagem. A melhor delas é a recém-lançada pela Top Tape/Paris Filmes.
Uma curiosidade: na época dos faroestes italianos, os artistas mudavam o nome artístico para o inglês - Gemma se auto-apelidou de Montgomery Wood, e o falecido diretor Giorgio Ferroni assina sob o charmoso nome de Calvin J. Badget. Por Felipe Brida

Título original: Un dollaro bucato
País/Ano: Itália/França, 1965
Elenco: Giuliano Gemma, Ida Galli, Pierre Cressoy, Giuseppe Addobbati.
Direção: Calvin J. Badget
Gênero: Faroeste
Duração: 96 min
Distribuidora: Top Tape/Paris Filmes/ LK-Tel

sábado, 2 de janeiro de 2010

Cine Lançamento

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Coração vagabundo

Documentário intimista sobre Caetano Veloso, gravado entre 2004 e 2005, durante o tour musical “A foreign sound”, em Nova York, Tóquio e Kyoto. Caminhando pelas ruas das metrópoles estrangeiras, jantando com amigos e se preparando para entrar no palco, o cantor baiano, então com 63 anos, comenta sua trajetória no mundo musical e se propõe a analisar suas composições e também as músicas dos outros.
Aguardado pelos fãs brasileiros, o documentário “Coração vagabundo” chega às locadores em edição dupla, acompanhado pelo discreto “Pocket Show Acústico” gravado no restaurante Baretto, em São Paulo. Nesse excelente projeto audiovisual, o cineasta Fernando Grostein Andrade capta, com a câmera apoiada nos ombros, cenas dos shows durante a turnê, além de seguir a vagarosa rotina do cantor e compositor brasileiro.Caetano é espontâneo: fala o que vêm à mente, desfere críticas a personalidades da música, faz comentários esdrúxulos sobre a vida que leva, filosofa, solta besteiras, abraça árvores, caetaneia.Musicalmente o documentário tem produção caprichada, com bonitas locações em Tóquio e Nova York.Depoimentos de amigos de longa data exibem quem é o verdadeiro Veloso, como Pedro Almodóvar, David Byrne e uma aparição derradeira de Michelangelo Antonioni, o grande cineasta italiano, o “poeta do tédio”, já sem voz e debilitado – morreria pouco tempo depois.Um belo trabalho de cinema e música, que não recorre ao típico formato biográfico, e sim um breve perfil do artista com a pessoalidade revisitada por ele mesmo. Por Felipe Brida

Título original: Coração vagabundo
País/Ano: Brasil, 2008
Direção: Fernando Grostein Andrade
Gênero: Documentário
Duração: 71 min
Distribuidora: Paramount Pictures