quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Especial de Cinema


Balanço de cinema de 2020

E segue a minha tradicional lista dos melhores filmes do ano, vistos em festivais (presenciais e online), salas de cinema e de provedores streaming. São 30 ao todo. Também tem, ao final, a listinha dos piores de 2020 (no total, 20 longas).
Desejo a todos um feliz Ano Novo, com muita luz, saúde e esperança de um 2021 infinitamente melhor (e, claro, de bons filmes).

Melhores filmes de 2020

Os miseráveis (2019, de Ladj Ly)

Uma vida oculta (2019, de Terrence Malick)

Colectiv (2019, de Alexander Nanau)

Pacarrete (2019, de Allan Deberton)

1917 (2019, de Sam Mendes)

Deerskin: A jaqueta de couro de cervo (2019, de Quentin Dupieux)

A cordilheira dos sonhos (2019, de Patricio Guzmán)

Três verões (2019, de Sandra Kogut)

Joias brutas (2019, Benny Safdie e Josh Safdie)

A despedida (2019, de Lulu Wang)

Babenco: Alguém tem que ouvir o coração e dizer parou (2019, de Barbara Paz)

Corpus Christi (2019, de Jan Komasa)

37 segundos (2019, de Hikari)

Antologia da cidade fantasma (2019, de Denis Côté)

Atleta A (2020, de Bonni Cohen, Jon Shenk)

Soul (2020, de Pete Docter e Kemp Powers)

Rede de ódio (2020, de Jan Komasa)

O homem invisível (2020, de Leigh Whannell)

Secreto e proibido (2020, de Chris Bolan)

O que ficou para trás (2020, de Remi Weekes)

Pequena garota (2020, de Sébastien Lifshitz)

Os 7 de Chicago (2020, de Aaron Sorkin)

A caçada (2020, de Craig Zobel)

Meu nome é Bagdá (2020, de Caru Alves de Souza)

Ligue Djá: O lendário Walter Mercado (2020, de Cristina Costantini e Kareem Tabsch)

Mosquito (2020, de João Nuno Pinto)

Nova ordem (2020, de Michel Franco)

Berlin Alexanderplatz (2020, de Burhan Qurbani)

O roubo do século (2020, de Ariel Winograd)

Another round (2020, de Thomas Vinterberg)

 



Piores filmes de 2020

 

Mulan (2020, de Niki Caro)

O Halloween do Hubie (2020, de Steven Brill)

A possessão de Mary (2019, de Michael Goi)

Os novos mutantes (2020, de Josh Boone)

Ava (2020, de Tate Taylor)

Pequenos grandes heróis (2020, de Robert Rodriguez)

Jovens bruxas: Nova irmandade (2020, de Zoe Lister-Jones)

A última coisa que ele queria (2020, de Dee Rees)

Mulher-Maravilha 1984 (2020, de Patty Jenkins)

Coffee & Kareem (2020, de Michael Dowse)

A ilha da fantasia (2020, de Jeff Wadlow)

Modo avião (2020, de César Rodrigues)

O grito (2020, de Nicolas Pesce)

365 dias (2020, de Barbara Bialowas e Tomasz Mandes)

The last days of american crime (2020, de Olivier Megaton)

Brahms: Boneco do mal II (2020, de William Brent Bell)

Power (2020, de Henry Joost e Ariel Schulman)

Artemis Fowl – O mundo secreto (2020, de Kenneth Branagh)

Convenção das bruxas (2020, de Robert Zemeckis)

Encontro fatal (2020, de Peter Sullivan)

 

OBS: Alguns dos melhores filmes exibidos nos cinemas em 2020, por serem de 2019, e assistidos por mim em 2019 em festivais de cinema, já estavam na lista do ano passado, como “Jojo Rabbit”, “Monos”, “O farol”, “O jovem Ahmed”, “Transtorno explosivo” e “A verdadeira história da gangue de Ned Kelly”.

domingo, 27 de dezembro de 2020

Cine Cult


A guerra do fogo

Tribo primitiva do período Paleolítico descobre o fogo e faz de tudo para protegê-lo, pois ele é um aliado para combater o frio e auxiliar na alimentação. Durante um conflito com uma tribo rival, a chama se apaga, então parte daqueles homens das cavernas sai pela selva em busca de um novo fogo.

Retorna ao catálogo da distribuidora Obras-primas do Cinema a edição especial de colecionador desse que é um dos grandes (e poucos) filmes que abordam a Pré-História, uma fita cultuada que assim como eu, muitos assistiram nas aulas de História e Geografia quando adolescente. Tinha uns 10 anos quando vi pela primeira vez, achei o máximo, e agora, transcorridos 25 anos, revi com o mesmo entusiasmo. A versão da Obras-primas mantém a cópia igual a do exterior, com imagem boa, remasterizada e com duas horas de extras (making of, entrevista com o diretor, vídeos promocionais, comentários etc).
Rodado em lugares exóticos de vários continentes, como cavernas no Canadá, montanhas do Reino Unido, lagos no Quênia, o filme reconstitui o período Paleolítico, há 80 mil anos, quando o homem descobriu o fogo. Traz todos os elementos dessa era numa verdadeira aula: o nomadismo, as rivalidades entre grupos, as cavernas como proteção, os primeiros usos de ferramentas e utensílios e as caçadas em busca de alimentos.


Baseado no romance do escritor franco-belga J.H. Rosny, escrito em 1909, tem roteiro adaptado por Gérard Brach, um velho colaborador dos filmes de Roman Polanski (escreveu, por exemplo, “Repulsa ao sexo”, “Busca frenética” e “Lua de fel”), e depois voltaria a trabalhar com o diretor de “A guerra do fogo”, Jean-Jacques Annaud, em “O nome da rosa” e “O urso”, os maiores sucessos do cineasta.
Pelos estudos antropológicos, os homens das cavernas grunhiam e tinham comportamentos animalescos, por isso que no filme não há diálogos; na verdade há uma linguagem oral com termos soltos, e foi criada pelo escritor Anthony Burgess, autor de “Laranja mecânica”, que colaborou com o roteiro. Segundo o diretor Annaud, não houve grandes efeitos especiais nem filtros, exceto a maquiagem dos atores (ganhadora do Oscar e do Bafta na categoria), ou seja, tudo o que vemos é do jeito que foi gravado, em locações originais sem uso de cenários; na cena dos mamutes, por exemplo, eles são elefantes fantasiados.
Indicado ao Globo de Ouro de filme estrangeiro, custou caro para a época por diversos pontos: maquiagens pesadas, grande número de figurantes, demora na gravação das longas tomadas externas devido ao clima e ao comportamento da natureza, parte do elenco se feriu etc. O orçamento foi de U$ 12 milhões, rendendo U$ 20 mi. nas bilheterias.


Aqui deu-se a estreia de Ron Perlman (de “Hellboy”).
Curiosidade: no mesmo ano, 1981, saíram dois longas de mesmo tema, “O homem das cavernas”, uma comédia nonsense com Ringo Starr (do Beatles), e “A História do Mundo – Parte I”, de Mel Brooks, outra comédia absurda, que traz na abertura uma paródia de “2001: Uma odisseia no espaço”, e faz piadas com um grupo de nômades desajeitados.

A guerra do fogo (La guerre du feu). França/Canadá, 1981, 100 minutos. Aventura. Colorido. Dirigido por Jean-Jacques Annaud. Distribuição: Obras-primas do Cinema

sábado, 26 de dezembro de 2020

Cine Lançamento (em Bluray e DVD)



El Camino: Um filme de Breaking Bad

* Reedição

O traficante Jesse Pinkman (Aaron Paul), que produzia metanfetamina com o comparsa Walter White, foge do cativeiro onde ficou preso por dias. Ele busca novos rumos para recomeçar a vida. Mas para isso terá de se reconciliar com o passado, marcado por brutalidades. Enquanto Jesse retorna aos poucos à rotina, ex-aliados e antigos criminosos querem a todo custo sua cabeça.

A provedora Netflix, em parceria com a Sony Pictures Television, arriscou produzir um filme da premiada série televisiva “Breaking Bad” (2008-2013, da AMC), para solucionar fatos que ficaram em aberto com os personagens das cinco temporadas, e, claro, dar um destino melhor para Jesse Pinkman (muita gente reclamou na época sobre a abrupta fuga dele do cativeiro). Os fãs da série pediam desde 2013 pelo menos um novo capítulo como desfecho, até que foram saciados, seis anos depois, com esse ótimo filme de ação, violento e derradeiro.
Com cara de epílogo, parece um episódio esticado (era para ter três horas de duração, mas cortaram para duas). Começa com um resumo (de quatro minutos) de todas as temporadas, chamado de “A história até agora”, e parte da fuga alucinada de Pinkman num carro sozinho. Ele assume o protagonismo do professor e mentor Walter White (Bryan Cranston), para ser agora o dono da história, com os holofotes virados para ele. Compõe, com proveitosa condição, um grande personagem solitário, em busca de redenção. Para se reconciliar com o passado de erros, dor, sofrimento e perseguições, ele terá pela frente diversos encontros com velhos rostos, todos ligados ao submundo do crime. Seu objetivo é sair vivo dessa para viver em paz...
Cheio de easter eggs inteligentes (como placas, lugares, uniformes, veículos) e rostos conhecidos da série vencedora de dois Globos de Ouro, o filme ganha uma força descomunal graças a Vince Gilligan, criador do seriado, que assumiu a direção, não deixando nada para trás - ele é também produtor executivo tanto de “Breaking Bad” quanto de “Better call Saul”, que fala das origens do advogado de Walter White, Saul Goodman, ou seja, o que ocorre antes de “Breaking”.
O filme fica melhor para entender se assistirmos antes aos dois últimos episódios da 5ª. temporada, que tem forte ligação com os eventos de “El Camino”. Fica a dica!


Novamente Aaron Paul dá um show de interpretação como Jesse Pinkman, num papel mais dramático que de costume. Vale lembrar que sua carreira alavancou com “Breaking Bad”, pelo qual foi indicado ao Globo de Ouro de ator coadjuvante na temporada final.
Retornam ao filme os personagens Mike (Jonathan Banks), Todd (Jesse Plemons), Ed (Robert Forster – falecido aos 78 anos, no dia que “El Camino” estreou no Netflix, em 11 de outubro de 2019) e Sra. Pinkman, mãe de Jesse (Tess Harper). Não vou estragar a surpresa, mas tem outro personagem especial revelado bem no finalzinho...
Várias séries ganharam, depois do término das temporadas, filmes próprios, como “24 horas” e “Veronica Mars”, surpreendendo os fãs. “El Camino” está nessa lista, e é um dos melhores exemplos de como TV e cinema podem andar juntos.
A pedido dos colecionadores, a Sony Pictures acaba de lançar o filme em Bluray e DVD, com muitos extras (que incluem comentários de atores e equipe técnica, bastidores e materiais promocionais).

El Camino: Um filme de Breaking Bad (El Camino: A Breaking Bad Movie). EUA, 2019, 122 minutos. Policial/Drama. Colorido. Dirigido por Vince Gilligan. Distribuição: Netflix

* Texto publicado originalmente em 04/01/2020

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

Cine Especial de Natal


Krampus: O terror do Natal

Brigas e provocações na família no final de ano deixam o garoto Max (Emjay Anthony) desiludido com o Natal. Ele decide esquecer a data, rasgando inclusive a carta que iria mandar ao Papai Noel com a sugestão de seu presente. Mal sabe o menino que isso fará despertar o temível Krampus, uma figura demoníaca que sai da neve para punir crianças más.

Um filme especial de final de ano muito inventivo, de terror e humor ao mesmo tempo, escrito e dirigido pelo cineasta Michael Dougherty. Ele, que iniciou a carreira como roteirista de longas de super-heróis de Bryan Singer, como “X-Men 2” (2003) e “Superman: O retorno” (2006), já tratou de lendas e certa mitologia em torno de símbolos festivos americanos em “Contos do Dia das Bruxas” (2007), excepcional por sinal, e ano passado voltou ao tema com o bom “Godzilla II: Rei dos monstros” (2019). Em “Krampus” reuniu um bom time de atores para dar conta de uma história assustadora, acrescentando humor negro e críticas ao ‘american way of life’.
Para quem não conhece, Krampus é uma criatura mitológica advinda de lendas e tradições do mundo todo, muito comentada na Rússia, Áustria, Noruega, Alemanha e Estados Unidos. É uma espécie de demônio, metade homem, metade bode, que pune crianças más, considerado a “sombra de São Nicolau” (ou a “versão maligna do Papai Noel”). Alto, com chifres, amedrontador, veste casacos de pele pesados, carrega sinos enferrujados e tem como ajudantes bonecos perversos. Se ele aparece, não há salvação.


No filme (atenção, existem vários filmes mequetrefes da lenda de Krampus, essa é a melhor das versões, lançada em 2015... cuidado para não errar!) um garoto desperta a fúria da criatura ao repudiar o Natal, então vem uma tempestade de neve que isola a família em casa. Trancados na sala à noite, esse monte de gente chata, piadista e hipócrita ficará frente a frente de um pandemônio infernal, pelas mãos de Krampus e dos adorados símbolos natalinos que viram monstrinhos (como palhaços, urso de natal de pelúcia e os ‘ginger breads’, aqueles biscoitos em formato de criança). Salvem-se quem puder!


O elenco brinca e se diverte em cena, Adam Scott, Toni Collette, David Koechner, Allison Tolman, Conchata Ferrell, o garoto Emjay Anthony e a veterana atriz de TV austríaca Krista Stadler. Os efeitos visuais são joia, e o desfecho é um barato, servindo de uma assustadora lição. Revi essa semana e continuo adorando. Disponível em DVD pela Universal.


Krampus: O terror do Natal (Krampus). EUA, 2015, 98 minutos. Terror/Comédia. Colorido. Dirigido por Michael Dougherty. Distribuição: Universal Pictures

Cine Especial de Natal


Um anjo caiu do céu

O bispo episcopal Henry Brougham (David Niven) atua firmemente para construir uma bonita catedral na cidade onde vive. Ele é um homem tão dedicado à religião que se distanciou da família. Às vésperas do Natal, um anjo chamado Dudley (Cary Grant) desce dos céus para auxiliar o bispo nessa causa, a fim de angariar fundos. O anjo estende a mão para várias pessoas daquela comunidade, ajudando inclusive a esposa de Henry, Julia (Loretta Young). Enciumado, o bispo acirra disputas com o anjo.

Mais um clássico natalino querido pelos americanos que ganha uma boa edição em DVD no Brasil pela Classicline. Rodado em 1947, ganhou o Oscar de melhor som, indicado ainda aos de melhor filme, diretor, edição e trilha sonora. Cary Grant, Loretta Young e David Niven estavam no auge da carreira (Loretta inclusive ganharia o Oscar de atriz no ano seguinte, por “Ambiciosa”) quando toparam participar desse filme estilo “Family”, misturando fantasia e romance, apropriado para todos os públicos e perfeito para ver nesse período que antecede o clima de Natal.


A história é sobre um anjo bondoso que vem para a Terra ajudar um bispo na construção de uma sonhada catedral. Porém o religioso, que abandonou a família para só viver do trabalho, vê o anjo se aproximar da esposa e da filha de uma maneira como ele nunca fez. Então disputará a atenção com elas, abrindo um embate com aquela figura celeste. O filme traz uma moral no desfecho (logicamente), que faz relação com empatia, revisão do passado, ou seja, tudo aquilo que se espera que as pessoas façam no Natal pensando no ano que termina (comportamentos esses que devem ser mantidos nos 365 dias, por toda a vida!).
Baseado no romance de Robert Nathan (de “O retrato de Jennie”), inspirou um remake agradável com atores negros na década de 90, “Um anjo em minha vida” (1996), com Denzel Washington e Whitney Houston, indicado ao Oscar de trilha sonora.


Uma curiosidade de bastidores: inicialmente os papéis masculinos seriam invertidos, ou seja, David Niven interpretaria o anjo, e Cary Grant, o bispo, ideia do diretor, William A. Seiter; este deixou o projeto, assumindo a direção o alemão radicado nos EUA Henry Koster (diretor dos memoráveis “Meu amigo Harvey” e “O manto sagrado”), que trocou os atores e seus personagens.
Veja e se emocione!

Um anjo caiu do céu (The Bishop’s wife). EUA, 1947, 109 minutos. Drama/Romance. Preto-e-branco. Dirigido por Henry Koster. Distribuição: Classicline

Cine Especial de Natal


A felicidade não se compra

Prestes a cometer suicídio na véspera do Natal, o banqueiro George Bailey (James Stewart) é salvo por um anjo (Henry Travers), que desce à Terra para fazer uma boa ação a fim de ganhar as tão sonhadas asas. Ele se torna um amigo espiritual de Bailey e o ajuda a rever sua vida, para que ele volte a ser quem era, um homem dedicado, feliz e importante para os amigos e família. Bailey então irá relembrar momentos fundamentais do passado no dia do Natal.

Existem muitos clássicos do cinema com tema natalino, como “Duas semanas de prazer” (1942), “De ilusão também se vive” (1947 – conhecido como “O milagre na rua 34”, que teve remake em 1994), “Natal Branco” (1954), mas sem sombra de dúvida “A felicidade não se compra” (1946) é o mais contundente, por sinal o mais querido dos americanos. Um típico filme “Family/fantasy” para todos os públicos, um clássico absoluto e até hoje colocado na lista dos mais belos da Sétima Arte.
Baseado no romance “The greatest gift”, de 1943, do escritor americano Philip Van Doren Stern, o drama se passa na cidade fictícia de Bedford Falls, acompanhando um banqueiro às vésperas do Natal, quando tudo parece ter terminado para ele. Cheio de dívidas, abandonado pelos amigos, deixa seu lado amoroso para virar um cidadão amargo, a ponto de cometer suicídio. No momento em que vai saltar da ponte para a morte, um anjo aparece, muda aquele cenário e se torna seu amigo leal, para abrir sua mente para as coisas boas que a vida ainda tem a oferecer.
James Stewart é a veia central dessa obra-prima aclamadíssima; ele criou um papel eterno, que invadiu o imaginário dos americanos, e uma fonte de inspiração. É uma das atuações de maior peso de Stewart, que deu a ele indicação ao Oscar – foram cinco nomeações ao todo, de melhor filme, diretor, ator, edição e som, e ganhou o Globo de Ouro de direção.


A magia que a obra proporciona está especialmente nas mãos do diretor Frank Capra, ganhador de três Oscars, uma mente iluminada dos primórdios do cinema. Nascido na Itália, mudou-se para os EUA com a família quando tinha apenas quatro anos. Começou a carreira no cinema mudo, na década de 20, dirigindo com o passar do tempo os longas de maior destaque do cinema americano das décadas de 30 e 40, por exemplo, “Aconteceu naquela noite” (1934), “O galante Mr. Deeds” (1936), “Horizonte perdido” (1937), “Do mundo nada se leva” (1938), “A mulher faz o homem” (1939), “Adorável vagabundo” (1941) e, claro, “A felicidade não se compra” – tão fundamentais que pelo menos dois dessa lista ganharam o Oscar de melhor filme. Uma característica de Capra era de inserir personagens de homens simples lutando contra corrupção e o destoante sistema econômico, na tentativa de mudar o mundo. Trabalhou frequentemente com James Stewart, Cary Grant e Gary Cooper, falecendo em 1991 aos 94 anos.


O filme saiu em DVD duplo com a versão original em PB e a colorizada, pela Classicline. A Versátil anunciou recentemente a versão restaurada em bluray, disponível para venda desde o dia 30/11, com extras (a mesma havia lançado o filme em DVD lá atrás, no início dos anos 2000). Um filme lindíssimo para ver e rever!

A felicidade não se compra (It’s a wonderful life). EUA, 1946, 130 minutos. Drama. Preto-e-branco. Dirigido por Frank Capra. Distribuição: Classicline (DVD de 2019) e Versátil (DVD de 2002 e Bluray de 2020)

segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Cine Especial


Trainspotting – Sem limites

Viciado em heroína, o jovem Mark Renton (Ewan McGregor) pertence à classe trabalhadora de Edimburgo. Perambula pelas ruas cometendo pequenos delitos, ao lado dos amigos Sick Boy (Johnny Lee Miller), Spud (Ewen Bremner) e Begbie (Robert Carlyle). Os quatro estão sempre sob efeitos de droga para fugir da dura realidade, até que um dia se envolvem num plano descomunal para mudar de vida.

Exibido numa sessão da meia-noite do Festival de Cannes de 1996, ficou fora da mostra competitiva esse cult-movie considerado um dos filmes mais polêmicos e cruciais dos anos 90, que chacoalhou o público com sua história feroz e sua montagem frenética. Revelou ainda o quarteto de atores que se espraiaram pela estrada do cinema, em especial Ewan McGregor.
Baseado no livro original de Irvine Welsh escrito em 1993, virou uma famosa peça de teatro em 1994 no Reino Unido até ser adaptado para o cinema - e 20 anos depois ganhou uma continuação bem maneira. É um filme polêmico, provocador, que repercutiu como uma bomba extasiante no mundo inteiro.
O cineasta Danny Boyle vinha de um cinema marginal com o perturbador “Cova rosa” (1994), em que lançou Ewan McGregor, e novamente repetiria a dose com uma ótica diferenciada, dessa vez reinventando o drama com toques policiais, para mostrar a vida selvagem e degradante de um adicto, que vai do uso impulsivo das drogas ao arrependimento, passando por crimes e outros tipos de delinquência. Boyle foca nos drogados da classe trabalhadora de Edimburgo, presos ao vício, sem apoio da família. Eles vivem entre amigos pelas ruas, usando álcool e heroína injetável, única alternativa para suportar o peso do mundo.
Boyle recorre a um humor ácido, afiadíssimo, que virou marca de seus trabalhos, e criou, na figura de McGregor, um emblemático anti-herói moderno.

A narrativa de “Trainspotting” é diferente de tudo aquilo que o cinema já havia produzido sobre o tema, totalmente oposto aos dramas tediosos, amargos e violentos sobre drogas como “Eu, Christiane F., 13 anos, drogada e prostituída” (1981) e “Kids” (1995), que focavam na desesperança de uma geração perdida.
Na trilha sonora, músicas de Brian Eno, New Order, Blur, Lou Reed, Iggy Pop, e a original feita para o filme, que fez muito sucesso, “Born Slippy” (do grupo Underworld). Foi indicado ao Oscar de melhor roteiro e venceu o Bafta na categoria, de autoria de John Hodge, parceiro de Danny Boyle em vários filmes, como “Por uma vida menos ordinária” (1997), “A praia” (2000), “Em transe” (2013) e a continuação, “T2: Trainspotting” (2017).
Saiu em DVD no Brasil em duas ocasiões, pela extinta Spectra Nova e pela Versátil (com extras), ambas com boa imagem e som.


Trainspotting – Sem limites (Trainspotting). Reino Unido, 1996, 93 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Danny Boyle. Distribuição: Spectra Nova e Versátil Home Video

sexta-feira, 18 de dezembro de 2020

Dica de Leitura


"Na mesma hora, obedecendo às ordens do estranho, carregaram até o salão o primeiro caixote, sobre o qual ele se lançou com extraordinária ânsia e logo começou a desembalá-lo, desprezando completamente o fato de que estava espalhando palha pelo carpete da sra. Hall. Da embalagem, ele começou a retirar os frascos - pequenos frascos bojudos contendo pós, frascos pequenos e delgados contendo líquidos brancos e coloridos, frascos azuis com ranhuras e rótulos em que se liam 'Veneno' [...]"

Trecho de "O homem invisível", um clássico da literatura scifi, de H.G. Wells, publicado em 1897, e agora no Brasil numa edição especial em capa dura pela editora Martin Claret (2020, 254 páginas, tradução de Leonardo Castilhone). A história se tornou mundialmente famosa, sobre um cientista visionário da área da óptica que descobre uma fórmula para ficar invisível. Ele vira alvo de suas experiências, não consegue reverter o quadro e, invisível, luta para não se entregar ao crime e à loucura.
Mestre dos romances de ficção científica, autor de obras fundamentais do gênero como "A máquina do tempo", "Guerra dos mundos" e "A ilha do Dr. Moreau", o escritor britânico H.G. Wells aborda em "O homem invisível" temas como perda da identidade, fim da consciência e imoralidade. O livro inspirou versões para o cinema, as melhores pela Universal Pictures, como a dirigida em 1933 por James Whale, uma continuação de 1940 indicada ao Oscar, de Joe May, e a mais recente, de Leigh Whannell, de 2020, com Elisabeth Moss. 
O livro está disponível nas melhores livrarias! Obrigado, equipe da Martin Claret, pelo envio do exemplar.




quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Dica de Leitura

 

"Sentada na bilheteria do fliperama, Linda roía as unhas. A batida da música eletrônica estava lhe causando dor de cabeça. Estava pensando na reunião a que todas compareceram no depósito sob os arcos depois do ensaio na praia. Ela não tinha gostado do desfecho. Todas estavam de bom humor após as corridas bem-sucedidas, mas a reunião azedou. Tudo começou quando Bella perguntou a Dolly onde ela esconderia o dinheiro após o assalto".

Trecho de "As viúvas", best seller da escritora, atriz e roteirista britânica Lynda La Plante, que deu origem à série "As damas de ouro" (1983-1985) e depois ao filme homônimo em 2018, com Viola Davis, Liam Neeson e grande elenco. Originalmente publicado no Reino Unido em 1983, o livro chegou ao Brasil pela editora Intrínseca mais de 30 anos depois (2018, 400 páginas, tradução de Alexandre Raposo). É uma história policial enérgica e habilidosa, sobre um grupo de mulheres que assume o lugar dos maridos, que eram grandes assaltantes de banco, após a morte deles em um plano que deu errado. Com Dolly, Linda e Shi
rley, os negócios no mundo do crime irão continuar...
Apelidada de "A rainha dos dramas criminais", Lynda La Plante criou séries de investigação de sucesso, e escreveu diversos epísódios delas, como "Prime suspect", "Trial & Retribution", "The governor" e "Above suspicion". Conheço a obra mais famosa dela, "As viúvas", e em seguida assista à boa adaptação para o cinema realiada pelo diretor Steve McQueen, de 2018.
Obrigado, equipe da Intrínseca, pelo envio do exemplar.






domingo, 13 de dezembro de 2020

Dica de Leitura


"A ideia de que os jovens são os únicos produzindo boa música e que os músicos mais antigos fazem algum tipo de música de velho é bizarra para mim. Muitos dos artistas mais jovens de hoje cantam literalmente uma palavra, e depois os produtores juntam as outras palavras usando o Pro Tools. Quando fiz 'Bring ya to the brink', trabalhei com compositores suecos que agiam como se eu fosse Svengali por adicionar minha própria contribuição [...]".

Trecho do livro autobiográfico "Cyndi: Minha história", um retrato íntimo, divertido e tresloucado da carreira e da vida pessoal de uma das cantoras pop de maior sucesso nos anos 80 e 90, Cyndi Lauper. Escrito em conjunto com Jancee Dunn e repleto de fotos de arquivo da cantora, o livro saiu nos Estados Unidos em 2012, e somente agora chega traduzido ao Brasil, pela Editora Belas Letras (2020, 320 páginas, tradução de Aline Naomi Sassaki). Aos fãs dela, uma boa opção de leitura, que poderá acompanhar, além da trajetória de Cyndi, questões acerca do barulhento mundo da música na década de 80, o empoderamento feminino, o comportamento dos jovens do período, o sentido do termo 'popstar', o que a fama provoca, as drogas e o abuso sexual nesse contexto. Outro ponto alto da obra é o envolvimento de Cyndi na luta contra a Aids e sua marcante presença na batalha pelos direitos da comunidade 
LGBTQ+ americana (aliás, muitas de suas canções se tornaram 'hinos gays', como 'True colors' e 'Girls just wanna have fun').
Já nas lojas! Obrigado, Belas Letras, pelo envio do exemplar.




quarta-feira, 9 de dezembro de 2020

Cine Lançamento

Um lindo dia na vizinhança

Durante uma entrevista para uma reportagem, o jornalista deprimido Lloyd Vogel (Matthew Rhys) cria um forte laço de amizade com seu entrevistado, o apresentador de programas infantis Fred Rogers (Tom Hanks), que faz enorme sucesso na TV. Vogel tem pela frente uma série de problemas familiares, e Rogers será um caminho para que ele os supere.

Tom Hanks é de arrancar aplausos até no papel de um ilustre desconhecido para os brasileiros. Em “Um lindo dia na vizinhança”, recebeu, esse ano, indicação aos quatro prêmios principais da temporada, o Oscar, Globo de Ouro, Bafta e o SAG, e apesar de não receber nenhum, permanece acumulando méritos.
Esse é um filme bem americano, metalinguístico, de uma história voltada para eles, e não acredito que traga empolgação para o Brasil, até porque, como comentei, o personagem em questão ficou conhecido apenas lá. Trata-se de Fred Rogers (1928-2003), um pedagogo, apresentador do programa infantil “Mister Rogers' Neighborhood”, enorme sucesso na TV dos EUA enquanto ficou no ar, de 1968 a 2001. Ele tinha uma didática serena para conversar com as crianças sobre solidão, medo, alegrias e perdas. Ele cantava, dançava, trazia convidados e manipulava fantoches nas mãos para esse diálogo. Ajudou milhares de pais no trato dessas questões com os filhos, por isso é considerado uma figura notória nos Estados Unidos, até um “herói”.
A composição de Hanks, se vermos vídeos reais de Rogers, é idêntica na aparência, nos gestos, na fala. Ele compôs com perfeição o biografado. Na trama Rogers ajuda um jornalista a lidar com seus dramas pessoais, principalmente com o pai, a esposa e o filho recém-nascido. Ele se chama Lloyd, é um homem cético, tristonho, e que aos poucos tenta dar uma guinada na vida a partir dos encontros com o Sr. Rogers, aproximando-se de valores como a bondade e a paciência – quem o interpreta é Matthew Rhys, um bom ator britânico, indicado a dois Globos de Ouro pela série “The americans”.
Na verdade, esse tal Lloyd Vogel é o jornalista Tom Junod, que fez uma entrevista especial com Rogers em 1998 para a revista Esquire, e que inspirou o roteiro desse filme (os verdadeiros problemas de Junod eram os retratados aqui, com a esposa, o pai etc). A arte imita a vida!


A trama é lenta, meio deprê, linguagem própria do processo da diretora Marielle Heller, um novo rosto no mercado do cinema americano. Ela, que tem 41 anos, dirigiu anteriormente uma comédia policial talentosa, “Poderia me perdoar?” (2018), também biográfica, sobre uma falsificadora literária, e conta no elenco com Melissa McCarthy e Richard E. Grant, ambos indicados ao Oscar pelos papéis. Heller ainda é atriz, está, por exemplo, no elenco da atual série de sucesso do Netflix “O gambito da rainha”. Guarde o nome dela, pois mais projetos bons virão com sua assinatura!
“Um lindo dia na vizinhança” acaba de sair em DVD e bluray pela Sony, com vários extras.

Um lindo dia na vizinhança (A beautiful day in the neighborhood). EUA/China, 2019, 108 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Marielle Heller. Distribuição: Sony Pictures

segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Cine Cult



Violência gratuita

Dois jovens psicopatas rendem uma família em férias numa casa do lago. A dupla colocará as vítimas no meio de um terrível jogo envolvendo perversão, humilhações e torturas.

É o cinema austríaco de Michael Haneke em sua forma mais brutal, nua e crua. Uma porrada desmedida, que mexe com nossos nervos. Esse é o impacto que o filme me causou, e causa em quem o vê pela primeira vez. Foi o longa que expandiu o nome do diretor para além da Áustria e o assentou no mundo do cinema, cinco anos depois de ter criado outro cult com tema semelhante, e que ajuda o público a compreender melhor o que se passa na trama aqui – estou falando de “O vídeo de Benny” (1992), com os mesmos atores, sobre um garoto fixado por tecnologia que grava tudo com uma filmadora caseira, incluindo mortes que ele comete - é o segundo da ‘Trilogia da Frieza’, iniciado com “O sétimo continente” (1989) e terminando com “71 fragmentos de uma cronologia do acaso” (1994).
Tanto em “Violência gratuita” quanto em “O vídeo de Benny” há o retrato da delinquência juvenil, em ambas produções os personagens são jovens sádicos e com traços de psicopatia, que matam pelo simples prazer em ver o outro sentir medo e dor. E os dois filmes dialogam nitidamente com a violência na mídia (no desfecho de “Violência gratuita”, por exemplo, há uma cena icônica sobre isso, ao mesmo tempo incompreendida, a do controle remoto). De certo modo nos remete à violência urbana de “Laranja mecânica”, mas no presente, não numa sociedade distópica/futurista.


Curioso o diretor ter refilmado esse cult dez anos depois nos Estados Unidos com o mesmo título, meio que quadro a quadro, ou seja, repetindo tomadas, sequências e planos, e escalando atores de renome, como Naomi Watts – eu ainda prefiro essa primeira versão, de 1997, que saiu em DVD há alguns anos pela Obras-primas do Cinema.
Veja e se espante! É um filmão duro para ser visto com a cabeça no lugar e refletir acerca da violência contemporânea!

Violência gratuita (Funny games). Áustria, 1997, 108 minutos. Drama/Suspense. Colorido. Dirigido por Michael Haneke. Distribuição: Obras-primas do Cinema

sábado, 5 de dezembro de 2020

Na Netflix

Nossas noites

Viúva, a senhora Addie (Jane Fonda) inicia amizade com seu vizinho de longa data, Louis (Robert Redford), após ele perder a esposa. Apesar de morarem lado a lado, pouco conversaram durante uma vida inteira. Agora, idosos, estabelecem uma forte ligação que poderá ser um conforto para os dias monótonos que eles levam.

Essa fita independente da Netflix é uma boa dica para o público feminino que goste de filme romântico, em especial mulheres da Terceira Idade. Traz o retorno de uma dupla de antigos parceiros do cinema, os lendários Jane Fonda e Robert Redford. Eles já tinham trabalhado juntos em pelo menos três longas, “Caçada humana” (1966), “Descalços no parque” (1967) e “O cavaleiro elétrico” (1979), e agora voltam, vigorosos, a se encontrar; ele, com 81 anos, ela aos 80 (o filme saiu em 2017).
Redford produziu o delicado drama romântico, e quem dirige é o indiano Ritesh Batra, do sucesso “The lunchbox” (2013), pelo qual foi indicado ao Bafta. A história é íntima e modesta, bem discreta, sobre dois idosos do interior do Colorado, que são vizinhos, mas nunca tiveram contato. Ficaram viúvos, e agora passam a conviver juntos como “amigos” (uma amizade, digamos, colorida). No meio da trama pintam atritos com os filhos, o filme mostra a dor da velhice, as conexões humanas, o casal como alvo de fofocas por serem vistos juntos etc


Não sou fã de fita romântica, porém essa me tocou pelo quê especial da dupla dos dois veteranos em cena. Sem dúvida o simpático longa fala diretamente para as mulheres acima dos 60 anos, que se identificarão com as passagens dos personagens. Confiram!

Nossas noites (Our souls at night). EUA, 2017, 103 minutos. Drama/Romance. Colorido. Dirigido por Ritesh Batra. Distribuição: Netflix

quarta-feira, 2 de dezembro de 2020

Dica de leitura

 

"Malorie se encosta na parede de tijolos da sala de aula. A porta está trancada. Ela está sozinha. As luzes foram apagadas. Ela está vendada. Lá fora, no corredor, a violência começou. Ela conhece aquele som, ouviu-o bem em pesadelos, nos ecos de uma casa devastada, repleta de pessoas sãs que despedaçavam umas às outras enquanto ela dava à luz seu filho".

Trecho da abertura do romance "Malorie" (2020), continuação do best seller mundial "Caixa de pássaros", também de Josh Malerman. No Brasil o livro foi lançado há dois meses pela editora Intrínseca (288 páginas, tradução de Alexandre Raposo) e vem conquistando os leitores. A história se passa doze anos depois de Malorie e seus filhos atravessarem o rio com vendas nos olhos, quando fugiam de um mal incompreensivel e aterrador, que tomou conta do mundo. Agora, os filhos estão crescidos, e vivem com ela em um antigo acampamento. Certo dia cruzam com um desconhecido que trará notícias do mundo devastado.
Empolgante e misterioso, a continuação de "Bird box" (que originou um filme de sucesso no Netflix em 2018, com Sandra Bullock) segue o mesmo estilo de narrativa da trama anterior, com suspense e drama em doses acertadas! Procure já, e boa leitura!
Obrigado, pessoal da Intrinseca, pelo envio do exemplar!




terça-feira, 1 de dezembro de 2020

Nota do Blogueiro


CPC-UMES Filmes promove edição online da Mostra Mosfilm de Cinema Soviético e Russo

A partir dessa quinta-feira, dia 03/12, tem início a “7ª Mostra Mosfilm de Cinema Soviético e Russo”, em formato online e gratuito ao público. Serão 13 longas-metragens, sendo nove restaurados pelo estúdio Mosfilm, disponíveis até o dia 13/12, no canal do CPC-UMES Filmes no Youtube (http://bit.ly/CPCUMESFilmes).
O filme de abertura da Mostra é “O destino de um homem” (1959), de Serguei Bondarchuk, cujo centenário de nascimento será celebrado na edição desse ano. Outros filmes importantes serão exibidos, como o vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza “A infância de Ivan” (1962) e o ganhador do Oscar de filme estrangeiro “Moscou não acredita em lágrimas” (1980). Cada sessão permanecerá por seis horas no ar a partir do horário de início (veja programação abaixo).
A “7ª Mostra Mosfilm de Cinema Soviético e Russo” é uma realização do Centro Popular de Cultura da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (CPC-UMES), que distribui e comercializa no Brasil, em DVD e Blu-Ray, Streaming, TV e Cinema os filmes produzidos pelo Mosfilm. O evento conta com apoio da Agência de Assuntos da Comunidade dos Estados Independentes da Federação da Rússia (Rossotrudnichestvo), da Embaixada da Federação da Rússia na República Federativa do Brasil, da Sputnik Cultural e Associação Cultural Grupo Volga de Folclore Russo.


Programação



 

03/dez    Quinta-Feira

 

20h: O Destino de Um Homem

22h: O Sol Branco do Deserto

             

04/dez    Sexta-Feira

 

19h: Neve Ardente

21h: A Infância de Ivan

 

05/dez    Sábado

 

16h: Tempestade Sobre a Ásia

18h: O Sol Branco do Deserto

20h: Tanya

22h: Ivan Vassilevich Muda de Profissão

             

06/dez    Domingo

 

15h: As Garotas

17h: Nove Dias em Um Ano

19h: A Carta Que Não Foi Enviada

21h: Moscou Não Acredita em Lágrimas

 

07/dez    Segunda-Feira

 

19h: Nós Somos do Jazz

21h: Ela

 

08/dez    Terça-Feira

 

19h: O Destino de Um Homem

21h: O Sol Branco do Deserto

 

09/dez    Quarta-Feira

 

19h: A Infância de Ivan

21h: As Garotas

 

10/dez    Quinta-Feira

 

19h: A Carta que Não Foi Enviada

21h: Ivan Vassilevich Muda de Profissão

 

11/dez    Sexta-Feira

 

19h: Moscou Não Acredita em Lágrimas

21h: Nove dias em Um Ano

 

12/dez    Sábado

 

16h: Tanya

18h: Neve Ardente

20h: Nós Somos do Jazz

22h: A Infância de Ivan

 

13/dez    Domingo

 

15h: Ela

17h: Tempestade Sobre a Ásia

19h: A Carta Que Não Foi Enviada

21h: O Destino de Um Homem

segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Cine Cult


Juan dos Mortos

Juan (Alexis Díaz de Villegas), um cidadão cubano que não gosta de fazer nada, sente algo estranho no ar. Em Havana, onde mora, descobre uma contaminação que transforma as pessoas em mortos-vivos. Ao lado do amigo Lázaro (Jorge Molina), esconde-se num prédio e tenta ganhar dinheiro abrindo um negócio empreendedor para a comunidade local: matar os zumbis a um preço acessível.

Pode não parecer, mas a divertida comédia de humor negro “Juan dos Mortos” é uma fita política, engajada e extremamente crítica ao governo cubano. É um “terrir” escrachado, com banhos de sangue e mortes bem recriadas, e ao mesmo tempo aborda com critério e forte análise social o regime castrista na Cuba contemporânea (o filme é de 2011, Fidel Castro ainda estava na ativa). Cenas inteligentes dão o recado para abalar o regime cubano, com enfoque na centralização do Estado, na opressão, no bloqueio econômico da ilha, ao sistema de saúde etc
Admira-se a boa maquiagem por ser uma fita de zumbi de baixo orçamento, rodada em um país que não faz cinema de terror. E foi rodado inteiramente nas ruas de Havana, em prédios e casas populares, sem recursos de cenários mirabolantes ou efeitos digitais.
Exibido no Festival do Rio em 2011. Assina a direção o argentino Alejandro Brugués, realizador de fitas B de horror.


Um filme descontraído, rápido e gerador de reflexões, com uma ótima dupla em cena que se completa, Alexis Díaz de Villegas e Jorge Molina. Assista!

Juan dos Mortos (Juan de los Muertos). Cuba/Espanha, 2011, 92 minutos. Ação/ Comédia. Colorido. Dirigido por Alejandro Brugués. Distribuição: Imovision