sexta-feira, 26 de abril de 2024
Nota do Blogueiro
sábado, 20 de abril de 2024
Especial de cinema
Por Felipe Brida *
Estreias nos cinemas
José Aparecido de
Oliveira – O maior mineiro do mundo
(2019)
Documentário brasileiro sobre a trajetória do jornalista, deputado federal por Minas Gerais – depois cassado na Ditadura militar, Governador do Distrito Federal, Ministro da Cultura no Governo Sarney e Embaixador José Aparecido de Oliveira (1929-2007), que trabalhou em prol a cultura e conviveu com autoridades do meio político, empresarial e cultural do Brasil e do mundo. Imagens de arquivo e vídeos dele compõem o filme, juntamente com depoimentos de amigos como Fernanda Montenegro, Ziraldo, José Sarney, Luiz Carlos Barreto, Vladimir Carvalho, Jaguar e Celso Amorim. Exibido no Festival de Brasília de 2019, o filme entra somente agora nos cinemas, depois de cinco anos, em salas do RJ, SP, Brasília e BH. Distribuição da Bretz Filmes.
Névoa prateada (2023)
Coprodução Holanda e
Reino Unido, esse contundente e dramático filme independente conta a história
de uma jovem enfermeira que busca se vingar dos culpados pelo acidente que
deixou seu corpo com graves queimaduras. Enquanto revê o passado, apaixona-se
por uma paciente do hospital onde trabalha, e juntas fogem para uma cidadezinha
do litoral. A ótima atriz Vicky Knight, que de verdade teve 40% do corpo
queimado por causa de um incidente, ganhou o prêmio de júri no Teddy, no
Festival de Berlim, e lá o filme concorreu ao Panorama. A diretora iniciante
Sacha Polak conduz o elenco de maneira formidável e dá uma aula na condução da
história e na fotografia. Exibido na Mostra Intl. de Cinema de SP do ano
passado, acaba de estrear nos cinemas das principais capitais. Distribuição da Bitelli
Films.
Zona de exclusão (2023)
A diretora polonesa Agnieszka Holland, de ‘Colheita amarga’ (19), ‘Filhos da guerra’ (2023) – pelo qual foi indicada ao Oscar de roteirista, e de mais de 30 longas, muitos deles premiados em festivais como Berlim, Cannes e Veneza, faz aqui um retrato dramático e contundente sobre refugiados de guerra em meio a uma crise humanitária sem fim. Uma família síria escapa da guerra civil no país e ao lado de um professor afegão, seguem até a fronteira entre a Polonia e Belarus para pedir ajuda. Lá se encontram com um guarda e uma ativista que dão apoio a refugiados na floresta. Com 153 minutos, todo feito em preto-e-branco – aliás, um capricho de fotografia, o filme dá uma dimensão humana ao tratar dos horrores da guerra. Foi aplaudido nos diversos festivais por onde passou, e em Veneza, recebeu sete prêmios especiais, um marco no festival, dentre eles o do júri, além de ser indicado ao Leão de Ouro. Está nos cinemas brasileiros, com distribuição da A2 Filmes.
terça-feira, 16 de abril de 2024
Resenhas Especiais
Coleção ‘Sessão dupla:
Tomates assassinos’
O ataque dos tomates assassinos
A volta dos tomates assassinos
domingo, 14 de abril de 2024
Especial de Cinema
O mundo é família (Índia, 2023, 96 minutos, de Anand Patwardhan)
Rodado na Índia, esse bom documentário passou em importantes festivais como
Toronto, Mumbai e Amsterdã. Trata sobre a política das castas no país, a partir
da visão do diretor Anand Patwardhan e de parte de sua família, com foco nos
seus pais velhos e doentes. Enquanto Patwardhan
colhe os depoimentos, a História da Independência da Índia mostra que o
conceito milenar de castas foi abolido, no entanto a discriminação permanece
contra os mais pobres.
Sessões: 14/04, 14h30, no IMS Paulista - SP. Gratuito.
Luiz Melodia: No coração do Brasil (Brasil,
2024, 75 minutos, de Alessandra Dorgan)
O doc estreia hoje à noite no festival como filme de encerramento da
edição desse ano, exibido em SP e no RJ no mesmo horário, 20h30. Narrado em
primeira pessoa pelo próprio cantor e compositor Luiz Melodia (1951-2017), é
uma imersão em seu vasto processo criativo, desde a infância no Estácio junto
ao Morro de São Carlos, no RJ, a influência do pai na música, as dificuldades
na incursão musical, a chegada aos palcos e as parcerias com grandes nomes da
MPB. Não é um doc linear, conta com imagens e vídeos inéditos de arquivo
pessoal do cantor, e como resultado é um presente para lembrarmos da vida e
obra de Melodia.
Sessões: dia 14/04, 20h30, no Espaço Itaú de Cinema Augusta – SP; e dia 14/04,
20h30, no Estação Net de Cinema Botafogo - RJ. Gratuito.
Primárias (EUA, 1960, 53
minutos, de Robert Drew)
‘Primárias’ é um filme memorável do universo dos documentários, selecionado
para a programação do ‘Clássicos É Tudo Verdade’, e agora disponível numa cópia
restaurada da The Criterion Collection. O doc traz as primárias do Partido
Democrata de 1960, quando dois nomes fortes concorriam: John F. Kennedy e Hubert
Humphrey, dois senadores. O filme, em preto-e-branco e com apenas 53 minutos, flagra
o lado dos dois adversários, buscando apoio popular, em reuniões e dando
depoimentos para a câmera. Logicamente as imagens prestam mais atenção em
Kennedy, um líder político nato e carismático que era ovacionado por onde
passava. Vale muito assistir ao filme, ainda mais nessa cópia com alta
qualidade de som e imagem.
Sessões: 14/04, 13h30, no Estação Net de Cinema Botafogo - RJ. Gratuito.
Fernanda Young: Foge-me ao controle (Brasil,
2024, 87 minutos, de Susanna Lira)
Um documentário forte e estiloso que tem traços de ensaio sobre a
escritora, roteirista de cinema e apresentadora Fernanda Young (1970-2019), que
morreu precocemente aos 49 anos deixando uma vasta obra literária que, acredito
eu, não tem o devido reconhecimento. A premiada diretora Susanna Lira, de
‘Torre das donzelas’ (2018), ‘Mussum, um filme do cacildis’ (2019) e ‘A mãe de
todas as lutas’ (2022), opta por uma narrativa nada convencional de
documentários biográficos – não há preocupação com cronologias nem linearidade,
o filme é invadido por momentos de puro êxtase de Fernanda da juventude aos
momentos finais, com narrações dela mesma e de narradores convidados lendo seus
textos - ela era uma fera com sua escrita nua e crua, e o doc capta a essência da
escritora/roteirista.
O filme não está mais em exibição no festival - foram quatro sessões entre
os dias 07 e 12/04, em SP e no RJ.
Para mais informações
sobre o festival, acesse o site https://etudoverdade.com.br/
sábado, 13 de abril de 2024
Especial de Cinema
Mais quatro filmes conferidos
do 'É tudo verdade'; festival segue até amanhã
Copa de 71 (Reino Unido, 2023, 89 minutos, de Rachel
Ramsay e James Erskine)
Um grupo de ex-jogadoras de futebol contam casos curiosos sobre a Copa
do Mundo Feminina de 1971 (um torneio não-oficial), quando as seleções da Inglaterra,
Argentina, México, França, Dinamarca e Itália se confrontaram no Estádio
Azteca, na Cidade do México, jogando para uma multidão de mais de 100 mil
torcedores. O torneio foi amplamente televisionado e virou alvo de inúmeras discussões
e especulações. Essas mulheres enfrentaram preconceito e ajudaram a consolidar torneios
femininos de futebol pelo mundo afora. Muito legal e bem editado, é um dos bons
trabalhos do diretor James Erskine, que fez o doc sobre Billie Holiday,
‘Billie’ (2019), outros sobre esportes, como ‘A batalha dos sexos’ (2013) e
‘Sachin’ (2017), e ainda a o drama ‘Driblando a guerra (2014) – aqui ele dirige
junto da produtora de seus filmes, Rachel Ramsay. Exibido nos festivais
de Toronto, Londres, Cleveland, Miami e CPH DOX.
Sessões: Dia 13/04, 17h, no IMS Paulista - SP. Gratuito.
Retomada (Brasil,
2024, 72 minutos, de Ricardo
Martensen)
Um brilhante documentário brasileiro que adensa a questão indígena,
disponível na programação ‘O estado das coisas’ do Festival É Tudo Verdade. O
filme acompanha três indígenas, das comunidades tupinambá, munduruku e tapajós,
com a mesma luta – manter sua identidade viva, preservar a floresta e denunciar
desmatadores e o garimpo ilegal em órgãos nacionais e internacionais. ‘Retomada’
é um filme-denúncia correto e que nos abre ainda mais os olhos sobre a luta
contínua dos indígenas no Brasil.
Sessões: Dia 13/04, 16h, no Estação Net de Cinema Botafogo – RJ; dia 14/04,
14h, no Estação Net de Cinema Rio; e dia 14/04, 19h, no Centro Cultural São
Paulo – Sala Lima Barreto. Gratuito.
O cinema por dentro (EUA/Turquia/Japão,
2023, 93 minutos, de Chad Freidrichs)
Um doc metalinguístico e repleto de análises de filmes, da era muda ao
cinema contemporâneo. Um pesquisador atua numa tese sobre a relação do ‘piscar’
dos olhos e dos cortes de cinema, procurando responder como se dá a percepção
humana diante de um filme. A partir daí, ele percorre montanhas remotas da
Turquia para exibir trechos de filmes aos moradores e conversar sobre suas
impressões em torno da montagem cinematográfica.
Um aulão de cinema da melhor qualidade, sobre um tema que nunca paramos para
questionar.
Sessões: 13/04, 16h, no Espaço Itaú de Cinema Augusta – SP; e dia 14/04,
14h30, na Cinemateca Brasileira – SP. Gratuito.
Mixtape La Pampa (Argentina/Chile, 2023, 104
minutos, de Andrés Di Tella)
Indicado ao prêmio de melhor documentário nos Festivais de San Sebastián
e Mar del Plata, a coprodução Argentina/Chile vasculha a biografia de William
Henry Hudson, um cidadão misterioso nascido na Argentina, que se tornou escritor
na Inglaterra e trabalhou como naturalista e ornitólogo. Andando pelos pampas, a
equipe de filmagem cruza as trilhas por onde Hudson esteve, e enquanto nos é
revelada a dúbia personalidade do escritor-tema do filme, a História da
Argentina é relembrada. ‘Mixtape La Pampa’ é um dos fortes destaques da edição
desse ano do É Tudo Verdade.
Sessões: 13/04, 19h30, no IMS Paulista - SP. Gratuito.
quinta-feira, 11 de abril de 2024
Especial de Cinema
‘O cinema tem sido o
meu amor: O trabalho e a vida de Lynda Myles’ (Reino Unido, 2023, 75 minutos, de
Mark Cousins)
O documentarista irlandês Mark Cousins está no Brasil para ser
homenageado no ‘É Tudo Verdade’. O festival faz, nesse ano, uma retrospectiva da
carreira do diretor, com oito filmes dele na programação – seis antigos e duas
estreias. ‘O cinema tem sido o meu amor: O trabalho e a vida de Lynda Myles’ (2023)
é um de seus novos trabalhos, um doc que acompanha o olhar da produtora de
cinema Lynda Myles em torno de filmes que a marcaram. Produtora de longas-metragens
de Alan Parker e Stephen Frears e uma das fundadoras do Edinburgh Film Festival,
Lynda, em pé, em frente a um telão com fragmentos dessas obras, ela discute
clássicos como ‘Depois do vendaval’, ‘Rio vermelho’, ‘O beijo amargo’,
‘Cadáveres ilustres’ e ‘Paris, Texas’, e comenta alguns que produziu, como ‘The
commitments – Loucos pela fama’ e ‘A van’. E também defende cineastas
esquecidos, como Douglas Sirk e Samuel Fuller. Um doc primoroso, uma aula de
cinema e um deleite aos fãs de filmes clássicos.
Sessões: Dia 11/04, 17h, no Estação Net de Cinema Botafogo – RJ; e dia 12/04,
19h, no Estação Net de Cinema Rio – RJ. Gratuito.
‘Lampião, governador
do sertão’ (Brasil,
2024, 90 minutos, de Wolney Oliveira)
Lampião: herói ou bandido? Essa é a pergunta que tentam responder nesse
bom documentário do diretor cearense Wolney Oliveira, de ‘A ilha da morte’ e
‘Os últimos cangaceiros’. A trajetória de Virgulino Ferreira da Silva, o
Lampião, de Maria Bonita e de seu bando é mostrada a partir de uma série de
depoimentos de historiadores, escritores (como Ariano Suassuna), do próprio
povo e até de familiares de Lampião, como netos e uma irmã dele; uns o apontam
como uma figura heroica, um protetor, outros dizem que foi o maior bandido que
houve no Brasil, que aterrorizou o Nordeste e responsável por dezenas de mortes
violentas. O perfil de Lampião é aqui traçado nos pormenores, e o doc trata de
seu legado e da formação de um mito moderno.
Sessões: Dia 11/04,
20h30, no Espaço Itaú de Cinema Augusta - SP; e dia 12/04, 19h30, na Cinemateca
Brasileira - SP. Gratuito.
‘Uma estória
americana’ (França/Itália,
2023, 65 minutos, de Jean-Claude Taki e Alexandre Gouzou)
Doc metalinguístico e que diz muito aos fãs do cinema autoral, sobre um roteiro
inacabado do cineasta italiano Michelangelo Antonioni. A história mostra um produtor
de cinema português, Paulo Branco, que tentou mobilizar, nos anos 80, uma
equipe de cinema para fazer o filme de Antonioni acontecer. No meio do processo, Antonioni sofreu um AVC,
que paralisaria seu corpo e o impediria de falar. O roteiro é interrompido por
10 anos, até que em 1995, Antonioni recupera partes da fala e dos movimentos do
corpo. O roteiro é retomado, mas surgem outras dificuldades técnicas e
financeiras para dar seguimento ao trabalho. Branco e parte da equipe envolvida
fala sobre o complexo processo desse filme abandonado, uma obra perdida que discutiria
uma nova visão sobre a América entrelaçando temas existenciais. Já que o de
Antonioni não existiu, há esse doc que conta como tudo começou e como (quase)
terminou.
Sessões: Dia 12/04, 17h,
no IMS Paulista - SP. Gratuito.
‘E
assim começa’ (Filipinas/EUA, 2024, 99 minutos, de
Ramona S. Diaz)
Segundo filme de Ramona S. Diaz exibido no ‘É Tudo Verdade’ sobre as
eleições nas Filipinas. É como uma continuação/complemento do anterior, o
impactante ‘Mil cortes’ (2020), e ambos tratam da crise política no país a
partir da eleição de Duterte, um ditador ultraconservador que atacava adversários,
mulheres e minorias, e usou as redes sociais para pregar discurso de ódio. Em
‘E assim começa’, o foco é a disputa eleitoral em 2022 nas Filipinas, num
acirramento entre dois candidatos, a vice-presidente no governo Duterte, Leni
Robredo, e o filho do ex-ditador Ferdinand Marcos, de mesmo nome. Enquanto as
ruas são tomadas por campanhas e protestos, a jornalista Nobel da Paz Maria
Ressa luta incansavelmente pela liberdade de imprensa. Um baita filme, um dos
grandes destaques do ‘É Tudo Verdade’ desse ano – foi exibido nos festivais de
Sundance e no CPH DOX.
Sessões: Dia 12/04, 16h,
no Estação Net de Cinema Botafogo - RJ. Gratuito.
‘Celluloid
underground’ (Irã/Reino Unido, 2023, 80 minutos, de
Ehsan Khoshbakht)
A história desse bom documentário
é especial e corajosa: um colecionador de filmes de Teerã tem a dura missão de
guardar e proteger milhares de filmes em película e em VHS do novo regime
autoritário que se ergue no país. Como é sabido, ditadores do Irã ficaram
conhecidos por queimarem filmes e livros, praticando abertamente a censura.
Ameaçado de morte no Irã e agora exilado em Londres, ele vira símbolo de
resistência. Esse é Ehsan Khoshbakht, que além de ser colecionador e ativista,
é o roteirista, diretor e narrador do documentário – antes ele fez o doc
‘Filmfarsi’ (2019). Exibido no festival de Londres, foi aplaudido por onde
passou. Adorei e recomendo a todos.
Sessões: Dia 13/04, 14h30,
no IMS Paulista - SP. Gratuito.
Para mais informações
sobre o festival, acesse o site https://etudoverdade.com.br/
Resenhas Especiais
Em DVD, coleção 'Aranhas', pela Classicline. Confira resenha dos dois filmes disponíveis no box.
Animais começam a morrer de forma estranha numa cidadezinha do interior dos Estados Unidos. O veterinário local, Dr. Rack Hansen (William Shatner), investiga o caso e percebe que todos os animais apresentam picadas no pescoço e nos membros. Até que a cidadezinha é aterrorizada por uma invasão de tarântulas venenosas.
A maldição das aranhas (Kingdom of the spiders). EUA, 1977, 97 minutos. Terror/Aventura. Colorido. Dirigido por John 'Bud' Cardos. Distribuição: Classicline
Aracnofobia (Arachnophobia). EUA, 1990, 109 minutos. Aventura/Terror. Colorido. Dirigido por Frank Marshall. Distribuição: Classicline