sábado, 30 de maio de 2015

Especial de Cinema


Versatilizando

A indústria de entretenimento enfrenta, desde 2006, a ferro e fogo, uma recessão global, que, aliada à pirataria e à crise econômica, faz recuar, por exemplo, o mercado de locação e o de venda de filmes em DVD. No Brasil, quem sobrevive são as majors e poucas outras distribuidoras independentes, como a Versátil Home Video, a nossa “Criterion”, que resgata títulos inéditos, em versões restauradas para colecionador, com som e imagem dignos de deslumbramento.
A cada mês, a inventiva Versátil lança, para deleite dos amantes da Sétima Arte, obras raríssimas, em edições simples ou em box especial. As embalagens são de embasbacar qualquer cinéfilo, devido ao primor do material gráfico – as coleções vem em formato digistack com arte de capa impecável, que embeleza a prateleira do público que as adquirir!
Isto demonstra que mesmo diante do recuo do mercado de DVDs e desse turbilhão da crise, a Versátil não se intimidou; pelo contrário, segue com uma força descomunal. Nesse mês de maio, para se ter uma ideia, a distribuidora restaurou os seguintes títulos esquecidos: “Armadilha mortal” (um suspense tétrico, com humor negro, do mestre Sidney Lumet) e “O jogador” (comédia satírica e metalinguística sobre o mundo do cinema, cheia de referências, dirigida por Robert Altman), além de dois boxes impressionantes, “A arte de Mario Bava” (com quatro obras raras do cineasta italiano que transitam entre o terror, o suspense e o policial, “A maldição do demônio”, “O alerta vermelho da loucura”, “A garota que sabia demais” e “Cães raivosos”) e “Cinema Faroeste”, reunindo na caixa filmes de diretores icônicos do western americano, como John Ford e Anthony Mann, produzidos entre 1940 e 1960 (os longas são “Audazes e malditos”, “O homem que luta só”, “Almas em fúria", "Comando negro”, “Paixão selvagem” e “Reinado do terror”).
Aprovou? Se a resposta for positiva, que tal saber de outros lançamentos de 2015 da Versátil? Na lista encontramos o lírico drama italiano “Estamos todos bem”, de Giuseppe Tornatore, o telefilme sueco “Na presença de um palhaço”, de Ingmar Bergman, e também as coleções “Zumbis no cinema”, “Clássicos Sci-fi”, “A arte de John Cassavetes” e “A arte de Samuel Fuller”. Não acaba por aí! Esta é apenas um gostinho da vitalidade da Versátil nessa uma década de existência – e para o segundo semestre haverá novidade atrás de novidade.
Ainda sobre os filmes da Versátil, de um tempo para cá as coleções em DVD (e outras até em Blu-ray) saem com cards especiais contendo a capa original dos longas ali contidos, com extras imperdíveis, como making of, entrevistas, final alternativo, trailers, tudo devidamente legendado. Os cinéfilos agradecem felizes, com certeza. E vida longa à Versátil, que segue como uma locomotiva a 200 quilômetros por hora nos difíceis trilhos do mercado brasileiro de DVDs.

Por Felipe Brida

segunda-feira, 18 de maio de 2015

Nota de cinema



Amanhã começa o 41o. Festival Sesc Melhores Filmes em Catanduva. De 19 a 23 de maio. Não percam.

PROGRAMAÇÃO em Catanduva

Uma Vida Comum
Direção: Uberto Pasolini. 
Dia 19, terça, às 15h | Auditório do Senac | R$3,50 – R$6,00 – R$12,00 | Classificação: 12 anos.

Hoje eu Quero Voltar Sozinho
Direção: Daniel Ribeiro
Dia 19, terça, às 20h | Auditório do Senac | R$3,50 – R$6,00 – R$12,00 | Classificação: 12 anos.

As Férias do Pequeno Nicolau
Direção: Laurent Tirard.
Dia 20, quarta, às 15h | Auditório do Senac | R$3,50 – R$6,00 – R$12,00 | Classificação: Livre.

Pelo Malo
Direção: Mariana Rondón.
Dia 20, quarta, às 20h | Auditório do Senac | R$3,50 – R$6,00 – R$12,00 | Classificação: 14 anos.

Relatos Selvagens
Direção: Damián Szifrón. 
Dia 21, quinta, às 15h | Auditório do Senac | R$3,50 – R$6,00 – R$12,00 | Classificação: 14 anos.

Ninfomaníaca – volume 1
Direção: Lars Von Trier. 
Dia 21, quinta, às 20h | Sala de Ginástica | Grátis | Classificação: 18 anos.

O Lobo Atrás da Porta
Direção: Fernando Coimbra. 
Dia 22, sexta, às 15h | Auditório do Senac | R$3,50 – R$6,00 – R$12,00 | Classificação: 16 anos.

Ninfomaníaca – volume 2
Direção: Lars Von Trier. 
Dia 22, sexta, às 20h | Sala de Ginástica | Grátis | Classificação: 18 anos.

O Menino e o Mundo
Animação.Direção: Alê Abreu. 
Dia 23, sábado, às 15h | Espaço Cafeteria | Grátis | Classificação: Livre.

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Resenha especial


Cromwell

Em 1640, a Inglaterra enfrenta uma crise nunca antes vista, que acomete a economia e a política. Nesse momento delicado, o líder puritano Oliver Cromwell (Richard Harris) trava um embate com o rei Carlos I (Alec Guinness) por não aceitar a dissolução do Parlamento. Ele desafia o Absolutismo monárquico e convoca os membros do Parlamento para uma guerra civil no país.

Com notável senso crítico, o imponente épico inglês escrito e dirigido pelo falecido Ken Hughes traz um recorte derradeiro da História da Inglaterra do século XVII, quando Cromwell liderou o Parlamento na guerra civil sanguinária contra os desmandos do rei absolutista Carlos I (que havia governado 12 anos o país sem recorrer ao Parlamento). A Inglaterra da época tremia com a crise econômica, política e religiosa, e com a Guerra Civil de sete anos, a nação praticamente afundou, só se restabelecendo décadas mais tarde. Dentro desse aspecto politizado o drama de guerra se constitui, com uma produção bem cuidada das mais monumentais do cinema, com roteiro preciso e um elenco formidável (Harris e Guiness dão um show à parte, travando duelos atrás de duelos de diálogos e sentimentos furiosos). O capricho estético rendeu ao filme o Oscar de melhor figurino em 1971 e a indicação de melhor trilha sonora (foi indicado também ao Globo de Ouro de melhor trilha e ao Bafta de melhor figurino, além do prêmio de ator para Richard Harris no Festival de Moscou).
Há cenas deslumbrantes de confronto rodadas em locações na Espanha e na Inglaterra, onde se reúnem centenas de figurantes, num espetáculo panorâmico de guerra.
Sério, sensato e com diálogos desafiadores, o filme é uma empolgante aula de História. Não deixe de conferir. No Brasil, sai em DVD pela primeira vez com excelente cópia pela Versátil (a distribuidora apenas omitiu o subtítulo “O homem de ferro”, como antigamente era conhecido). Por Felipe Brida

Cromwell (Idem). Inglaterra, 1970, 140 min. Drama/Guerra. Colorido. Dirigido por Ken Hughes. Distribuição: Versátil. Disponível em DVD.

* Resenha publicada na coluna Middia Cinema, da revista Middia, edição de abril/maio de 2015.

terça-feira, 5 de maio de 2015

Resenha especial


O colecionador


Freddie Clegg (Terence Stamp) é um tímido bancário, que nas horas vagas estuda entomologia. Tem como hobby colecionar borboletas, caçando espécimes em áreas rurais. Seus dias são vazios, até desenvolver estranha fixação por uma jovem, estudiosa em artes, chamada Miranda Grey (Samantha Eggar). Ele então rapta a garota e a aprisiona no porão de uma velha casa de campo, integrando-a em sua coleção particular.

Samantha Eggar e Terence Stamp venceram, com mérito, os prêmios de melhor atriz e ator no Festival de Cannes em 1965 por esse filme perturbador sobre paranoia e solidão, baseado no famoso best seller de John Fowles. Bastante cultuado, o elegante suspense marcou a década de 60, reescreveu o gênero e agora, para deleite dos cinéfilos, chega ao Brasil em DVD, em excelente cópia restaurada pela Versátil.
O diretor William Wyler era mestre em tudo, percorria qualquer gênero, desde épicos (“Ben Hur”), romance (“A princesa e o plebeu”), drama de guerra (“Os melhores anos de nossas vidas”), faroeste (“Da terra nascem os homens”) e, soberbamente, sabia fazer suspense, como o inquestionável “O colecionador”.
Rodado dentro de um decrépito sótão escuro, o trabalho magistral de Wyler se reduz a poucos ambientes e a dois únicos personagens – a história fica afixada no bancário atormentado e em sua nova espécie de coleção, a garota raptada, ambos em busca de respostas existenciais, num jogo intenso de tensão e medo.
De um ponto de vista singular, o suspense serve como um estudo prático da obsessão e do fascínio levado às últimas consequências.
Recebeu três indicações ao Oscar (diretor, atriz para Samantha e roteiro adaptado) e concorreu ainda à Palma de Ouro em Cannes - no Globo de Ouro, Samantha ganhou o prêmio de atriz.
Filme importante da Sétima Arte e obrigatório aos cinéfilos. Por Felipe Brida


O colecionador (The collector). Inglaterra/EUA, 1965, 119 min. Suspense. Colorido. Dirigido por William Wyler. Distribuição: Versátil. Disponível em DVD.