quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Especial de cinema


Último balanço de cinema de 2014

Dando sequência ao post de hoje à tarde sobre os melhores e os piores filmes do ano, fiz também o balanço do número de filmes assistidos ao longo de 2014 - como de praxe, todo dia 31 de dezembro, desde quando iniciei-me na crítica de cinema, em 1997,  rascunho um breve levantamento da quantidade.

Foi um ano bastante "produtivo" para mim: em 2014 atingi a marca de 1043 filmes (longas-metragens) assistidos, sendo 267 produções desse ano e o restante, de anos anteriores (e muitos antigos também), além de ter revisto outros 42 títulos. O total equivale a 2,9 filmes por dia (quase 3 por dia) ou mais de 2,3 mil horas de puro cinema!

Amanhã inicio, empolgado, novo ciclo, o de 2015. E como todo bom cinéfilo e crítico de cinema, esperamos bons filmes na jogada. Voilá!

Por Felipe Brida


Especial de cinema


Balanço dos melhores e piores filmes de 2014, com breves comentários meus.




Melhores de 2014

Clube de compras Dallas – Contundente drama baseado na biografia de Ron Woodroof, HIV positivo que burlou o sistema contrabandeando coquetel para atender pacientes com Aids nos anos 80. Matthew McConaughey e Jared Leto ganharam respectivamente o Oscar de ator e ator coadjuvante, prêmios merecidos. Ambos emagreceram muito (McConaughey está surpreendente e irreconhecível, cadavérico) numa história sobre a luta pela vida e a ajuda aos menos favorecidos. Filme sério, de garra, corajoso e necessário.

12 anos de escravidão – O melhor trabalho para cinema sobre escravidão, vencedor do Oscar de melhor filme esse ano. O martírio de Solomon Northup, escravo alforriado, que forçadamente voltou a ser escravo por mais 12 anos, sofrendo horrores nas mãos dos brancos. Amargo, real, duro, o filme tem um elenco de astros consolidados, como Chiwetel Ejiofor, Michael Fassbender e a vencedora do Oscar Lupita Nyong’o (a triste sequência de tortura de “negro com negro” entrou para a história). Outra obra necessária e importantíssima!

Hoje eu quero voltar sozinho – Um filme brasileiro querido pelo público, sensação do ano e que poderia ter representado o Brasil no Oscar (foi excluído da lista da Academia mês passado). A partir do curta de 2010, “Eu não quero voltar sozinho”, o diretor Daniel Ribeiro estendeu a história de amizade de dois jovens universitários que buscam a independência. Bilheteria número um no Brasil esse filme que é um sopro de vida!

Amantes eternos – Fita cult despretensiosa do americano Jim Jarmusch sobre vampiros estilizados, escondidos na forma de músicos depressivos (Tilda Swinton e Tom Hiddleston). Infelizmente pouca gente ouviu falar e mal passou nos cinemas. Mas anotem na agenda: é o melhor trabalho de Jarmusch (que quase não faz nada), com um elenco extraordinário (Mia Wasikowska também se junta aos vampiros despercebidos) e nada de sangue ou coisas tradicionais dos chupadores de pescoço. Curioso e bem diferente!

Até o fim – Robert Redford preso em alto mar, enfrentando sozinho uma tormenta de águas furiosas! Fita independente de cenário único e fortes emoções. Concorreu ao Oscar de edição de som, e o ator, ao Globo de Ouro numa incessante aventura de um destemido desbravador. Redford, aos 78 anos, está seguro e nos brinda com uma interpretação magnífica.

Sob a pele – Dividiu a crítica e o público o novo filme de ficção científica com terror de Jonathan Glazer, com Scarlett Johansson exibindo o corpão na pele de uma alienígena moderna, que seduz homens de todos os tipos e os leva para outra dimensão. Achei esplêndida a retomado do teor do melhor estilo das ficções científicas dos anos 50, com uma história inusitada. Pena que as pessoas não deram chance - confesso que é esquisito demais para o grande público, por isso a fita cai melhor como cult (fracassou nas bilheterias). Mas é original ao extremo!

No limite do amanhã – Pensem numa fita de ação incrivelmente original. Tom Cruise e Emily Blunt morrem mil vezes para atingir corretamente o alvo nesse sensacional trabalho futurista de Doug Liman (o diretor dos incríveis “Vamos nessa” e “A identidade Bourne”). Prestem atenção desde os primeiros segundos, pois a história é complexa para os que se distraem. Um dos melhores blockbusters do ano!

Apenas uma chance – Encantadora biografia do tenor Paul Potts, o gordinho tímido que passou a vida toda sofrendo bullying e arriscou tudo para mostrar seu talento no Britain's Got Talent. O ator James Corden dá um show nessa co-produção Inglaterra-Estados Unidos. Um charme de filme, lição de vida para muita gente!

Como treinar seu dragão 2 – A franquia alavancou a Dreamworks. Com mérito, pois os dois filmes da série são ótimas pedidas, com histórias nada infantis e personagens adoráveis. Mistura vikings, monstros e dragões (óbvio) numa fábula emocionante. Para meninos e meninas se divertirem de montão!

The rover: A caçada – Excepcional fita de ação para o público adulto, dirigido por um jovem cineasta que vem realizando filmaços, como “Reino animal” (2010), Davi Michod. O sempre ótimo Guy Pearce faz parceria com Robert Pattinson (ainda marcado pela série Crepúsculo, que vem tentando aos poucos se desvencilhar do pavoroso personagem que o consagrou na série teen), num chocante trabalho autoral sobre crime, vingança, acertos e traição. Para pessoas de nervos fortes. Surpreendente!

Capitão América 2: O soldado invernal – Marvel de novo no ranking! Melhor que a primeira parte, Capitão América ganha pela qualidade da produção, efeitos visuais irresistíveis e ação contínua. O personagem, ressuscitado da TV dos anos 80, deu super certo nas telonas, e Chris Evans faz jus ao protagonista. A terceira parte da saga sai em 2016 (com o subtítulo “A guerra civil”). Sucesso de bilheteria. Cinemão de primeira!

Uma aventura Lego – Deliciosa e criativa animação com os brinquedos Lego, numa aventura mágica entre o bem e o mal. Agitado do começo ao fim, agrada criança, adolescentes e adultos. Um dos bons passatempos do ano e que foi sensação nas salas de cinemas do mundo inteiro. Não tem como não gostar!

O homem duplicado – Ninguém entendeu a nova adaptação do escritor português José Saramago para o cinema. Saramago, assim como na maioria de seus livros (Ensaio sobre a cegueira é exemplo formidável) joga o tempo todo com a Semiótica, numa conjectura esquisita de símbolos fortes que mexem com nosso cérebro. E passar isto para as telas é tarefa difícil! E o cineasta canadense Dennis Villeneuve (do ótimo “Os suspeitos”) arriscou firme. Resultado? Um trabalho dos mais intensos, criativos e controversos dos últimos anos, com Jake Gyllenhaal em papel duplo lidando com crise existencial, depressão e obsessão. Ah, e aranhas, muitas aranhas! Assista e se possível veja novamente para acertar os detalhes obscuros! Filmão.

Interestelar – Polarizou a crítica o novo trabalho de Christopher Nolan. Estou do lado dos que veneram seu filme de ficção científica, que é uma viagem ao desconhecido, com um dos nossos bons atores do momento, Matthew McConaughey. Direção de arte, fotografia, efeitos visuais e elenco formidável (Anne Hathaway, Jessica Chastain, Michael Caine, Ellen Burstyn e outros mais) num trabalho sensorial magnífico, só possível graças ao inventivo Nolan (responsável também pelo roteiro). E o filme engana o espectador todo minuto, chegando a uma conclusão estrondosa. Prepare-se para o melhor filme do ano!

A culpa é das estrelas – Emocionou plateias do mundo inteiro essa adaptação do best seller de John Green, que arrastou multidões nos cinemas de 2014. Tocante, terno, humano. Esperava uma indicação ao Globo de Ouro para Shailene Woodley (boa atriz, linda e sempre meiga), mas não foi dessa vez. Todos já sabem da história (a relação de amizade entre dois jovens com câncer) e com certeza a maioria se sensibilizou. Uma das melhores fitas de romance teen da safra.

Garota exemplar – O grande momento da atriz inglesa Rosamund Pike no cinema, num papel controverso, o ponto alto desse filme de mistério e desaparecimento dirigido pelo mestre David Fincher (de “Seven” e “Zodíaco”). Ela recebeu indicação ao Globo de Ouro e deverá ganhar o prêmio (até o Oscar pode render a ela, merecidamente). O ator Ben Affleck, em momento especial da carreira, interpreta um homem na busca incessante pela esposa desaparecida, tentando driblar a mídia que fica no seu encalço. O filme joga com pistas falsas o tempo inteiro e dá uma reviravolta imponente da metade para o final. O público gostou muito e a crítica seguiu a corrente.

O grande hotel Budapeste – Sou fã há tempão de Wes Anderson e seu estilo excêntrico de contar histórias com forte grau fabular e um apanhado de personagens excêntricos que marcam para sempre nosso imaginário. A cada filme Anderson se supera e já pode entrar na lista dos cineastas mais engenhosos a história, com certeza. Aqui, no velho hotel Budapeste tudo pode acontecer – e como realmente tudo acontece, o público se encanta nessa viagem à fictícia República de Zubrowka. O filme tem quatro indicações ao Globo de Ouro e deverá receber outros tantos no Oscar. Como de praxe, Anderson é um artesão na direção de arte estilizada e no elenco de feras, como Ralph Fiennes, F. Murray Abraham, Harvey Keitel e Adrien Brody, por exemplo. Cinéfilos ou não, corram assistir (já saiu em DVD).

Jogos vorazes: A esperança – Parte 1 – Terceiro e último capítulo da franquia “Jogos vorazes”, adaptação do best seller de Suzanne Collins. O melhor até agora, ao lado do anterior, “Em chamas” – e ainda não acabou, pois a parte dois de “A esperança” chegará aos cinemas em novembro de 2015. Eletrizante, repleto de reviravoltas constantes que fogem das tradições de filmes do mesmo teor e um roteiro super bem montado. Quando termina, o público fica enfurecido querendo mais! Jennifer Lawrence sempre acerta (que bom, pois ela é uma atriz firme, além da beleza exótica). Top 10 nas bilheterias do ano.

Alabama Monroe – Recebeu indicação ao Oscar de filme estrangeiro esse ano e deveria ter levado a estatueta (meu preferido era o dinamarquês “A caça”, mas, no final das contas, fiquei feliz pelo prêmio ao respeitável “A grande beleza”). Um filme sobre música e doença, que emociona os menos avisados. Rodado em 2012, só chegou no Brasil no início do ano. A co-produção Bélgica-Holanda merecia melhor acesso do público, pois é um belíssimo trabalho, feito com adoração por um jovem cineasta belga cultuado em sua terra natal, Felix van Groeningen. O final já virou antológico (e reservem lenços de papel!)

Lucy – Luc Besson escreveu e dirigiu essa eletrizante fita francesa de ficção com ação a todo vapor, com a beldade Scarlett Johansson no papel-título, de uma mulher com poderes ultra-humanos, programada para matar. Besson retorna ao tema de “Nikita”, com visão ainda mais caótica da vida modernidade. Entretenimento de primeira, sucesso de bilheteria.

Chef – Divertidíssima comédia gastronômica com o carismático Jon Favreau, que também assina como roteirista e diretor. O filme independente, de baixo orçamento, fala do comportamento empreendedor de um homem desempregado, que lança no mercado um diferenciado trailer de comida. Uma delícia de assistir.

Planeta dos macacos: O confronto – Empolgante do começo ao fim o novo filme de ação da franquia “Planeta dos macacos”. Os macacos tornam-se máquinas inteligentes de guerra, invadem as cidades e criam aglomerados primatas. Para entender melhor assista ao anterior, o ótimo “Planeta dos macacos: A origem”. Nessa continuação nota dez, o diretor Matt Reeves está em seu melhor momento (é dele o descartável “Cloverfield – Monstro” e o remake interessante da fita de vampiros sueca “Deixe ela entrar”, intitulado “Deixe-me entrar”). O público gostou, lotando as salas de cinemas (está no ranking das 15 maiores bilheterias do ano).

Em busca de Iara – Um dos bons documentários brasileiros do ano, sobre a trajetória da guerrilheira Iara Iavelberg, esposa de Lamarca, a partir de depoimentos de familiares e amigos. Investigativo, a obra faz um recorte de um período importante da História do Brasil.

X-Men: Dias de um futuro esquecido – Nova aventura dos X-Men, de tirar o fôlego. Fico surpreso a cada filme da franquia (exceto pelos fracos trabalhos paralelos da série, no caso os de Wolverine), e aqui eles viajam no tempo para impedir um caos alarmante. Os principais personagens continuam (na pele dos mesmos atores e atrizes) e outros retornam com vigor e excelência. Acertaram em cheio. Para fã nenhum botar defeito! Também manteve bilheteria arrasadora (sinal que há público fiel para as aventuras de Magneto, Wolverine e a turma da Marvel).

O time de 92 – Excelente documentário inglês que não passou nos cinemas brasileiros e chegou diretamente em home vídeo pela Universal. Conta a árdua trajetória dos seis jogadores do Manchester para chegar ao estrelato nos campos, em 1991/1992 - Beckham, Butt, os dois Neville, Giggs e Scholes. Um retrato íntimo e saudosista, com edição primorosa, sobre o futebol inglês. Para fãs do esporte.

O abutre – Soberbo trabalho de Jak Gyllenhaal que emagreceu nove quilos para interpretar um cinegrafista amador que ultrapassa os limites da ética para obter imagens exclusivas de acidentes nas noites de Los Angeles. Filme cruel sobre os bastidores da mídia sensacionalista. Rene Russo volta com tudo, e Jake recebeu indicação ao Globo de Ouro (indícios de Oscar no ar).

Operação Big Hero – Dobradinha da Disney e Marvel, perfeita investida para o final do ano, que vem dando certo (o filme está nas salas de cinema do mundo todo desde o dia 24 de dezembro, e a bilheteria ultrapassa a marca de U$ 250 milhões). Um robô apaixonante aliado a super-heróis infalíveis lutam contra um maldoso vilão que quer dominar a ciência. A poderosa Disney sabe como cativar o público. Uma joia vibrante para crianças, adolescentes e adultos! Indicado ao Globo de Ouro de animação, deverá receber indicação ao Oscar (e até ganhar).

Malévola – Disney acertou em cheio novamente. A “biografia” da bruxa Malévola, do conto de “A bela adormecida”, mostrando o lado frágil da mulher que há por trás da famosa vilã. Rebuscado na direção de arte sombria, o filme deixa Angelina Jolie à vontade nesse trabalho diferenciado de sua carreira. Conheça o outro lado de Malévola na super-produção campeã de bilheteria de 2014!

Quando eu era vivo – Marco Dutra, de novo, cria um clima sombrio e agoniante para narrar a história de um homem que volta para a casa do pai e lá vasculha o misterioso passado da família, cujos membros estão mortos há tempo. A cantora Sandy e os atores Antônio Fagundes e Marat Descartes formam um elenco de primeira, com direito a um final assustador e memorável. É um complemente da obra anterior do diretor, “Trabalhar cansa” (2011), nos mesmos moldes de tensão.

Viva a liberdade – O astro italiano Toni Servillo, de “A grande beleza”, interpreta papel duplo de dois irmãos de comportamento opostos nessa autêntica comédia dramática sobre o mundo da política. Irônico, o filme, altamente questionador, critica a situação política e econômica da Itália contemporânea. Brilhante!


Piores de 2014

Oldboy: Dias de vingança – Vem Spike Lee para rodar o remake do excepcional coreano “Oldboy”, dez anos depois da obra-prima de Chan-wook Park. O que virou? Falha desmedida! Josh Brolin (ora acerta, ora cai em desgraça – como aqui) americanizou o vingativo protagonista e centralizou as ações num barril de situações grosseiras. O fiel mangá, de onde o filme original saiu, transformou-se numa fitinha medíocre, de um diretor que já teve seus tempos áureos. Antiquado, antipático, rasteiro.

À procura – O diretor egípcio (mas naturalizado canadense) Atom Egoyan já foi indicado ao Oscar duas vezes e a seis Palmas de Ouro em Cannes, porém no último ano errou a mão em duas ocasiões, com duas fitinhas ralés de suspense: este banal “À procura” (que incrivelmente foi indicado à Palma em Cannes) e outro tão ingrato quanto, “Sem evidências” (2013, que tinha no elenco Colin Firth e Reese Witherspoon). Um thriller sobre desaparecimento meia-boca, com Ryan Reynolds, que poderia ter sido dirigido pelo pior cineasta do mundo, mas não Egoyan. Seu brilhantismo ficou no passado com “Exótica” (1994) e “O doce amanhã” (1997).

A marca do medo – Filme de fantasma de quinta categoria, fora de padrão e sem energia. O lance inicial era bom, porém o desenrolar é penoso. Aqui é possível sentir na pele como um diretor incapaz pode destruir a história em mil pedacinhos. Fuja, fuja!

Frankenstein: Entre anjos e demônios – Deus do céu, quanta besteira reunida num filme só! Frankenstein criou músculos e virou super-herói imbatível, com capa e arma (tudo bem, existe a graphic novel, origem desse projeto, só que para cinema ficou tão besta e irregular... melhor teria ficado só no papel). Aaron Eckart bateu fora do bumbo ao aceitar o trabalho, só pode. A estética é feia, os efeitos visuais, tenebrosos de ruim – e ainda por cima o público foi enganado, pois o filme foi bem de bilheteria. Não há desculpas!

Um conto do destino – Tinha tudo para dar certo a tão aguardada estreia na direção do genial roteirista Akiva Goldsman, vencedor do Oscar por “Uma mente brilhante” (2001) e que escreveu a história de bons filmes, como “O cliente” (1994) e “Tempo de matar” (1996). Contou mal o conto de milagres e reencarnação, com uma confusão de vai e vem na história de anjos e demônios divagando numa Nova York antiga. Colin Farrell é PhD em como estragar um filme!

Atividade paranormal: Marcados para o mal – Perdi as contas das continuações da franquia mais repetitiva de todos os tempos, sem contar os filmes que nasceram paralelos (este é um intermediário entre o quarto capítulo, de 2012, e o quinto, que sairá em 2015). Nada se renova, nada se transforma. Mais manifestações fantasmagóricas, agora atazanando outro grupo de jovens com câmeras na mão (eles gravam as imagens assustadoras. Assustadoras?). Parece que o público teen (cada vez menos exigente) gostou, pois foi em pesa lotar as salas americanas e brasileiras. Sai de retro!

Muita calma nessa hora 2 – Outro filme brasileiro de dar dó, repetitivo, com um time de humoristas queridinhos por aqui (Adnet, Mazzeo, Lúcio Mauro Filho, Heloisa Perissé). Como tem se tornado habito, o roteiro das comédias escrachadas nacionais sofrem de falta de criatividade, partindo de esquetes cansativas e piadinhas que enchem o saco. Teve bilheteria boa (mais de um milhão de espectadores), mas nada justifica o erro crasso em termos de cinema.

Inatividade paranormal 2 – Asquerosa paródia de fitas recentes de terror (Annabelle, Invocação do mal e o próprio Atividade paranormal), escrita, produzida e protagonizada pelo incorrigível Marlon Wayans. Incompetente em tudo que faz, o ator grita sem parar, dá chiliques com caretas infelizes e chega ao cúmulo de fazer sexo com a boneca Annabelle. Pavoroso!

Aviões 2: Heróis do fogo ao resgate – A poderosa Disney desliza nessa fitinha corriqueira para crianças, continuação sem efeito do anterior, o fraquíssimo “Aviões” (2013). Parte dos personagens (os “Carros” com asas) retorna sem brilho numa aventura fajuta (ou melhor, como se tratam de máquinas voadoras, uma aventura enferrujada!).

Rolou uma química – Não dá para aceitar uma comédia politicamente incorreta desse naipe, numa história furada conduzida por dois personagens infiéis (os exagerados Sam Rockwell e Olivia Wilde), que usam e abusam de drogas manipuladas em laboratório. Eles se desfazem dos laços familiares para curtirem uma vida a dois cheia de extravagância e libertária. Jane Fonda, coitada, aparece numa ponta rápida como ela mesma, brincando com piada de sexo. Uma tristeza...


Tarzan 3D: A evolução da lenda – Triste investida da Alemanha na computação gráfica, na concepção de um Tarzan desmotivado, perseguido por caçadores na selva. Banal, não se compara à animação da Disney “Tarzan” (1999), vencedora do Oscar de melhor canção. Feito em 3D, fracassou nas bilheterias.

POR FELIPE BRIDA

sábado, 20 de dezembro de 2014

Nota de cinema



Não foi dessa vez!
O filme brasileiro "Hoje Eu Quero Voltar Sozinho", do diretor Daniel Ribeiro, ficou fora da lista das produções que irão disputar o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2015. A informação foi divulgada ontem pela Academia de Hollywood.
PS: Gostei muito do filme (tanto que assisti duas vezes), uma obra sensível, bem feita, uma história de amizade tocante, porém desacreditei que receberia uma indicação. Dito e feito, infelizmente. Por Felipe Brida

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Morre a atriz italiana Virna Lisi



RIP: Virna Lisi (1936-2014)
Atriz italiana faleceu hoje aos 78 anos. Causa da morte não foi divulgada.
Musa do cinema italiano, atuou em 80 filmes, dentre eles As portas do inferno (1959), Eva (1962), A tulipa negra (1964), Como matar sua esposa (1965), As bonecas (1965), Casanova 70 (1965), Confusões à italiana (1966), A serpente (1973) e A rainha Margot (1994), pelo qual ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes.
A atriz era viúva e deixa um filho. Por Felipe Brida

quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

Cine Lançamento


Sangue e honra: Batalha dos clãs

Inglaterra, século XIII. Os cavaleiros templários sobreviventes do cerco do castelo Rochester lutam para proteger o clã de uma invasão de guerreiros celtas.

Saiu direto em home video pela Paramount Pictures essa interessante continuação da aventura “Sangue e honra” (2011) - produção caprichada de batalhas medievais na Inglaterra, que tinha no elenco nomes famosos do cinema, como Paul Giamatti, Brian Cox, Derek Jacobi, Charles Dance e Jason Flemyng. Agora, no segundo capítulo da saga épica, dirigido pelo mesmo Jonathan English, especialista em fitas de mitologia de orçamento reduzido, os cavaleiros templários montam uma barricada no castelo Rochester para proteger os sobreviventes do sangrento cerco narrado na história anterior. Vindos de terras longínquas, os celtas, em numeroso grupo, preparam um ataque para tomar posse da área do pujante castelo, às margens do rio Medway, em Kent.
Todo rodado em estúdios na Sérvia, o filme, caprichado nas cenas de batalha (sangrentas) e eficiente no roteiro (só não tem elenco conhecido como no primeiro), trata com cuidado o contexto histórico, importante na história da Inglaterra (os cercos de 1215 e de 1264 existiram, assim como as invasões bárbaras, que assolaram parte do território britânico)
Já em DVD, a fita é adequada aos historiadores e aos que curtem uma boa história sobre os templários e sobre a Idade Média em geral. Por Felipe Brida


Sangue e honra: Batalha dos clãs (Ironclad: Battle for blood). Inglaterra/Sérvia, 2014, 107 min. Ação/Aventura. Dirigido por Jonathan English. Distribuição: Paramount

segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

Nota de Cinema



Em fevereiro, a Versátil programa um super lançamento aos cinéfilos: box especial "O CINEMA DE ALFRED HITCHCOCK", com seis filmes restaurados do mestre do suspense - dois da fase inglesa (a primeira versão de "O homem que sabia demais" e "Os 39 degraus") e quatro do início da fase americana, que são "Rebecca, a mulher inesquecível" (vencedor do Oscar de melhor filme), "Correspondente estrangeiro", "Quando fala o coração" (um de meus preferidos dele) e "Interlúdio". Com selo exclusivo da Livraria Cultura. Vamos aguardar!


quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Notícia de cinema


GLOBO DE OURO 2015

A corrida para o Oscar 2015 já começou com fôlego total! Ontem foram anunciados os indicados ao Screen Actors Guild (SAG), o prêmio do Sindicato dos Atores de Hollywood. E hoje pela manhã saiu a lista dos indicados ao Globo de Ouro, divulgada pela Associação de Imprensa Estrangeira de Hollywood.
A comédia dramática "Birdman" lidera com sete indicações, seguida de "Boyhood - Da infância à juventude" e "O jogo da imitação", ambos com cinco.
O Globo de Ouro será no dia 11 de janeiro, apresentado novamente pelas atrizes Tina Fey e Amy Poehler. E na edição de 2015, o ator, diretor e produtor George Clooney receberá o prêmio honorário Cecil B. DeMille, pela carreira.
Veja abaixo a lista completa dos indicados ao Globo de Ouro.



Melhor filme de drama
"Boyhood - Da Infância à Juventude"
"Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo"
"O Jogo da Imitação"
"Selma"
"A Teoria de Tudo"

Melhor filme de comédia ou musical
"Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)"
"O Grande Hotel Budapeste"
"Caminhos da Floresta"
"Pride"
"Um Santo Vizinho"

Melhor diretor
Alejandro González Iñárritu ("Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)")
Wes Anderson ("O Grande Hotel Budapeste")
Ava DuVernay ("Selma")
David Fincher ("Garota Exemplar")
Richard Linklater ("Boyhood - Da Infância à Juventude")

Melhor ator de drama
Steve Carell ("Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo")
Benedict Cumberbatch ("O Jogo da Imitação")
Jake Gyllenhaal ("O Abutre")
David Oyelowo ("Selma")
Eddie Redmayne ("A Teoria de Tudo")

Melhor ator de comédia ou musical
Ralph Fiennes ("O Grande Hotel Budapeste")
Michael Keaton ("Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)")
Bill Murray ("Um Santo Vizinho")
Joaquin Phoenix ("Vício Inerente")
Christoph Waltz ("Grandes Olhos")

Melhor atriz em drama
Jennifer Aniston, "Cake"
Felicity Jones, "A Teoria de Tudo"
Julianne Moore, "Still Alice"
Rosamund Pike, "Garota Exemplar"
Reese Witherspoon, "Livre"

Melhor atriz de comédia e musical
Amy Adams ("Grandes Olhos")
Emily Blunt ("Caminhos da Floresta")
Helen Mirren ("A 100 Passos de Um Sonho")
Julianne Moore ("Mapa para as Estrelas")
Quevenshane Wallis ("Annie")

Melhor ator coadjuvante
Robert Duvall ("O Juiz")
Ethan Hawke ("Boyhood - Da Infância à Juventude")
Edward Norton ("Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)")
Mark Ruffalo ("Foxcatcher: Uma História que Chocou o Mundo")
J.K. Simmons ("Whiplash: Em Busca da Perfeição")

Melhor atriz coadjuvante
Patricia Arquette, "Boyhood - Da Infância à Juventude"
Keira Knightley, "O Jogo da Imitação"
Emma Stone, "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)"
Meryl Streep, "Caminhos da Floresta"
Jessica Chastain, "O ano mais violento"

Melhor animação
"Operação Big Hero"
"Festa no Céu"
"Os Boxtrolls"
"Como Treinar o seu Dragão 2"
"Uma Aventura Lego"

Melhor roteiro
Wes Anderson, "O Grande Hotel Budapeste"
Gillian Flynn, "Garota Exemplar"
Alejandro González Inarritu, Nicolas Giacobone, Alexander Dinelaris Jr., "Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)"
Richard Linklater, "Boyhood - Da Infância à Juventude"
Graham Moore, "O Jogo da Imitação"

Melhor Filme Estrangeiro
"Força Maior" (Suécia)
"Gett: The Trial of Viviane Amsalem" (França)
"Ida" (Polônia)
"Leviatã" (Rússia)
"Tangerines" (Estônia)

Melhor canção
"Big Eyes" - "Grandes Olhos" (Lana Del Rey)
"Glory" - "Selma" (John Legend, Common)
"Mercy Is" - "Noé" (Patty Smith, Lenny Kaye)
"Opportunity" - "Annie"
"Yellow Flicker Beat" - "Jogos Vorazes: A Esperança - Parte 1" (Lorde)

Melhor trilha sonora
"O Jogo da Imitação" - Alexandre Desplat
"A Teoria de Tudo" - Jóhann Jóhannsson
"Garota Exemplar" - Trent Reznor
"Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)" - Antonio Sanchez
"Interestelar" - Hans Zimmer


TV
Melhor série de TV – Drama
"The affair"
"Downton Abbey"
"Game of thrones"
"The good wife"
"House of cards"

Melhor série de TV – Musical ou comédia
"Girls"
"Jane the virgin"
"Orange is the new black"
"Silicon valley"
"Transparent"

Melhor atriz em série de TV – Drama
Claire Danes ("Homeland")
Viola Davis ("How to get away with murder")
Julianna Margulies ("The good wife")
Ruth Wilson ("The affair")
Robin Wright ("House of cards")

Melhor ator em série de TV – Drama
Clive Owen ("The Knick")
Liev Schreiber ("Ray Donovan")
Kevin Spacey ("House of cards")
James Spader ("The blacklist")
Dominic West ("The affair")

Melhor atriz em série de TV – Comédia ou musical
Lena Dunham ("Girls")
Edie Falco ("Nurse Jackie")
Julia Louis-Dreyfus ("veep")
Gina Rodriguez ("Jane the virgin")
Taylor Schilling ("Orange is the new black")

Melhor ator em série TV – Comédia ou musical
Louis C.K. ("Louie")
Don Cheadle ("House of lies")
Ricky Gervais ("Derek")
William H. Macy ("Shameless")
Jeffrey Tambor ("Transparent")

Melhor minissérie ou filme para TV
"Fargo"
"The Missing"
"The normal heart"
"Olive Kitteridge"
"True detective"

Melhor atriz em minissérie ou filme para a TV
Maggie Gyllenhaal ("The honorable woman")
Jessica Lange ("American horror story")
Frances Mcdormand ("Olive Kitteridge")
Frances O'Connor ("The missing")
Allison Tolman ("Fargo")

Melhor ator em minissérie ou filme para a TV
Martin Freeman ("Fargo")
Woody Harrelson ("True detective")
Matthew McConaughey ("True detective")
Mark Ruffalo ("The normal heart")
Bob Thornton ("Fargo")

Melhor atriz coadjuvante em série, minissérie ou filme para TV
Uzo Aduba ("Orange is the new black")
Kathy Bates ("American horror story")
Joanne Froggatt ("Downton Abbey")
Allison Janney ("Mom")
Michelle Monaghan ("True detective")

Melhor ator coadjuvante em série, minissérie ou filme para a TV
Matt Bomer ("The normal heart")
Alan Cumming ("The good wife")
Colin Hanks ("Fargo")
Bill Murray ("Olive Kitteridge")
Jon Voight ("Ray Donovan")

quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

Especial de cinema


O Sindicato dos Atores de Hollywood (Screen Actors Guild) divulgou hoje a lista dos indicados ao SAG 2015. Nomes importantes do cinema estão na relação, como o veterano Robert Duvall e as premiadas Meryl Streep e Julianne Moore, enquanto os da nova geração prometem surpreender o grande público, como Rosamund Pike e Eddie Redmayne.
Estão apenas começando os preparativos para a temporada de premiação do cinema para o próximo ano. E também se inicia a corrida para o Oscar 2015.
Confira abaixo os indicados ao SAG 2015.



MELHOR ELENCO

Birdman
Boyhood - Da Infância à Juventude
O Grande Hotel Budapeste
O Jogo da Imitação
A Teoria de Tudo

MELHOR ATOR

Benedict Cumberbatch (O Jogo da Imitação)
Eddie Redmayne (A Teoria de Tudo)
Jake Gyllenhaal (O Abutre)
Michael Keaton (Birdman)
Steve Carell (Foxcatcher - Uma História Que Chocou o Mundo)

MELHOR ATRIZ

Felicity Jones (A Teoria de Tudo)
Jennifer Aniston (Cake)
Julianne Moore (Para Sempre Alice)
Reese Witherspoon (Livre)
Rosamund Pike (Garota Exemplar)

MELHOR ATOR COADJUVANTE

Edward Norton (Birdman)
Ethan Hawke (Boyhood - Da Infância à Juventude)
J.K. Simmons (Whiplash - Em Busca da Perfeição)
Mark Ruffalo (Foxcatcher - Uma História Que Chocou o Mundo)
Robert Duvall (O Juiz)

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE

Emma Stone (Birdman)
Keira Knightley (O Jogo da Imitação)
Meryl Streep (Caminhos da Floresta)
Naomi Watts (Um Santo Vizinho)
Patricia Arquette (Boyhood - Da Infância à Juventude)

MELHOR EQUIPE DE DUBLÊS

Corações de Ferro
Invencível
James Brown
O Hobbit: A Batalha dos Cinco Exércitos

X-Men: Dias de Um Futuro Esquecido

Resenha Especial



Lady Snowblood: Vingança na neve

No Japão da Era Meiji, na metade do século XIX, a garota Yuki (Meiko Kaji) cresce com um plano em mente: vingar a morte da mãe, assassinada por um perigoso clã. Seguindo a tradição samurai, ela se transforma em um instrumento de morte e vendeta.

Mais uma joia rara do cinema cult japonês recém-lançado em DVD no Brasil (perla Versatil), que reinventa o chambara (fitas tradicionais de samurais, com histórias de vingança) ao personificar uma mulher no papel comumente assumido por homens. Yuki, uma jovem predestinada a vingar o brutal assassinato da mãe, assume a identidade de assassina sem piedade, disposta a tudo para concluir seu desafio supremo.
O pano de fundo de ambos os filmes é o Japão na Era Meiji, da metade para o final do século XIX, em plena época de transformação cultural e social no país, com a passagem do período feudal para a modernização.
Estilizado com cores assustadoramente vivas e muito sangue jorrando, influenciou o cineasta Quentin Tarantino em uma de suas obra-primas, “Kill Bill” (volumes 1 e 2). Aliás, esse original “Lady Snowblood” também se apresenta em duas partes – a sequência, “Lady Snowblood: Uma canção de amor e vingança" (1974), é inferior, mas bem interessante e igualmente violenta, lançada no mesmo digistack em uma cópia restaurada de qualidade ímpar – ambas foram dirigidas por Toshiya Fujita, baseadas no furioso mangá homônimo de Kazuo Koike.
Com jogadas de câmeras obtusas, com planos ousados e sequências desafiadoras, o cult japonês “Lady Snowblood” merece agora ser descoberto em DVD. Não deixe de conhecer! Por Felipe Brida

Lady Snowblood: Vingança na neve (Shurayukihime). Japão, 1973, 97 min. Ação. Colorido. Dirigido por Toshiya Fujita. Distribuição: Versátil. Disponível em DVD.

* Publicado na coluna Middia Cinema, da revista Middia, assinada por mim. Edição de novembro-dezembro de 2014.

Morre a atriz Mary Ann Mobley


Faleceu ontem em Los Angeles aos 75 anos a atriz Mary Ann Mobley, após longo tratamento contra um câncer de mama.
Nascida em 17 de fevereiro de 1939 em Biloxi, Mississipi, foi Miss Mississipi em 1958 e Miss America em 1959 antes da carreira como atriz.
Estreou no cinema aos 25 anos no filme Turma Bossa Nova (1964) e até o final da década atuou em cerca de 10 produções, como, Louco por garotas e Feriado no harém (ambos de 1965, ao lado de Elvis Presley nos dois filmes), Eu sou Dillinger (1965), Três em um sofá (1966), O pirata do rei (1967) e Os bravos nunca morrem (1968).
A partir da década de 70, firmou carreira na televisão, participando de inúmeros seriados famosos, como Missão impossível, A família Dó-Ré-Mi, O jogo perigoso do amor, A ilha da fantasia, O barco do amor, Arnold e Falcon Crest.
Foi casada com o ator Gary Collins de 1967 a 2012 (quando ele faleceu), deixando uma filha, Clancy Collins White, atual executiva da Paramount. Por Felipe Brida

terça-feira, 9 de dezembro de 2014

Resenha especial



Um lance no escuro

Ex-jogador de futebol americano, Harry Moseby (Gene Hackman) trabalha agora como detetive particular. Aceita investigar um caso complexo, envolvendo o desparecimento da filha de uma atriz decadente de Hollywood. Ele acredita que a jovem está viva, e pistas levam o investigador para a Flórida, onde irá se confrontar com um intrínseco quebra-cabeça.

Felizmente a Versátil teve a ideia de lançar em DVD no Brasil esse importante neo-noir dirigido pelo mestre Arthur Penn, com todos os elementos essenciais do gênero, como o protagonista confuso em meio a histórias mal explicadas, pistas falsas, mulheres com comportamento suspeito, trilhas ambíguas e fotografia escura (sem contar o desfecho soberbo no mar, com tom trágico).
Gene Hackman, na fase áurea da carreira, recebeu indicação ao Bafta de melhor ator, juntamente com outro policial, “Operação França II”, e está excelente no papel central, do ex-jogador que agora é um detetive incansável em casos difíceis.
O roteiro engenhoso do falecido Alan Sharp (de fitas de espionagem como “O casal Osterman” e faroestes com pegada lírica, como “Matando sem compaixão”, “Pistoleiro sem destino” e “A vingança de Ulzana”) faz o protagonista trilhar por caminhos tortuosos desde o início da investigação do desparecimento de uma mulher até o derradeiro final, abrupto e fora das tradições cinematográficas.
Como todo bom noir, o cheiro de tragédia ronda cena a cena, atraindo os personagens (em especial o central) para as armadilhas do destino. É um filmão brilhante, sem concessão, prato cheio para os fãs de policial investigativo.
Conta com participações rápidas de atores em início de carreira, como James Woods e Melanie Griffith. Já em DVD. Por Felipe Brida

Um lance no escuro (Night moves). EUA, 1975, 100 min. Policial/Drama. Colorido. Dirigido por Arthur Penn. Distribuição: Versátil. Disponível em DVD.

* Publicação na coluna Middia Cinema, da revista Middia, assinada por mim. Edição de novembro-dezembro de 2014.

sábado, 6 de dezembro de 2014

Morre aos 60 anos a atriz brasileira Lucy Mafra


Faleceu ontem no Rio, aos 60 anos, a atriz carioca Lucy Mafra. Ela estava internada desde semana passada no Hospital de Vassouras. 
Atuante no cinema, no teatro e na TV brasileira desde o final dos anos 70, participou de importantes novelas, como Água viva (1980), Partido alto (1984), Pátria minha (1994), A próxima vítima (1995), Quem é você? (1996), Por amor (1997), O clone (2001), Chocolate com pimenta (2003), Kubanacan (2003), Senhora do destino (2005) e América (2005), além dos seriados Engraçadinha... Seus amores e seus pecados (1995), Sandy & Junior (1999) e Malhação (2000). Trabalhou ainda no humorístico Escolinha do Professor Raimundo (anos 90) e nos filmes Os amores da pantera (1977), O cortiço (1978), Eu matei Lúcio Flávio (1979) e Gabriela, Cravo e Canela (1983).
Estava afastada da TV desde 2005 (após um mal entendido envolvendo um furto nos bastidores da novela "América"). Há 35 anos dedicava-se ao famoso grupo de teatro de rua carioca "Tá na rua", idealizado por ela junto de Amir Haddad. Por Felipe Brida