Departamento Q: O ausente
O
detetive Carl (Nikolaj Lie Kaas) e seu assistente Assad (Fares Fares) resgatam,
no Departamento Q, um caso arquivado de 20 anos atrás, de dois irmãos gêmeos
que foram assassinados numa casa de veraneio. Pistas apontavam para estudantes
da alta sociedade como responsáveis pelo crime, porém o caso foi encerrado
quando um misterioso homem foi preso ao assumir a culpa. Desconfiados de algo a
mais, Carl e Assad iniciam uma ampla investigação para descobrir a verdade por
trás do crime.
Um
bom thriller de investigação dinamarquês, co-produção Alemanha e Suécia, que é
segundo filme de uma trilogia policial lançada em DVD no Brasil pela Paramount
(somente a terceira parte não saiu por aqui). Adaptado da série de livros de
Jussi Adler-Olsen, assim como o primeiro este obteve enorme sucesso de público
na Escandinávia, tendo a produção assinada pela Zentropa, de Lars Von Trier.
O
diretor Mikkel Nørgaard retorna trazendo novamente para o elenco a ótima dupla
do filme anterior, Nikolaj Lie Kaas (de "Os idiotas" e “Brothers”) e
Fares Fares (de "A hora mais escura" e “Protegendo o inimigo”). Eles
interpretam dois investigadores que atuam num departamento de causas perdidas,
cujo trabalho é reler casos arquivados para descobrir pistas deixadas para
trás. Carl, no primeiro filme (intitulado “Departamento Q: Guardiões das causas
perdidas”, de 2013), sobreviveu a um atentado, e logo ao assumir o novo posto
no obscuro setor pegou uma investigação complexa, que envolvia o
desaparecimento de uma renomada política. Neste segundo capítulo, a tensão será
maior, quando investigará um duplo homicídio. A suspeita é que os criminosos
ainda estejam soltos.
Preste
atenção em cada detalhe para compreender a trama policial, bem amarrada e que é
de tirar o fôlego.
Do
roteirista indicado ao Bafta Nikolaj Arcel, diretor de “O amante da rainha”
(2012), o filme contempla lindas paisagens geladas da Escandinávia, com as
qualidades do cinema dinamarquês: pouca trilha sonora, fotografia escura e
personagens dúbios e frios.
Departamento Q: O ausente (Fasandræberne). Dinamarca/ Alemanha/
Suécia, 2014, 119 min. Ação/Policial. Dirigido por Mikkel Nørgaard.
Distribuição: Paramount Pictures
Manchester à beira-mar
O
solitário zelador Lee Chandler (Casey Affleck) perde o irmão repentinamente.
Chamado às pressas para o funeral, segue viagem para a antiga cidade onde
morava, Manchester-by-the-sea. Lá recebe a notícia que o sobrinho adolescente,
Patrick (Lucas Hedges), ficará sob sua tutela, o que o deixa perplexo. Chandler
também terá de lidar com um triste trauma do passado, que o fez se separar da
esposa, Randi (Michelle Williams), e da comunidade onde foi criado.
Poderoso
drama com desfecho melancólico escrito e dirigido por Kenneth Lonergan, que
venceu o Oscar de melhor ator, para Casey Affleck (seu melhor trabalho) e o de
roteiro original - e ainda recebeu, em 2017, indicação a outros quatro prêmios:
melhor filme, diretor, atriz coadjuvante para Michelle Williams e ator
coadjuvante, Lucas Hedges. Com bastante diálogo, o filme é todo estruturado em
uma história de tragédias humanas, em que um homem simples e calado que perdeu
tudo tem de lutar contra seu amargo passado ao revisitar a cidade natal. Sua
rotina se transformará drasticamente quando assume a guarda do filho do irmão
morto, e frente à nova situação, ambos os personagens irão reconstruir suas
vidas partidas. Trata de questões indeléveis do ser humano: o tempo, a memória
e as perdas, de forma soturna e às vezes dura.
O
elenco brilha com Casey Affleck no melhor momento da carreira (olha que nunca
fui fã dele, que é o irmão mais novo de Ben Affleck, mas aqui realiza um
trabalho digno e humano), Michelle Williams aparece pouco, em flashbacks, mas
explode numa interpretação magnífica nos momentos finais, e o jovem Lucas
Hedges está correto nos momentos equilibrados entre drama e humor.
Com
uma trilha sonora precisa, o filme guarda surpresas, é um dramalhão para
público adulto, de narrativa lenta, que permite que afloremos nossas emoções.
Rodado
na verdadeira Manchester-by-the-Sea, cidadezinha de lindas praias e marinas no
estado de Massachusetts, custou U$ 8,5 milhões (ou seja, uma fita independente)
e foi produzido pelos atores John Krasinski e Matt Damon - amigo pessoal de Ben
Affleck e foi o primeiro cotado para dirigir o filme.
Terceira
obra do diretor e roteirista Kenneth Lonergan, que realiza um trabalho de
autor. Antes ele fez o bom “Conte comigo” (2000, com duas indicações ao Oscar –
roteiro e atriz para Laura Linney) e depois o pouco visto “Margaret” (2011, com
Anna Paquin).
Além
do Oscar, “Manchester à beira-mar” ganhou as principais premiações da
temporada, como Globo de Ouro, SAG e Bafta, participando ainda em 230
categorias de mais de 60 festivais, ou seja, um filme de indiscutível
repercussão.
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