segunda-feira, 8 de abril de 2019

Resenhas Especiais


Departamento Q: O ausente

O detetive Carl (Nikolaj Lie Kaas) e seu assistente Assad (Fares Fares) resgatam, no Departamento Q, um caso arquivado de 20 anos atrás, de dois irmãos gêmeos que foram assassinados numa casa de veraneio. Pistas apontavam para estudantes da alta sociedade como responsáveis pelo crime, porém o caso foi encerrado quando um misterioso homem foi preso ao assumir a culpa. Desconfiados de algo a mais, Carl e Assad iniciam uma ampla investigação para descobrir a verdade por trás do crime.

Um bom thriller de investigação dinamarquês, co-produção Alemanha e Suécia, que é segundo filme de uma trilogia policial lançada em DVD no Brasil pela Paramount (somente a terceira parte não saiu por aqui). Adaptado da série de livros de Jussi Adler-Olsen, assim como o primeiro este obteve enorme sucesso de público na Escandinávia, tendo a produção assinada pela Zentropa, de Lars Von Trier.
O diretor Mikkel Nørgaard retorna trazendo novamente para o elenco a ótima dupla do filme anterior, Nikolaj Lie Kaas (de "Os idiotas" e “Brothers”) e Fares Fares (de "A hora mais escura" e “Protegendo o inimigo”). Eles interpretam dois investigadores que atuam num departamento de causas perdidas, cujo trabalho é reler casos arquivados para descobrir pistas deixadas para trás. Carl, no primeiro filme (intitulado “Departamento Q: Guardiões das causas perdidas”, de 2013), sobreviveu a um atentado, e logo ao assumir o novo posto no obscuro setor pegou uma investigação complexa, que envolvia o desaparecimento de uma renomada política. Neste segundo capítulo, a tensão será maior, quando investigará um duplo homicídio. A suspeita é que os criminosos ainda estejam soltos.

Preste atenção em cada detalhe para compreender a trama policial, bem amarrada e que é de tirar o fôlego.
Do roteirista indicado ao Bafta Nikolaj Arcel, diretor de “O amante da rainha” (2012), o filme contempla lindas paisagens geladas da Escandinávia, com as qualidades do cinema dinamarquês: pouca trilha sonora, fotografia escura e personagens dúbios e frios.

Departamento Q: O ausente (Fasandræberne). Dinamarca/ Alemanha/ Suécia, 2014, 119 min. Ação/Policial. Dirigido por Mikkel Nørgaard. Distribuição: Paramount Pictures


Manchester à beira-mar

O solitário zelador Lee Chandler (Casey Affleck) perde o irmão repentinamente. Chamado às pressas para o funeral, segue viagem para a antiga cidade onde morava, Manchester-by-the-sea. Lá recebe a notícia que o sobrinho adolescente, Patrick (Lucas Hedges), ficará sob sua tutela, o que o deixa perplexo. Chandler também terá de lidar com um triste trauma do passado, que o fez se separar da esposa, Randi (Michelle Williams), e da comunidade onde foi criado.

Poderoso drama com desfecho melancólico escrito e dirigido por Kenneth Lonergan, que venceu o Oscar de melhor ator, para Casey Affleck (seu melhor trabalho) e o de roteiro original - e ainda recebeu, em 2017, indicação a outros quatro prêmios: melhor filme, diretor, atriz coadjuvante para Michelle Williams e ator coadjuvante, Lucas Hedges. Com bastante diálogo, o filme é todo estruturado em uma história de tragédias humanas, em que um homem simples e calado que perdeu tudo tem de lutar contra seu amargo passado ao revisitar a cidade natal. Sua rotina se transformará drasticamente quando assume a guarda do filho do irmão morto, e frente à nova situação, ambos os personagens irão reconstruir suas vidas partidas. Trata de questões indeléveis do ser humano: o tempo, a memória e as perdas, de forma soturna e às vezes dura.
O elenco brilha com Casey Affleck no melhor momento da carreira (olha que nunca fui fã dele, que é o irmão mais novo de Ben Affleck, mas aqui realiza um trabalho digno e humano), Michelle Williams aparece pouco, em flashbacks, mas explode numa interpretação magnífica nos momentos finais, e o jovem Lucas Hedges está correto nos momentos equilibrados entre drama e humor.


Com uma trilha sonora precisa, o filme guarda surpresas, é um dramalhão para público adulto, de narrativa lenta, que permite que afloremos nossas emoções.
Rodado na verdadeira Manchester-by-the-Sea, cidadezinha de lindas praias e marinas no estado de Massachusetts, custou U$ 8,5 milhões (ou seja, uma fita independente) e foi produzido pelos atores John Krasinski e Matt Damon - amigo pessoal de Ben Affleck e foi o primeiro cotado para dirigir o filme.
Terceira obra do diretor e roteirista Kenneth Lonergan, que realiza um trabalho de autor. Antes ele fez o bom “Conte comigo” (2000, com duas indicações ao Oscar – roteiro e atriz para Laura Linney) e depois o pouco visto “Margaret” (2011, com Anna Paquin).
Além do Oscar, “Manchester à beira-mar” ganhou as principais premiações da temporada, como Globo de Ouro, SAG e Bafta, participando ainda em 230 categorias de mais de 60 festivais, ou seja, um filme de indiscutível repercussão.

Manchester à beira-mar (Manchester by the Sea). EUA, 2016, 137 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Kenneth Lonergan. Distribuição: Sony Pictures

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