sexta-feira, 26 de abril de 2019

Resenha Especial



Mulheres divinas

Em 1971, em um vilarejo na Suíça, um grupo de mulheres liderado pela dona de casa Nora (Marie Leuenberger) aproxima-se dos ideais do Feminismo, que aflorava pelo mundo. Elas dão start a mudanças essenciais na sociedade, visando ampliar a voz das mulheres, especialmente reivindicações pelo voto feminino. Pela frente irão se esbarrar em preconceito, chacota e ameaças.

Representante da Suíça para disputar cadeira no Oscar de filme estrangeiro em 2017, este maravilhoso filme de arte não entrou na lista dos cinco finalistas. Um drama leve, humano, bem-humorado, sobre o movimento feminista na Suíça na década de 70, com foco no sufrágio feminino. Até 1971 na Suíça as mulheres não votavam, e só conquistaram esse direito pela Constituição depois de uma série de reuniões secretas, ampliadas para manifestações pacíficas nas ruas, para reivindicar o voto - os episódios do filme têm embasamentos reais, divulgados pela mídia europeia da época.
Protagoniza “Mulheres divinas” uma excelente atriz, Marie Leuenberger, como Nora, uma dona de casa à mercê do marido, que vive para o lar, cuida dos filhos e recebe ordens do sogro, um senhor preconceituoso. Um dia ouve falar da ebulição cultural que vinha transformando alguns países, como a Contracultura, o Feminismo e o Movimento Hippie. Naquele vilarejo morto onde nada acontecia, ninguém tinha informações sobre tais acontecimentos. Até que é apresentada ao movimento feminista, o que modifica sua mente e a faz quebrar barreiras, juntando uma minoria de mulheres dispostas a contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária.
Em tom de fábula moderna, o filme é um retrato decente de uma época de poderosas transformações culturais no mundo, de como as mulheres deram uma guinada para conquistar espaço na sociedade dominada pelos homens, com discussões pertinentes sobre a atuação da mulher hoje.


O charme da obra está na variação de tipos femininos em cena, mulheres carismáticas, cheias de vida. Numa cena memorável, elas participam de um grupo secreto que as instruem a se tocar e conhecer a anatomia de suas partes íntimas, lugares do corpo que nunca pararam para observar!
Voltada às mulheres, ganhou prêmios no Festival de Tribeca, como atriz, roteiro e um especial de direção (quem dirige é uma mulher, Petra Volpe) e tem uma fotografia deslumbrante do interior gelado da Suíça, que ajuda a dar beleza à obra – o filme foi rodado nos iluminados Cantões Suíços, na região de Appenzell.
Uma fita sensível e necessária, para ser descoberta!

Mulheres divinas (Die göttliche Ordnung). Suíça, 2017, 96 min. Drama. Colorido e Preto-e-branco. Dirigido por Petra Volpe. Distribuição: Mares Filmes

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