Mulheres divinas
Em 1971,
em um vilarejo na Suíça, um grupo de mulheres liderado pela dona de casa Nora (Marie
Leuenberger) aproxima-se dos ideais do Feminismo, que aflorava pelo mundo. Elas
dão start a mudanças essenciais na sociedade, visando ampliar a voz das mulheres,
especialmente reivindicações pelo voto feminino. Pela frente irão se esbarrar
em preconceito, chacota e ameaças.
Representante
da Suíça para disputar cadeira no Oscar de filme estrangeiro em 2017, este
maravilhoso filme de arte não entrou na lista dos cinco finalistas. Um drama leve,
humano, bem-humorado, sobre o movimento feminista na Suíça na década de 70, com
foco no sufrágio feminino. Até 1971 na Suíça as mulheres não votavam, e só
conquistaram esse direito pela Constituição depois de uma série de reuniões
secretas, ampliadas para manifestações pacíficas nas ruas, para reivindicar o
voto - os episódios do filme têm embasamentos reais, divulgados pela mídia
europeia da época.
Protagoniza
“Mulheres divinas” uma excelente atriz, Marie Leuenberger, como Nora, uma dona
de casa à mercê do marido, que vive para o lar, cuida dos filhos e recebe
ordens do sogro, um senhor preconceituoso. Um dia ouve falar da ebulição
cultural que vinha transformando alguns países, como a Contracultura, o
Feminismo e o Movimento Hippie. Naquele vilarejo morto onde nada acontecia,
ninguém tinha informações sobre tais acontecimentos. Até que é apresentada ao
movimento feminista, o que modifica sua mente e a faz quebrar barreiras, juntando
uma minoria de mulheres dispostas a contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária.
Em
tom de fábula moderna, o filme é um retrato decente de uma época de poderosas
transformações culturais no mundo, de como as mulheres deram uma guinada para
conquistar espaço na sociedade dominada pelos homens, com discussões
pertinentes sobre a atuação da mulher hoje.
O
charme da obra está na variação de tipos femininos em cena, mulheres
carismáticas, cheias de vida. Numa cena memorável, elas participam de um grupo secreto
que as instruem a se tocar e conhecer a anatomia de suas partes íntimas, lugares
do corpo que nunca pararam para observar!
Voltada
às mulheres, ganhou prêmios no Festival de Tribeca, como atriz, roteiro e um
especial de direção (quem dirige é uma mulher, Petra Volpe) e tem uma fotografia
deslumbrante do interior gelado da Suíça, que ajuda a dar beleza à obra – o
filme foi rodado nos iluminados Cantões Suíços, na região de Appenzell.
Uma fita
sensível e necessária, para ser descoberta!
Mulheres divinas (Die göttliche Ordnung). Suíça, 2017,
96 min. Drama. Colorido e Preto-e-branco. Dirigido por Petra Volpe.
Distribuição: Mares Filmes
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