quarta-feira, 10 de abril de 2019

Resenhas Especiais



Lady Macbeth

Katherine (Florence Pugh) casou-se, de forma imposta pela família, com um homem rude, Boris Macbeth (Christopher Fairbank). Ela vive trancada em casa, numa área remota, apenas com uma criada que a auxilia, Anna (Naomi Ackie). Durante a viagem do marido, ela embarca em um relacionamento extraconjugal com Sebastian (Cosmo Jarvis), um trabalhador negro daquela propriedade. Com o avançar da paixão entre eles, uma série de assassinatos começar a ser cometidos sem piedade por Katherine.

Baseado no romance russo de Nikolai Leskov, “Lady Macbeth do distrito de Mtsensk”, o filme é um poderoso drama britânico que você nunca mais vais esquecer. Não só pelo roteiro intrigante e bem desenvolvido, mas por momentos de forte impacto (e até macabros), que martelam a mente de qualquer público mais sensato.
Neste longa de estreia do cineasta William Oldroyd, discute-se o papel submisso da mulher na Europa no século XIX, entrelaçando temas como o adultério, a vingança e a liberdade. Lady Macbeth, uma clara analogia à personagem manipuladora de William Shakespeare, é uma jovem que não recebe afeto de ninguém, desprezada pelo marido e pelo pai dele, que é um rico proprietário de terras. Cansada dessa vida monótona, inicia um caso às escondidas com um empregado. Aos poucos, a personagem muda de comportamento, tornando-se ardilosa e violenta, tramando crimes hediondos, para conquistar seu espaço.


A lentidão de narrar a história é proposital, é um conto de pequenas palavras e muitas ações, em que os personagens, sem exceção, escondem um grau de maldade e oportunismo. Prepare-se para um filmaço!
O figurino é lindo, 80% das cenas se passam dentro do sufoco da casa, e a atriz Florence Pugh brilha num papel ameaçador.
Indicado ao Bafta de melhor filme e melhor diretor, concorreu prêmios em Toronto, Sundance e em outros 20 festivais de cinema. Uma pequena joia do cinema britânico atual, que deve ser visto!

Lady Macbeth (Idem). Reino Unido, 2016, 89 min. Drama. Colorido. Dirigido por William Oldroyd. Distribuição: California Filmes


Corrente do mal

Jay (Maika Monroe), uma estudante adolescente, é perseguida por uma estranha força sobrenatural após seu primeiro encontro sexual. O terror ameaça não só ela, mas outros colegas de turma, no subúrbio de Detroit.

Talvez o filme de terror mais original da safra de 2010 para cá, que possibilita muitos significados e interpretações. É um típico trabalho autoral e independente, realizado com baixo orçamento (U$ 1 milhão), que rendeu 25 vezes mais nas salas de cinema. Infelizmente passou despercebido em grande parte dos países, como no Brasil, ganhando repercussão boca-a-boca – e assim adquiriu aura cult.
Com sacadas brilhantes e sustos nada fáceis, tem uma mescla de elementos variados do cinema de horror: sobrenatural, fantasma, zumbi, alucinação, em que os personagens passam o tempo todo correndo de algo macabro (sobre a história não quero revelar mais para não estragar o suspense).


A técnica é outro chamativo original: cenas rápidas, cortes brutos, planos inusitados, com sequências em planos abertos, uma trilha sonora atordoante com sintetizadores, câmera em primeira pessoa, acompanhando os personagens fugindo, de costas. Sem falar no ar retrô, que homenageia fitas dos anos 70 e 80. É, sem dúvida, um grande exercício cinematográfico, de um diretor em início de carreira, David Robert Mitchell, que também escreveu o roteiro.
Ambíguo e perturbador, recebeu indicação a dezenas de festivais pelo mundo afora, exibido na Semana da Crítica no Festival de Cannes, em Toronto e na vitrine do cinema independente, Sundance.

Corrente do mal (It follows). EUA, 2014, 99 min. Terror. Colorido. Dirigido por David Robert Mitchell. Distribuição: California Filmes

Nenhum comentário: