Katherine
(Florence Pugh) casou-se, de forma imposta pela família, com um homem rude, Boris
Macbeth (Christopher Fairbank). Ela vive trancada em casa, numa área remota, apenas
com uma criada que a auxilia, Anna (Naomi Ackie). Durante a viagem do marido, ela
embarca em um relacionamento extraconjugal com Sebastian (Cosmo Jarvis), um
trabalhador negro daquela propriedade. Com o avançar da paixão entre eles, uma
série de assassinatos começar a ser cometidos sem piedade por Katherine.
Baseado
no romance russo de Nikolai Leskov, “Lady Macbeth do distrito de Mtsensk”, o filme
é um poderoso drama britânico que você nunca mais vais esquecer. Não só pelo
roteiro intrigante e bem desenvolvido, mas por momentos de forte impacto (e até
macabros), que martelam a mente de qualquer público mais sensato.
Neste
longa de estreia do cineasta William Oldroyd, discute-se o papel submisso da
mulher na Europa no século XIX, entrelaçando temas como o adultério, a vingança
e a liberdade. Lady Macbeth, uma clara analogia à personagem manipuladora de
William Shakespeare, é uma jovem que não recebe afeto de ninguém, desprezada
pelo marido e pelo pai dele, que é um rico proprietário de terras. Cansada
dessa vida monótona, inicia um caso às escondidas com um empregado. Aos poucos,
a personagem muda de comportamento, tornando-se ardilosa e violenta, tramando crimes
hediondos, para conquistar seu espaço.
A
lentidão de narrar a história é proposital, é um conto de pequenas palavras e
muitas ações, em que os personagens, sem exceção, escondem um grau de maldade e
oportunismo. Prepare-se para um filmaço!
O
figurino é lindo, 80% das cenas se passam dentro do sufoco da casa, e a atriz
Florence Pugh brilha num papel ameaçador.
Indicado
ao Bafta de melhor filme e melhor diretor, concorreu prêmios em Toronto,
Sundance e em outros 20 festivais de cinema. Uma pequena joia do cinema
britânico atual, que deve ser visto!
Lady Macbeth (Idem). Reino Unido, 2016, 89 min.
Drama. Colorido. Dirigido por William Oldroyd. Distribuição: California Filmes
Corrente do mal
Jay
(Maika Monroe), uma estudante adolescente, é perseguida por uma estranha força
sobrenatural após seu primeiro encontro sexual. O terror ameaça não só ela, mas
outros colegas de turma, no subúrbio de Detroit.
Talvez
o filme de terror mais original da safra de 2010 para cá, que possibilita muitos
significados e interpretações. É um típico trabalho autoral e independente, realizado
com baixo orçamento (U$ 1 milhão), que rendeu 25 vezes mais nas salas de cinema.
Infelizmente passou despercebido em grande parte dos países, como no Brasil,
ganhando repercussão boca-a-boca – e assim adquiriu aura cult.
Com
sacadas brilhantes e sustos nada fáceis, tem uma mescla de elementos variados
do cinema de horror: sobrenatural, fantasma, zumbi, alucinação, em que os
personagens passam o tempo todo correndo de algo macabro (sobre a história não quero
revelar mais para não estragar o suspense).
A
técnica é outro chamativo original: cenas rápidas, cortes brutos, planos inusitados,
com sequências em planos abertos, uma trilha sonora atordoante com
sintetizadores, câmera em primeira pessoa, acompanhando os personagens fugindo,
de costas. Sem falar no ar retrô, que homenageia fitas dos anos 70 e 80. É, sem
dúvida, um grande exercício cinematográfico, de um diretor em início de
carreira, David Robert Mitchell, que também escreveu o roteiro.
Ambíguo
e perturbador, recebeu indicação a dezenas de festivais pelo mundo afora, exibido
na Semana da Crítica no Festival de Cannes, em Toronto e na vitrine do cinema
independente, Sundance.
Corrente do mal (It follows). EUA, 2014, 99 min. Terror.
Colorido. Dirigido por David Robert Mitchell. Distribuição: California Filmes
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