O programa
Na metade
da década de 90, o promissor ciclista norte-americano Lance Armstrong (Ben
Foster) vence uma dura batalha contra o câncer e utiliza o esporte como ferramenta
de prevenção influenciando milhões de pessoas. Anos mais tarde, adere ao uso de
anabolizantes para disputar competições, apontado pela imprensa como líder de
um programa de EPO, droga proibida, que o faz ganhar sete vezes consecutivas o famoso
Tour de France.
O prestigiado
cineasta britânico Stephen Frears, de filmes de época marcantes como “Ligações
perigosas” (1988) e “A rainha” (2006), realizou uma fita menor de sua estrondosa
carreira, mas muito curiosa, bem produzida e ousada, que refaz a trajetória do discutível
ciclista Lance Armstrong. A cinebiografia é baseada no livro do jornalista David
Walsh (que desmascarou Armstrong) e divide-se em duas partes: a primeira mostra
a superação do esportista quando venceu um câncer que quase o matou, época em
que criou uma fundação para combater o câncer infantil - isto deu motivos para
continuar seguindo em frente no esporte; e uma segunda parte mais empolgante e
derradeira, de quando conheceu o hormônio injetável eritropoietina (EPO), pelas
mãos de seu médico, substância proibida que melhorava a performance dos atletas
– ele se viciou, por ser um competidor nato injetava altas doses e não bastasse
reunia um grupo de esportistas para usar a EPO com ele.
Com atmosfera
de denúncia, o filme aponta Armstrong como líder de um esquema de dopping bioquímico.
Provas atestam que ele, de 1999 a 2005, ganhou sete vezes o Tour de France por
causa das drogas injetadas. Quando descoberto, ele foi banido definitivamente do
ciclismo, perdeu títulos notórios e diplomas de honra e teve de devolver os sete
prêmios conquistados no Tour de France. Em 2012 confessou a utilização frequente
de anabolizantes.
Pouco
divulgado no Brasil, o filme tem bastante humor para equilibrar a narrativa. É protagonizado
por um personagem difícil de aceitar, controverso, uma junção de mocinho e
vilão, uma lenda misturada com farsa e ao mesmo tempo herói, transformado em um
monstro pela mídia, e ainda assim continuou reverenciado por uma legião de fãs.
O ator Ben Foster ficou parecido com Armstrong debaixo de maquiagem, num de
seus melhores papéis no cinema. Além da trajetória dele, outras histórias
correm soltam, como a do jornalista David Walsh (Chris O’Dowd) que fica no
encalço do ciclista procurando provas sobre o programa de dopping que mais
tarde ele revelaria, e a forte relação de Armstrong com o médico Dr. Ferrari (Guillaume
Canet, também cheio de maquiagem), que o incentivava no uso dos anabolizantes. E
tudo é entrecortado por vídeos reais de competições de Armstrong, numa edição
bem movimentada, como se fosse uma corrida de bike. Repare numa rápida passagem
do ator Dustin Hoffman. Já em DVD!
O programa (The program). Reino Unido/França,
2015, 99 min. Drama. Colorido. Dirigido por Stephen Frears. Distribuição: Califórnia
Filmes
Nenhum comentário:
Postar um comentário