segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

De Olho no Oscar

Surpresas e merecimentos na 80ª edição do Oscar, realizada ontem, em Los Angeles (Hollywood, Califórnia). Há tempos não se via um evento que reunisse filmes fortes e com temáticas variadas. Biografia de cantora famosa, perseguição sem trégua de um assassino nada elegante e até conflitos por causa de petróleo compuseram parcela dos longas indicados à maior premiação da cinematografia mundial.
É a 11ª edição do Oscar que assisto e registro (tanto a gravação como a análise do evento). E percebi que o resultado, como de alguns anos para cá, vem se pulverizando. Cada filme sai de lá com uma estatueta pelo menos. Já foi a época em que Titanic, Ben Hur, O Último Imperador e outros filmes mais ganhavam 10, 11 Oscars na noite. Tanto é que o longa que mais reuniu prêmios ontem foi “Onde os Fracos Não Têm Vez”. Venceu quatro, nas categorias melhor filme, diretor (no caso, diretores, os irmãos Ethan e Joel Coen - foto abaixo), roteiro adaptado e ator coadjuvante (para Javier Bardem). Acho que os irmãos Coen levaram mais por consolação (o popular “conjunto da obra”); lembro que em anos anteriores concorreram em diversas categorias, como diretor (Fargo) e roteiro (E Aí, meu Irmão, Cadê Você?). Só que são diretores de filmes “cabeça”, fugindo do gosto popular. Suas obras são esquisitas e inusitadas, com personagens bizarros. Também vejo o prêmio para Bardem (foto abaixo) como consolação. Seu papel de assassino frio, cheio de tiques e com aquele cabelo cafona com franja estilo “vaca lambeu”, é perfeito, e chega a assustar. Ele domina as cenas e torna-se uma figura sinistra. Mas em “Antes do Anoitecer”, Bardem estava bem melhor, num papel mais sensível e humano. Interpretou o personagem principal, o poeta e escritor Reinaldo Arenas, perseguido pelo regime comunista cubano por ser homossexual. Em 2001, foi indicado a Oscar de melhor ator, mas perdeu para Russell Crowe em “Gladiador”. Portanto, dar a ele o Oscar, apesar de ter sido favorito e muito elogiado, soou como consolar a perda de sete anos atrás.
Em seguida, “O Ultimato Bourne”, que estranhamente faturou três prêmios em categorias menores – melhor edição, mixagem de som e som. Tudo bem que o filme tem ótimas qualidades técnicas de som, mas seu concorrente, Transformers, era mais preferível.
“Sangue Negro” e “Piaf – Um Hino ao Amor” faturaram, cada um, dois prêmios, respectivamente melhor ator (Daniel Day-Lewis) e fotografia, para Robert Elswit, e melhor atriz (Marion Cottilard) e maquiagem. É o segundo Oscar merecedor de Lewis (ganhou primeiro em Meu Pé Esquerdo, em 1990). Marion Cottilard (foto ao lado) venceu sem injustiça, um prêmio merecido. A atriz, linda por sinal, compõe uma Edith Piaf perfeita, e solta a voz de maneira esplendorosa. Ambos, Lewis e Marion, eram meus favoritos ao prêmio.
E levaram apenas um Oscar “Conduta de Risco” (melhor atriz coadjuvante, Tilda Swinton, uma das surpresas da noite), "Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet" (melhor direção de arte para o lendário Dante Ferretti), “Desejo e Reparação” (melhor trilha sonora), “Ratatouille” (animação), “Elizabeth: A Era de Ouro” (figurino, também um prêmio surpresa, já que o anterior, Elizabeth, havia concorrido à mesma categoria em 1999), “Juno” (roteiro original) e “A Bússola de Ouro” (efeito especial, outro filme que gerou discussão).
Viram? Uma verdadeira salada.
Dos filmes do Oscar deste ano, assisti a apenas alguns (acredito que 30% deles). Isto porque de uns cinco meses para cá estive envolvido em outros projetos, tanto na área de Jornalismo como em Cinema, e acabei desfalcado. A boa notícia é que em menos de duas semanas boa parte deles serão lançados em DVD.
Em março, quatro deles estarão nas locadoras. São eles: “Conduta de Risco”, “Piaf – Um Hino ao Amor”, “No Vale das Sombras” e “O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford”. Até agora, no Brasil, seis já estão disponíveis em DVD – “O Ultimato Bourne”, “Transformers”, “Piratas do Caribe – No Fim do Mundo”, “Ratatouille”, “Tá Dando Onda” e “Norbit”.
E abaixo, a lista completa dos indicados ao Oscar 2008 e, claro, dos vencedores (marcados em negrito).
(Por Felipe Brida)


Melhor filme

"Conduta de Risco"
"Onde os Fracos Não Têm Vez"
"Sangue Negro"
"Desejo e Reparação"
"Juno"

Melhor diretor

Tony Gilroy ("Conduta de Risco")
Jason Reitman ("Juno")
Julian Schnabel ("O Escafandro e a Borboleta")
Paul Thomas Anderson ("Sangue Negro")
Ethan e Joel Coen ("Onde os Fracos Não Têm Vez)

Melhor ator

George Clooney ("Conduta de Risco")
Daniel Day Lewis ("Sangue Negro")
Tommy Lee Jones ("No Vale das Sombras")
Viggo Mortensen ("Senhores do Crime")
Johnny Depp ("Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet")

Melhor ator coadjuvante

Casey Affleck ("O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford")
Javier Bardem ("Onde os Fracos Não Têm Vez")
Philip Seymour Hoffman ("Jogos do Poder")
Hal Holbrook ("Na Natureza Selvagem")
Tom Wilkinson ("Conduta de Risco")

Melhor atriz

Cate Blanchet ( "Elizabeth: A Era de Ouro")
Julie Christie ("Longe Dela")
Marion Cotillard ("Piaf – Um Hino ao Amor")
Laura Linney ("A Família Savage")
Ellen Page ("Juno")

Melhor atriz coadjuvante

Cate Blanchett ("Não Estou Lá")
Ruby Dee ("O Gângster")
Saoirse Ronan ("Desejo e Reparação")
Amy Ryan ("Medo da Verdade")
Tilda Swinton ("Conduta de Risco")

Melhor direção de arte

"O Gângster"
"Desejo e Reparação"
"A Bússola de Ouro"
"Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet"
"Sangue Negro"

Melhor fotografia

"O Assassinato de Jesse James pelo Covarde Robert Ford"
"Desejo e Reparação"
"O Escafandro e a Borboleta"
"Onde os Fracos Não Têm Vez"
"Sangue Negro"

Melhor figurino

"Across the Universe"
"Desejo e Reparação"
"Elizabeth: A Era de Ouro"
"Piaf – Um hino ao amor"
"Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet"

Melhor edição

"O Ultimato Bourne"
"O Escafandro e a Borboleta"
"Na Natureza Selvagem"
"Onde os Fracos Não Têm Vez"
"Sangue Negro"

Melhor edição de som

"O Ultimato Bourne"
"Ratatouille"
"Onde os Fracos Não Têm Vez"
"Sangue Negro"
"Transformers"

Melhor mixagem de som

"O Ultimato Bourne"
"Onde os Fracos Não Têm Vez"
"Ratatouille"
"Os Indomáveis"
"Transformers"

Melhor efeito especial

"A Bússola de Ouro"
"Piratas do Caribe 3 – No Fim do Mundo"
"Transformers"

Melhor roteiro adaptado

"O Escafandro e a Borboleta"
"Onde os Fracos Não Têm Vez"
"Desejo e Reparação"
"Longe Dela"
"Sangue Negro"

Melhor roteiro original

"Juno"
"Lars and the Real Girl"
"Conduta de Risco"
"Ratatouille"
"A Família Savage"

Melhor maquiagem

"Piaf – Um Hino ao Amor"
"Norbit"
"Piratas do Caribe 3 – No Fim do Mundo"

Melhor trilha sonora original

"Desejo e Reparação" (Dario Marianeli)
"O Caçador de Pipas" (Alberto Iglesias)
"Conduta de Risco" (James Newton Howard)
"Ratatouille" (Michael Giacchino)
"Os Indomáveis" (Marco Beltrami)

Melhor canção original

"Falling Slowly" ("Once")
"Happy Working Song" ("Encantada")
"Raise It Up" ("O Som do Coração")
"So Close" ("Encantada")
"That's How You Know" ("Encantada")

Melhor filme de animação

"Ratatouille" (Brad Bird)
"Tá Dando Onda" (Ash Brannon/ Chris Buck)
"Persépolis" (Marjane Satrapi/ Vincent Paronnaud)

Melhor filme estrangeiro

"Os Falsários" (Stefan Ruzowitzky - Áustria)
"Beaufort" (Joseph Cedar - Israel)
"Katyn" (Andrzej Wajda - Polônia)
"12" (Nikita Mikhalkov - Rússia)
"Mongol" (Sergei Bodrov - Cazaquistão)

Melhor documentário

"No End in Sight"
"Operation Homecoming: Writing the Wartime Experience"
"Sicko"
"Taxi to the Dark Side"
"War/Dance"

Melhor documentário de curta-metragem

"Freeheld"
"La Corona"
"Salim Baba"
"Sari's Mother"

Melhor curta-metragem

"At Night"
"Il Supplente"
"Le Mozart des Pickpockets"
"Tanghi Argentini"
"The Tonto Woman"

Melhor animação de curta-metragem

"I Met the Walrus"
"Madame Tutli-Putli"
"Meme Lês Pigeons Vont au Paradis"
"My Love"
"Peter and the Wolf"

Um comentário:

Anônimo disse...

Confesso que tenho saudade de grandes produções que ultrapassam os tempos e envolvem todos os gostos quase!
Assim como tenho saudades das músicas de conteúdos, ideiais, força, e quase uma eternidade em suas interpretações...Ainda bem que a Maria Rita apareceu e nos alivia a saudade de grande intépretes como sua mãe a "Pimentinha" Elis!
No cinema tbm, sinto que gente como Morgan Friman,Jéssica Land, Rita (de Gilda) e tantos outros estão saindo de cena...Que venham outros que nos envolvam na magia da telona...