Saneamento Básico – O Filme
Os moradores da pequena Linha Cristal, comunidade na serra gaúcha formada por descendentes de italianos, estão cansados de conviver com o mau cheiro do esgoto a céu aberto e exigem a construção de um sistema de saneamento básico. Uma comissão é designada para pleitear o projeto junto ao Poder Público. No entanto, a sub-prefeitura está sem verbas, ou melhor, tem apenas um dinheiro destinado à elaboração de um vídeo institucional. O grupo, então, resolve fazer um filme de ficção científica sobre poluição de rios para conscientizar a população e conseguir verba para concretizar o sonho da comunidade.
Bastante divertida e original, esta nova comédia brasileira firma a carreira do diretor gaúcho Jorge Furtado, responsável por projetos mais pessoais, como “Meu Tio Matou um Cara”, e considerado um dos mais bem sucedidos curta-metragistas brasileiros (leia mais sobre Furtado no final da resenha). O diretor soube aproveitar o elenco, cheio de nomes “de peso” que esbanjam energia. Wagner Moura interpreta Joaquim, o marido avoado de Marina (Fernanda Torres), mulher séria e nervosa que lidera a equipe de filmagem da ficção. Ela é filha de Otaviano, um marceneiro ranzinza e reumático, papel magistralmente encarnado por Paulo José. Temos ainda Tonico Pereira, Camila Pitanga (uma surpresa), Bruno Garcia, Lázaro Ramos (parceiro de Wagner Moura e que aparece só a partir da metade do filme) e uma ponta bem “apagada” do comediante Lúcio Mauro Filho (do programa Zorra Toral).
“Saneamento Básico – O Filme” é, basicamente (desculpe o trocadilho), uma homenagem àquelas produções de baixo custo e também aos cineastas (como os de início de carreira) que enfrentam todas as dificuldades do mundo para captar patrocínios e finalizar sua película. Ao mesmo tempo o diretor cria metalinguagens acerca do gênero “ficção científica” (hoje pouco visto no cinema) e brinca com clichês ao desenvolver os personagens, como um cientista com cabelos estabanados e ar eloqüente. E repare na metalinguagem sobre o próprio “Saneamento Básico”, quando Otaviano diz, irritado, para a filha: “E desde quando fazer filme de esgoto é fazer cinema?”.
Por trás de toda essa mistura de linguagens, o ingrediente-chave: a preocupação quanto às questões ambientais. No caso, trata-se com seriedade o descaso do Poder Público em torno do saneamento básico (a falta de sistema de esgoto ainda pode ser presenciada em muitas cidades).
Logo nos créditos iniciais onde aparece o nome dos patrocinadores, a atriz Fernanda Torres (voz) conversa com os telespectadores com o intuito de entretê-los enquanto o filme não começa. Uma seqüência bem planejada e diferente.
Diverti-me bastante. Senti certa demasia do diretor ao repetir situações em formato de sitcom, como as incansáveis discussões do casal central. Mas nada atrapalha o resultado. Para completar o conteúdo, locações bucólicas e várias músicas italianas (Io Che Amo Solo Te e outras mais). Bem produzido, a fita deve ser descoberta pelo público.
Curiosidades: Jorge Furtado, com “Saneamento”, firma-se como bom realizador de longas (lembrando que já era um curta-metragista de primeira). Natural de Porto Alegre, Furtado começou a carreira na primeira metade dos anos 80. Escreveu e dirigiu importantes curtas. Assisti a vários dele, como Barbosa (1988); Ilha das Flores (1989) – talvez o mais famoso curta de todos os tempos, um sucesso de público; Ângelo Anda Sumido (1997) e O Sanduíche (2000). (Por Felipe Brida)
Título original: Saneamento Básico – O Filme
País/Ano: Brasil, 2007
Elenco: Fernanda Torres, Wagner Moura, Paulo José, Bruno Garcia, Camila Pitanga, Tonico Pereira, Lázaro Ramos, Janaína Kremer, Sérgio Lulkin, Lúcio Mauro Filho.
Direção: Jorge Furtado
Gênero: Comédia
Duração: 112 min.
Os moradores da pequena Linha Cristal, comunidade na serra gaúcha formada por descendentes de italianos, estão cansados de conviver com o mau cheiro do esgoto a céu aberto e exigem a construção de um sistema de saneamento básico. Uma comissão é designada para pleitear o projeto junto ao Poder Público. No entanto, a sub-prefeitura está sem verbas, ou melhor, tem apenas um dinheiro destinado à elaboração de um vídeo institucional. O grupo, então, resolve fazer um filme de ficção científica sobre poluição de rios para conscientizar a população e conseguir verba para concretizar o sonho da comunidade.
Bastante divertida e original, esta nova comédia brasileira firma a carreira do diretor gaúcho Jorge Furtado, responsável por projetos mais pessoais, como “Meu Tio Matou um Cara”, e considerado um dos mais bem sucedidos curta-metragistas brasileiros (leia mais sobre Furtado no final da resenha). O diretor soube aproveitar o elenco, cheio de nomes “de peso” que esbanjam energia. Wagner Moura interpreta Joaquim, o marido avoado de Marina (Fernanda Torres), mulher séria e nervosa que lidera a equipe de filmagem da ficção. Ela é filha de Otaviano, um marceneiro ranzinza e reumático, papel magistralmente encarnado por Paulo José. Temos ainda Tonico Pereira, Camila Pitanga (uma surpresa), Bruno Garcia, Lázaro Ramos (parceiro de Wagner Moura e que aparece só a partir da metade do filme) e uma ponta bem “apagada” do comediante Lúcio Mauro Filho (do programa Zorra Toral).
“Saneamento Básico – O Filme” é, basicamente (desculpe o trocadilho), uma homenagem àquelas produções de baixo custo e também aos cineastas (como os de início de carreira) que enfrentam todas as dificuldades do mundo para captar patrocínios e finalizar sua película. Ao mesmo tempo o diretor cria metalinguagens acerca do gênero “ficção científica” (hoje pouco visto no cinema) e brinca com clichês ao desenvolver os personagens, como um cientista com cabelos estabanados e ar eloqüente. E repare na metalinguagem sobre o próprio “Saneamento Básico”, quando Otaviano diz, irritado, para a filha: “E desde quando fazer filme de esgoto é fazer cinema?”.
Por trás de toda essa mistura de linguagens, o ingrediente-chave: a preocupação quanto às questões ambientais. No caso, trata-se com seriedade o descaso do Poder Público em torno do saneamento básico (a falta de sistema de esgoto ainda pode ser presenciada em muitas cidades).
Logo nos créditos iniciais onde aparece o nome dos patrocinadores, a atriz Fernanda Torres (voz) conversa com os telespectadores com o intuito de entretê-los enquanto o filme não começa. Uma seqüência bem planejada e diferente.
Diverti-me bastante. Senti certa demasia do diretor ao repetir situações em formato de sitcom, como as incansáveis discussões do casal central. Mas nada atrapalha o resultado. Para completar o conteúdo, locações bucólicas e várias músicas italianas (Io Che Amo Solo Te e outras mais). Bem produzido, a fita deve ser descoberta pelo público.
Curiosidades: Jorge Furtado, com “Saneamento”, firma-se como bom realizador de longas (lembrando que já era um curta-metragista de primeira). Natural de Porto Alegre, Furtado começou a carreira na primeira metade dos anos 80. Escreveu e dirigiu importantes curtas. Assisti a vários dele, como Barbosa (1988); Ilha das Flores (1989) – talvez o mais famoso curta de todos os tempos, um sucesso de público; Ângelo Anda Sumido (1997) e O Sanduíche (2000). (Por Felipe Brida)
Título original: Saneamento Básico – O Filme
País/Ano: Brasil, 2007
Elenco: Fernanda Torres, Wagner Moura, Paulo José, Bruno Garcia, Camila Pitanga, Tonico Pereira, Lázaro Ramos, Janaína Kremer, Sérgio Lulkin, Lúcio Mauro Filho.
Direção: Jorge Furtado
Gênero: Comédia
Duração: 112 min.
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