sábado, 23 de fevereiro de 2008

De Olho no Oscar

Tá Dando Onda

Cadú (voz de Shia LaBeouf) é um pingüim sonhador e idealista, e tem, como ídolo, o grande surfista Big Z. Certo dia, apoiado pelos amigos, deixa a cidade natal, na Antártida, para participar de um torneio mundial de surf em uma ilha remota. Lá, torna-se companheiro de um veterano surfista, Grego (voz de Jeff Bridges), um pingüim determinado e sábio. A amizade entre os dois renderá aventuras e aprendizagens.
Indicada ao Oscar de melhor animação este ano (concorre junto com Ratatouille e Persepolis), esta nova animação, rodada nos estúdios Sony Pictures, é mais uma fita sobre pingüins, agradável e leve. Nos dois últimos anos, uma enxurrada de filmes com pingüins invadiu o mercado, como Happy Feet – O Pingüim (que levou o Oscar de animação ano passado), A Marcha dos Pingüins e sua paródia, A Farsa dos Pingüins. Tudo isto como mais uma forma de conscientizar a população sobre os riscos do aquecimento global e a possível extinção dos pequenos animais? O cinema nunca teve preocupação em focar os pingüins, e de repente ficamos diante de uma explosão temática em um período tão curto. Só que “Ta Dando Onda” nada tem a ver com os antecessores e sequer trata de temas sérios. Em “A Marcha dos Pingüins” e “Happy Feet” existiam questões inquietantes por trás, como a interferência do ser humano e a luta pela sobrevivência e pela procriação da espécie.
Se a animação “Tá Dando Onda” (uma tradução infeliz, com coloquialismo para agradar o público infantil) está longe de apontar problemáticas, por outro lado traz uma novidade. A fita é toda contada em formato de falso-documentário. Parece paradoxal, mas isto existe (lembram da comédia Zelig, de Woody Allen, sobre um cara apelidado de “O Camaleão”? Era no mesmo estilo). Para esclarecer, o protagonista Cadú passa a narrar sua vida para uma equipe que está produzindo um documentário sobre a carreira do jovem surfista. Parentes e amigos também dão depoimentos sobre o pingüim, há seqüências com filmagens antigas da família de Cadú e até recortes de jornal que retratam a conquista do jovem no mundo do surf. Erros de gravação e problemas técnicos durante a filmagem permeiam a história. Ou seja, é autêntica brincadeira metalingüística.
Seria este o único diferencial desta animação em computação gráfica, bem produzida por sinal. Já o roteiro fica num meio termo. Uma história sobre lição de vida e perseverança, comumente tratada em desenhos. A produção, com consentimento dos roteiristas, remontou espécimes “mutantes” de pingüins tropicais, ao colocá-los no meio da selva, tomando sol e caminhando pelas praias. Pingüins fora do habitat natural não dá pra engolir. E confesso que isto passou despercebido no início do filme. Só na cena em que o protagonista se perde em uma gruta subterrânea é que caiu minha ficha.
Achei uma animação interessante, mas não especial. Para ter sido indicada ao Oscar, das duas uma: ou a safra de desenhos anda cambaleante ou a seleção do Oscar confirmou superestimar certas produções. Quando terminou o filme, saí com aquela sensação de que em breve irei esquecê-lo. Mas volto a deixar claro. Não é um filme ruim. Apenas mediano, com truques inovadores no gênero, engraçadinho e sem muitas perspectivas. Ainda fico com A Marcha dos Pingüins e Happy Feet.
Vale lembrar que os diretores são dois experts no campo da animação gráfica – Ash Brannon (co-diretor de Toy Story 2 e responsável pelo departamento de animação dos filmes Toy Story e Vida de Inseto) e Chris Buck, que havia dirigido Tarzan (da Disney) e atuou no departamento de arte de outros filmes da Diseny, como O Cão e a Raposa, A Pequena Sereia, Pocahontas (também roteirista) e O Galinho Chicken Little.
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Título original: Surf’s Up
País/Ano: EUA, 2007
Elenco: Vozes de Shia LaBeouf, Zooey Deschanel, Jeff Bridges, Jon Heder, James Woods, Diedrich Bader, Mario Cantone.
Direção: Ash Brannon/ Chris Buck
Gênero: Animação
Duração: 85 min.

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