sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

ARTIGO

Games no cinema, eternamente um drama (*)

O mundo dos games movimenta hoje, em todo o planeta, milhões em dinheiro. Um grande motivo para a inserção de inúmeros filmes de baixa qualidade nas telonas de todo o mundo.
No cinema/game, o dinheiro sempre falou mais alto do que a qualidade. Como exemplo inicial, podemos pontuar a distorção de conceito do filme "Super Mario Bros" (1993), que transformou o mundo deslumbrante e maravilhoso do criador Shigeru Miyamoto (responsável pelo game “Super Mario”) em um mundo futurista e desordenado, com atuações caóticas dos atores que incorporaram o protagonista, no caso Mario (Bob Hoskins) e seu irmão Luigi (John Leguizamo). Transformar o lendário Koopa (Dennis Hopper), um vilão meio tartaruga, meio dinossauro, em um humano com traços de líder de gangue americana foi um dos piores momentos do filme, assim como distorcer o carismático Yoshi (pequeno dinossauro) em uma miniatura do T-Rex do Jurassic Park. Super Mario Bros é uma das produções mais desencontradas do cinema, baseada em um game clássico, mas não a última.
"Street Fighter", de 1994, se tornaria a mais nova bomba do cinema. O filme procura se apoiar nas qualidades da obra da produtora japonesa Capcom, mas no fim demonstra que seu diretor, roteirista e seus atores nunca, ao menos, viram o game em ação. Atuações extravagantes e amadoras, distorção de personagens e cenários bizarros fazem toda a estrutura desse desastre do mundo dos cinemas.Dois anos mais tarde, um novo filme baseado em games trouxe o gosto do sucesso para o cinema, e ele realmente fez seu papel em fidelidade, mas no fim não passou de mais uma produção mal tratada e sofrida. Foi assim que nasceu "Mortal Kombat" (1995), baseado no clássico de luta da Midway (empresa responsável pela franquia). Mortal Kombat é um filme de qualidade, mas que deixa seus fãs com a impressão de que algo mais poderia ser feito. Lutas bem ensaiadas e coreografadas, figurino impecável e atuações interessantes conseguiram estruturar de forma eficaz o longa, porém infelizmente alguns problemas nos cenários e distorções na adaptação do roteiro fizeram o filme perder seu brilho.Os anos foram se passando, e o cinema seguia absorvendo games e os transformava em longas que, quase sempre, não atingiam as expectativas dos mais diferenciados “gamers”, como, por exemplo, Mortal Kombat – Annihilation (1997), Wing Commander (1999), Tomb Raider (2001), Final Fantasy – The Movie (2001), entre outros.
Atualmente existem duas franquias de games em pauta, adaptadas para as telonas: a trilogia de Resident Evil e Silent Hill (2006). Estes longas buscam quebrar o estigma de filmes-bombas baseados em games, mas apenas um deles, no meu ponto de vista, conseguiu essa proeza; o filme Silent Hill, do game de sucesso da Konami (empresa japonesa responsável), de forma fiel e bem dirigida, com figurino e cenários impecáveis e atuações surpreendentes, conseguiu passar cada momento de suspense e medo que marcaram o jogo.Hoje, aguardamos adaptações de games como Hitman e Halo para o cinema, com um pouco de medo e muita esperança. Espero que os próximos longas tragam qualidade e consistência em suas obras, demonstrando que a intenção não é apenas ganhar dinheiro, transformando um grande game em uma fraca adaptação para o mundo cinematográfico.Que o cinema/game deixe de ser apenas um eterno drama e se transforme em pura ação.

(*) Mário Sérgio Morabito de Paula, 22 anos, nasceu e reside em Catanduva/SP. Fã de games desde os seis anos de idade, acompanha a evolução tecnológica do cyber mundo e já “finalizou” um leque gigantesco de games. Acompanha também artigos sobre o mesmo assunto, tanto em mídia impressa como em mídia eletrônica. Empresário, responsável pela gestão e administração do sistema "Superação Centro de Ensino", é formado em Comunicação Social com ênfase em design gráfico pelo Instituto Municipal de Ensino Superior (Imes), de Catanduva. Trabalhou dois anos como assistente de criação na agência Public, atuou em atendimento publicitário por mais dois anos na Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Catanduva e diretor de arte e fundador da Agência Experimental Éden de Comunicação. Hoje trabalha como criador na agência publicitária OdynComunicação, em Catanduva. Sempre participou de projetos relacionados a sites; um deles foi o CINEinCAT (site com informações sobre o mundo cinematográfico), que permaneceu online entre os anos de 2001 e 2002, em parceira com Felipe Brida, criador e mantenedor do blog Cinema na Web.

Um comentário:

Anônimo disse...

Carlos Eduardo disse...
Também sou fã de games e concordo plenamento com o artigo.
Infelizmente os filmes adaptados nunca atingem a capacidade máxima de uma produção considerada inteligente e interessante.
Também gostei bastante do filme Silent Hill e espero que os próximos, baseados em games, sejam pelo menos do mesmo nível de produção.
Abraços e parabéns pelo blog.