No cinema indiano contemporâneo há de tudo: dramas sentimentais, comédias românticas com números musicais, terror místico e fitas de ação ininterrupta, como é o caso deste longa de 2023 que passou nos cinemas no ano passado, com distribuição da Paris Filmes, e agora está no catálogo do Telecine, para assinantes. Teve até exibição em festivais, como Toronto, Tribeca e Sydney, e chegou a fazer barulho nas salas brasileiras – tem semelhança com ‘Trem bala’ (2022), movimentadíssima fita de ação com trem em movimento. Para quem gosta de filmaços de ação com perseguição e muita porradaria, este é um baita acerto. Em um trem, lotado de passageiros que viajam para a capital da Índia, Nova Délhi, dois jovens soldados lutam, sozinhos, contra uma horda de criminosos que não param de chegar. Eles lutam invadindo vagão por vagão, usam faca e armas improvisadas, e tentam salvar os inocentes ali presentes. Os criminosos estão ali por uma intenção, revelada lá na frente. Apesar de ser uma história só, na mesma batida, em um mesmo ambiente, que é o trem em viagem, ficamos atônitos na TV com essa trama mirabolante, violenta e cheia de truques. Os cortes ágeis e a edição fazem todo sentido para a proposta. Daqueles filmes que eletriza o público.
Camponeses
Jagna Paczesiówna (Kamila
Urzedowska), uma humilde
camponesa, forja seu destino ao se casar com um fazendeiro rico, Antek Boryna (Robert
Gulaczyk), abalando a tradição
da família e do vilarejo onde reside.
A dupla de cineastas poloneses DK
Welchman e Hugh Welchman, que revolucionou o mundo da animação com o
impressionante ‘Com amor, Van Gogh’ (2017 - indicado ao Oscar na categoria),
retorna após seis anos com a mesma técnica de pintura a mão, ‘quadro a quadro’,
nessa luxuosa coprodução Polônia/Sérvia/Lituânia. Inspirado no livro épico
ganhador do Nobel de Literatura em 1924 ‘Os camponeses’, de Wladyslaw Stanislaw
Reymont (1867-1925), o filme segue a trajetória de uma camponesa polaca no
final do século XIX que abandona tudo para se casar com um fazendeiro rico,
abalando a tradição local. Contra os pais e a própria comunidade, ela buscará
seu espaço no mundo, enfrentando preconceito e abandono. É uma animação de
época, para adultos, com roteiro sólido e narrativa bem lenta, que trata de
temas como patriarcado, tradição familiar e liberdade da mulher. Tem um
acabamento gráfico estonteante, com traços vivos e cores que saltam na tela, nos
moldes de ‘Com amor, Van Gogh’ - o longa foi filmado com atores e depois os
mais de 40 mil frames/quadros foram pintados à mão, por cima, por mais de 120
artistas plásticos. Pela técnica detalhista, o filme demorou seis anos para ser
concluído. Uma obra única, que entra no seio dos ritos familiares poloneses
para criar uma história intensa e marcante. Exibido nos festivais de Toronto,
Tallinn, Valladolid e BFI, concorreu ao Annie Awards, considerado o Oscar de
animação. Candidato da Polônia para uma vaga ao Oscar de 2024, ficou fora da
lista final – uma pena, pois o filme seria um forte concorrente. Disponível na
HBO Max e para aluguel na AppleTV, Youtube Filmes e Google Play.
Camponeses (Chlopi/ The peasants). Polônia/Sérvia/Lituânia,
2023, 114 minutos. Animação. Colorido. Dirigido por DK Welchman e Hugh Welchman.
Distribuição: Sony Pictures Classics



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