segunda-feira, 27 de outubro de 2025

Especial de cinema

 
49ª Mostra Internacional de Cinema de SP – Melhores filmes: Parte 6
 
A 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo segue até o dia 30/10 em 52 salas de cinema e espaços culturais da capital paulista. A programação conta esse ano com 373 títulos de 80 países. Há também programação gratuita da Mostra em três streamings – Itaú Cultural Play, Sesc Digital e SPcine Play. As vendas dos ingressos avulsos continuam pelo aplicativo do festival, disponível para download, bem como pelo site da Velox Tickets e nas bilheterias das salas parceiras. Mais informações sobre a Mostra de SP 2025 em https://mostra.org/ e no Instagram do Festival.
Leia abaixo mais dois bons títulos da Mostra, conferidos na última semana.
 

 
Frankenstein
(EUA/México, 2025, de Guillermo del Toro)
 
Brilhante adaptação para o cinema da clássica história de terror ‘Frankenstein’, em que o visionário cineasta Guillermo del Toro revisiona o livro de Mary Shelley. Agora, o monstro de Del Toro é humanizado, sem aquelas terríveis cicatrizes no rosto cheia de pus e sangue - nas versões anteriores, a criatura era uma anomalia da sociedade, um monstro arredio, violento e temido. Conta com alta carga dramática e um visual onírico de embasbacar, típicos do universo do cineasta, um artesão na forma, trazendo elementos cênicos não usuais e paisagens grandiosas e únicas. Na adaptação, o cientista Victor Frankenstein (Oscar Isaac), no anseio de se destacar no mundo da medicina com uma ideia inovadora, cria um ser grotesco reunindo membros e partes de corpos de gente assassinada na forca. A criação dele (interpretada por Jacob Elordi) foge do controle, atestando o seu fim. O filme é dividido em capítulos que reconstituem a versão dos fatos – a primeira, de Dr. Victor, sobre como fez a sua criação, e a segunda, a do monstro, algo original. O tempo real da trama se sucede num navio encalhado no gelo, com o cientista resgatado por marinheiros, até se aproximar a criatura que reivindica, de todo jeito, levar embora com ele o médico. Quando o monstro invade o navio, o passado é narrado a partir das duas versões. Os efeitos visuais são de uma plasticidade incrível – com destaque para as cenas no gelo e do experimento que ressuscita Frankenstein, e o trabalho do elenco é digno. O monstro criado por Del Toro é vítima da ambição humana, torna-se rejeitado, mas nunca perde o bom coração – até ser submetido a torturas e ao desprezo, que o tornam violento. Poético e crítico, é uma obra avassaladora, para ser assistido em uma sala grandona de cinema. Exibido no Festival de Veneza, tem sessão na Mostra ainda no dia 27/10. Entrou em algumas salas brasileiras no fim de semana como pré-estreia e devem permanecer até o dia 07/11, quando entrará ao catálogo da Netflix.
 

 
Bugonia
(EUA/Irlanda/Reino Unido/Canadá/Coreia do Sul, 2025, de Yorgos Lanthimos)
 
Filme voraz do cineasta grego Yorgos Lanthimos, feito um ano depois do anêmico ‘Tipos de gentileza’, seu filme menos prestigiado. Aqui ele põe tudo junto drama, comédia, scifi, ação e terror para criticar, ainda que de forma absurda e cômica, os teóricos da conspiração, as fake News no mundo digital e os terraplanistas (uma mensagem direta a Trump e os apoiadores). Um filme que reserva surpresas, cheio de pistas e muito imprevisível – por isso vou ter cuidado na escrita para não dar spoiler. Na trama, o funcionário de uma grande empresa farmacêutica chamado Teddy (Jesse Plemons) e seu primo Don (Aidan Delbis) sequestram a CEO do lugar onde ele trabalha, Michelle (Emma Stone), e a aprisionam em casa. Eles, que nas horas vagas são apicultores, acreditam que Michelle seja uma alienígena que se disfarçou na Terra para startar um plano de extermínio da humanidade. Segundo Teddy, leu isto em pesquisas em sites (claramente conspiratórios). O filme é desenvolvido inteiramente na casa de Teddy, num duelo de ideias entre ele e Michelle, que resultará em reviravoltas e mortes horrendas. É um embate explosivo entre os personagens, um acorrentado e outro destilando ideias malucas, que causam risos e estranhezas no público. O choque visual virá, pode crer, como nos filmes anteriores de Lanthimos, e se prepare para um esbanjamento de humor macabro. Repare nos detalhes das imagens que aparecem na divisão dos capítulos, que acompanha o passar das horas até o eclipse – é uma sacada do cineasta que reforça a crítica aos conspiradores. O roteiro brutal e inesperado é de Will Tracy, roteirista de ‘O menu’, uma adaptação, com novos ingredientes, de uma fita sul-coreana chamada ‘Save the green planet!’ (2003), de Jang Joon-hwan. Concorreu ao Leão de Ouro no Festival de Veneza, onde lá recebeu um prêmio especial. Um dos melhores filmes da Mostra deste ano, tem exibição ainda no dia 27/10. Estreia nos cinemas brasileiros pela Universal em 27/11.



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