Aprender a sonhar
Documentário brasileiro em
narrativa de manifesto acaba de entrar nas principais salas de cinema neste fim
de semana. Rodado na Bahia entre 2016 e 2022 pelo cineasta Vitor Rocha, o
reflexivo filme expõe um tema amplamente discutido nos últimos anos: a política
de cotas para pessoas pretas e indígenas em universidades públicas. A partir de
relatos de diferentes jovens, eles comentam as dificuldades para entrar na
universidade e principalmente se manter lá até a formação no ensino superior.
Desde a implantação da Lei de Cotas (Lei 12.711/2012), mais de um milhão de
brasileiros puderam ter formação universitária. Esta ação afirmativa traz impacto
incalculável em nossa sociedade. No filme, acompanhamos relatos sobre a luta persistente
e diária dos personagens, desde a dificuldade com trajetos e alimentação ao enfrentamento
de racismo e a exclusiva dedicação aos estudos – os personagens têm em comum a
ancestralidade, são quilombolas, indígenas e pessoas pretas que conseguiram se
formar em universidades federais em cursos como Medicina, Direito e Sociologia.
As histórias de vida são marcantes, com depoimentos contundentes. Um filme
didático, esclarecedor, muito indicado para educadores e professores. Produção
da Caranguejeira Filmes e distribuição pela Abará Filmes.
Muito além do lucro
Outro bom documentário
brasileiro está nos principais cinemas do país, o novo trabalho da cineasta
Mara Mourão, da comédia ‘Avassaladoras’ (2002) e dos docs ‘Doutores da Alegria –
O filme’ (2004) e ‘Quem se importa’ (2013). Reunindo 30 líderes do empresariado
mundial, economistas e pensadores, eles discutem um novo modelo de capitalismo,
que seja sustentável, justo e inclusivo. Os entrevistados comentam sobre práticas
já utilizadas em alguns países que diminuem o impacto ambiental e reduz as
desigualdades sociais, já que o capitalismo é o modelo econômico vigente entre
os mais de 190 países do mundo e necessita hoje de uma urgente revisão. Atualmente
muitas empresas e indústrias são forçadas a redefinir suas formas de produção para
reduzir danos e auxiliar na recuperação do planeta em quesitos como poluição e participação
social - lemas preconizados pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)
das Organizações das Nações Unidas (ONU). O filme traça uma linha do tempo, do
capitalismo ortodoxo ligado à economia neoclássica do fim do século XIX até os
novos sistemas de economias, como a economia verde. Dentre os entrevistados
estão o economista Eduardo Moreira, o Primeiro Ministro do Butão, Tshering
Tobgay, e Jéssica Silva, co-fundadora da plataforma BlackWin, que auxilia
mulheres negras no ramo de investimentos. O filme deu origem ao livro homônimo de
James Marins, autor de ‘A era do impacto’ e fundador do Instituto Legado. Esclarecedor
e bem narrado, o filme está nos cinemas pela Autoral Filmes.
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