domingo, 28 de setembro de 2025

Estreias da semana – Nos cinemas e no streaming - Parte 1

 
 
Bicho monstro
 
Bom filme brasileiro de festival, que demonstra a força do cinema independente feito em nosso país – e que bom que há cinemas que coloquem longas como este no circuito, mesmo que em poucas salas. Com direção assinada por Germano de Oliveira, em sua estreia como diretor após longa trajetória como montador cinematográfico, o longa foi rodado na encosta da Serra Gaúcha e no Vale dos Sinos, na região da chamada Rota Romântica, trazendo uma bela fotografia do Rio Grande do Sul. Outro ponto alto é o sublime tratamento do realismo fantástico na história contada em dois tempos, que envolve a lenda do Thiltapes, ser imaginário parecido com um pássaro alto, que povoa o folclore dos imigrantes alemães do sul do país. Em um vilarejo rural de descendentes alemães, uma garota assiste a uma peça teatral sobre o tal Thiltapes, que, segundo a tradição, mora na floresta e assusta quem cruza seu caminho. A trama se mistura à outra, ocorrida 200 anos antes, de uma botânica que visita a mesma região gaúcha para registrar achados sobre o tal bicho monstro – e lá, sozinha, essa mulher tenta se achar no mundo enfrentando antigos problemas que a atormentam. Um filme delicado, contemplativo, que exige atenção. Exibido na Mostra de Cinema de São Paulo de 2024, venceu o prêmio de direção de fotografia e direção de arte no Festival de Gramado – merecidos, pois a estética do filme é um primor de detalhes. No elenco, Kamilly Wagner, Décio Worst e participação da veterana atriz porto-alegrense Araci Esteves, então com 84 anos. Produção da Casa de Cinema de Porto Alegre e Vulcana Cinema, em coprodução com a Avante Filmes, com distribuição nos cinemas pela Boulevard Filmes em parceria com a Vitrine Filmes.
 

 
Paraíso em chamas
 
Fita de arte sueca (coprodução Itália, Dinamarca e Finlândia) sobre um tema que poderia ter caído na mesmice, mas é feito com paixão e audácia, escrito e dirigido por uma cineasta da Suécia, Mika Gustafson, em seu segundo filme, sendo o primeiro da linha de ficção (o anterior foi um documentário). A partir de um argumento pessoal da cineasta, ela conta a trajetória de três irmãs que perderam a mãe e vivem juntas em um bairro operário na Suécia. Entre crises e afetos, elas têm de lidar com a ausência materna, o amadurecimento precoce e as responsabilidades da vida adulta – uma irmã é a mais velha, de 16 anos, a do meio é uma adolescente de 12 e a mais nova é uma criança de sete anos. Elas estão a um passo de ser separadas em lares diferentes pelo conselho tutelar. É verão, as irmãs brincam entre elas e entre amigas, com total liberdade, enquanto a mais velha tenta contratar uma mulher para ser a mãe temporária, para despistar o serviço social. As atrizes que interpretam o trio de central, Bianca Delbravo, Dilvin Asaad e Safira Mossberg, são estreantes e entregam o melhor de si, enquanto o roteiro comove e a fotografia em locações é um brilho - com destaque para as bonitas cenas dentro da casa das irmãs e quando elas brincam nos gramados verdes. O filme é uma amostra do novo cinema social da Suécia, com traços de fita ‘coming-of-age’, portanto misturando momentos cômicos com dramáticos. Um retrato fiel do amadurecer de muitas crianças e adolescentes que não tem pais e assim enfrentam desafios a mais da idade. Exibido no Festival de Toronto – TIFF, e no BFI Londres, foi o vencedor do prêmio de melhor direção na mostra Orizzonti do Festival de Veneza e escolhido como o representante oficial da Suécia para o Oscar 2024, ficando fora da lista. Nos cinemas pela Pandora Filmes.
 
 
Missão Pet
 
Diversão garantida para a criançada, ‘Missão Pet’ (2025) é mais uma animação com animais falantes em aventuras estrambólicas. Nos últimos anos houve uma maré de filmes assim, como ‘Zootopia: Essa cidade é um bicho’ – que em novembro ganhará nova continuação, e ‘Os caras malvados’ – que teve a parte 2 lançada recentemente nos cinemas. Se fazem filmes assim é porque tem público. ‘Missão Pet’ acaba de estrear nas principais salas do país pela Paris Filmes, uma coprodução França/EUA dirigida pela dupla Benoît Daffis e Jean-Christian Tassy. Sem novidade nem mesmo marcante, é puro entretenimento de cinema, uma aventura de um grupo de animais de estimação, como um cãozinho e uma gata, em um trem em alta velocidade; eles se aliam a um esperto guaxinim especializado em escaladas para capturar um texugo malvado que tem planos maquiavélicos e está no controle do veículo desgovernado. O tempo é curto para que eles salvem os passageiros. Humor, ação, aventura para uma sessão infantil descompromissada, que irá empolgar as crianças.



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