Bicho monstro
Bom filme brasileiro de
festival, que demonstra a força do cinema independente feito em nosso país – e que
bom que há cinemas que coloquem longas como este no circuito, mesmo que em
poucas salas. Com direção assinada por Germano de Oliveira, em sua estreia como
diretor após longa trajetória como montador cinematográfico, o longa foi rodado
na encosta da Serra Gaúcha e no Vale dos Sinos, na região da chamada Rota
Romântica, trazendo uma bela fotografia do Rio Grande do Sul. Outro ponto alto
é o sublime tratamento do realismo fantástico na história contada em dois
tempos, que envolve a lenda do Thiltapes, ser imaginário parecido com um
pássaro alto, que povoa o folclore dos imigrantes alemães do sul do país. Em um
vilarejo rural de descendentes alemães, uma garota assiste a uma peça teatral
sobre o tal Thiltapes, que, segundo a tradição, mora na floresta e assusta quem
cruza seu caminho. A trama se mistura à outra, ocorrida 200 anos antes, de uma
botânica que visita a mesma região gaúcha para registrar achados sobre o tal
bicho monstro – e lá, sozinha, essa mulher tenta se achar no mundo enfrentando
antigos problemas que a atormentam. Um filme delicado, contemplativo, que exige
atenção. Exibido na Mostra de Cinema de São Paulo de 2024, venceu o prêmio de
direção de fotografia e direção de arte no Festival de Gramado – merecidos, pois
a estética do filme é um primor de detalhes. No elenco, Kamilly Wagner, Décio
Worst e participação da veterana atriz porto-alegrense Araci Esteves, então com
84 anos. Produção da Casa de Cinema de Porto Alegre e Vulcana Cinema, em
coprodução com a Avante Filmes, com distribuição nos cinemas pela Boulevard
Filmes em parceria com a Vitrine Filmes.
Paraíso em chamas
Fita de arte sueca (coprodução
Itália, Dinamarca e Finlândia) sobre um tema que poderia ter caído na mesmice,
mas é feito com paixão e audácia, escrito e dirigido por uma cineasta da Suécia,
Mika Gustafson, em seu segundo filme, sendo o primeiro da linha de ficção (o
anterior foi um documentário). A partir de um argumento pessoal da cineasta,
ela conta a trajetória de três irmãs que perderam a mãe e vivem juntas em um
bairro operário na Suécia. Entre crises e afetos, elas têm de lidar com a ausência
materna, o amadurecimento precoce e as responsabilidades da vida adulta – uma
irmã é a mais velha, de 16 anos, a do meio é uma adolescente de 12 e a mais
nova é uma criança de sete anos. Elas estão a um passo de ser separadas em
lares diferentes pelo conselho tutelar. É verão, as irmãs brincam entre elas e entre
amigas, com total liberdade, enquanto a mais velha tenta contratar uma mulher
para ser a mãe temporária, para despistar o serviço social. As atrizes que
interpretam o trio de central, Bianca Delbravo, Dilvin Asaad e Safira Mossberg,
são estreantes e entregam o melhor de si, enquanto o roteiro comove e a
fotografia em locações é um brilho - com destaque para as bonitas cenas dentro
da casa das irmãs e quando elas brincam nos gramados verdes. O filme é uma amostra
do novo cinema social da Suécia, com traços de fita ‘coming-of-age’, portanto
misturando momentos cômicos com dramáticos. Um retrato fiel do amadurecer de muitas
crianças e adolescentes que não tem pais e assim enfrentam desafios a mais da
idade. Exibido no Festival de Toronto – TIFF, e no BFI Londres, foi o vencedor
do prêmio de melhor direção na mostra Orizzonti do Festival de Veneza e
escolhido como o representante oficial da Suécia para o Oscar 2024, ficando
fora da lista. Nos cinemas pela Pandora Filmes.
Missão Pet
Diversão garantida para
a criançada, ‘Missão Pet’ (2025) é mais uma animação com animais falantes em
aventuras estrambólicas. Nos últimos anos houve uma maré de filmes assim, como
‘Zootopia: Essa cidade é um bicho’ – que em novembro ganhará nova continuação,
e ‘Os caras malvados’ – que teve a parte 2 lançada recentemente nos cinemas. Se
fazem filmes assim é porque tem público. ‘Missão Pet’ acaba de estrear nas
principais salas do país pela Paris Filmes, uma coprodução França/EUA dirigida pela
dupla Benoît Daffis e Jean-Christian Tassy. Sem novidade nem mesmo marcante, é
puro entretenimento de cinema, uma aventura de um grupo de animais de estimação,
como um cãozinho e uma gata, em um trem em alta velocidade; eles se aliam a um
esperto guaxinim especializado em escaladas para capturar um texugo malvado que
tem planos maquiavélicos e está no controle do veículo desgovernado. O tempo é
curto para que eles salvem os passageiros. Humor, ação, aventura para uma
sessão infantil descompromissada, que irá empolgar as crianças.
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