O homem mais feliz do
mundo
Exibido na seção Horizons
do Festival de Veneza em 2022, o filme bósnio da premiada diretora Teona
Strugar Mitevska acaba de entrar nos cinemas, com distribuição da Pandora
Filmes. Escrito e dirigido por Teona, a formidável comédia dramática de ar cult
acompanha o encontro inesperado de dois indivíduos que se conhecem num retiro
para solteiros em Sarajevo. O local é um ponto para pessoas solitárias
conhecerem um parceiro para namoro. Isolados num salão de festas, eles se
aproximam e contam sobre o passado e suas individualidades. Ela é Asja (Jelena
Kordic Kuret), de 40 anos, uma mulher com problemas antigos não resolvidos, e
ele, Zoran (Adnan Omerovic), um banqueiro de 43 anos, ex-atirador durante a Guerra
da Bósnia nos anos 90. Tudo se desenrola no velho salão, com muitas cenas de
diálogos entre os dois personagens sentados um de frente com o outro numa mesa –
e daí sabemos quem são eles, suas dificuldades, dilemas, gostos. Entre as
questões tocadas no filme, perdão e reconciliação – trazidos para a tela com
dor e também com momentos de leveza, com dança e música. Assista sabendo que é
uma fita puramente de arte, com cara de festival de cinema, ou seja, para
público específico familiarizados com narrativas assim. É uma produção da Macedônia
do Norte e da Bósnia e Herzegovina, coproduzida com outros países, como Bélgica,
Eslovênia e Croácia. Foi escolhido para representar a Macedônia do Norte no
Oscar 2023, mas não entrou na lista da Academia. O filme anterior da diretora é
grandioso, ‘Deus é mulher e seu nome é Petúnia’ (2019), premiado em Berlim, e este
ano ela apresenta no Festival do Rio seu novo trabalho, ‘Madre’ (2025), uma revisão
da biografia de Madre Teresa de Calcutá, com a sueca Noomi Rapace no
papel-título.
GOAT
Jordan Peele assina como
produtor este novo filme de terror alegórico, que está em exibição em alguns cinemas
brasileiros. O título original, ‘Him’, caberia melhor no Brasil do que GOAT, já
que pouquíssimos sabem o significado – é uma sigla para ‘Greatest of All Time’,
utilizado para campeões esportivos, ou seja, ‘o melhor de todos os tempos’. No filme,
um atleta promissor de futebol americano chamado Cam (Tyriq Withers) entra para
um programa de treinamento que fica numa região remota, longe de qualquer
contato humano. Quem coordena o lugar é um antigo campeão da modalidade, Isaiah
(Marlon Wayans), que conduz com ferro e fogo seus aprendizes. Lá Cam será testado
até o limite com atividades físicas exaustivas e estranhos medicamentos. Seu corpo
passa então a ser transformado. Meio na linha de body horror, com cenas sangrentas
e violentas – a mais insana e cruel deixada para o desfecho, carrega uma
atmosfera de filmes de seitas macabras com alienação, tipo ‘Midsommar’, com um
elenco de pessoas pretas – é o chamado ‘horror negro’ de Jordan Peele, que
convidou para esta direção um jovem de nome Justin Tipping. A crítica do filme
envolve o treinamento desgastante de atletas para se tornarem o melhor do mundo,
muitos deles conduzidos por coachers esportivos que vem tomando conta do mercado.
E também fala do fanatismo esportivo, pelas lentes do horror grotesco. Os recursos
visuais são um destaque a parte da produção, com imagens em raio-X e em
negativo, outras em câmera lenta. Tipo de filme que me atrai muito – gostei e recomendo. Nos cinemas pela Universal Pictures.
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