sábado, 25 de outubro de 2025

Especial de cinema

 
49ª Mostra Internacional de Cinema de SP – Melhores filmes: Parte 4
 
A 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo segue até o dia 30/10 em 52 salas de cinema e espaços culturais da capital paulista. A programação conta esse ano com 373 títulos de 80 países. Há também programação gratuita da Mostra em três streamings parceiros – Itáu Cultural Play, Sesc Digital e SPcine Play.
As vendas dos ingressos avulsos continuam pelo aplicativo do festival, disponível para download, bem como pelo site da Velox Tickets e nas bilheterias das salas parceiras. Mais informações sobre a Mostra de SP 2025 em https://mostra.org/ e no Instagram do Festival. Confira abaixo mais quatro bons títulos da Mostra, conferidos na última semana.



 
 
A memória do cheiro das coisas
(Portugal/Brasil, 2025, de António Ferreira)
 
Nome de destaque do atual cinema português, António Ferreira, de ‘Pedro e Inês’ (2018) e ‘A bela América’ (2023), exibe na Mostra deste ano seu novo trabalho, um drama melancólico sobre a velhice. Em um lar de idosos reside um octogenário chamado Arménio (papel do veterano ator José Martins), ex-combatente da Guerra do Ultramar (a Guerra Colonial Portuguesa). Grosseiro, de opiniões fortes e cada vez mais recluso, ele enfrenta uma doença pulmonar, restringindo-se a qualquer contato humano. Até conhecer uma cuidadora, Herminia (Mina Andala), com quem se afeiçoa. No seio da nova amizade, o idoso encontrará apoio nos últimos dias que lhe restam. Um filme de aspecto teatral, que se passa em um único ambiente (o lar dos idosos com seus espaços, como o quarto de Arménio, a sala de fisioterapia, o refeitório), com um personagem só, aprisionado e solitário em suas divagações e lembranças, confrontado com o passado. Os dias passam lentos, e o idoso espera pelo fim. Coproduzido pela brasileira Muiraquitã Filmes, o filme continua disponível na plataforma Spcine Play até dia 30/10 (as sessões presenciais na Mostra já acabaram). Terá estreia nos cinemas em 30/10, com distribuição da Bretz Filmes.
 

 
A incrível Eleanor
(EUA, 2025, de Scarlett Johansson)
 
Outro filme sobre a velhice, este mais bem humorado do que ‘A memória do cheiro das coisas’. O roteiro previsível fica em segundo plano, pois o filme é a pura interpretação deliciosa de June Squibb, com seu talento e tiradas engraçadas. É um feito raro, uma atriz de 94 anos, lúcida, na ativa, esbanjando simpatia – sempre em papeis secundários, ela foi indicada ao Oscar de atriz coadjuvante por ‘Nebraska’, em 2014, e só ganhou seu primeiro papel principal ano passado com ‘Thelma’, sendo ‘A incrível Eleanor’ o segundo de uma vida inteira. Ela interpreta Eleanor, uma idosa de 94 anos – mesma idade da atriz na época, que se desmorona ao perder a única amiga, com quem morava junto. Muda-se então da Flórida para Nova York, para o apartamento da filha e do neto. Um dia resolve participar de um grupo de apoio a sobreviventes do Holocausto – Eleanor é judia, mas nunca esteve nos campos de concentração. Na roda de conversa, compartilha uma triste história real, como se fosse a dela, mas na verdade é o que aconteceu com sua melhor amiga, Bessie (Rita Zohar), falecida meses atrás. Aquele caso triste do Holocausto chama a atenção de uma jovem estudante de jornalismo, Nina (Erin Kellyman), que combina com Eleanor de contar sua trajetória numa pesquisa da faculdade. Squibb é um barato com suas respostas rápidas e cômicas, com os olhares e as pequenas caretas de reprovação. A comédia não diminui nem banaliza o Holocausto – pelo contrário, as cenas em que se menciona o extermínio dos judeus, nunca com imagens, alimenta o filme com tons dramáticos, de rasgar o coração, principalmente nas cenas de diálogo entre Bessie e Eleanor. Por isso o filme pode ser considerado uma autêntica comédia dramática. Destaca-se também no elenco Jessica Hecht, como a filha de Eleanor, Stephen Singer, como o rabino, e o indicado ao Oscar Chiwetel Ejiofor, como um apresentador de TV. Exibido no Festival de Cannes onde concorreu ao Golden Camera e ao ‘Um certo olhar’, marca a estreia na direção da atriz Scarlett Johansson. Com distribuição da Sony Pictures, que deverá lançá-lo em breve nos cinemas, conta com sessões na Mostra ainda nos dias 25 e 28/10.
 

 
O mundo do amor
(Coreia do Sul, 2025, de Yoon Ga-eun)
 
Drama sul-coreano exibido nos Festivais de Toronto e de Londres sobre uma estudante do Ensino Médio com comportamento de extremos – ora alegre e extrovertida, ora explosiva, que sofre um revés ao receber cartas anônimas na escola, que revelam segredos guardados por ela a sete chaves. As mensagens, curtas, dizem respeito a ela e à família. Seu mundo é abalado, e tenta descobrir quem está por trás dos bilhetes. Sem contar com a ajuda da mãe, ela se vê perdida e ameaçada. No início parece ser comédia, com certa leveza, mas nada disso – é um drama intenso, de uma personagem que vai se despedaçando dia a dia com a atitude dos outros, cercada por um mistério do passado. O elenco é bom, de nomes desconhecidos, assim como a direção, de uma cineasta que sabe conduzir histórias e prender o público, a diretora e roteirista Yoon Ga-eun, de ‘O nosso mundo’ (2016). Nem só dos populares Doramas vive a Coreia do Sul – o país produz drama intensos, como este aqui, além de terror sobrenatural e também o cinemão de ação. Sessões na Mostra nos dias 25, 26, 27 e 28/10.
 

 
Novembro
(Colômbia/México/Brasil/Noruega, 2025, de Tomás Corredor)
 
A reconstituição de um episódio infame da História da Colômbia é o tema desse bom filme independente: o cerco ao Palácio da Justiça de Bogotá por guerrilheiros do Movimento 19 de Abril (M-19), ocorrido em novembro de 1985, e o contra-ataque militar que matou quase uma centena de pessoas. Misturando reportagens televisivas de época e dramatização, o filme, um drama sufocante com thriller, acompanha o início e o fim da ação, que duraram 27 horas; presos em um banheiro estão membros do M-19, juízes e civis. Do lado de fora, forças militares jogam bombas, gás lacrimogêneo e atiram para todos os lados, prevalecendo o caos. Os guerrilheiros invadiram a Suprema Corte para forçar um julgamento do presidente Belisario Betancur, que, segundo acreditam, falhou nos acordos de paz com as Farc. Obra tensa e desafiadora, com final trágico - que sabemos como irá terminar. Discute a repressão militar e como uma nação foi lançada ao precipício ao falhar nas negociações de paz com as Farc e no combate ao narcotráfico. Exibido no Festival de Toronto e premiado no Festival de Havana, é o primeiro longa do diretor colombiano Tomás Corredor. Coprodução entre Vulcana Filmes e a Burning, tem sessão na Mostra nos dias 27 e 29/10 e estreia nos cinemas brasileiros no dia 30/10.


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