terça-feira, 7 de outubro de 2025

Especial de cinema

 
Mostra de Cinema de SP anuncia programação 2025
 
A 49ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo será realizada na capital paulista entre os dias 16 e 30 de outubro. Na edição de 2025 serão exibidos 373 títulos de 80 países em 52 salas de cinema, espaços culturais e CEUs de São Paulo. Haverá ainda programação gratuita da Mostra em streamings parceiros.
A abertura do evento será no dia 15/10, na Sala São Paulo, para convidados. Lá haverá a exibição do curta-metragem ‘Como fotografar um fantasma’, do diretor e roteirista ganhador do Oscar Charlie Kaufman, que estará no evento – o cineasta ministrará, na Mostra, uma masterclass. Em seguida será exibido o longa ‘Sirât’, de Oliver Laxe, vencedor do prêmio do júri do Festival de Cannes – duas atrizes do filme, Stefania Gadda e Jade Oukid, estarão na sessão. Na cerimônia, a cineasta martinicana Euzhan Palcy receberá, em mãos, o Prêmio Humanidade – e uma retrospectiva de sua obra será realizada ao longo da Mostra. O quadrinista Mauricio de Sousa subirá também ao palco para receber o Prêmio Leon Cakoff – na Mostra será exibido o longa ‘Mauricio de Sousa, o filme’, uma biografia dele.
O cineasta iraniano Jafar Panahi virá a São Paulo para apresentar o seu filme mais recente, ‘Foi apenas um acidente’, vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes deste ano. Ele também receberá o Prêmio Humanidade e fará uma conversa com o público. A diretora e atriz Rebecca Miller também virá para a Mostra onde fará uma masterclass, além de exibir o seu primeiro longa, ‘Angela: Nas asas da imaginação’ (1995).
O longa ‘Jay Kelly’, produção da Netflix do diretor Noah Baumbach, será o filme de encerramento da 49ª Mostra, que será exibido após a cerimônia de premiação da edição, em 30/10.
As vendas de permanentes e dos pacotes terão início a partir das 9h do dia 11/10, pelo aplicativo do festival, disponível para download no dia 10, e também pelo site da Velox Tickets.
 


Filmes de destaque
 
Novos trabalhos de diretores premiados e mundialmente conhecidos estarão na Mostra, como Guillerme Del Toro, Hafsia Herzi, Cristiano Burlan, Kirill Serebrennikov, Kleber Mendonça Filho, Scarlett Johansson, Joachim Lafosse, Radu Jude, Yorgos Lanthimos, Michel Gondry, Richard Linklater, Irmãos Dardenne, Park Chan-wook e Jim Jarmusch. Alguns títulos de destaque para esta edição são ‘A história do som’, ‘Pai, mãe, irmã, irmão’, ‘O beijo da mulher aranha’, ‘Eleanor the great’, ‘Bugonia’, ‘Blue moon’, ‘Nouvelle Vague’, ‘Frankenstein’, ‘O agente secreto’, ‘The choral’, ‘Jovens mães’, ‘Mirrors n. 3’, ‘Sem outra chance’, ‘Urchin’, ‘O dia de Peter Hujar’, ‘Springsteen: Salve-me do desconhecido’, ‘Seis dias naquela primavera’, ‘Paul’, ‘O filho de mil homens’, ‘O homem de ouro’, ‘Nosferatu’, ‘O desaparecimento de Josef Mengele’, ‘Maya, me dê um título’, ‘Dracula’, ‘Kontinental 25’, ‘Enzo’, ‘Diário do diretor’, ‘De volta para casa’, ‘De lugar nenhum’, ‘California schemin’, ‘Ato noturno’, ‘Ruas da Glória’, ‘Almas mortas’, ‘Ainda é noite em Caracas’, ‘Abaixo das nuvens’ e ‘Ange’.
 



Mostrinha
 
Haverá este ano a 2ª Mostrinha, programação dedicada a filmes infantis que objetiva aproximar as crianças do cinema para a formação de público. Serão exibidos 14 longas e sete curtas entre os dias 17 e 30 de outubro, com sessões gratuitas e pagas. A produção brasileira inédita ‘O diário de Pilar na Amazônia’, de Eduardo Vaisman e Rodrigo Van Der Put, abrirá a seção voltada ao público infantojuvenil, com exibição especial na Sala São Paulo em 16 de outubro. Entre os longas internacionais estão o francês ‘Maya, Me dê um título’, que o cineasta Michel Gondry fez para a filha, ‘Olá Frida!’, de André Kadi e Karine Vezini, obra franco-canadense sobre a infância de Frida Kahlo, e ‘O segredo do canto dos pássaros’, de Antoine Lanciaux, filme franco-belga que acompanha as aventuras de uma menina de nove anos em Bectoile.
Mais informações sobre a Mostra de SP 2025 em https://mostra.org/



 

sábado, 4 de outubro de 2025

Estreias da semana – Nos cinemas - Parte 1

 
Aprender a sonhar
 
Documentário brasileiro em narrativa de manifesto acaba de entrar nas principais salas de cinema neste fim de semana. Rodado na Bahia entre 2016 e 2022 pelo cineasta Vitor Rocha, o reflexivo filme expõe um tema amplamente discutido nos últimos anos: a política de cotas para pessoas pretas e indígenas em universidades públicas. A partir de relatos de diferentes jovens, eles comentam as dificuldades para entrar na universidade e principalmente se manter lá até a formação no ensino superior. Desde a implantação da Lei de Cotas (Lei 12.711/2012), mais de um milhão de brasileiros puderam ter formação universitária. Esta ação afirmativa traz impacto incalculável em nossa sociedade. No filme, acompanhamos relatos sobre a luta persistente e diária dos personagens, desde a dificuldade com trajetos e alimentação ao enfrentamento de racismo e a exclusiva dedicação aos estudos – os personagens têm em comum a ancestralidade, são quilombolas, indígenas e pessoas pretas que conseguiram se formar em universidades federais em cursos como Medicina, Direito e Sociologia. As histórias de vida são marcantes, com depoimentos contundentes. Um filme didático, esclarecedor, muito indicado para educadores e professores. Produção da Caranguejeira Filmes e distribuição pela Abará Filmes.
 

 
Muito além do lucro
 
Outro bom documentário brasileiro está nos principais cinemas do país, o novo trabalho da cineasta Mara Mourão, da comédia ‘Avassaladoras’ (2002) e dos docs ‘Doutores da Alegria – O filme’ (2004) e ‘Quem se importa’ (2013). Reunindo 30 líderes do empresariado mundial, economistas e pensadores, eles discutem um novo modelo de capitalismo, que seja sustentável, justo e inclusivo. Os entrevistados comentam sobre práticas já utilizadas em alguns países que diminuem o impacto ambiental e reduz as desigualdades sociais, já que o capitalismo é o modelo econômico vigente entre os mais de 190 países do mundo e necessita hoje de uma urgente revisão. Atualmente muitas empresas e indústrias são forçadas a redefinir suas formas de produção para reduzir danos e auxiliar na recuperação do planeta em quesitos como poluição e participação social - lemas preconizados pelos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Organizações das Nações Unidas (ONU). O filme traça uma linha do tempo, do capitalismo ortodoxo ligado à economia neoclássica do fim do século XIX até os novos sistemas de economias, como a economia verde. Dentre os entrevistados estão o economista Eduardo Moreira, o Primeiro Ministro do Butão, Tshering Tobgay, e Jéssica Silva, co-fundadora da plataforma BlackWin, que auxilia mulheres negras no ramo de investimentos. O filme deu origem ao livro homônimo de James Marins, autor de ‘A era do impacto’ e fundador do Instituto Legado. Esclarecedor e bem narrado, o filme está nos cinemas pela Autoral Filmes.

sexta-feira, 3 de outubro de 2025

Dica de filmes - Nos cinemas e no streaming

 
 
Animais perigosos
 
Um serial killer ataca jovens no cais: ele aprisiona as vítimas em seu barco, leva-as até o meio do mar e lá faz um jogo insano de vida e morte com tubarões.
 
Nos cinemas brasileiros um bom filme de psicopata com cenas impactantes e uma trama de roer as unhas. Um rapaz fortão, que trabalha no cais levando para o alto-mar turistas que querem ver de perto tubarões, guarda um segredo – ele é um serial killer obcecado por tais animais marinhos (papel de Jai Courtney, de ‘Divergente’, que com este papel assustador entra na galeria dos assassinos insanos do cinema). Na verdade, quem sobre em seu barco não volta; as vítimas são aprisionadas num compartimento para servir a sua prática de sadismo – ele as filma com uma antiga câmera VHS, penduradas por cordas no mar enquanto os tubarões as comem. Uma garota aventureira (Hassie Harrison, da série ‘Yellowstone’), está na região para o surfe e se encontra com o psicopata – ele a sequestra na calada da noite e a coloca junto de outra jovem no compartimento de seu barco, à espera do melhor momento da filmagem... Tudo se passa em alto-mar, ou seja, um filme de um único ambiente, que provoca no público essa sensação de loucura e aprisionamento – as personagens femininas ficam trancafiadas num compartimento no andar debaixo do barco, sem comunicação, no meio do oceano. Há cenas violentas dos ataques dos tubarões, sustos e perseguição; a trama lembra um filme antigo de psicopata que gosto muito, ‘Terror a bordo’ (1989), com Nicole Kidman, que também se passa em um barco vagando no mar. Nos cinemas pela Diamond Films.
 
Animais perigosos (Dangerous animals). EUA/Canadá/Austrália, 2025, 98 minutos. Ação/Terror. Colorido. Dirigido por Sean Byrne. Distribuição: Diamond Films
 


 
Kill - O massacre no trem
 
Dois soldados encaram o maior desafio de suas vidas em uma viagem de trem a Nova Delhi: salvar os passageiros de um grupo de perigosos bandidos.
No cinema indiano contemporâneo há de tudo: dramas sentimentais, comédias românticas com números musicais, terror místico e fitas de ação ininterrupta, como é o caso deste longa de 2023 que passou nos cinemas no ano passado, com distribuição da Paris Filmes, e agora está no catálogo do Telecine, para assinantes. Teve até exibição em festivais, como Toronto, Tribeca e Sydney, e chegou a fazer barulho nas salas brasileiras – tem semelhança com ‘Trem bala’ (2022), movimentadíssima fita de ação com trem em movimento. Para quem gosta de filmaços de ação com perseguição e muita porradaria, este é um baita acerto. Em um trem, lotado de passageiros que viajam para a capital da Índia, Nova Délhi, dois jovens soldados lutam, sozinhos, contra uma horda de criminosos que não param de chegar. Eles lutam invadindo vagão por vagão, usam faca e armas improvisadas, e tentam salvar os inocentes ali presentes. Os criminosos estão ali por uma intenção, revelada lá na frente. Apesar de ser uma história só, na mesma batida, em um mesmo ambiente, que é o trem em viagem, ficamos atônitos na TV com essa trama mirabolante, violenta e cheia de truques. Os cortes ágeis e a edição fazem todo sentido para a proposta. Daqueles filmes que eletriza o público.
 
Kill – O massacre do trem (Kill). Índia, 2023, 105 minutos. Ação. Colorido. Dirigido por Nikhil Nagesh Bhat. Distribuição: Paris Filmes


Camponeses
 
Jagna Paczesiówna (Kamila Urzedowska), uma humilde camponesa, forja seu destino ao se casar com um fazendeiro rico, Antek Boryna (Robert Gulaczyk), abalando a tradição da família e do vilarejo onde reside.
 
A dupla de cineastas poloneses DK Welchman e Hugh Welchman, que revolucionou o mundo da animação com o impressionante ‘Com amor, Van Gogh’ (2017 - indicado ao Oscar na categoria), retorna após seis anos com a mesma técnica de pintura a mão, ‘quadro a quadro’, nessa luxuosa coprodução Polônia/Sérvia/Lituânia. Inspirado no livro épico ganhador do Nobel de Literatura em 1924 ‘Os camponeses’, de Wladyslaw Stanislaw Reymont (1867-1925), o filme segue a trajetória de uma camponesa polaca no final do século XIX que abandona tudo para se casar com um fazendeiro rico, abalando a tradição local. Contra os pais e a própria comunidade, ela buscará seu espaço no mundo, enfrentando preconceito e abandono. É uma animação de época, para adultos, com roteiro sólido e narrativa bem lenta, que trata de temas como patriarcado, tradição familiar e liberdade da mulher. Tem um acabamento gráfico estonteante, com traços vivos e cores que saltam na tela, nos moldes de ‘Com amor, Van Gogh’ - o longa foi filmado com atores e depois os mais de 40 mil frames/quadros foram pintados à mão, por cima, por mais de 120 artistas plásticos. Pela técnica detalhista, o filme demorou seis anos para ser concluído. Uma obra única, que entra no seio dos ritos familiares poloneses para criar uma história intensa e marcante. Exibido nos festivais de Toronto, Tallinn, Valladolid e BFI, concorreu ao Annie Awards, considerado o Oscar de animação. Candidato da Polônia para uma vaga ao Oscar de 2024, ficou fora da lista final – uma pena, pois o filme seria um forte concorrente. Disponível na HBO Max e para aluguel na AppleTV, Youtube Filmes e Google Play.
 
Camponeses (Chlopi/ The peasants). Polônia/Sérvia/Lituânia, 2023, 114 minutos. Animação. Colorido. Dirigido por DK Welchman e Hugh Welchman. Distribuição: Sony Pictures Classics

Especial de cinema

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