Animais perigosos
Um serial killer ataca
jovens no cais: ele aprisiona as vítimas em seu barco, leva-as até o meio do mar
e lá faz um jogo insano de vida e morte com tubarões.
Nos cinemas brasileiros
um bom filme de psicopata com cenas impactantes e uma trama de roer as unhas. Um
rapaz fortão, que trabalha no cais levando para o alto-mar turistas que querem
ver de perto tubarões, guarda um segredo – ele é um serial killer obcecado por
tais animais marinhos (papel de Jai Courtney, de ‘Divergente’, que com este papel
assustador entra na galeria dos assassinos insanos do cinema). Na verdade, quem
sobre em seu barco não volta; as vítimas são aprisionadas num compartimento
para servir a sua prática de sadismo – ele as filma com uma antiga câmera VHS,
penduradas por cordas no mar enquanto os tubarões as comem. Uma garota
aventureira (Hassie Harrison, da série ‘Yellowstone’), está na região para o
surfe e se encontra com o psicopata – ele a sequestra na calada da noite e a
coloca junto de outra jovem no compartimento de seu barco, à espera do melhor
momento da filmagem... Tudo se passa em alto-mar, ou seja, um filme de um único
ambiente, que provoca no público essa sensação de loucura e aprisionamento – as
personagens femininas ficam trancafiadas num compartimento no andar debaixo do
barco, sem comunicação, no meio do oceano. Há cenas violentas dos ataques dos
tubarões, sustos e perseguição; a trama lembra um filme antigo de psicopata que
gosto muito, ‘Terror a bordo’ (1989), com Nicole Kidman, que também se passa em
um barco vagando no mar. Nos cinemas pela Diamond Films.
Animais perigosos (Dangerous animals). EUA/Canadá/Austrália,
2025, 98 minutos. Ação/Terror. Colorido. Dirigido por Sean Byrne. Distribuição:
Diamond Films
Kill - O massacre no trem
Dois soldados encaram o
maior desafio de suas vidas em uma viagem de trem a Nova Delhi: salvar os
passageiros de um grupo de perigosos bandidos.
No cinema indiano
contemporâneo há de tudo: dramas sentimentais, comédias românticas com números
musicais, terror místico e fitas de ação ininterrupta, como é o caso deste
longa de 2023 que passou nos cinemas no ano passado, com distribuição da Paris
Filmes, e agora está no catálogo do Telecine, para assinantes. Teve até
exibição em festivais, como Toronto, Tribeca e Sydney, e chegou a fazer barulho
nas salas brasileiras – tem semelhança com ‘Trem bala’ (2022), movimentadíssima
fita de ação com trem em movimento. Para quem gosta de filmaços de ação com
perseguição e muita porradaria, este é um baita acerto. Em um trem, lotado de
passageiros que viajam para a capital da Índia, Nova Délhi, dois jovens
soldados lutam, sozinhos, contra uma horda de criminosos que não param de
chegar. Eles lutam invadindo vagão por vagão, usam faca e armas improvisadas, e
tentam salvar os inocentes ali presentes. Os criminosos estão ali por uma
intenção, revelada lá na frente. Apesar de ser uma história só, na mesma batida,
em um mesmo ambiente, que é o trem em viagem, ficamos atônitos na TV com essa trama
mirabolante, violenta e cheia de truques. Os cortes ágeis e a edição fazem todo
sentido para a proposta. Daqueles filmes que eletriza o público.
Kill – O massacre do
trem (Kill). Índia,
2023, 105 minutos. Ação. Colorido. Dirigido por Nikhil Nagesh Bhat.
Distribuição: Paris Filmes
Camponeses
Jagna Paczesiówna (Kamila
Urzedowska), uma humilde
camponesa, forja seu destino ao se casar com um fazendeiro rico, Antek Boryna (Robert
Gulaczyk), abalando a tradição
da família e do vilarejo onde reside.
A dupla de cineastas poloneses DK
Welchman e Hugh Welchman, que revolucionou o mundo da animação com o
impressionante ‘Com amor, Van Gogh’ (2017 - indicado ao Oscar na categoria),
retorna após seis anos com a mesma técnica de pintura a mão, ‘quadro a quadro’,
nessa luxuosa coprodução Polônia/Sérvia/Lituânia. Inspirado no livro épico
ganhador do Nobel de Literatura em 1924 ‘Os camponeses’, de Wladyslaw Stanislaw
Reymont (1867-1925), o filme segue a trajetória de uma camponesa polaca no
final do século XIX que abandona tudo para se casar com um fazendeiro rico,
abalando a tradição local. Contra os pais e a própria comunidade, ela buscará
seu espaço no mundo, enfrentando preconceito e abandono. É uma animação de
época, para adultos, com roteiro sólido e narrativa bem lenta, que trata de
temas como patriarcado, tradição familiar e liberdade da mulher. Tem um
acabamento gráfico estonteante, com traços vivos e cores que saltam na tela, nos
moldes de ‘Com amor, Van Gogh’ - o longa foi filmado com atores e depois os
mais de 40 mil frames/quadros foram pintados à mão, por cima, por mais de 120
artistas plásticos. Pela técnica detalhista, o filme demorou seis anos para ser
concluído. Uma obra única, que entra no seio dos ritos familiares poloneses
para criar uma história intensa e marcante. Exibido nos festivais de Toronto,
Tallinn, Valladolid e BFI, concorreu ao Annie Awards, considerado o Oscar de
animação. Candidato da Polônia para uma vaga ao Oscar de 2024, ficou fora da
lista final – uma pena, pois o filme seria um forte concorrente. Disponível na
HBO Max e para aluguel na AppleTV, Youtube Filmes e Google Play.
Camponeses (Chlopi/ The peasants). Polônia/Sérvia/Lituânia,
2023, 114 minutos. Animação. Colorido. Dirigido por DK Welchman e Hugh Welchman.
Distribuição: Sony Pictures Classics