quarta-feira, 10 de julho de 2019

Resenhas Especiais



Especial Trilogia 'Sissi'


Clássicos que conquistaram o público e firmaram a carreira da atriz Romy Schneider voltam ao catálogo da Versátil!


Sissi

Sissi (Romy Schneider) é uma garota romântica, que se apaixona pelo futuro noivo de sua irmã mais velha, o imperador austro-húngaro Franz Josef (Karlheinz Böhm). Sete anos mais velho, Josef também sente forte atração pela jovem. Os dois iniciam um romance que duraria uma vida inteira.

O primeiro filme da trilogia de sucesso “Sissi” encantou gerações e levou a atriz Romy Schneider, então com 17 anos, ao estrelato. Com carisma, beleza e elegância, ela interpreta uma jovem sonhadora que se vê envolvida com o futuro noivo da irmã mais velha. Sissi desconhecia o fato de ele ser imperador, acabaram se apaixonando e em breve se casaram com pompa, e por isto ela recebeu o título de “Imperatriz da Áustria”.
O filme, um drama romântico em formato de opereta, é baseado em fatos verídicos que envolvem uma das últimas dinastias da Baviera, que governou por 600 anos, e uma das figuras mais marcantes dela, a imperatriz Elizabeth da Áustria (1837-1898). Idealiza e romanceia o perfil da personagem-título, nascida na Alemanha, que desde pequena tinha o apelido carinhoso de Sissi. Ela foi duquesa, depois princesa da Baviera até finalmente ser imperatriz-consorte da Áustria, devido ao casamento com o imperador Franz Josef I (ou Francisco José I) - a ideia da mãe de Franz era casar o filho com a irmã mais velha de Sissi, Helena, mas Sissi, no dia em que acompanhava a família para o encontro do futuro casal, apaixonou-se por Josef, numa troca recíproca, mudando o curso da história!


A verdadeira Sissi, pelo que se conhece da História, era uma mulher bem diferente daquela mostrada no famoso filme: tinha uma vaidade extrema, era uma esposa infeliz, sofria de depressão e anorexia, obcecada por dietas rígidas. Na política tinha ideais liberais, quebrava protocolos, ajudava os pobres, o que a tornou popular entre os súditos. E morreu assassinada em Genebra, por um anarquista italiano, aos 60 anos. O roteirista e diretor austro-húngaro Ernst Marischka (1893–1963) personificou Sissi de um jeito singular, mais ameno e alegre, extraindo a parte trágica da sua biografia, inclusive a morte. Ou seja, criou uma obra de apelo mais popular, para todos os gostos, romântica e exuberante na direção de arte e fotografia (realmente um deleite para quem gosta de filmes de época). Aliás, muitos filmes biográficos produzidos entre as décadas de 50 e 60 romantizavam os protagonistas.
O cinema alemão se popularizava no Brasil na década de 50, e “Sissi” veio na onda, ganhando o carinho do telespectador não só daqui, mas da Europa inteira. Até hoje quem tem mais de 60 anos deve se lembrar dele, uma obra romântica e ingênua, de um cinema que não existe mais.
Integra o box com os três filmes restaurados, em uma cópia restaurada de brilhar os olhos, que voltou ao catálogo da Versátil numa edição de luxo. Há alguns extras, como como textos sobre o filme e biografia da atriz Romy Schneider, galeria de fotos e pôsteres, trailer e um depoimento exclusivo do recém-falecido crítico de cinema Rubens Ewald Filho.

Sissi (Idem). Áustria, 1955, 105 minutos. Drama/Romance. Colorido. Dirigido por Ernst Marischka. Distribuição: Versátil Home Video

Sissi, a imperatriz

Sissi (Romy Schneider) casa-se em Viena com o imperador austro-húngaro Franz Josef (Karlheinz Böhm), tornando-se imperatriz. Enfrentará a partir de agora sérios problemas entraves, como a difícil convivência com a sogra, as viagens oficiais e os protocolos da Corte.

Segundo filme e para mim o melhor da trilogia “Sissi”, lançado um ano depois do primeiro, em 1956. O enfoque da continuação foge do romantismo do anterior, e se firma no drama, mostrando as dificuldades de Sissi como imperatriz, a não-aceitação da aristocracia de Viena pela sua pessoa, os eternos conflitos com a sogra autoritária e controladora, Sophie, e o afastamento dos filhos (educados em outro país). A soma desses acontecimentos levou a protagonista a sofrer uma doença pulmonar e dos nervos (na verdade a imperatriz teve depressão e anorexia, omitidos do filme – Leia a crítica do filme anterior).

A trilogia Sissi foi o trampolim da atriz Romy Schneider à fama. Romy era uma atrizes mais lindas do cinema europeu, que teve uma carreira sólida, porém sua vida foi marcada por sucessivas tragédias. Vamos conhecer um pouco de Romy Schneider. Nascida em 1938 em Viena, era filha de uma atriz de sucesso, Magda Schneider, que a incentivou nas artes – ela atua na trilogia como a mãe de Sissi, a duquesa Ludovika. Namorou o principal astro da Europa dos anos 60, Alain Delon, ficaram juntos por cinco anos. Foi o grande amor de sua vida. Depois de se separar, casou-se três vezes e teve dois filhos, até que no finalzinho dos anos 70 sua vida entraria num mar de angústias e infortúnios: o primeiro marido, o ator e diretor alemão Harry Meyen (1924-1979), suicidou-se; em 1981 separou-se do segundo marido, na mesma época que descobriu um câncer e precisou extrair um rim; e meses depois, uma notícia abalaria o mundo: seu filho de 14 anos, do primeiro casamento, chamado David Christopher, morreu enganchado na grade da cerca da casa da avó, quando tentou pulá-la. Romy adoeceu profundamente, desenvolvendo depressão e usando medicamentos em excesso para aliviar a dor das perdas. Abandonou o cinema e morreu em Paris em 1982, aos 43 anos, de ataque cardíaco (na época especulou-se sobre uma overdose de remédios, nunca comprovada pela família).
Romy era linda em cena, uma atriz versátil, e em “Sissi” e “Sissi, a imperatriz” estava no auge da beleza, conquistando fãs do mundo todo. Deixou com essa trilogia uma marca absoluta na História do Cinema.
Indicado à Palma de Ouro em Cannes, assim como a terceira parte, “Sissi e seu destino” (1957).
Para quem quiser assistir e ter em casa, a trilogia voltou ao catálogo da Versátil recentemente, em cópia restaurada. Os mesmos extras estão nos três discos, que são textos sobre o filme e biografia da atriz Romy Schneider, galeria de fotos e pôsteres, trailer e um depoimento exclusivo do recém-falecido crítico de cinema Rubens Ewald Filho.

Sissi, a imperatriz (Sissi - Die junge kaiserin). Áustria, 1956, 105 minutos. Drama/Romance. Colorido. Dirigido por Ernst Marischka. Distribuição: Versátil Home Video

Sissi e seu destino

A imperatriz da Áustria Sissi (Romy Schneider) vive feliz ao lado do imperador Franz Josef (Karlheinz Böhm) e dos filhos. Aos poucos assume os negócios do Estado, mas se vê rejeitada por algumas autoridades de países vizinhos. Com seu espírito liberal, Sissi terá de lidar com o poder que lhe foi concedido.

Último filme da trilogia “Sissi”, um marco dos filmes românticos da Europa na década de 50. Neste capítulo derradeiro da vida de Sissi, acompanhamos a protagonista no dia a dia das formalidades reais, seu espírito aventureiro e reformador, que por vezes desagradava os aliados. Dá-se aqui foco para os problemas pessoais dela, quando teve problemas de pulmão e estresse, e seu tratamento na Ilha de Madeira e em Korfu, bem como seu envolvimento direto na política. Termina com um desfecho memorável, de uma longa sequência em que ela e o marido imperador, Josef, percorrem um grande tapete vermelho numa travessia até os pés do palácio. Não só este, os três filmes têm uma direção de arte exuberante, fotografia riquíssima do período de ouro do Império Austro-Húngaro e um figurino de aplaudir em pé. Tudo pensado com critério e um rigor clássico do diretor e roteirista Ernst Marischka (1893–1963), realizador de operetas, que escreveu filmes populares em sua terra, Viena, e era um grande apaixonado por música clássica – foi indicado ao Oscar pelo roteiro da biografia de Chopin, “À noite sonhamos” (1945).

A protagonista, uma figura real da Áustria do século XIX, foi vivido brilhantemente pela linda e charmosa atriz de mesma nacionalidade de Sissi, Romy Schneider, que tinha na época do terceiro filme 19 anos (Leia mais nas críticas anteriores). A pedido do diretor e amigo Luchino Visconti, Romy voltaria a interpretar Sissi, mas como rainha Elizabeth da Áustria, com outra criação, mais sombria e mais parecida com a verdadeira, no filme “Ludwig: A paixão de um rei” (1973).
“Sissi e seu destino” recebeu indicação à Palma de Ouro em Cannes e fecha com chave de ouro a popular trilogia do cinema, que conquistou gerações, é nostálgico, leve e voltado para todos os públicos. Está no box com a trilogia completa em cópia restaurada, que voltou ao catálogo da Versátil. Acompanham extras como textos sobre o filme e biografia da atriz Romy Schneider, galeria de fotos e pôsteres, trailer e um depoimento exclusivo do recém-falecido crítico de cinema Rubens Ewald Filho.

Sissi e seu destino (Sissi - Schicksalsjahre einer kaiserin). Áustria, 1957, 104 minutos. Drama/Romance. Colorido. Dirigido por Ernst Marischka. Distribuição: Versátil Home Video

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