sábado, 6 de julho de 2019

Resenhas Especiais


Jogo do dinheiro

O jornalista Lee Gates (George Clooney) apresenta um programa financeiro na TV americana com boa recepção dos telespectadores. Parecia ser um dia comum, até que um jovem armado, Kyle (Jack O'Connell), que perdeu tudo em apostas, invade o estúdio durante o programa ao vivo e faz o apresentador e toda a equipe de refém. Lee e sua chefe de produção Patty (Julia Roberts) terão pela frente um longo dia para negociar com o rapaz enquanto o movimento deles é transmitido para milhões de pessoas.

Semelhante ao notável drama de suspense “O quarto poder” (1997, de Costa-Gavras), o excelente e menosprezado “Jogo do dinheiro” também trata de um assunto atual cada vez mais relevante para a sociedade, do controle exercido pela imprensa, de como ela influencia o público e provoca alienação. Também não deixa de falar sobre ética jornalística e o sensacionalismo, utilizando como pano de fundo a corrupção do sistema bancário que faz pessoas comuns perderem tudo o que conquistaram numa vida inteira em investimentos de segundos no mercado de ações.  No filme o que está em voga é um rapaz induzido por um apresentador de TV a investir em ações de uma empresa, porém ela perde quase U$ 1 bilhão devido a uma pane causada por um algoritmo descontrolado, e o rapaz quebra junto; ele enlouquece, invade o estúdio com revólver e bombas no corpo e ameaça explodir todos ali presentes até que a situação seja explicada e resolvida. A polícia é mobilizada, e o circo está armado, num espetáculo midiático transmitido para o mundo que faz a audiência da TV aumentar absurdamente.
Vira um filme policial caprichado com ótimos diálogos, momentos de tensão de roer as unhas e uma boa reviravolta final, contando com um trio espetacular (Julia, O'Connell e Clooney, que assina como produtor). Exibido em Cannes, mas fora da competição, em 2016, “Jogo do dinheiro” tem direção da atriz duas vezes ganhadora do Oscar Jodie Foster em seu quarto trabalho como diretora.
Uma curiosidade para destacar o difícil feito: o tempo de duração do filme, 98 minutos, é o tempo que dura toda a história sem cortes ou interferências, ou seja, a abertura do programa, a invasão do rapaz ao estúdio, toda a negociação, o desfecho e o epílogo duram 98 minutos corridos, sem pausa alguma. Um filme sábio e feroz, em que assistimos com prazer! Boa sessão!

Jogo do dinheiro (Money monster). EUA, 2016, 98 minutos. Drama/Ação. Colorido. Dirigido por Jodie Foster. Distribuição: Sony Pictures 


O cara perfeito

Recém-separada, a lobista de sucesso Leah (Sanaa Lathan) inicia um tórrido relacionamento com um homem atraente, Carter (Michael Ealy). Apaixona-se acreditando ser ele o cara perfeito para sua vida. Porém aos poucos percebe que Carter tem um comportamento violento, que colocará em risco tanto sua integridade quanto a das pessoas próximas a ela.

Sabe aquele filme de suspense de pessoas que se apaixonam perdidamente por um desconhecido, mas não imaginam que o indivíduo é um psicopata? Pois bem, “O cara perfeito” é mais um dessa leva de filmes estilo B que Hollywood produziu em larga escala, mas que sempre assistimos com gostinho de “quero mais”, como passatempo mesmo, de pura distração. Um “guilty pleasure” assumido!
A diferença deste está no casting, composto por 80% de atores negros, incluindo os dois destaques dos papéis centrais, a atriz Sanaa Lathan, de “Blade, o caçador de vampiros” (1998), “Amigos indiscretos” (1999) e da continuação, “O natal dos amigos indiscretos” (2013) – ela é filha do diretor Stan Lathan, e Michael Ealy, dos filmes “Uma turma do barulho” (2002) e “Ladrões” (2010), indicado ao Globo de Ouro pela série “Sleeper cell” (2005). Interpretam, respectivamente, a lobista com carreira em ascensão, recém-separada de um relacionamento que durou muito tempo, e o estranho desconhecido que se aproxima da lobista e tornará a vida dela um tormento.
Não espere nada demais, apenas se jogue nesse sedutor jogo de gato e rato, semelhante a tantos que vimos na década de 90, como “Morando com o perigo” (1990), “Jogo perverso” (1990), “Dormindo com o inimigo” (1991) etc
O suspense tem toques de terror devido à especialidade no gênero do roteirista Alan B. McElroy, de “Halloween 4: O retorno de Michael Myers” (1988) e da franquia “Pânico na floresta” e obteve boa bilheteria nos cinemas dos Estados Unidos (no Brasil saiu direto em DVD, pela Sony Pictures). Conta com participação de Morris Chestnut, Charles S. Dutton e dos sumidos John Getz e Tess Harper.

O cara perfeito (The perfect guy). EUA, 2015, 100 minutos. Suspense. Colorido. Dirigido por David M. Rosenthal. Distribuição: Sony Pictures

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