domingo, 14 de julho de 2019

Resenha Especial



Mais um filme em DVD de Karen Shakhnazarov, que completou 67 anos esta semana e é um dos mais importantes cineastas da Rússia atual.

A filha americana

Separado da esposa, o músico solitário Varakin (Vladimir Mashkov) deseja desesperadamente ver a filha pré-adolescente, Anya (Allison Whitbeck), que mora nos Estados Unidos com a mãe. Viaja da Rússia, onde sempre viveu, com destino àquele país, totalmente estranho para ele. No encontro entre os dois, que acarretará em um choque de cultura, pai e filha tentarão restabelecer os laços familiares.

Um dos trabalhos mais leves e afetuosos do cineasta russo Karen Shakhnazarov (que aniversariou esta semana, completando 67 anos, 40 deles dedicados ao cinema do seu país – ele também é roteirista, produtor e diretor da Mosfilm, o principal estúdio da Rússia).
“A filha americana”, em DVD pela CPC-Umes Filmes, é um road movie com pegada country produzido na Rússia, porém inteiramente rodado nos Estados Unidos, de gênero drama, com um humor sutil e casual, sobre relacionamento de pais com filhos distantes.
O ponto de partida do bom roteiro, novamente escrito pela dupla de velhos parceiros, Aleksandr Borodyanskiy e Karen Shakhnazarov, é a busca de um pai pela filha, que precisará atravessar o oceano para vê-la pela primeira vez. Ele é um músico russo, separado da esposa (que mora nos Estados Unidos), então viaja até lá de forma secreta com o compromisso desse encontro definitivo. O encontro acontece – o pai é caladão, não fala inglês, só observa a filha, que por outro lado fala bastante (só em inglês). Enquanto tentam se comunicar, os laços entre eles são estabelecidos de gradualmente em que recuperam o afeto perdido.
Como nos filmes anteriores, o diretor e roteirista Karen Shakhnazarov abre uma série de significados políticos referentes às mudanças ocorridas na Rússia após o desmembramento da URSS, quatro anos antes (esse filme é de 1995). A aproximação de pai e filha é uma analogia à Rússia, república velha e em crise, à procura de laços com a nação americana, um país viril, dominante, com mentalidade jovem. Lembrando da História, por 46 anos houve a Guerra Fria, entre os blocos URSS e EUA, os países eram inimigos, depois com a queda da URSS em 1991 as relações entre eles se tornou amigável, mas voltou a esfriar no início dos anos 2000; ainda hoje a crise entre os dois permanece. Desse modo o filme procura refletir essas relações. Tanto que o cineasta rodou o drama 100% nos Estados Unidos, em várias cidades do Estado da Califórnia - o único dele filmado no país do Tio Sam.


No papel do pai, Vladimir Mashkov, do russo “O ladrão” (1997), indicado ao Oscar de filme estrangeiro, e de fitas blockbuster norte-americanas em que quase sempre interpreta vilão, como “Atrás das linhas inimigas” (2001), “15 minutos” (2001) e “Missão: Impossível – Protocolo fantasma” (2011). Já a amorosa garotinha Anya é feita por Allison Whitbeck, que esteve também em “Jack” (1996), depois abandonou a carreira.
Repare que há uma narração em russo nos momentos das falas em inglês. Disponível em DVD numa excelente cópia restaurada pela Mosfilm, distribuída no Brasil pela CPC-Umes Filmes.

A filha americana (Amerikanskaya doch/ American daughter). Russia/Cazaquistão, 1995, 92 minutos. Comédia/Drama. Colorido. Dirigido por Karen Shakhnazarov. Distribuição: CPC-Umes Filmes. Disponível em DVD

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