Tigre Branco
Integrante
do Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial, o tanquista Ivan Naydionov
(Aleksey Vertkov) é encontrado quase morto num campo de batalha. Soldados o
levam para um hospital de guerra, onde fica internado por poucos dias. Os ferimentos
de Naydionov cicatrizam de forma rápida, surpreendendo os médicos, e ele
recobra a consciência. Recuperado, conta detalhes de um inacreditável embate que
teve com um indestrutível tanque alemão, apelidado de Tigre Branco, que desaparecia
misteriosamente na floresta.
Um
dos filmes mais sombrios, ambíguos e simbólicos do russo Karen Shakhnazarov,
que aniversariou este mês; ele é um cineasta importante da Rússia, que também
escreve e produz, e desde 1998 é diretor do maior estúdio de cinema do seu país,
a Mosfilm, fundado em 1920. Rodou em Moscou, em estúdios e com cenas externas em
verdadeiros campos de batalha este impressionante drama de guerra que tentou
disputar uma vaga no Oscar de 2013, na categoria de filme estrangeiro, porém
ficou fora da lista dos finalistas.
A
história escrita por ele e pelo parceiro de longa data Aleksandr Borodyanskiy -
escreveram também “Sonhos” (1993), “A filha americana” (1995), “Palata n°6”
(2009), entre outros, e até dirigiram juntos, tem como argumento o romance homônimo
de Ilya Boyashov, em que mantiveram a influência do Realismo Fantástico na
construção do personagem-chave, o enorme tanque alemão que aparece do nada como
um fantasma, destrói tudo pela frente e some sem deixar vestígios. Algo místico
e sobrenatural. A única pessoa que o vê é o soldado tanquista Ivan Naydionov,
mas acabou ferido pela máquina de matar e escapou por um milagre (outro ponto
do Realismo Fantástico, quando o jovem que teve 95% do corpo queimado
recupera-se em poucos dias, desafiando a Medicina). Ninguém acredita na
história do Tigre Branco contada pelo tanquista, todos acham que ele enlouqueceu,
e aos poucos fatos estranhos surgem para creditar verdade em seus depoimentos.
Shakhnazarov
fez uma obra desafiadora e complexa, uma fita de guerra e ação difícil de ser
produzida, pois gravou, com poucos recursos, em extensos campos de batalha,
vilarejos destruídos e com tanques de verdade. O roteiro é brilhante, e quando chega
nos créditos finais, pensamos: “Que grande filme!” - assisti duas vezes para
compreender as referências e analogias, o que recomendo você fazer o mesmo.
Para
mim é o melhor Shakhnazarov, um trabalho denso e maduro. Vale destacar que o
diretor prestou uma homenagem ao pai que lutou na Grande Guerra Patriótica, termo
utilizado pelos russos para descrever o conflito com a Alemanha Nazista entre
1941 e 1945. Disponível em DVD pela CPC-Umes Filmes.
Tigre Branco (Belyy Tigr/ White Tiger). Russia, 2012,
104 minutos. Ação/Guerra. Colorido. Dirigido por Karen Shakhnazarov.
Distribuição: CPC-Umes Filmes. Disponível em DVD
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