quarta-feira, 24 de julho de 2019

Resenhas Especiais


Duas comédias românticas da California Filmes que se passam na França! Dica de cinema de hoje!


Paris pode esperar

Uma dor de ouvido impede Anne (Diane Lane) de viajar com o marido, o produtor de cinema Michael Lockwood (Alec Baldwin). Eles estão em Cannes, no famoso festival de cinema francês. Michael segue de avião para Budapeste enquanto Anne resolve ir de carro para Paris. Quem a leva é o sócio do produtor, um bon vivant chamado Jacques (Arnaud Viard). A viagem, que demoraria sete horas, durará vários dias, pois no caminho Jacques fará diversas paradas para que Anne conheça lugares belíssimos do interior da França, numa aventura gastronômica sem limites.

A esposa de Francis Ford Coppola, Eleanor Coppola, estreou no cinema ficcional com este charmoso filme, aos 80 anos de idade. Mãe da atriz e cineasta Sofia Coppola, antes ela havia dirigido apenas um documentário, “Francis Ford Coppola – O apocalipse de um cineasta” (1991), ganhador do Emmy. Fez em seguida curtas doc menos lembrados, e com maturidade e muita vivência nas costas entrou de cara no cinema de ficção com o independente “Paris pode esperar”, escrito e produzido por ela. É uma alegre comédia romântica para público que curte filmes sobre passeios gastronômicos, que no final dá uma fome lascada!
A personagem da ótima Diane Lane traz características pessoais de Eleanor Coppola, que durante uma vida inteira acompanhou no set o marido, o diretor e produtor Francis Ford Coppola (eles são casados desde 1963), e ao mesmo tempo tinha de lidar com a solidão da ausência dele diante de seus projetos cinematográficos que exigiam dedicação extrema.
Lane interpreta essa Eleanor, uma mulher de meia-idade casada com um produtor de cinema de Hollywood workaholic, só focado em trabalho. Uma dor de ouvido faz com que ela não possa pegar avião com o esposo, então opta em voltar para Paris de carro, com um amigo e sócio francês do marido, um homem alegre, de bem com a vida. Nessa viagem pelo interior da França a dupla irá cruzar por paisagens estonteantes e iluminadas, com direito a comidas apetitosas, de sabores variados, regadas a vinhos únicos, algo que injeta ânimo de espírito para aquela mulher que necessita de atenção e afeto. O que acontecerá com os dois amigos em viagem? Assista para descobrir (e se entusiasmar)!
Diane Lane dá o tom e o charme necessário para o filme se desenrolar. E o francês Arnaud Viard se joga com graça e agitação num de seus melhores papéis no cinema. Outro ponto alto são as autênticas locações, de cidades provincianas da França, uma beleza para os olhos!

Paris pode esperar (Paris can wait). EUA/Japão, 2016, 92 minutos. Comédia romântica. Colorido. Dirigido por Eleanor Coppola. Distribuição: California Filmes


Um amor à altura

Diane (Virginie Efira), uma advogada que divide o escritório com o ex-marido, conhece um arquiteto bem-sucedido e sedutor, Alexandre (Jean Dujardin), por quem se apaixona. Ele tem baixa estatura, mas ela não se importa. Porém a família não aceita o relacionamento, e a sociedade passa a ridicularizar o casal, o que faz Diane repensar o namoro.

Caprichado remake da comédia “Coração de Leão – O amor não tem tamanho” (2013, uma coprodução Argentina e Brasil que já era bem legal), que manteve fielmente a história de uma jovem bonita que se apaixonava por um homem de baixa estatura enfrentando preconceito da família e da sociedade. Agora a produção se passa na França, dirigida por Laurent Tirard, de boas fitas populares de comédia de época, como “As aventuras de Molière” (2007) e “O retorno do herói” (2018, também com Jean Dujardin), e dos infantis “O pequeno Nicolau” (2009) e a continuação, “As férias do pequeno Nicolau” (2014). Ele adaptou o roteiro original do anterior (que foi escrito pelo próprio diretor, o argentino Marcos Carnevale), atingindo um resultado acima da média de uma refilmagem (lembrando que muitos remakes não dão certo, ficam cópia escancarada, repetidas, sem nada novo para contar).
Ganhador do Oscar de ator por “O artista” (2011), o francês Jean Dujardin está à vontade no papel do arquiteto que sofre por ser pequeno de tamanho, um romântico à moda antiga em busca de um grande amor. Cheio de graça, ele manda bem na frente das câmeras, e ficou parecendo um anão com efeitos especiais de sobreplanos. A sua parceria de cena, a belga Virginie Efira, de “Elle” (2016) e “Na cama com Victoria” (2016), acrescenta humor e drama no papel da mulher dividida, que a duras penas tem de encarar o romance malvisto pelos amigos e pelos seus pais. Os dois têm uma incrível química, superam-se a cada momento, num filme que mexe com nossos sentimentos, alternando cenas engraçadas com românticas, além das dramáticas, para se refletir sobre o preconceito enraizado em todos os lugares, desde piadas que parecem inofensivas até apontamentos e risadas direcionados a pessoas que fogem do padrão de beleza imposto pela sociedade.
Assista com consciência e se possível veja o original, de 2013.

Um amor à altura (Un homme à la hauteur). França, 2016, 98 minutos. Comédia romântica. Colorido. Dirigido por Laurent Tirard. Distribuição: California Filmes

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