Especial "Amityville". Textos publicados na coluna Middia Cinema, da revista Middia, edição de julho/agosto de 2019.
Terror em Amityville
O
casal George (James Brolin) e Kathy (Margot Kidder) muda-se com os filhos
pequenos para um antigo casarão em Amityville, que no ano anterior foi palco de
um crime horrendo. Eles não sabem que o novo lar é possuído por um espírito do
mal em busca de vingança.
Três
semanas atrás foi anunciado um prequel do filme “Terror em Amityville”, que
terá o título de “Amityville 1974” e explicará os terríveis fatos ocorridos com
a verdadeira família DeFeo, que inspiraram o roteiro deste filme de 1979.
Baseado
no livro homônimo de Jay Anson, “Terror em Amityville” obteve um inesperado
sucesso nos cinemas na época, arrepiou o público com sua intrigante história de
medo dentro de um casarão tomado por forças demoníacas. Com a repercussão,
diretores copiaram a fórmula, e este filme deu origem a nove continuações (muitas
delas diretamente para video), um remake e um reboot – mas este original foi
eleito o mais famoso sobre casas mal-assombradas (não é o melhor, sinto
problemas na montagem com cortes bruscos, mas tem clima e assusta).
Sobre
a história real: em 3 de novembro de 1974, um casarão colonial em Amityville,
localizado em Long Island, Nova York, virou palco de um assassinato chocante,
em que morreram seis membros da família DeFeo. Pai e mãe foram mortos, assim
como quatro filhos do casal, sem motivo aparente. O crime foi cometido pelo
filho mais velho da família, Ronald, que confessou tê-los matado; segundo ele, uma
voz macabra dentro de sua cabeça ordenou as mortes. Ele foi preso e julgado. Um
ano depois, em dezembro de 1975, uma nova família mudou-se para a casa, os Lutz.
O casal e os filhos pequenos foram cruelmente atormentados (primeiro o pai,
depois o restante da família) por 28 dias, até que fugiram apavorados. O filme
tenta ser fiel ao mostrar um pouco do terrível caso dos Lutz a partir do livro
de Anson, que conviveu com a família para escrever a história. Ou seja, o que
vemos na tela ocorreu, conforme fatos descritos no romance original (eu li
recentemente, gostei e indico – saiu dois anos atrás pela Darkside Books). Quem
tem medo de fitas de terror com fatos não explicados, atribuídos a fantasmas e
demônios, pode ficar impressionado (a continuação, “Amityville II: A
possessão”, é ainda mais tensa e forte).
“Terror
em Amityville” recebeu indicação ao Oscar e ao Globo de Ouro de trilha sonora.
No elenco, além de James Brolin (pai de Josh Brolin) e Margot Kidder (a eterna
Louis Lane da primeira franquia para cinema de “Superman”, dos anos 70 e 80)
tem o premiado ator Rod Steiger como o padre (numa cena famosa em que moscas sobem
em seu rosto), Don Stroud, Murray Hamilton, Helen Shaver, Michael Sacks e Val
Avery.
Stuart
Rosenberg (1927-2007) dirigiu pela primeira e única vez uma fita de terror; ele
é conhecido por fitas policiais como “Matança em São Francisco” (1973), e
dirigiu Paul Newman várias vezes, dentre eles em “Rebeldia indomável” (1967),
“A sala dos espelhos” (1970), “Meu nome é Jim Kane” (1972) e “A piscina mortal”
(1975).
Está
presente no box “Trilogia Terror em Amityville”, pela primeira vez em DVD no
Brasil, distribuído pela Obras-primas do Cinema. Vem junto a ótima continuação,
“Amityville II: A possessão” (1982) e o inferior “Amityville 3: O demônio”
(1983).
Terror em Amityville (The Amityville Horror). EUA, 1979,
118 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Stuart Rosenberg. Distribuição:
Obras-primas do cinema. Disponível em DVD
Amityville II: A possessão
Uma
nova família, os Montelli, chega em Amityville, Long Island, e aluga o casarão
da 112 Ocean Avenue para morar. Pai, esposa e filhos desconheciam a maldição
que habitava a casa, e a partir de agora serão alvo de manifestações
demoníacas.
Ainda
melhor que o “Terror em Amityville” (1979), a continuação “Amityville II: A
possessão” (1982) se passa antes do primeiro e explica os motivos da casa de
Amityville ter sido mal-assombrada (Leia a crítica do filme “Terror em
Amityville”). A fictícia família Montelli seria os verdadeiros DeFeo, aqueles
que foram assassinados em 1974 (perceba que são um casal e quatro filhos).
Reconstitui-se a origem de tudo, com muita tensão, medo e sequências de
arrepiar.
A
história continua macabra, aqui acrescentando possessão demoníaca do filho mais
velho (a maquiagem continua assustadora, a voz grossa do personagem como se
fosse o diabo falando dá medo), exorcismos, mortes brutais. Ela foi baseada não
mais na obra de Jay Anson, mas no livro “Murder in Amityville”, de Hans Holzer.
Dino
de Laurentiis produziu e trouxe para a direção Damiano Damiani (de fitas
italianas de máfia, como “O dia da coruja”, “Confissões de um comissário de polícia”
e “Advertência”), levando a equipe para gravar partes em estúdio no México e
cenas externas nos Estados Unidos. Tudo com um novo elenco (tem Burt Young, James
Olson, Rutanya Alda, o protagonista Jack Magner, Moses Gunn e Leonardo Cimino).
O resultado deu certo, o clima de terror é melhor inserido, a história é
contada com mais interesse. Tentou ser um recomeço, porém depois desse a
franquia virou meleca, com nove continuações de ruim a péssimo, um remake
fajuto, “Horror em Amityville” (2005), e o desprezível reboot “Amityville: O
despertar” (2017).
O
filme saiu mês passado no box “Trilogia Terror em Amityville”, pela
Obras-primas do Cinema. Vem junto com a primeira parte, “Terror em Amityville”
(1979) e com a terceira, “Amityville 3: O demônio” (1983).
Amityville II: A possessão (Amityville II: The possession).
EUA/México, 1982, 104 minutos. Terror. Colorido. Dirigido por Damiano Damiani.
Distribuição: Obras-primas do cinema. Disponível em DVD
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