Dois ótimos filmes para conhecer o enérgico cinema policial de Edgar Wright!
Em ritmo de fuga
O
garotão Baby Driver (Ansel Elgort) é contratado para ser motorista de um grupo
que assalta bancos, chefiado por Doc (Kevin Spacey). Entre uma corrida e outra
levando os colegas bandidos, conhece uma linda garçonete, Debora (Lily James), por
quem se apaixona. Baby promete para si mesmo abandonar o crime para fugir com
ela, porém uma antiga dívida não o deixará em paz.
Talvez
o melhor do gênero policial atual, o diretor e roteirista Edgar Wright veio ao
Brasil ao lado do protagonista, Ansel Elgort, para lançar o filme, em julho de
2017, reunindo uma legião de fãs do ator. Eu já conhecia a filmografia do
cineasta, que admiro muito, um mestre no cinema de ação com incrementos
inusitados, que tem no currículo cinco filmaços originais: a trilogia “Sangue e
Sorvete”, composta por “Todo mundo quase morto” (2004), “Chumbo grosso” (2007) e
“Heróis de ressaca” (2013), além de “Scott Pilgrim contra o mundo” (2010). Seu mais
recente trabalho, “Em ritmo de fuga” (2017), é uma dinâmica fita policial
britânica, co-produzida nos EUA, que recebeu três indicações ao Oscar (edição,
edição de som e mixagem de som) e indicação ao Globo de Ouro para Ansel Elgort
(na época apostei que seria indicado ao Oscar, mas não... uma pena) ganhando o
Bafta de edição.
Wright
presta uma homenagem apaixonada aos filmes policiais da Nova Hollywood, dos
anos 70, que traziam fugas alucinantes, reviravoltas bem pensadas e violência. Também
trouxe referências à cultura pop e diálogo com o cinema de Quentin Tarantino e
Guy Ritchie.
O protagonista
é o trunfo do filme, o carismático Baby, um jovem que faz tudo com fone de
ouvido, adora música antiga, curte gravá-las em fitas cassetes remixando com
diálogos que tem com os outros. É interpretado por Ansel Elgort, que ganhou
espaço no cinema a partir de 2014, com “Divergente” e “A culpa é das estrelas”.
Seu personagem, Baby, trabalha dirigindo para um grupo criminoso que assalta
bancos, é bom de volante com altas performances sob as rodas, até que inicia um
romance com uma garçonete, apostando a partir daí mudar de vida. Mas o caminho,
para isto, será praticamente impossível devido a uma velha dívida que o prende
ao mundo da criminalidade.
Passeiam
pelo filme figuras marcantes, com destaque aos bandidos recrutados pelo chefão
interpretado por Kevin Spacey (um dos últimos trabalhos do ator antes de ser
banido de Hollywood por acusação de assédio sexual). Na pele desses criminosos
estão, cada qual com um perfil diferente, Jon Hamm, Jamie Fox, Jon Bernthal, Flea
(baterista do Red Hot Chilli Peppers), Lanny Joon e Eiza González, num show de
interpretações vigorosas.
Outros
pontos tornam o filme versátil e com linguagem moderno: roteiro descolado e
enérgico, com diálogos cool, uma direção de arte com elementos retrô/vintage, edição
soberba e uma trilha sonora eclética dos anos 60/70/80, misturando Barry White,
T-Rex, The Commodores, Queen, The Beach Boys e Simon & Garfunkel (a dupla canta
“Baby driver”, canção que dá título ao filme).
Tive
um enorme prazer em reassistir ontem e continuo considerando uma das grandes
surpresas dos últimos anos. E fico deslumbrado como o diretor Edgar Wright
consegue reinventar o velho gênero policial com um toque especial.
Ah,
os produtores anunciaram um segundo filme para 2021, então vamos esperar que
deve vir coisa boa por aí!
Em ritmo de fuga (Baby driver). Reino Unido/EUA, 2017,
112 min. Ação. Colorido. Dirigido por Edgar Wright. Distribuição: Sony Pictures
Heróis de ressaca
O
quarentão Gary (Simon Pegg) convida quatro amigos de infância para fechar um
antigo círculo que teve início na adolescência: percorrer, durante um dia
inteiro, a Milha de Ouro, um caminho composto por 12 pubs na cidadezinha onde
nasceram. O desafio é parar em cada point para beber cinco canecas de chopp,
sem passar mal ou vomitar. Mas o que eles não imaginavam é que a pequena cidade
está infestada de alienígenas mortais, infiltrados no corpo dos humanos.
Terceiro
filme da trilogia de comédia britânica “Sangue e Sorvete” (ou Trilogia Cornetto),
do expert em ação Edgar Wright - em inglês é “Three flavour Cornetto trilogy”,
criada por Simon Pegg e Edgar Wright, sempre com os protagonistas Pegg e Nick
Frost; tem esse nome porque em cada filme os personagens compram um Cornetto de
sabor diferente – no primeiro, “Todo mundo quase morto” (2004), vemos um Cornetto
vermelho, de morango, depois em “Chumbo grosso” (2007), um azul, o clássico, e
este, de 2013, um sorvete verde, de menta. A explicação serve apenas como
curiosidade, porque na história não tem tanto sentido.
O
filme é um barato, no estilo dos anteriores, uma mistura alucinante de comédia
pastelão, ação em alta voltagem com direito à porrada, um pouco de terror e, finalmente,
ficção científica. É a louca história de um cara de 40 anos, chato e imaturo,
que arrasta os amigos literalmente para o inferno, para fechar um círculo
iniciado sem sucesso na adolescência. Eles têm de percorrer um dia inteiro numa
bebedeira sem fim, cruzando com uma praga alienígena que toma conta da
cidadezinha pacata onde nasceram. Prepare-se porque a diversão é garantida e
inusitada!
A sintonia
do elenco é o acerto principal para tudo correr bem, o quinteto está à vontade
para interpretar sem medo os personagens dessa tresloucada aventura.
Interpretam os parceiros de velha data Simon Pegg, Nick Frost, Martin Freeman,
Paddy Considine e Eddie Marsan – além de participações especiais de Pierce
Brosnan, David Bradley e Rosamund Pike.
A
comédia é anárquica, com boas tiradas, gags e o típico humor inglês dos
criadores. Além da trilogia “Sangue e Sorvete”, Edgar Wright, um dos diretores
promissores do cinema britânico atual, dirigiu também os originais “Scott
Pilgrim contra o mundo” (2010) e o meu favorito, “Em ritmo de fuga” (2017).
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