Carcaça (2024)
Estreia nas plataformas
de streaming (para aluguel) ‘Carcaça’, um trabalho experimental escrito e
dirigido por André Borelli, que acompanha um casal em crise que aos poucos enlouquece
enquanto marido e mulher estão isolados em casa durante a pandemia. Alterna
momentos amorosos com drama e suspense, com aspectos de filmes de terror psicológico.
Tem pontos fortes e alguns duvidosos. Gosto da fotografia em preto-e-branco, um
belíssimo trabalho que me atingiu profundamente, bem como os enquadramentos com
close nos rostos dos personagens e os plongées que o diretor usa. Parte técnica
nota 10. O aspecto de teatro, com apenas dois personagens em cena, também me
seduziu. O problema está na entrega do elenco – Paulo Miklos é o marido, um
homem bem mais velho, com temperamento de altos e baixos, e que se torna um
cara possessivo – segundo o olhar da esposa; o ator, brilhante em filmes como ‘O
invasor’ e ‘Estômago’, faz menos, falta uma pitada de excelência na
performance, e vejo que o problema está na má direção dele; Carol Bresolin, uma
jovem youtuber que fez participação em dois ou três filmes, no papel da jovem
esposa, padece de garra e convicção para manter o papel forte e sério que é
exigido – ela abusa de trejeitos, com caras e bocas de comercial de TV e vídeos
de rede social – também faltou um olhar apurado do diretor para resolver isso. Tenta
ser visceral, procura ter um clima de paranoia, até começa bem, só que com o
tempo perde o fio. Queria ter gostado, mas não foi dessa vez... Disponível para
aluguel no Total Play, Apple, Net Now, Youtube, Vivo, Amazon, Claro Video e
Google Play, com distribuição da California Filmes.
terça-feira, 4 de março de 2025
Estreias da semana - Nos cinemas e no streaming
Último alvo (2024)
Está em exibição nos
cinemas brasileiros o novo filme de ação com Liam Neeson, ‘Último alvo’,
dirigido pelo norueguês Hans Peter Molland, realizador da cultuada fita de
crime com humor ‘O cidadão do ano’ (2014) e do remake com o mesmo Neeson,
‘Vingança a sangue frio’ (2019). Na nova parceria, diretor e ator trabalham com
uma história de redenção e reaproximação familiar. Um velho gângster com uma
doença terminal procura contato com a família distante; ele quer abandonar a
vida de crime, só que, para tanto, precisará corrigir erros do passado. Com 72
anos nas costas, Neeson, nas duas últimas décadas, parece só aceitar os mesmos
papéis, de sujeitos enrascados em situações-limite com missões praticamente
suicidas – em 2008 ele encarnou aquele agente da CIA disposto a tudo para
salvar a filha sequestrada em Paris, ‘Busca implacável’, que fez sucesso,
ganhou continuações e de lá para cá o ator repete os mesmos tipos em thrillers
movimentados (alguns deles são ‘Desconhecido’, ‘Sem escalas’, ‘Caçada mortal’,
‘Noite sem fim’, ‘O passageiro’, ‘Legado explosivo’ e outros). Com menos cenas
de ação e mais drama, ‘Último alvo’ é apenas um pequeno aperitivo sem gosto,
uma fitinha corriqueira com trama frágil, sem emoção ou furor, com um Neeson
envelhecido e cansado que fica o tempo todo pensando em passar os últimos meses
de vida ao lado da família. Custou caro para um projeto desse naipe, U$ 30
milhões, e faturou até agora 10% do orçamento, já demonstrando um fiasco de
bilheteria... Neeson tem seus fãs, que capaz de curtirem o trabalho. Nos
cinemas pela Imagem Filmes.
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