domingo, 2 de março de 2025

Especial de Cinema


Especial ‘Gene Hackman’ – Parte 2

Mais dois filmes para relembrar a carreira do premiado ator Gene Hackman, que faleceu essa semana aos 95 anos. Disponíveis em DVD.



Gerônimo: Uma lenda americana

O líder apache Gerônimo (Wes Studi) enfrenta a cavalaria norte-americana no fim do século XIX para proteger suas terras e seu povo.

Reconstituição em tom heroico (mas sob a perspectiva dos americanos) da trajetória do líder apache Gerônimo (1829-1909), que por duas décadas travou intensa batalha com o exército dos Estados Unidos para proteger seu território no sul do país. Faroeste classe A, foca nos últimos dois anos da caçada a Gerônimo, pela cavalaria, que mobilizou cinco mil homens no Oeste selvagem. Quem liderou a missão para encontrar os apaches foi o comandante Charles Gatewood (Jason Patric), que sob sol escaldante e uma paisagem arenosa de vales e deserto, perseguiu Gerônimo de maneira incessante. Em setembro de 1886, o líder indígena foi rendido com 35 membros do grupo, no Arizona, próximo à fronteira do Mexico. Consta na História que entre Gatewood e Gerônimo nasceu uma admiração mútua e respeito, negociaram bastante até a rendição.
É um típico épico feito com rigor e com pontos técnicos positivos, desde a trilha sonora de Ry Cooder à impressionante fotografia – rodado na região de Utah. O ator Wes Studi está bem no papel central, e no filme outras figuras reais aparecem, como o general Crook, que ordena a missão da cavalaria, interpretado por Gene Hackman; o experiente militar que rastreia foragidos Al Sieber (Robert Duvall), e o jovem soldado Britton Davis (Matt Damon, em início de carreira).
Em tom de crônica, mostra como ocorreu o apagamento do povo indígena nos Estados Unidos, entre o fim do século XVIII e o início do XX, com o exército e seu alto poderio bélico aniquilando apaches, comanches, sioux, navajos e cheyennes, no chamado Velho Oeste.




Indicado ao Oscar de melhor som, tem roteiro de John Milius, de ‘Apocalypse now’ (1979) e ‘Conan, o bárbaro’ (1982 – também o diretor do filme). Custou caro e não foi bem de bilheteria, sendo exibido na TV muitas vezes. Diretor, roteirista e produtor famoso, Walter Hill dirige – ele fez filmes de ação famosos, como ’48 horas’ – partes 1 e 2 (1982 e 1990), e westerns como ‘Cavalgada dos proscritos’ (1980), ‘Wild Bill – Uma lenda do oeste’ (1995) e ‘O último matador’ (1996). Relançado em DVD pela Classicline – em 2002 o filme saiu em DVD nas primeiras edições no Brasil, pela Columbia.

Gerônimo: Uma lenda americana (Geronimo: An american legend). EUA, 1993, 115 minutos. Faroeste/Drama. Colorido/Preto-e-branco. Dirigido por Walter Hill. Distribuição: Classicline (em DVD).



Rápida e mortal

Ellen, uma misteriosa pistoleira, apelidada de ‘The lady’ (Sharon Stone), chega à cidadezinha de Redenção, no Velho Oeste, para participar de uma competição anual de tiros. Ela está lá também por outro motivo: encontrar o responsável que acabou com sua família quando era pequena.

Faroeste explosivo com violência nos padrões dos antigos ‘westerns spaghetti’, repleto de personagens carismáticos e um final absurdamente barulhento. Na época do lançamento teve repercussão negativa da crítica, e assistindo hoje, 30 anos depois, o filme merece uma chance – é divertido, bem montado, com enquadramentos frenéticos com zoom e cenas empolgantes de duelo a dois, em que um sempre irá morrer.
Sharon Stone é a pistoleira enigmática que chega a uma pequena cidade do Velho Oeste para uma competição de tiros e também para se vingar da morte do pai. Ela não dará paz para ninguém até encontrar seu alvo.
Tudo é construído com suspense e boas doses de adrenalina. Personagens secundários auxiliam o andar da trama, como Russell Crowe, um pastor forçado a lutar, Leonardo Di Caprio em início de carreira, com 21 anos, como um menino prodígio que sabe atirar, Pat Hingle como o dono do saloon, Lance Henriksen e Tobin Bell como dois pistoleiros maus, Roberts Blossom como um ancião, e claro, Gene Hackman, o sádico vilão, o manda-chuva da cidade, num papel que até no figurino lembra Henry Fonda em ‘Era uma vez no oeste’ (1968) – aliás, há outras referências do clássico de Sergio Leone, como uma cena de enforcamento, sem contar os ângulos e o clima. O veterano Woody Strode, ator do mencionado western, fez sua última aparição no cinema aqui – ele morreu no final das gravações, em 1994.
Há uma intrigante mistura de épocas, perceba, quebrando a diegese do filme, em especial o figurino de Sharon – as roupas e os óculos dela são modernos demais para aquele período, dando uma pitada de originalidade na concepção visual do longa.




Trilha de Alan Silvestri, fotografia e montagem dos italianos premiados Dante Spinotti e Pietro Scalia, respectivamente, e uma direção vibrante de Sam Raimi, mestre do terror, que fez ‘A morte do demônio’ (1981) e depois filmes bem mais comerciais. Os momentos escrachados de tiros varando as pessoas é diversão total – tudo realçado agora em bluray, em alta definição lançado pela Classicline.

Rápida e mortal (The quick and the dead). EUA/Japão, 1995, 108 minutos. Faroeste. Colorido. Dirigido por Sam Raimi. Distribuição: Classicline (em bluray).

Nenhum comentário:

Resenhas especiais

Especial ‘Sementes do Nazismo’ O ovo da serpente Em 1923, durante a República de Weimar, na Alemanha, o trapezista judeu Abel Rosenberg (Dav...