Anna Karenina: A história de Vronsky
Em
1904, em plena guerra entre a Rússia e o Japão, um hospital militar chefiado
por Serguei Karenin (Kirill Grebenshchikov) funciona como o único ponto de socorro
e abrigo em uma pequena aldeia chinesa. Serguei, que é filho de Anna Karenina (Elizaveta
Boyarskaya) com o Conde Karenin (Vitaliy Kishchenko), descobre que Conde Vronsky
(Max Matveev), amante de sua mãe, está em tratamento naquele hospital. Procura imediatamente
por ele e quando o encontra, inicia uma
longa conversa sobre o conturbado passado de Anna, os motivos que a levaram a
trair o marido e o porquê ela quis deixar de viver.
Um
drama romântico original, de alma feminina, baseado no livro mundialmente
famoso do Realismo Russo “Anna Karenina”, publicado em 1877 por Leon Tolstói, e
também no conto “Na guerra japonesa”, de Vikenty Veresaev. A diferença desta
adaptação para as mais de 30 que já foram feitas está no ponto de vista, narrado
aqui pelo amante de Anna Karenina, o oficial de Cavalaria Vronsky. Ele é o fio
condutor de toda a trama, cheia de detalhes e mistério, num personagem mais maduro
- está ferido na guerra e abrigado em um hospital numa aldeia. Quem escuta as
histórias sobre o passado de Anna é o filho dela, o militar Serguei Karenin, que
tenta compreender, 30 anos depois, o que levou a mãe, que tinha dinheiro,
status, poder e beleza, a agir de forma estranha e fora dos padrões da época,
quando abandonou o marido para ficar com o amante, causando um estrondo na
aristocracia russa.
O
filme, de 2017, tem uma riqueza plástica única, com uma direção de arte exuberante
atrelada a uma fotografia das mais bonitas que vi no cinema recentemente. As
cores tocam a alma! Observem as cenas de dança dentro dos palácios, de tirar o
chapéu. O pano de fundo real, tanto da guerra quanto do Czarismo, ajuda na
construção da ideia sobre traição, decisões e aprisionamento - se passa na
Manchúria, em 1904, durante a guerra entre os Impérios Russo e Japonês, que
disputavam o controle dos territórios da China, e o filme abre com um longo
travelling num campo de batalha, com cantoria e um cenário de destruição.
Foi
produzido pelo canal de TV Rússia 1 (por isso carrega um aspecto de seriado dos
bons), em parceria com a Mosfilm, o principal estúdio da Rússia desde 1920 e um
dos mais antigos da Europa. As gravações deste longa-metragem correram
simultaneamente com a de uma minissérie (de oito episódios de 42 minutos cada),
ambos dirigidos por Karen Shakhnazarov, talvez o maior cineasta russo dos
tempos atuais (ele é diretor da Mosfilm), de “Noite de inverno em Gagra”
(1985), “A filha americana” (1995) e “Tigre branco” (2012), todos disponíveis
em DVD pela CPC-Umes Filmes. Aliás, “Anna Karenina: A história de Vronsky” é o
primeiro filme em DVD e Bluray que a distribuidora lança após exibição em
circuito nacional. Portanto, mais uma oportunidade para prestigiar essa belíssima
produção do cinema russo.
Anna Karenina: A história de Vronsky (Anna Karenina - Istoriya Vronskogo).
Rússia, 2017, 137 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Karen Shakhnazarov.
Distribuição: CPC-Umes Filmes
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