quinta-feira, 16 de julho de 2020

Resenha Especial



Zardoz

Em 2293, o deus Zardoz controla a sociedade proibindo o nascimento de crianças e incentivando a guerra entre os humanos. Neste mundo desolado, Zed (Sean Connery), um selvagem exterminador, decide sair desta terra-sem-lei, arrasada pela poluição e pela violência, para invadir Vortex, uma comunidade luxuosa onde vivem ricos e intelectuais, o que irá ameaçar o equilíbrio da civilização.

Até hoje esta sofisticada aventura surrealista com ficção científica é incompreensível para a maioria das pessoas. Foi escrita, dirigida e produzida pelo britânico John Boorman, de “Amargo pesadelo” (1972), “Excalibur” (1981) e “Esperança e glória” (1987), cinco vezes indicado ao Oscar, hoje afastado do cinema (ele tem 87 anos). É o trabalho mais cult do cineasta, totalmente influenciado pelo Psicodelismo, encharcado de efeitos especiais bizarros (datados, vistos hoje) em uma história futurista complexa, um grandioso delírio visual. Num lugar indeterminado, daqui a 270 anos, quando uma catástrofe mundial acabou com o Ocidente, as pessoas estão divididas em duas sociedades: a Vortex é dominada pelos ricos imortais, como intelectuais, cientistas e pessoas trabalhadoras, fechados do mundo exterior, onde o sexo é reprimido e todos substituíram as emoções por outro nível de sentimento, chamado de Segundo Nível (que só lá existe); a segunda sociedade é a terra dos Brutos, um local desértico, feio, poluído, regido pela guerra, onde convivem homens primitivos em tribos, verdadeiros assassinos, adoradores do deus Zardoz. Este deus é uma cabeça de pedra voadora (inspirada em “O mágico de Oz”) que aparece ditando regras, expelindo armas pela boca para que a guerra continue. Zed (Sean Connery, em plena forma, com roupas vermelhas esquisitas, após seu ciclo como James Bond) é um exterminador revoltado que sai do grupo dos Brutos e invade a Vortex, causando o terror naquela sociedade. E desse ponto em diante a aventura fantasiosa capta momentos de romance, muita ação e violência.
Tarefa difícil dar detalhes devido à complexidade do filme, que é de uma imaginação assustadora. Distópico, sombrio, alusivo e muito original, causou burburinho na época do lançamento, em 1974, e ainda hoje traz sequências indecifráveis. Tem no elenco a exuberante atriz Charlotte Rampling, lindíssima, aos 27 anos, e uma ponta do próprio diretor John Boorman, como um camponês (ele foi o molde para a cabeça voadora do deus Zardoz).


Indicado ao Bafta de melhor fotografia, de Geoffrey Unsworth (naquele ano ele foi indicado também ao Bafta e ao Oscar pela fotografia de “Assassinato no expresso Oriente”, que tinha Sean Connery no elenco). Uma aventura scifi cult para poucos.
Acaba de sair em DVD pela Versátil numa excelente cópia restaurada, presente no box “Clássicos Sci-fi – Volume 7” (foto abaixo), com cinco outros títulos – “Krakatit” (1948), “Os dois mundos de Charly” (1968), “Eu te amo, eu te amo” (1968), “Catástrofe nuclear” (1984) e “Miracle mile” (1988). Vale lembrar que o filme já havia saído em DVD no Brasil em 2004, pela 20th Century Fox.


Zardoz (Idem). Irlanda/EUA, 1974, 105 min. Aventura/Ficção científica. Colorido. Dirigido por John Boorman. Distribuição: Versátil (DVD de 2020, em box) e 20th Century Fox (DVD de 2004)

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