Em
2293, o deus Zardoz controla a sociedade proibindo o nascimento de crianças e
incentivando a guerra entre os humanos. Neste mundo desolado, Zed (Sean Connery),
um selvagem exterminador, decide sair desta terra-sem-lei, arrasada pela
poluição e pela violência, para invadir Vortex, uma comunidade luxuosa onde
vivem ricos e intelectuais, o que irá ameaçar o equilíbrio da civilização.
Até
hoje esta sofisticada aventura surrealista com ficção científica é
incompreensível para a maioria das pessoas. Foi escrita, dirigida e produzida
pelo britânico John Boorman, de “Amargo pesadelo” (1972), “Excalibur” (1981) e
“Esperança e glória” (1987), cinco vezes indicado ao Oscar, hoje afastado do
cinema (ele tem 87 anos). É o trabalho mais cult do cineasta, totalmente
influenciado pelo Psicodelismo, encharcado de efeitos especiais bizarros
(datados, vistos hoje) em uma história futurista complexa, um grandioso delírio
visual. Num lugar indeterminado, daqui a 270 anos, quando uma catástrofe
mundial acabou com o Ocidente, as pessoas estão divididas em duas sociedades: a
Vortex é dominada pelos ricos imortais, como intelectuais, cientistas e pessoas
trabalhadoras, fechados do mundo exterior, onde o sexo é reprimido e todos
substituíram as emoções por outro nível de sentimento, chamado de Segundo Nível
(que só lá existe); a segunda sociedade é a terra dos Brutos, um local
desértico, feio, poluído, regido pela guerra, onde convivem homens primitivos
em tribos, verdadeiros assassinos, adoradores do deus Zardoz. Este deus é uma
cabeça de pedra voadora (inspirada em “O mágico de Oz”) que aparece ditando
regras, expelindo armas pela boca para que a guerra continue. Zed (Sean Connery,
em plena forma, com roupas vermelhas esquisitas, após seu ciclo como James
Bond) é um exterminador revoltado que sai do grupo dos Brutos e invade a
Vortex, causando o terror naquela sociedade. E desse ponto em diante a aventura
fantasiosa capta momentos de romance, muita ação e violência.
Tarefa
difícil dar detalhes devido à complexidade do filme, que é de uma imaginação
assustadora. Distópico, sombrio, alusivo e muito original, causou burburinho na
época do lançamento, em 1974, e ainda hoje traz sequências indecifráveis. Tem
no elenco a exuberante atriz Charlotte Rampling, lindíssima, aos 27 anos, e uma
ponta do próprio diretor John Boorman, como um camponês (ele foi o molde para a
cabeça voadora do deus Zardoz).
Indicado
ao Bafta de melhor fotografia, de Geoffrey Unsworth (naquele ano ele foi indicado
também ao Bafta e ao Oscar pela fotografia de “Assassinato no expresso Oriente”,
que tinha Sean Connery no elenco). Uma aventura scifi cult para poucos.
Acaba
de sair em DVD pela Versátil numa excelente cópia restaurada, presente no box “Clássicos
Sci-fi – Volume 7” (foto abaixo), com cinco outros títulos – “Krakatit” (1948), “Os dois
mundos de Charly” (1968), “Eu te amo, eu te amo” (1968), “Catástrofe nuclear”
(1984) e “Miracle mile” (1988). Vale lembrar que o filme já havia saído em DVD
no Brasil em 2004, pela 20th Century Fox.
Zardoz (Idem). Irlanda/EUA, 1974, 105 min. Aventura/Ficção
científica. Colorido. Dirigido por John Boorman. Distribuição: Versátil (DVD de
2020, em box) e 20th Century Fox (DVD de 2004)
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