Narciso
negro
Um
grupo de freiras liderado pela jovem Irmã Clodagh (Deborah Kerr) segue para o Himalaia
para abrir um convento no alto das montanhas. A presença de um homem mexe com o
psicológico de cada uma das religiosas, levando-as a uma onda de tormentos e
sentimentos incontroláveis.
Clássico
imponente do cinema britânico, “Narciso negro” é de uma beleza indescritível, não
por acaso ganhou os dois Oscars dos quais foi indicado em 1948, os de melhor fotografia
e direção de arte. O visual é exuberante, num Himalaia todo recriado em
estúdios, em gravações com lentes disformes que impressionam até os menos
atentos para questões técnicas. Obra do mestre Jack Cardiff, um gênio da
fotografia de cinema!
Outro
ponto é o tema polêmico, sobre o conflito entre carne e espírito (é a história
de um grupo de freiras isoladas nas montanhas que precisa controlar seus instintos
quando aparece lá um homem de aparência desejável). Pelo fato de ter sido
gravado em 1947, o ousado filme desafiou não só regras vigentes do cinema como a
mentalidade conservadora dos produtores, que pregavam os “bons costumes” nas
obras cinematográficas (a história é baseada no livro da inglesa Rumer Godden,
publicado em 1939). Essa ruptura veio da extraordinária perspicácia da dupla Michael
Powell e Emeric Pressburger, que no ano seguinte lançaria o monumental drama
musical “Sapatinhos vermelhos”, até hoje referência no mundo do balé. Sem falar
na presença de uma bela Deborah Kerr no auge da carreira, então com 26 anos, que
logo sairia da sua terra, Reino Unido, para alçar voos em Hollywood (de
carreira fértil, atuou em torno de 50 filmes, recebeu seis indicações ao Oscar
e nos deixou em 2007, aos 86 anos).
“Narciso
negro” ganhou recentemente uma ótima edição especial em DVD pela Obras-primas
do Cinema, disponível numa linda cópia restaurada, com muitos extras.
Narciso
negro (Black
narcissus). Reino Unido, 1947, 100 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Michael
Powell e Emeric Pressburger. Distribuição: Obras-primas do Cinema
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