Especial
‘Cinema Espanhol’ no Netflix
Durante
a tormenta
A chegada de uma forte tempestade une duas
histórias ocorridas em dois tempos diferentes, separadas por 25 anos, que
envolvem um assassinato, um desaparecimento e uma mulher à procura de
respostas.
Inesperado
sucesso do Netflix, o bom suspense espanhol “Durante a tormenta” entrou na
plataforma há dois anos e permanece com aceitação máxima do público. Isso
porque o filme tem um roteiro intrigante, que fala sobre “efeito borboleta”.
Numa noite de tempestade, dois fatos ocorridos num intervalo de tempo de 25
anos se cruzam: o primeiro é em 1989, quando um garoto presencia um crime e, ao
fugir da casa onde viu uma pessoa assassinada, é atropelado e morto. O segundo,
em 2014, se passa no local do antigo crime, que agora abriga uma nova família; a
dona da casa encontra uma fita pertencente ao menino atropelado e faz contato
com ele. Aquilo não será em vão, sua filha desaparece, e ela tem nasmãos o
poder de modificar o rumo dessas histórias. Fiz um resumo sem spoiler... prepare-se
para momentos de grata surpresa nessa trama complexa, bem escrita, que prende o
espectador até decifrar as mensagens nos minutos finais (o final é surpreendente).
É o
terceiro trabalho do diretor e roteirista Oriol Paulo, um cineasta com fitas excelentes
de mistério, que realizou antes “O corpo” (2012) e outro sucesso do Netflix,
“Um contratempo” (2016). Ele sabe compor reviravoltas que nem podemos imaginar,
recorrendo ainda ao gênero scifi (aqui com o tema “viagem no tempo”).
Com
Chino Darín (filho do maior astro da Argentina, Ricardo Darín), Adriana Ugarte
(de “Julieta”, onde interpreta o papel-título do drama de Almodovar), o
veterano do cinema espanhol Javier Gutiérrez e participação de Álvaro Morte (o
Professor da série de megafama do Netflix “La casa de papel”). Embarque na moda
e veja!
Durante
a tormenta (Durante
la tormenta). Espanha, 2018, 129 minutos. Suspense. Colorido. Dirigido por Oriol
Paulo. Distribuição: Netflix
As
leis da termodinâmica
Um cientista vidrado nas leis da
Termodinâmica busca um novo relacionamento amoroso, mas até lá inúmeras
confusões pintarão em seu caminho, incluindo uma malsucedida troca de casais.
Podemos
encontrar no Netflix essa gostosa comédia romântica criativa, rápida e com
humor bem moldado, que relaciona as leis da Física com o poder da paixão/do
amor. Do diretor espanhol Mateo Gil, de “Os implacáveis” (2011, com Sam
Shepard), passa-se numa bela Barcelona (com locações lindas da cidade de Gaudí),
com um protagonista neurótico, um cientista em formação que vê termodinâmica em
tudo, principalmente nos namoros. Esse cara termina um romance, emenda em
outro, e tudo o que acontecia antes, volta, como crise de ansiedade, troca de
casais e confusões amorosas. Porém um novo flerte surge para, quem sabe,
colocá-lo no eixo!
A
edição do filme é elegantíssima, com fórmulas matemáticas na tela, explicações
sobre termos de Física e Química para relacioná-los ao amor, mistura narração
off com depoimentos verdadeiros de cientistas e professores sobre o assunto, resumindo,
tem uma questão técnica bem curiosa, em tom de documentário.
Assisti
zapeando no Netflix, gostei bastante e recomendo. No elenco principal, Vito
Sanz (que é um protagonista apenas ok, sem ser marcante), mas em contrapartida tem
Chino Darín, que poderia ter ficado com o papel principal, pois é um ator
melhor (chegando perto do pai, Ricardo Darín).
As
leis da termodinâmica (Las
leyes de la termodinâmica). Espanha, 2018, 100 minutos. Comédia romântica.
Colorido. Dirigido por Mateo Gil. Distribuição: Netflix
Viver
duas vezes
Aposentado, viúvo e com Alzheimer, o professor
de matemática Emilio (Oscar Martínez) não desiste de encontrar um velho amor da
juventude, que mora em outro estado. Essa mulher a quem ele se refere o fez
crescer e abrir seus olhos quando jovem. Ao lado da neta, Emilio parte para uma
viagem para o tão esperado reencontro.
Está na minha lista das melhores comédias
dramáticas do Netflix essa que é uma produção original espanhola feita com
sensibilidade por uma cineasta catalã, Maria Ripoll. E conduzida por um dos
maiores nomes do cinema argentino, Oscar Martinez, de “O cidadão ilustre”
(2016), que se divide entre produções do seu país e na Espanha. Singular,
objetivo, o filme independente toca num assunto difícil e bem sério, o
Alzheimer, porém utilizando o humor como arma de reflexão, ou seja, não faz a
fita ser dura para acompanharmos (pelo contrário). Na trama, a doença do
protagonista o faz retomar os laços familiares, com a neta pequena e com a
filha-problema. Com a garotinha parte para uma viagem (o filme vira um road
movie romântico) em busca do amor que teve na época de jovem. A filha não
aprova a ideia, pois, para ela, é uma provocação à família e à memória da mãe
falecida; mesmo assim aquele homem solitário corre contra o tempo para o
reencontro, à medida que a memória vai falhando um pouco a cada dia.
Gostou? Então assista a esse filme que
diverte, comove, fecha com uma sequência bonita, e funciona com um time de
atores afinados em uma lição de amor e de vida.
Viver
duas vezes (Vivir dos
veces). Espanha, 2019, 101 minutos. Comédia dramática. Colorido. Dirigido por Maria
Ripoll. Distribuição: Netflix
Toc
Toc
Na sala de espera de um consultório, um grupo
de pacientes com TOC aguarda a chegada do médico. Ele não aparece, então
resolvem fazer uma terapia em grupo ali mesmo, com consequências
engraçadíssimas.
Distribuído
nos cinemas espanhóis pela Warner Bros em 2017, “Toc Toc”, no ano seguinte,
teve os direitos de exibição comprados pelo Netflix, e desde essa época
permanece no catálogo das produções com o selo da empresa (isso costuma acontecer
em fitas independentes que entram num circuito restrito, ganham certo
comentário positivo da crítica e do público, e daí o Netflix negocia a
ampliação, inserindo-as em seu streaming para todos os países).
Essa
comédia engraçadíssima é uma adaptação espanhola de um telefilme francês de
2008, por sua vez baseado na peça de Laurent Baffie (encenada por vários anos
no Brasil, com Sandra Pêra no elenco, um sucesso nos palcos por aqui). Marcado
pelo estilo teatral, traz um punhado de personagens com transtornos
obsessivo-compulsivos fechados num mesmo ambiente, que é a sala de espera de um
consultório médico. O longa mostra esses comportamentos extravagantes, estranhos,
com casos que vão da Síndrome de Tourette (o doente xinga, faz gestos obscenos)
à mania de limpeza/higiene. Todos, ansiosos à espera do médico que nunca
chega... até que resolvem contornar a situação, iniciando uma terapia em grupo,
com resultado hilário!
Tem
os melhores atores espanhóis e argentinos da safra atual, Paco Leon, Rossy De
Palma (dos filmes de Almodóvar), Oscar Martinez, e um desfecho-surpresa, que
possibilita uma continuação.
A
gente ri até dizer chega dos problemas dos outros nessa história maluca (os
transtornos são graves, e o filme escorre para o humor proposital, assumindo o pastelão).
Está no Netflix há um ano e continua fazendo sucesso no Brasil. Para dar
gargalhadas sem moderação!
Toc
Toc (Idem). Espanha,
2017, 96 minutos. Comédia. Colorido. Dirigido por Vicente Villanueva.
Distribuição: Netflix
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