O
bar Luva Dourada
Um
serial killer chamado Fritz Honka (Jonas Dassler) ataca prostitutas num bairro
boêmio de Hamburgo nos anos 70.
A distribuidora
com foco em fitas cult Imovision lançou uma campanha na internet no início do
mês que mobilizou os colecionadores do Brasil todo: aproveitando o
reaquecimento do mercado de DVDs no país, a partir de agora ela relançará
filmes que estavam fora de catálogo e também trará em DVD fitas premiadas recém-exibidas
nos cinemas. A primeira remessa com novos títulos contém “O paraíso deve ser aqui”
(2019), “Encontros” (2019) e o polêmico “O bar Luva Dourada” (2019).
A
partir de uma horrenda história real, esse filme de drama com toques de horror,
já aviso, é forte, com cenas chocantes de esquartejamento de mulheres, que causou
mal-estar no Festival de Berlim, onde foi indicado ao Urso de Ouro no ano
passado.
No
centro da cena está o sádico serial killer Fritz Honka (1935-1998), que aterrorizou
Hamburgo no início dos anos 70. Ele frequentava um bar, “Luva Dourada”, próximo
ao distrito da luz vermelha, que reunia a escória da cidade, como bêbados doentes
e prostitutas velhas (sua obsessão). Convidava essas mulheres para seu apartamento
miúdo, um lugar sujo, onde, com ou sem sexo, as matava com crueldade, cortando-as
em pedacinhos com uma serra. Partes dos corpos ele armazenava em casa, num
compartimento na cozinha, outros eram espalhados por terrenos baldios vizinhos.
Em quatro anos Honka matou pelo menos quatro vítimas – mas a polícia acreditava
em mais de 10.
É
deprimente ver as cenas de assassinato, o grau de insanidade e loucura que atingia
aquele homem (ele era misógino, alcoólatra, deformado, com temperamento
explosivo), e a quantidade de gente decrépita que o cercava. Há uma ou duas tramas
paralelas menores, mas a gente até esquece delas, pois marcante mesmo é o serial
killer em ação (novamente reforço, as sequências de morte podem impressionar).
A
ambientação, por meio de cenários, segundo mostra o making of que tem no DVD, ficou
idêntica à Hamburgo suja dos anos 70, num trabalho meticuloso de construção de
cena. Outro ponto alto é a maquiagem: o bonito ator alemão Jonas Dassler, de
apenas 23 anos, passou por um processo rigoroso de makeup (que devia ter sido
indicada ao Oscar) para envelhecer quase duas décadas (na época do filme o assassino
teria por volta de 38 anos) – para assemelhar-se ao real Honka precisou de
lentes de contato para deixá-lo estrábico, além de um nariz postiço torto e dentes
podres.
Um
filme violento, pra baixo, para público específico, um genuíno estudo de misoginia
e perversidade sob a estética do horror.
É mais
um trabalho de impacto do cineasta alemão Fatih Akin, nascido em Hamburgo, o
mesmo de “Em pedaços” (que tratava de terrorismo). Produção original da Warner
Bros, com distribuição da Pathé, lá fora, aqui no Brasil está sob os direitos
da Imovision.
O
bar Luva Dourada (Der
Goldene Handschuh). Alemanha/França, 2019, 115 minutos. Drama/Terror. Colorido.
Dirigido por Fatih Akin. Distribuição: Imovision
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