quarta-feira, 25 de março de 2020

Resenhas Especiais



Sem nada para assistir na quarentena? Conheça esses cinco títulos da California Filmes em DVD.

 Assassinos múltiplos

O advogado Frank Valera (Antonio Banderas) faz voto de silêncio enquanto procura os assassinos da esposa e da filha.

Dos produtores de “Os mercenários” (2010) e “Invasão a Londres” (2016), um thriller modesto e movimentado, escrito por um roteirista de filmes menores de terror (como “Luzes do além”) e dirigido por um cineasta israelense cuja carreira está embasada em fitas baratinhas e populares de artes marciais, como “O lutador”, “Ninja”, “O imbatível” – “Assassinos múltiplos” é o melhor longa desse cara, Isaac Florentine.
Rodado na Bulgária, tem uma trama semelhante a tantos derivados de “Desejo de matar” (um clássico policial dos anos 70), com tiros pra lá e pra cá, porradas, investigação e mortes. A distribuidora apenas se equivocou no título (por que “Assassinos múltiplos”? Melhor teria sido a tradução direta do inglês, “Atos de vingança”). Antonio Banderas é o ator central – repare em sua carreira irregular, que vai de filmes de arte de Almodóvar a passatempozinhos tipo “Temperatura máxima” como esse aqui. Atuam com ele o ator neozelandês Karl Urban e a espanhola Paz Vega.

Assassinos múltiplos (Acts of vengeance). EUA/Bulgária, 2017, 87 minutos. Ação. Colorido. Dirigido por Isaac Florentine. Distribuição: California Filmes


Segurança em risco

Desempregado, o ex-militar Eddie (Antonio Banderas) aceita trabalhar como segurança em um shopping de periferia. Logo no primeiro dia terá de proteger uma menina de 11 anos, alvo de um grupo de perigosos bandidos.

Mais um passatempo de ação dos mesmos produtores de fitas rápidas do gênero, como “Dupla explosiva” (2017), “Rambo: Até o fim” (2019) e “Invasão ao serviço secreto” (2019), estrelada novamente por Antonio Banderas. Ele interpreta um veterano dos serviços especiais da polícia envolvido numa emboscada, e após perder o emprego vai trabalhar como segurança em um shopping numa área de risco. Mas tudo já começa num turbilhão de emoções, quando precisa proteger uma garotinha sob a mira de mafiosos, pois ela testemunhara um crime.
Não exija muito, já sabemos como a fita irá terminar, e se te interessou, entregue-se à trama, repleta de tiros, brigas e mortes, que conta no elenco com o grande Ben Kingsley (na pele do vilão), ganhador do Oscar por “Gandhi” (1982). Em DVD pela California Filmes.

Segurança em risco (Security). EUA, 2017, 91 minutos. Ação. Colorido. Dirigido por Alain Desrochers. Distribuição: California Filmes


Uma agente muito louca

A desajeitada e brincalhona policial Johanna Pasquali (Alice Pol) sonha em integrar o time da R.A.I.D., a tropa de elite da França. Um dia recebe inesperadamente o convite para trabalhar com esse seleto grupo, como parceira do agente Froissard (Dany Boon), no combate a crimes em Paris.

Comédia policial absurda que cumpre com sua função, ser um passatempo divertido, escrita, dirigida e protagonizada por Dany Boon, de “A Riviera não é aqui” (2008). Ele faz par com a doidinha Alice Pol, uma atriz talentosa, que exagera na forma, nas caras e bocas quando é preciso para tornar possível as gags. Essa dupla super improvável une forças para coibir crimes na França, mas a destrambelhada novata dará uma dor de cabeça ao colega policial...
É daqueles tipos de humor caótico, over, soa até bobinho, dentro de uma trama de investigação criminal. Prepare-se para piadas malucas meio “A pantera cor-de-rosa”, pastelão, momentos besteirol típicos de “Loucademia de polícia”, tudo bem fotografado nas ruas de Paris e Bruxelas (a Bélgica é coprodutora do filme). Dany boon é uma revelação na França, um dos nomes de destaque da atual produção de comédia do país. No final há uma menção em texto como homenagem aos policiais franceses (para não parecer que todos os policiais são abitolados como a protagonista). Vale uma espiada sem compromisso.

Uma agente muito louca (Raid dingue). França/Bélgica, 2016, 105 minutos. Ação/Comédia. Colorido. Dirigido por Dany Boon. Distribuição: California Filmes


Um homem de família


Dane (Gerard Butler) é um headhunter que atua numa concorrida empresa de RH de Chicago. Apontado como o futuro diretor da empresa, enfrenta uma crise profissional com uma colega de escritório, que também almeja o cargo. Se não bastassem essas questões de trabalho, sua rotina entra em colapso com a notícia de que o filho pequeno está diagnosticado com um câncer agressivo.

Um drama triste, sensível, com Gerard Butler amadurecido, deixando de lado os personagens clichês de policiais durões que sempre fez, para dar vida e sensibilidade ao papel de um homem dividido entre o trabalho exaustivo e o desespero em cuidar do filho doente (que acabou de ser diagnosticado com câncer). Ele é um headhunter (um caçador de talentos), focado no trabalho, que agora terá a rotina revirada de cabeça para baixo, tendo de assumir responsabilidades como “homem de família”. O drama familiar discute questões sobre o mundo dos negócios em uma das cidades mais agitadas dos Estados Unidos, Chicago, fala de ética nas relações empresariais e critica a mentalidade de líderes inescrupulosos (que é o papel de Willem Dafoe, que chega a dar raiva). Tem uma conclusão emocionante, que cativante e nos dá esperança por dias melhores.
Rodado no Canadá, tem no elenco Gretchen Mol, Alison Brie e Alfred Molina, roteiro de Bill Dubuque, de “O juiz” (2014) e “O contador” (2016), e foi o primeiro longa do diretor Mark Williams, parceiro de trabalho de Dubuque - juntos escreveram a série do Netflix “Ozark” (2017-).
Não confunda com o filme de mesmo título com Nicolas Cage, de 2000, uma agradável fita natalina, de gênero fantasia.

Um homem de família (A Family man). EUA/Canadá, 2016, 110 minutos. Drama. Colorido. Dirigido por Mark Williams. Distribuição: California Filmes


O canal

O arquivista de filmes David (Rupert Evans) sofre de depressão e acaba de terminar o casamento. Chega até suas mãos um rolo de filme 16mm com imagens de um terrível assassinato ocorrido há 110 anos, na mesma casa onde mora. Angustiado, procura entender aquilo até que encontra um canal de água onde pode haver respostas sobre o antigo crime.

Tenha estômago forte e a mente sã para encarar esse filme de terror independente, rodado em Dublin (Irlanda), que é pesado e tem um final ambíguo. Já começa com impacto exibindo imagens sinistras de um vídeo caseiro, e daí a trama cresce, vai ficando macabra, com alucinações, mexendo com temas sobrenaturais, corpos em decomposição, assassinatos brutais e um maldito canal de água que corta a cidade onde o personagem principal mora. Com uma fotografia escura, que alternam os jogos visuais, a história é apreensiva e confunde – por isso, preste atenção em cada detalhe das cenas.
Destaque para o trabalho do britânico Rupert Evans, dos filmes “Hellboy” (2004), “Boneco do mal” (2016) e “Pastoral americana” (2016), e que fez a série “O homem do castelo alto” (2015-2019).
Escrito e dirigido por um irlandês pouco conhecido, de longas independentes, Ivan Kavanagh, “O canal” é seu trabalho mais pessoal, ganhador de vários prêmios em festivais de cinema de horror.

O canal (The canal). Irlanda/Reino Unido, 2014, 93 minutos. Terror/Suspense. Colorido. Dirigido por Ivan Kavanagh. Distribuição: California Filmes

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