Dicas
de filmes do Netflix para a quarentena ser menos maçante...
Lost
girls – Os crimes de Long Island
Em
Long Island, Sarah (Amy Ryan) sai numa busca desesperada pela filha, uma jovem
prostituta que desapareceu há dois dias. A polícia auxilia na investigação,
mobiliza a cidade e tenta acalmar os moradores, isto porque um cruel assassino vem
matando garotas de programas.
Uma
história real perturbadora, até hoje sem explicações nem conclusão, baseada no
livro do jornalista investigativo Robert Kolker (intitulado “Lost Girls: An unsolved
american mystery”), bestseller do New York Times, publicado em 2013. Essa
versão cinematográfica produzida pelo Netflix, que chegou à plataforma na
última semana, acompanha o difícil caso dos assassinatos de garotas de programa
em Long Island, ocorridos entre 2010 e 2011, e a caçada a um criminoso sem
rosto ou identidade. A protagonista é uma mãe aflita tentando localizar a filha
sumida (papel acertado em cheio de Amy Ryan, indicada ao Oscar por “Medo da
verdade”), enquanto as horas correm, e novas vítimas aparecem – o caso nunca
foi resolvido, nenhum suspeito foi detido, e oficialmente a polícia encontrou
cinco corpos de prostitutas desovados ao longo de 20 quilômetros de uma estrada
próxima às praias de Long Island.
Com
um excelente clima de mistério, uma fotografia escurecida e um roteiro denso
(adaptado por Michael Werwie, de “Ted Bundy: A irresistível face do mal”), o
suspense é uma boa alternativa para quem é vidrado em histórias de investigação
criminal. Tem no elenco um ator que gosto muito, Gabriel Byrne, ganhador do
Globo de Ouro pela série “Em terapia”. Quem dirige é a documentarista ganhadora
do Emmy e duas vezes indicada ao Oscar Liz Garbus, de “What happened, Miss
Simone?” (2015), em sua estreia num longa-metragem de ficção.
Lost
girls – Os crimes de Long Island
(Lost girls). EUA, 2020, 95 minutos. Suspense/Policial. Colorido. Dirigido por Liz
Garbus. Distribuição: Netflix
Entre
vinho e vinagre
Quatro
amigas de longa data pegam a estrada para comemorar o aniversário de uma delas,
rumo à California. Na terra do glamour, do sol e do vinho, elas terão dias de
descontração, além de relembrar o passado.
Primeiro
longa dirigido pela comediante Amy Poehler, ganhadora do Globo de Ouro pela
série “Parks and Recreation”. Uma atriz perspicaz, de timing perfeito,
divertida. E também produtora e roteirista de cinema. Ela encabeça o elenco, e
nesse seu filme alto astral reuniu amigas pessoais para um road-movie que
discute questões acerca do universo feminino. Leve, bobinho às vezes, com
piadas infames e pequenos dramas, o passatempo produzido pelo Netflix ganha
força com as atrizes, o melhor do cinema americano atual, como a própria Amy
Poehler, Maya Rudolph, Rachel Dratch, Ana Gasteyer, Paula Pell e fechando o
sexteto, com capricho, Emily Spivey (que escreveu o roteiro junto de Liz
Cackowski, roteirista da série “O último cara da Terra”). Não espere muito,
sente no sofá e garanta boas risadas!
Entre
vinho e vinagre (Wine
country). EUA, 2019, 103 minutos. Comédia. Colorido. Dirigido por Amy Poehler.
Distribuição: Netflix
Jonas
Jonas
(Félix Maritaud), um rapaz gay de 32 anos, é atormentado por fatos ocorridos na
adolescência. Sem amigos, tem um comportamento violento e tenta, com muita
luta, se desvencilhar desses antigos fantasmas.
Telefilme
francês intimista e revelador que acompanha a vida de um jovem chamado Jonas em
dois momentos: da passagem dos 14 para os 15 anos (mostrado em flashbacks) e na
fase atual, aos 32. Hoje: ele é gay, usa redes sociais para pegação, frequenta
boates onde compra brigas frequentes, e é atormentado por um passado sombrio,
relacionado a um amigo igualmente homossexual. Aos poucos sua história de vida
se revela, a identidade de Jonas é construída para o público compreender suas
decisões e comportamento, até atingir o desfecho dramático, pra baixo,
questionador. Por si só o telefilme tem coragem, criatividade, provoca e é
altamente sexy, com sua explosiva fotografia avermelhada que intensifica o
clima homoerótico, também uma simbologia para os limites entre a paixão e a
fúria do personagem principal.
Os
dois atores que interpretam Jonas são bons: na fase adolescente está Nicolas
Bauwens, do contundente drama sobre pedofilia na igreja “Graças a Deus” (2018),
e nos dias de hoje, Félix Maritaud, do polêmico e duro “Selvagem” (2018),
também do melancólico “120 batimentos por minuto” (2017).
PS:
Não é uma produção original do Netflix, apenas a plataforma de streaming
adquiriu os direitos para exibição. Aliás, o telefilme francês é de 2018, foi
exibido em festivais voltados para produtos de TV nos Estados Unidos e na
Europa entre outubro e novembro daquele ano, e chegou ao Netflix Brasil há duas
semanas ficando em destaque na capa por três dias.
Jonas (Idem). França, 2018, 82 minutos.
Drama. Colorido. Dirigido por Christophe Charrier. Distribuição: Netflix
Alex
Strangelove
Um
adolescente chamado Alex (Daniel Doheny) desconfia que seja gay. Isto porque
não consegue transar com meninas (ele até tenta) e sente leve atração por
garotos. Certo dia fará um desafio para saber qual lado realmente curte...
Uma
comédia espirituosa, leve, para teenagers e público que se interessar pelo
tema. Na época do lançamento (2018), essa produção original do Netflix ganhou
divulgação boca a boca tornando-se um dos filmes mais vistos na temporada
daquele ano. Só agora conferi o filme e curti o resultado!
Alex
(um ator novinho, revelação, que em 2018 apareceu em outra produção do Netflix,
“O pacote”, uma comédia bizarra e bem boboca) é um garoto como outro qualquer,
tem um canal no Youtube, amigos aos montes na escola e está “indeciso” quanto a
sua sexualidade quando percebe que não consegue ter relações sexuais com
meninas. Quer perder a virgindade, mas não sabe ao certo com quem... Até sentir
atração por um menino da escola onde estuda.
O
filme é sobre aceitar-se, fala sobre uma fase confusa na vida de qualquer
pessoa, a adolescência, onde todos nós, preenchidos por uma série de hormônios
novos, aliados à cobrança constante, temos dificuldade em nos encontrar, seja
em qualquer aspecto (família, estudos, opção sexual etc).
Botei
fé no elenco cheio de atores jovens, carismáticos e talentosos, que ajudam no
resultado da comédia dramática/romântica cuja produção é de Ben Stiller, e vem
ao encontro da nova onda de filmes de temática LGBT focada no público
adolescente. O desfecho é motivo de aplausos e orgulho, com depoimentos reais
de garotos e garotas que relatam como foi “sair do armário”.
Daqueles
filmes bonitinhos, alto astral, com uma mensagem positiva e alegre, que lembra
“Com amor, Simon” (saiu no mesmo ano, 2018, e acaba sendo melhor devido ao lado
mais enfático, ao drama).
Do
diretor Craig Johnson, das comédias dramáticas “Irmãos desastre” (2014) e “Wilson”
(2017).
Alex
Strangelove (Idem).
EUA, 2018, 99 minutos. Comédia romântica. Colorido. Dirigido por Craig Johnson.
Distribuição: Netflix
Sierra
Burgess é uma loser
Sierra
(Shannon Purser) é uma menina longe dos atuais padrões de beleza impostos pelos
americanos, motivo de chacota de um grupo de garotas patricinhas na escola. Uma
infeliz armadilha a coloca frente a frente a um garoto disputado do colegial, Jamey
(Noah Centineo), porém Sierra terá de esconder sua verdadeira identidade.
Uma
comédia romântica para adolescentes, bem conduzida e casual, que parece um
conto de fadas à moda antiga. Temas como preconceito, bullying na escola, uso
inconsequente das redes sociais e aceitação aparecem para o público pensar,
disfarçados no humor leve e gracioso. É a história de uma garota gordinha e
sardenta, que se torna alvo de piadas de um trio de garotas mimadas, que a taxam
de feia e perdedora (sentido do “loser”, termo em inglês que pegou como gíria
entre os jovens brasileiros). Por sua vez, Sierra dá a volta por cima, pois não
liga para esse tipo de comentário (o filme foge dos clichês, da menina que
chora por ser discriminada, porém sabemos que guardar ou não ligar para o
bullying sofrido pode ser prejudicial em algum momento da vida). Um dia, uma
armadilha plantada irá inverter o jogo de Sierra com as meninas petulantes...
Bastante
visto no Netflix na época do lançamento (2018), o filme não recorre ao drama, opta
em situações românticas e à fantasia, contando com um trabalho natural e
deliciado da atriz Shannon Purser (indicada ao Emmy por uma aparição marcante
na série do Netflix “Stranger things”). Tem também Noah Centineo, que trabalha
em vários filmes do Netflix para jovens, como “Para todos os garotos que já
amei” (2018) e “O date perfeito” (2019), e participação das atrizes Lea
Thompson e Chrissy Metz.
Passatempo
recomendado para toda a família!
Sierra Burgess é uma loser (Sierra Burgess is a loser). EUA, 2018, 105 minutos. Comédia romântica. Colorido. Dirigido por Ian Samuels. Distribuição: Netflix
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