terça-feira, 23 de agosto de 2011

Resenha

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Naked

Johnny (David Thewlis) foge de Manchester para Londres, onde vaga alucinado pelas ruas da capital inglesa. Ele é um pseudo-culto fracassado, de temperamento frio, e falastrão, que despeja todo o ódio que sente nas pessoas. Mas no fundo Johnny é um homem sozinho e romântico. Numa tarde, em frente a um sobrado antigo, depara-se com duas mulheres também solitárias. A partir desse primeiro encontro passa a morar com elas, como amigo, experimentando momentos explosivos de reflexão.

Drama cult de temática difícil, sobre o dia-a-dia de um rapaz à beira do caos imerso na cultura junkie underground da Inglaterra dos anos 90. Ele vive à toa pelas ruas, boêmio de carteirinha, fala mais que a boca, cria situações embaraçosas para aqueles que o cercam. Esse anti-herói porralouca será, para certos tipos de público, irritante e insuportavel. Por isso vá prevenido: é um filme de arte restrito, intelectualizado, cheio de reflexões sobre crise existencial no mundo pós-moderno.
Praticamente desconhecido no Brasil, “Naked” (Nu, em português) desnuda as convenções e falsas aparências projetando os personagens para dentro do universo sórdido das grandes cidades, com enfoque especial ao underground. Bebedeira violenta, drogas e prostituição não faltam nesse clima de extremos sentimentos em torno de Johnny, o rapaz frio e descrente, só que apaixonado.
A partir da metade a trama fica complexa com a entrada de novas figuras em cena, com um desfecho desiludido, típico dos projetos ultra-pessoais do diretor Mike Leigh (ele tem sete indicações ao Oscar entre direção e roteiro), exímio explorador das conturbadas relações humanas (lembram-se dos ótimos “Segredos e mentiras” e “Agora ou nunca”?).
Com “Naked”, Leigh venceu a Palma de Ouro em Cannes, que no mesmo festival deu a David Thewlis (perfeito como o desconjuntado personagem principal) indicação de melhor ator. O filme ainda traz Katrin Cartlidge, morta prematuramente aos 41 anos em 2002. Já em DVD. Por Felipe Brida

Naked
(Idem). Inglaterra, 1993, 131 min. Drama. Dirigido por Mike Leigh. Distribuição: Lume Filmes

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