quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Resenha

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A garota da fábrica de caixas de fósforos

Iiris (Kati Outinen) é uma jovem finlandesa amargurada. Trabalha em uma fábrica de caixas de fósforos, mantém péssimo relacionamento com os pais e procura alguém para amar. A cada dia, a rotina parece não dar sinais de mudança até que ela, entediada, planeja um ato desmedido.

Desconhecido no Brasil, o filme de arte finlandês de 1990 foi descoberto pela Lume Filmes e lançado recentemente, em cópia exemplar. É um drama cru, sem concessão, amargo, para público bem restrito.
São alguns dias na vida monótona de uma menina sem perspectivas, rejeitada pelos homens, desprezada pelos pais que não tem diálogos com ela. O trabalho que exerce é fiscalizar a produção de fósforos em um galpão, sem ninguém por perto. Nada muda ao redor dessa personagem infeliz.
Assim todo drama existencial se materializa na pele dessa mulher frustrada com a vida social, com o emprego maçante, até que, após ser colocada de lado por um homem que conhecera, dá o troco a todos aqueles que a cercam. A guinada poderá chocar, por isso não revelarei detalhes.
O filme é de um silêncio profundo, proposital para mostrar a monotonia, com pouquíssimos diálogos. Tudo feito graças ao diretor Aki Kaurismaki, um artesão influenciado por Melville e Bresson. Aqui ele foge do humor habitual para contar uma história pesada com visão nada romântica sobre a região operária de Helsinque, que tanto criticou em seus filmes.
O início belamente fotografado em tons pastéis, na fábrica (mostra etapa por etapa a produção do fósforo) complementa-se com o assustador final, memorável, que alcança o ápice do amargor da vida da personagem central. Vencedor de dois prêmios especiais no Festival de Berlim em 1990. Filme de arte para público específico. Por Felipe Brida

A garota da fábrica de caixas de fósforos
(Tulitikkutehtaan tyttö). Finlândia/Suécia, 1990, 68 min. Drama. Dirigido por Aki Kaurismäki. Distribuição: Lume Filmes

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