domingo, 3 de agosto de 2025

Estreias da semana – Nos cinemas e no streaming - Parte 1


Atena
 
Em seu novo trabalho, o diretor brasileiro Caco Souza retorna às origens do cinema que o lançou, o policial, nos moldes do filme realizado por ele 15 anos atrás, ‘400 contra 1: Uma história do crime organizado’ (2010) - só que com mais timidez e pouco afinco. ‘Atena’ foi rodado em 2023 na cidade de Gramado (RS), um lugar charmoso e ponto turístico do país, só que aqui mostrada em seu lado sombrio, praticamente desconhecido da pequena cidade gaúcha. Lá, uma mulher chamada Atena (Mel Lisboa), marcada por abusos cometidos pelo pai na infância, combate a violência contra as mulheres de outro jeito: caçando abusadores e os levando a um tribunal próprio, clandestino. Até que um jornalista, Carlos (Thiago Fragoso), é pautado para investigar a justiceira. O filme é prejudicado pela direção frágil, que não conduz corretamente o elenco, e pela fotografia extremamente escura, que atrapalha identificarmos personagens e o andamento da história – grande parte das cenas se passa no período da noite, com baixa iluminação. Ao mesmo tempo em que toca em assuntos sérios, como abuso infantil e violência contra mulheres, abre espaço para situações complicadíssimas, como justiça com as próprias mãos e criação de tribunais independentes para julgar estupradores. Está em exibição nos cinemas brasileiros com distribuição da A2 Filmes.
 

 
Nada
 
Filme independente e experimental brasileiro que marca a estreia de Adriano Guimarães na direção, e que chega com exclusividade aos cinemas pela Embaúba Filmes. É um drama com molde de teatro, já que tudo se passa num mesmo ambiente, no caso uma casa na fazenda, e duas personagens apenas. Vemos uma artista plástica de nome Ana que, nos preparativos finais para uma exposição de seus trabalhos, é convocada às pressas para retornar à fazenda onde passou a infância. Sua irmã, Tereza, está gravemente doente e com problemas de memória. Ana e Tereza, isoladas as duas naquelas terras no fim do mundo, mergulhará nas próprias lembranças e nas da irmã. Protagonizado por Bel Kowarick e Denise Stutz, que está muito bem nos papeis das irmãs de meia-idade, o filme dá a sensação de confinamento, com planos fechados, e trabalha todo o tempo com a dualidade presença/ausência e memória/esquecimento, a partir de duas irmãs que se reaproximam quando uma estranha doença atinge uma delas. Segundo o diretor, o argumento e a estética do drama, principalmente quanto ao enquadramento, vieram após a leitura de poesias do poeta mato-grossense Manoel de Barros e das peças do dramaturgo modernista irlandês Samuel Beckett. Exibido em festivais na Espanha, Rússia, Índia, Argentina, México e Colômbia, recebeu prêmio especial no Festival de Cinema de Tiradentes, em 2022, no Festival de Málaga, naquele mesmo ano, e os troféus de melhor direção, direção de arte e edição de som no 57º Festival de Brasília.
 

 
Super happy forever
 
Mais uma boa estreia no streaming da Mubi, que tem no catalogo importantes filmes cult antigos e produções recentes premiadas em festivais como Cannes e Berlim. ‘Super happy forever’ é uma coprodução Japão/França, exibida nos festivais de Veneza e San Sebastián de 2024. É um filme cíclico, de narrativa leve, que mescla cenas com muitos diálogos entre amigos e outras de puro silêncio e contemplação na beira da praia. No novo trabalho do diretor Kohei Igarashi, de ‘Takara – A noite em que nadei’ (2017), uma história de amizade e compreensão – em 2023, Sano (Hiroki Sano) e seu amigo de infância Miyata (Yoshinori Miyata) visitam um resort na pequenina cidade litorânea de Izu. Cinco anos atrás, Sano conheceu lá sua falecida esposa, Nagi (Nairu Yamamoto). Ela morreu muito jovem, no auge da carreira e da vida. Sano então percorre lugares por onde esteve com ela, como a praia, minas de água, becos da cidade, redescobrindo o lugar e assim dando novo sentido ao luto. Uma história de recomeço e ressignificados, com imagens belamente fotografadas na cidade de Izu – as melhores são aquelas que retratam a solidão do protagonista, quando sentado refletindo nas pedras. O título faz referência a um congresso que ocorre em Izu durante a passagem do personagem, que seria algo como ‘Superfelizes para sempre’.

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