terça-feira, 5 de agosto de 2025

Estreias da semana – Nos cinemas e no streaming – Parte 2


Filhos
 
Nova estreia da Mares Filmes nos cinemas brasileiros, distribuidora que trouxe esse ano excelentes longas, como o ganhador do Oscar de animação ‘Flow’, ‘O bom professor’ e ‘Stella – Vítima e culpada’. Agora chega às salas das principais praças do país o drama com suspense psicológico ‘Filhos’ (2024), coprodução Dinamarca, Suécia e França. É o novo trabalho do diretor do sufocante thriller ‘Culpa’ (2018), o sueco Gustav Möller, realizador de obras angustiantes. Concorrente ao Urso de Ouro no Festival de Berlim, o filme aborda questões como dilemas morais e senso de justiça, a partir de uma trama entremeada por diversas camadas. Em uma cadeia, a dedicada agente penitenciária Eva (Sidse Babett Knudsen, das séries ‘Borgen’ e ‘Westworld’, em uma atuação magistral) tem um baque ao descobrir que um dos detentos que acaba de ser levado para lá, Mikkel (Sebastian Bull), esteve envolvido em uma tragédia em sua família. Atordoada, ela pede transferência para a ala de segurança máxima, para ficar próximo do rapaz, iniciando com ele um jogo de obsessão e vingança. O segredo entre os dois nos é revelado na metade do filme – algo até possível de prever, mas a construção do suspense é de deixar qualquer um com nervos à flor da pele. A relação dos personagens Eva e Mikkel é visceral, com momentos tensos. A fotografia casa como uma luva na história, com cores azuladas e enquadramento fechados em que os dois ficam sempre frente a frente. É um bom filme, de teor realista, que abre uma forte discussão sobre moralidade.

 
 
Humphrey Bogart: A vida vem em flashes
 
Um convite para a trajetória do premiado ator novaiorquino Humphrey Bogart (1899-1957), rosto típico do cinema noir dos anos 40 e 50, é o mote desse bom documentário britânico de 2024 que foi exibido nos festivais de Roma e do Rio do ano passado. O longa acompanha os primeiros passos de Bogart até o auge da carreira, que o levou ao panteão da Sétima Arte e tornou-o ídolo da era de ouro de Hollywood. Seus quatro casamentos, a relação com os filhos e a perseguição no Macarthismo são momentos-chave do doc. Bogart, aos 22 anos, trabalhava na bilheteria de um teatro, e lá conheceu sua primeira esposa, a atriz Helen Menken, já famosa. Ficaram juntos apenas um ano, e em seguida foi fazer teatro e cinema. O estrelato veio imediatamente, fazendo com que Bogart, em 25 anos em Hollywood, participasse de 80 filmes, dentre eles clássicos absolutos, como ‘O falcão maltês’ (1941), ‘Casablanca’ (1942), ‘À beira do abismo’ (1946), ‘O tesouro de Sierra Madre’ (1948), ‘A condessa descalça’ (1954) e ‘Horas de desespero’ (1955). Indicado a três Oscars, ganhou um, pela estupenda atuação em ‘Uma aventura na África’ (1951). A vida conjugal do ator teve altos e baixos – ele se casou com quatro mulheres, todas atrizes, Helen Menken, depois Mary Philips, Mayo Methot e o último e mais conhecido, com Lauren Bacall, também o mais duradouro – Bogart e Bacall fizeram dupla em vários filmes noir, ficaram casados por 12 anos, de 1945 até a morte dele em 1957, e tiveram dois filhos. O filme conta com imagens raras de arquivo e depoimentos antigos de Lauren Bacall, Helen Hayes e John Huston. É narrado pelo filho, que é produtor de cinema, Stephen H. Bogart, cuja voz rouca e anasalada lembra o pai. Está disponível no Prime Video.
 


Comportamento apropriado
 
Filme experimental que marcou a estreia na direção da cineasta autoral norte-americana de origem iraniana Desiree Akhavan. Ela faria em seguida seu trabalho de maior repercussão, a adaptação para o cinema do livro ‘O mau exemplo de Cameron Post’ (2018). Lá e aqui a diretora e roteirista trata de temas correlatos pertinentes a ela, com teor autobiográfico: identidade de gênero, descoberta sexual e opressão da sociedade a grupos LGBTQIAPN+. Também intitulado no Brasil de ‘Uma boa menina’, a comédia dramática, de 2014, acompanha a luta de Shirin por reconhecimento. Ela vem de uma família persa com costumes conservadores, mas se reconhece como bissexual. Mora no Brooklyn, tem amizades com homens e mulheres hetero e queer, e se apaixona por uma mulher madura igual a ela. Porém, questionamentos vem a sua mente, o que a faz esconder seus sentimentos e ocultar o relacionamento com a jovem com quem pretende namorar. Feminino, misturando momentos emotivos com outros alto astral e com boas reflexões, o filme é uma joia do cinema indie, que já demonstrava a sensibilidade para a direção de Desiree – que, aliás, é uma ótima atriz. Ela voltaria ao tema da bissexualidade na minissérie escrita e produzida por ela ‘The bissexual’ (2018), em que volta a atuar na pele de uma personagem semelhante ao do filme ‘Comportamento apropriado’. Exibido nos festivais de Sundance, Sydney e do Rio, foi indicado ao Film Independent Spirit Awards, na categoria ‘Melhor primeiro roteiro’. Está em exibição no Sesc Digital, gratuitamente até hoje, dia 05/08.

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