Enigma
Exibido no Festival de
Sundance em janeiro desse ano, o documentário norte-americano investiga duas
personalidades transexuais engajadas em movimentos sociais nos anos 60 e 70, April
Ashley (1935-2021) e Amanda Lear (1939-). Elas marcaram a história por sua luta
contra a discriminação. A britânica April foi modelo, escritora e depois
socialite, enquanto Amanda, de origem francesa, foi cantora – apelidada de
‘Rainha da disco’, dançarina no famoso cabaré Le Carrousel de Paris, atriz e
apresentadora de TV, tendo forte vínculo com Salvador Dalí. Cada uma enfrentou o
preconceito ao seu modo, levando para a grande mídia discussões em torno de tabus
que já pautavam a sociedade, como identidade de gênero e corpo trans. O filme
reúne depoimentos atuais das duas e entrevistas antigas, além de reportagens e muitas
memórias, que reforçam a luta de ambas por igualdade e reconhecimento, que
ajudariam a fortalecer os movimentos LGBTQIAPN+ nas décadas seguintes. Produção
caprichada da HBO, que realiza documentários sérios e interessantes. Entrou
recentemente no catálogo da HBO Max.
Moacyr Luz - O
embaixador dessa cidade
Dirigido por Tarsilla
Alves, o documentário brasileiro, que teve sua estreia nesse fim de semana nos
principais cinemas do país, revisita a trajetória do cantor e compositor carioca
Moacyr Luz, o ‘Embaixador do samba’, hoje com 67 anos de idade. Focado em
entrevistas atuais dele e de amigos e parceiros, como Maria Bethânia, Zeca
Pagodinho, Jards Macalé e Fafá de Belém, o doc exibe diversos fragmentos de apresentações
de samba, em rodas e bares, em que Luz está à frente com elegância e ginga.
Boêmio e carismático, Luz incorpora a alma dos cariocas em suas canções, já gravadas
por dezenas de cantores e cantoras reconhecidos – um de seus grandes sucessos é
‘Coração do agreste’, uma parceria dele com o ex-vizinho de edifício Aldir
Blanc, imortalizada por Fafá de Belém e que foi tema da novela dos anos 80 ‘Tieta’.
Além das apresentações musicais, o filme faz uma boa mistura de cenas de
arquivo e de Luz hoje explorando espaços da Cidade Maravilhosa, lugares que o inspiram
a compor suas canções. Após uma batalha contra o câncer e tendo de lidar com o
Parkinson e com sérios problemas cardíacos, o sambista permanece na ativa cantando
e encantando o público. Produzido pela Onda Filmes, tem distribuição nos
cinemas pela Bretz Filmes.
A última missão
Divertida comédia
policial com jeitão anárquico, com Eddie Murphy mais
contido, em um bom momento da carreira após altos e baixos que se arrastam
desde o início dos anos 2000 – o astro já indicado ao Oscar andava sumido, e
agora aos 64 anos retorna com menos caricatura nesse filme do Amazon Prime
Video, que estreou há duas semanas no streaming. Ele interpreta um motorista de
caminhão blindado, que transporta grandes quantias de dinheiro aos bancos. Seu parceiro
de andanças é um rapaz bobalhão e meio perdido – papel de Pete Davidson, de ‘A
arte de ser adulto’ (2020), esse sim exagerado, sempre com caras e bocas. Num
dia aparentemente rotineiro, enquanto dirigem por uma rodovia, os dois são
fechados por um grupo de assaltantes, que cercam o blindado para um roubo,
comandado por uma jovem expert no crime (Keke Palmer, do filme ‘Um dia daqueles’,
de 2025). A líder da ação criminosa tem outros planos além do roubo, e acabará
fazendo um inferno para conquistar seus escusos objetivos. Com cenas divertidas
e outras de tiroteio, com ação de sobra, o filme é puro passatempo, com
reviravoltas e artimanhas, e tudo o que podemos esperar de Eddie Murphy, um
astro adorado por gerações. O diretor Tim Story havia feito dois filmes de ‘Buddy
cops’, bacanas até, que lembram este aqui, ‘Policial em apuros’ – partes 1 e 2 (2014
e 2016), com Ice Cube e Kevin Hart, e também realizou o último filme da
franquia de ‘Shaft’, para a Netflix, em 2019, com Samuel L. Jackson – que gosto
bastante. Ou seja, um diretor que sabe conduzir ação com humor na medida certa.
É para ver sem compromisso e se jogar na risada com esse elenco que se diverte
em cena.
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